O conceito de «Diferença» é, porventura, o mais comum na filosofia continental, sobretudo de origem francesa, e, portanto, o mais nuclear. Deve-se particularmente a Foucault, Derrida, Deleuze, e não é de excluir Lyotard. Cada um destes filósfos trabalhou o conceito de maneiras diversas, garantindo a sua própria originalidade em um legado perseguido por legiões de adeptos que tanto se degladiam como se confundem. Tenho para mim que aquilo que mais me aproxima deles é o que tenho chamado «Crítica da Razão Consensual», ainda que a apoie em certos pressupostos bem diferentes. Onde me interrogo e julgo não encontrar resposta satisfatória nesses destacados filósofos (quase todos já falecidos) é sobre o problema incontornável da mudança, isto é, O que é o Novo? Qual a diferença entre determinadas mudanças, umas «superficiais», outras radicais ou substanciais? Se excluem o «negativo» (a negatividade), como, por ex. Gilles Deleuze, como se processa a transformação? Não será o estilo de vida «nómada», a singularidade, a multiplicidade (conceitos caros a Deleuze), uma reposição do anarquismo inconsequente, isto é, fatalmente aristocrático, elitista, individualista, egotista (restaurando o Eu que todos eles apostrofam), narcisista (muito do agrado dos pós-modernistas), numa palavra: «estético»? Que alternativas propõem, Deleuze p. ex. quando classifica a sociedade capitalista como limite de qualquer sociedade?
A Crítica da Razão Consensual (do senso comum, do pensamento único, da Identidade, do Mesmo, do Uno, enfim, do idealismo), segundo a minha fórmula, integra o papel da dialéctica objectiva e concreta, práxica, do negativo ou da Contradição, dessa «doninha» que escava o solo do capitalismo.
1 comentário:
Caro J.A.
Hoje leio-te muito melhor...
Leio e aprendo a pensar... ao mesmo tempo que aumentam as minhas interrogações e inquietações.
Mais uma vez, um dos objectivos dos filósofos.
Um abraço
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