“20.08.2010 – Noam Abraham Chomsky, intelectual estadunidense, pai da linguística e polêmico ativista por suas posturas contra o intervencionismo militar dos Estados Unidos, visitou a Colômbia para ser homenageado pelas comunidades indígenas do Departamento de Cauca. Falou com exclusividade para Luis Angel Murcia, do jornal Semana.com, em 21 de Julho de 2010.
O morro El Bosque, um pedaço de vida natural ameaçado pela riqueza aurífera que se esconde em suas entranhas, desde a semana passada tem uma importância de ordem internacional. Essa reserva, localizada no centro da cidade de Cauca, muito próxima ao Maciço colombiano, é o cordão umbilical que hoje mantêm aos indígenas da região conectados com um dos intelectuais e ativistas da esquerda democrática mais prestigiados do planeta.
Noam Abraham Chomsky. Quem o conhece assegura que é o ser humano vivo cujas obras, livros ou reflexões, são as mais lidas depois da Bíblia. Sem duvida, Chomsky, com 81 anos de idade, é uma autoridade em geopolítica e Direitos Humanos.
Sua condição de cidadão estadunidense lhe dá autoridade moral para ser considerado um dos mais recalcitrantes críticos da política expansionista e militar que os EUA aplica no hemisfério. No seu país e na Europa é ouvido e lido com muito respeito, já ganhou todos os prêmios e reconhecimentos como ativista político e suas obras, tanto em linguística como em análise política, foram premiadas.
Sua passagem discreta pela Colômbia não era para proferir as laureadas palestras, mas para receber uma homenagem especial da comunidade indígena que vive no Departamento de Cauca. O morro El Bosque foi rebatizado como Carolina, que é o mesmo nome de sua esposa, a mulher que durante quase toda sua vida o acompanhou. Ela faleceu em dezembro de 2008.
Em sua agenda, coordenada pela CUT e pela Defensoria do Povo do Vale, o Senhor Chomsky dedicou alguns minutos para responder exclusivamente a Semana.com e conversar sobre tudo.
Que significado tem para o senhor esta homenagem?
Estou muito emocionado; principalmente por ver que pessoas pobres que não possuem riquezas se prestem a fazer esse tipo de elogios, enquanto que pessoas mais ricas não dão atenção para esse tipo de coisa.
Seus três filhos sabem da homenagem?
Todos sabem disso e de El Bosque. Uma filha que trabalha na Colômbia contra as companhias internacionais de mineração também está sabendo.
Nesta etapa da sua vida o que o apaixona mais: a linguística ou seu ativismo político?
Tenho estado completamente esquizofrênico desde que eu era jovem e continuo assim. É por isso que temos dois hemisférios no cérebro.
Por conta desse ativismo teve problemas com alguns governos, um deles e o mais recente foi com Israel, que o impediu de entrar nas terras da palestina para dar uma palestra.
É verdade, não pude viajar, apesar de ter sido convidado por uma universidade palestina, mas me deparei com um bloqueio em toda a fronteira. Se a palestra fosse para Israel, teriam me deixado passar.
Essa censura tem a ver com um de seus livros intitulado ‘Guerra ou Paz no Oriente Médio?
É por causa dos meus 60 anos de trabalho pela paz entre Israel e a Palestina. Na verdade, eu vivi em Israel.
Como qualifica o que se passa no Oriente Médio?
Desde 1967, o território palestino foi ocupado e isso fez da Faixa de Gaza a maior prisão ao ar livre do mundo, onde a única coisa que resta a fazer é morrer.
Chegou a se iludir com as novas posturas do presidente Barack Obama?
Eu já tinha escrito que é muito semelhante a George Bush. Ele fez mais do que esperávamos em termos de expansionismo militar. A única coisa que mudou com Obama foi a retórica.
Quando Obama foi galardoado com o prêmio Nobel de Paz, o quê o senhor pensou?
Meia hora após a nomeação, a imprensa norueguesa me perguntou o que eu pensava do assunto e respondi: “Levando em conta o seu recorde, este não foi a pior nomeação”. O Nobel da Paz é uma piada.
Os EUA continuam a repetir seus erros de intervencionismo?
Eles tem tido muito êxito. Por exemplo, a Colômbia tem o pior histórico de violação dos Direitos Humanos desde o intervencionismo militar dos EUA.
Qual é a sua opinião sobre o conceito de guerra preventiva que os Estados Unidos apregoam?
Não existe esse conceito, é simplesmente uma forma de agressão. A guerra no Iraque foi tão agressiva e terrível que se assemelha ao que os nazistas fizeram. Se aplicarmos essa mesma regra, Bush, Blair e Aznar teriam de ser enforcados, mas a força é aplicada aos mais fracos.
O que acontecerá com o Irã?
Hoje existe uma grande força naval e aérea ameaçando o Irã e, somente a Europa e os EUA pensam que isso está certo. O resto do mundo acredita que o Irã tem o direito de enriquecer urânio. No Oriente Médio três países (Israel, Paquistão e Índia) desenvolveram armas nucleares com a ajuda dos EUA e não assinaram nenhum tratado.
O senhor acredita na guerra contra o terrorismo?
Os EUA são os maiores terroristas do mundo. Não consigo pensar em qualquer país que tenha feito mais mal do que eles. Para os EUA, terrorismo é o que você faz contra nós e não o que nós fazemos a você.
Há alguma guerra justa dos Estados Unidos?
A participação na Segunda Guerra Mundial foi legítima, entretanto eles entraram na guerra muito tarde.
Essa guerra por recursos naturais no Oriente Médio pode vir a se repetir na América Latina?
É diferente. O que os EUA tem feito na América Latina é, tradicionalmente, impor brutais ditaduras militares que não são contestados pelo poder da propaganda.
A América Latina é realmente importante para os Estados Unidos?
Nixon afirmou: “Se não podemos controlar a América Latina, como poderemos controlar o mundo”.
A Colômbia tem algum papel nessa geopolítica ianque?
Parte da Colômbia foi roubada por Theodore Roosevelt com o Canal do Panamá. A partir de 1990, este país tem sido o principal destinatário da ajuda militar estadunidense e, desde essa mesma data tem os maiores registros de violação dos Direitos Humanos no hemisfério. Antes o recorde pertencia a El Salvador que, curiosamente também recebia ajuda militar.
O senhor sugere que essas violações têm alguma relação com os Estados Unidos?
No mundo acadêmico, concluiu-se que existe uma correlação entre a ajuda militar dada pelos EUA e violência nos países que a recebem.
Qual é sua opinião sobre as bases militares gringas que há na Colômbia?
Não são nenhuma surpresa. Depois de El Salvador, é o único país da região disposto a permitir a sua instalação. Enquanto a Colômbia continuar fazendo o que os EUA pedir que faça, eles nunca vão derrubar o governo.
Está dizendo que os EUA derruba governos na América Latina?
Nesta década, eles apoiaram dois golpes. No fracassado golpe militar da Venezuela em 2002 e, em 2004, sequestraram o presidente eleito do Haiti e o enviaram para a África. Mas agora é mais difícil fazê-lo porque o mundo mudou. A Colômbia é o único país latinoamericano que apoiou o golpe em Honduras.
Tem algo a dizer sobre as tensões atuais entre Colômbia, Venezuela e Equador?
A Colômbia invadiu o Equador e não conheço nenhum país que tenha apoiado isso, salvo os EUA. E sobre as relações com a Venezuela, são muito complicadas, mas espero que melhorem.
A América Latina continua sendo uma região de caudilhos?
Tem sido uma tradição muito ruim, mas, nesse sentido, a América Latina progrediu e, pela primeira vez, o cone sul do continente está avançando rumo a uma integração para superar seus paradoxos, como, por exemplo, ser uma região muito rica, mas com uma grande pobreza.
O narcotráfico é um problema exclusivo da Colômbia?
É um problema dos Estados Unidos. Imagine que a Colômbia decida fumigar a Carolina do Norte e o Kentucky, onde se cultiva tabaco, o qual provoca mais mortes do que a cocaína.”
Fonte: Agência de Notícias Nova Colômbia. Original em http://www.semana.com/noticias-mundo/parte-colombia-robada-roosevelt/142043.aspx
Traduzido e publicado por IELA – Instituto de Estudos Latino-Americanos (http://www.iela.ufsc.br/)
Edição simultânea em http://www.oassaltoaoceu.blogspot.com/
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segunda-feira, 30 de agosto de 2010
sexta-feira, 20 de agosto de 2010
O homem da burra
Um homem foi condenado a pagar uma multa por conduzir uma burra embriagado. »O caso é muito grave», considerou a juíza, ameaçando-o com a cadeia se reincidir e aconselhando-o a vender a burra «por causa das tentações». O homem, um pobre agricultor semi-analfabeto pediu ao advogado oficioso que lhe redigisse e lesse no julgamento uma defesa com as suas próprias palavras. Resava assim a missiva:
«Doutora juíz, eu não sou culpado, é a situação do país que me levou aos copos, como mal sei ler disseram-me na tasca do Emílio que a agricultura vai boa mas é para os grandes agricultores que falam e até berram com o ministro e sacam-lhe montes de massa, que há muitos desempregados mas eu se não estou pouco falta com duas burras para sustentar, a dita e a minha patroa que me f...a môna, que o meu Portugal está a arder como o c...e ninguém nos acode só os bombeiros e é com carros mais escalavrados que a minha carroça, que a D. Rosalina foi assassinada por causa de uma bruta herança (quem ma dera a mim que fazia logo uma casinha e até comprava uma camioneta), que a Galp que faz o preço do gasóleo subir, tem 47 mil milhões de activos no Brasil (que eu não sei o que é isso de activos, mas o que sei é me farto de ser activo e não vejo a ponta d eum côrno), que os Bancos lucraram uma pipa de carcanhóis só este ano e o pessoal como eu anda com as algibeiras mais rôtas que as peúgas que a minha Ermelinda não arremedeia, p...que a p....; e disseram-me também, eu cá não percebo um c...de política, que o Sócrates e o Passos Coelho andam sempre a almoçar juntos e já os viram até na sauna (acho que é uma espécie de fogão para tirar as banhas), são tão diferentes um do outro como o são um chapéu branco e um chapéu preto, quero dizer sem bem me entendem que a diferença é só da cor, o Zé Povinho como eu e a minha patroa somos mais aldrabados que o cigano que nos aldrabou no ano passado com uma mala que nos vendeu cheia de jornáis velhos, f...da p...
Sem mais, desejo que me faça um julgamento justo, o melhor é deixá-lo arrastar como os do freeport ou que c...se chama, da casa pia, e muitos outros, que a justiça ou é igual para todos ou então que se f...Desculpe falar assim mas é o hábito de falar com burros»
«Doutora juíz, eu não sou culpado, é a situação do país que me levou aos copos, como mal sei ler disseram-me na tasca do Emílio que a agricultura vai boa mas é para os grandes agricultores que falam e até berram com o ministro e sacam-lhe montes de massa, que há muitos desempregados mas eu se não estou pouco falta com duas burras para sustentar, a dita e a minha patroa que me f...a môna, que o meu Portugal está a arder como o c...e ninguém nos acode só os bombeiros e é com carros mais escalavrados que a minha carroça, que a D. Rosalina foi assassinada por causa de uma bruta herança (quem ma dera a mim que fazia logo uma casinha e até comprava uma camioneta), que a Galp que faz o preço do gasóleo subir, tem 47 mil milhões de activos no Brasil (que eu não sei o que é isso de activos, mas o que sei é me farto de ser activo e não vejo a ponta d eum côrno), que os Bancos lucraram uma pipa de carcanhóis só este ano e o pessoal como eu anda com as algibeiras mais rôtas que as peúgas que a minha Ermelinda não arremedeia, p...que a p....; e disseram-me também, eu cá não percebo um c...de política, que o Sócrates e o Passos Coelho andam sempre a almoçar juntos e já os viram até na sauna (acho que é uma espécie de fogão para tirar as banhas), são tão diferentes um do outro como o são um chapéu branco e um chapéu preto, quero dizer sem bem me entendem que a diferença é só da cor, o Zé Povinho como eu e a minha patroa somos mais aldrabados que o cigano que nos aldrabou no ano passado com uma mala que nos vendeu cheia de jornáis velhos, f...da p...
Sem mais, desejo que me faça um julgamento justo, o melhor é deixá-lo arrastar como os do freeport ou que c...se chama, da casa pia, e muitos outros, que a justiça ou é igual para todos ou então que se f...Desculpe falar assim mas é o hábito de falar com burros»
Christina Rosseti (1830-1894)
LEMBRA-TE
(Remember)
Relembra-te de mim, quando eu entrar
No país do Além, na solidão;
Quando não possas dar-me a tua mão
Nem eu fingir que vou, querendo ficar.
Relembra-te de mim, quando já não
Possas nosso futuro arquitectar.
Lembra-me, só; para te aconselhar -
Tu compreendes - será tarde então.
Porém, se me esqueceres por um momento
e me lembrares depois, não te censures:
Se a noite e a corrupção deixar algures
Sombra do pensamento que me viste,
É bem melhor que rias desatento,
Do que me lembres muito e sejas triste.
(Remember)
Relembra-te de mim, quando eu entrar
No país do Além, na solidão;
Quando não possas dar-me a tua mão
Nem eu fingir que vou, querendo ficar.
Relembra-te de mim, quando já não
Possas nosso futuro arquitectar.
Lembra-me, só; para te aconselhar -
Tu compreendes - será tarde então.
Porém, se me esqueceres por um momento
e me lembrares depois, não te censures:
Se a noite e a corrupção deixar algures
Sombra do pensamento que me viste,
É bem melhor que rias desatento,
Do que me lembres muito e sejas triste.
quinta-feira, 19 de agosto de 2010
As utopias fracas
Parece mal falar de coisas sérias ou desagradáveis (as coisas sérias são quase sempre desagradáveis) em tempo de verão e férias. É assim que pensam bastantes. Pensam mal pois que o sério não colide necessariamente com a distracção; de resto, quando o sério é mal discutido é ele próprio mera distracção do que é realmente sério. No entanto, os assuntos sérios não exigem, ao contrário do que se diz, um semblante melancólico e misantropo. Podemos tratá-los com uma dose adequada de ironia, ou seja, de distanciamnto; a ironia converte uma aparência que se quer como verdade, em fantochada, máscara, embuste, distracção. A sociedade é um espectáculo permanente; visto de longe, é coisa estranha quando a realidade é impiedosa e cruel. Maais de 600 mil desempregados não se passeiam seguramente no Algarve que se mostra a abarrotar; 2 milhões de pobres não percorrem com certeza com os seus carros novos de alta cilindrada as autoestradas de norte a sul para assistir aos concertos musicais que transformam o país num alegre circo; bem mais de um milhão de assalariados precários não se instalam em hotéis e aldeamentos turísticos, evidentemente. Milhares de funcionários públicos com os seus salários congelados auferindo mil euros mensais com dois filhos para lhes custear as elevadas despesas do início do ano lectivo, mais os juros que sobem da hipoteca da casa, não estarão muito confortáveis nas praias do algarve, se é que lá estão. Certamente que o país sofre de uma apatia que não é somente sazonal, de uma despolitização que não é apenas solar e que não exclusivamente nas férias alegres que vota sempre nos dois partidos únicos. Essa cegueira é antiga e resistente. As classes médias ainda não desistiram, nem desistem facilmente, de exibir um estatuto que já perderam (há camadas intermédias que são ostensivamente arrogantes e ridiculamente egoístas). Os jovens, é claro, querem é curtir, com pouco ou muito dinheiro, depende da complacência laxista dos papás (ou da carteira deles), a estimulação exercida pelos media é fatal (se o medo faz acorrer multidões a Fátima, logo acorrerão em seguida às praias e espectáculos, neste vai-vém que faz um país parecer que anda mas não anda, parecer que sofre mas não sofre, parecer que lembra ma snão lembra, parecer que sabe mas não sabe coisa alguma. Os chefes políticos aproveitam. O Capital acumula tranquilamente. Nós pagamos a crise alegremente. Pelo menos parece, não é?
terça-feira, 17 de agosto de 2010
segunda-feira, 16 de agosto de 2010
Rainer Maria Rilke (1875-1926)
Fala da princesa Branca
(Fragmento de «Die weisse Fürstin»)
Olha: a morte está na vida; ambas seguem
Tão entrançadas, como num tapete
os fios seguem; e daqui se forma
para nós, que passamos, uma imagem.
Quando se morre, nem só isto é morte.
Morte, é viver sem saber que se vive;
morte, é ainda não saber morrer.
Muitas coisas são morte; sem o enterro.
O morrer e o nascer andam connosco
e isto sentimos como a natureza,
que dura simplesmente, sem pesar
e sem partido. A dor ou a alegria
são cores para os estranhos que nos vêem.
Por isso nos importa mais que tudo
achar o espectador que ao contemplar-nos
bem fundo nos abrange em seu olhar
e apenas diz: vejo isto ou vejo aquilo,
onde outros adivinham só ou mentem.»
(Fragmento de «Die weisse Fürstin»)
Olha: a morte está na vida; ambas seguem
Tão entrançadas, como num tapete
os fios seguem; e daqui se forma
para nós, que passamos, uma imagem.
Quando se morre, nem só isto é morte.
Morte, é viver sem saber que se vive;
morte, é ainda não saber morrer.
Muitas coisas são morte; sem o enterro.
O morrer e o nascer andam connosco
e isto sentimos como a natureza,
que dura simplesmente, sem pesar
e sem partido. A dor ou a alegria
são cores para os estranhos que nos vêem.
Por isso nos importa mais que tudo
achar o espectador que ao contemplar-nos
bem fundo nos abrange em seu olhar
e apenas diz: vejo isto ou vejo aquilo,
onde outros adivinham só ou mentem.»
sexta-feira, 13 de agosto de 2010
Tolerâncias
No Irão a condenação à morte por apedrejamento da mulher por cometeu adultério é quase certa agora que confessou em plena tv que assassinou o marido e denunciou o cúmplice. Intolerável que ainda se coene à morte seja quem for; intolerável que o seja por meio de lapidação; intolerável uma confissão em directo e muito provavelmente obtida através de tortura (a menos que não fosse por tortura por acordo em troca da condenação à morte, de modo a que o Regime ceda assim airosamente às pressões internacionais e aos interesses políticos do momento). As insistentes práticas absolutamente crueis do Regime e de outros que obedecem aos mesmos rituais sacrificais ancestrais e primitivos, apenas voltam contra eles e contra essas interpretações religiosas a opinião pública civilizada. Trata-se, na verdade, de civilização versus barbárie. Condenamos a barbárie do imperialismo capitalista, condenamos a barbárie dos seus opositores. Nenhuma concepção relativista "pós-moderna" da Cultura é defensável quando tolera a preservação de práticas desumanas em nome da liberdade e diversidade das culturas. Sou pela Modernidade, que nos legou os códigos civis, as liberdades e os direitos, o constitucionalismo democrático. Se não temos que exportá-los à força (para dissimular interesses neo-colonialistas), não podemos, porém, ser tolerantes.
quinta-feira, 12 de agosto de 2010
Hiroxima e Nagasáqui
Fez 65 anos que, em 6 e nove de Agosto, os norte-americanos lançaram duas bombas atómicas nas duas cidades japonesas, matando 150 mil pessoas nos primeiros instantes e mais 250 mil nos quatro meses seguintes. Quando o imperialismo japonês já se tinha praticamente rendido. No Norte, na Manchúria, o Exército Vermelho da URSS havia infligido uma pesada derrota aos exércitos nipónicos. Um horror que em pouco se diferencia do holocausto perpetrado pelas SS de Hitler. Israel já teria lançado alguma sobre o Irão se não fosse a reacção da opinião pública internacional (até ver).
Desemprego para os jovens
A crise fez disparar a taxa de desemprego dos jovens portugueses para 22,7%, acima do dobro da taxa global. Os mais novos foram, assim, atingidos com particular força pela recessão, em Portugal e no resto do mundo, diz a OIT, que avisa para consequências sociais.
Boa parte das conclusões da Organização Internacional de Trabalho, num estudo sobre o desemprego jovem, é comum à generalidade dos países, incluindo Portugal: durante a crise, os jovens até aos 25 anos de idade foram os mais afectados pela falta de trabalho, ficaram sujeitos a piores condições laborais e, mesmo que tenham mantido o emprego, viram aumentar a probabilidade de ficarem pobres. A organização internacional prevê, ainda, que a recuperação do emprego, por parte dos jovens, demore mais tempo do que entre os adultos.
Em Portugal, o número de jovens desempregados disparou, de 84 mil para 100 mil, desde o início de 2008 até ao primeiro trimestre deste ano (só na terça-feira o INE divulgará dados para o segundo semestre). Em consequência, a taxa de desemprego entre as pessoas com menos de 25 anos de idade passou de 16,4% para 22,7% - mais do dobro da taxa global de desemprego (10,6%).
No mundo inteiro, já 7,8 milhões de jovens ficam sem trabalho desde o início da crise, o maior aumento anual desde 1991, quando começaram os registos, diz a OIT. A altura em que se impacto se fez sentir é que variou, consoante o local do mundo. Os países mais desenvolvidos, como os europeus, começaram a sentir os efeitos da crise em 2007 e 2008, enquanto que, no resto do mundo, só um ano depois é que o desemprego entre os mais jovens começou a crescer.
As mulheres são mais afectadas pela falta de trabalho do que os homens, mas enquanto que nos países desenvolvidos essa diferença se esbateu, nos mais pobres ela tornou-se ainda maior. Em paralelo, a falta de empregos disponíveis desencorajou jovens de sequer procurar trabalho, deixando assim de figurar nas listas do desemprego, conclui a Organização Internacional de Trabalho.
O fenómeno leva a OIT a falar de uma "geração perdida", sobretudo nos países em vias de desenvolvimento. "Entrar no mercado de trabalho durante uma recessão pode deixar cicatrizes permanentes na geração de jovens afectados", que podem simplesmente desligar-se do mundo de trabalho.
(JN, 12.08.2010, A. Ferreira)
Boa parte das conclusões da Organização Internacional de Trabalho, num estudo sobre o desemprego jovem, é comum à generalidade dos países, incluindo Portugal: durante a crise, os jovens até aos 25 anos de idade foram os mais afectados pela falta de trabalho, ficaram sujeitos a piores condições laborais e, mesmo que tenham mantido o emprego, viram aumentar a probabilidade de ficarem pobres. A organização internacional prevê, ainda, que a recuperação do emprego, por parte dos jovens, demore mais tempo do que entre os adultos.
Em Portugal, o número de jovens desempregados disparou, de 84 mil para 100 mil, desde o início de 2008 até ao primeiro trimestre deste ano (só na terça-feira o INE divulgará dados para o segundo semestre). Em consequência, a taxa de desemprego entre as pessoas com menos de 25 anos de idade passou de 16,4% para 22,7% - mais do dobro da taxa global de desemprego (10,6%).
No mundo inteiro, já 7,8 milhões de jovens ficam sem trabalho desde o início da crise, o maior aumento anual desde 1991, quando começaram os registos, diz a OIT. A altura em que se impacto se fez sentir é que variou, consoante o local do mundo. Os países mais desenvolvidos, como os europeus, começaram a sentir os efeitos da crise em 2007 e 2008, enquanto que, no resto do mundo, só um ano depois é que o desemprego entre os mais jovens começou a crescer.
As mulheres são mais afectadas pela falta de trabalho do que os homens, mas enquanto que nos países desenvolvidos essa diferença se esbateu, nos mais pobres ela tornou-se ainda maior. Em paralelo, a falta de empregos disponíveis desencorajou jovens de sequer procurar trabalho, deixando assim de figurar nas listas do desemprego, conclui a Organização Internacional de Trabalho.
O fenómeno leva a OIT a falar de uma "geração perdida", sobretudo nos países em vias de desenvolvimento. "Entrar no mercado de trabalho durante uma recessão pode deixar cicatrizes permanentes na geração de jovens afectados", que podem simplesmente desligar-se do mundo de trabalho.
(JN, 12.08.2010, A. Ferreira)
quarta-feira, 11 de agosto de 2010
AVATAR e a utopia
Uma leitora amiga teve a inteligência de me lembrar o significado de «Avatar», a propósito de um post no qual eu relacionava o filme com a utopia. De facto, «avatar» que remonta ao sânscrito, é um termo essencial na mitologia hindú e significa a encarnação de Krishna. O deus Vixnu desce à Terra em onze (ou vinte e duas) encarnações, sendo uma delas em Krishna.
Obtenho, assim, uma outra perspectiva para relacionar o filme com utopias contemporâneas (ou anquíssimas, porém em formas actuais). Avatar exprime o desejo de trocar de identidade, trocar de corpo (no sentido literal), substiutir o corpo «velho», «doente», ou «feio», por um outro, puro, belo e bom; emanação da natureza, este corpo novo é a encarnação desta, ou seja, está em perfeita harmonia com a natureza (os «avatares» escutam a fala da natureza). Não vem a despropósito evocar a filosofia de Gilles Deleuze, nos seus conceitos de «corpo sem órgãos» -capaz de ser «todos os nomes» - e de «rizoma». A utopia de uma longevidade prolongada da vida do corpo, com aparência jovem (utopia máxima), sem recurso a tecnologias (implantes), que o filme premiado exprime com clareza, cruza-se com uma das maiores filosofias do nosso tempo. Daqui partir-se-ia para a questão da «Identidade», tema recorrente do questionamento contemporâneo.
O filme afasta-se da utopia da troca de identidades, entre o indivíduo prisioneiro das convenções e, por isso, desejoso de exprimir as emoções e realizar livremente os seus desejos, que a literatura havia celebrado no século XIX e o cinema no século vinte (o médico cientista que descobre a droga, o elixir, do prazer sem culpa). No entanto, no fundo, talvez a utopia seja a mesma. O que mudou foi o paradigma cultural.
Obtenho, assim, uma outra perspectiva para relacionar o filme com utopias contemporâneas (ou anquíssimas, porém em formas actuais). Avatar exprime o desejo de trocar de identidade, trocar de corpo (no sentido literal), substiutir o corpo «velho», «doente», ou «feio», por um outro, puro, belo e bom; emanação da natureza, este corpo novo é a encarnação desta, ou seja, está em perfeita harmonia com a natureza (os «avatares» escutam a fala da natureza). Não vem a despropósito evocar a filosofia de Gilles Deleuze, nos seus conceitos de «corpo sem órgãos» -capaz de ser «todos os nomes» - e de «rizoma». A utopia de uma longevidade prolongada da vida do corpo, com aparência jovem (utopia máxima), sem recurso a tecnologias (implantes), que o filme premiado exprime com clareza, cruza-se com uma das maiores filosofias do nosso tempo. Daqui partir-se-ia para a questão da «Identidade», tema recorrente do questionamento contemporâneo.
O filme afasta-se da utopia da troca de identidades, entre o indivíduo prisioneiro das convenções e, por isso, desejoso de exprimir as emoções e realizar livremente os seus desejos, que a literatura havia celebrado no século XIX e o cinema no século vinte (o médico cientista que descobre a droga, o elixir, do prazer sem culpa). No entanto, no fundo, talvez a utopia seja a mesma. O que mudou foi o paradigma cultural.
segunda-feira, 9 de agosto de 2010
António Dias Lourenço morreu
"Um homem decente"
Manuel António Pina
Li num blogue insuspeito de simpatias ideológicas pelo PCP a expressão "um homem decente" para caracterizar o desaparecido dirigente comunista António Dias Lourenço, e vi depois a mesma expressão repetida mais do que uma vez em outros dispersos lugares. Caracterizar é distinguir. Numa sociedade minimamente saudável do ponto de vista moral, em que a decência, e não a falta de escrúpulos, fosse a regra, a expressão "um homem decente" não distinguiria. Só em sociedades moralmente doentes como aquela em que hoje vivemos a decência se torna uma característica distintiva e expressões como "um homem decente" têm conteúdo informativo. Dias Lourenço dedicou toda a vida (17 anos dela passados nas prisões de Salazar, outros tantos na clandestinidade) a bater-se por ideias e valores e não por interesses pessoais. Quase 40 anos depois do 25 de Abril, em tempos, como estes, de recém-chegados e de oportunistas, isso é certamente motivo de escândalo. De quantas das notoriedades que abundam hoje na nossa vida política e económica poderemos dizer "um homem decente" sem abastardar a própria noção de decência?
Manuel António Pina
Li num blogue insuspeito de simpatias ideológicas pelo PCP a expressão "um homem decente" para caracterizar o desaparecido dirigente comunista António Dias Lourenço, e vi depois a mesma expressão repetida mais do que uma vez em outros dispersos lugares. Caracterizar é distinguir. Numa sociedade minimamente saudável do ponto de vista moral, em que a decência, e não a falta de escrúpulos, fosse a regra, a expressão "um homem decente" não distinguiria. Só em sociedades moralmente doentes como aquela em que hoje vivemos a decência se torna uma característica distintiva e expressões como "um homem decente" têm conteúdo informativo. Dias Lourenço dedicou toda a vida (17 anos dela passados nas prisões de Salazar, outros tantos na clandestinidade) a bater-se por ideias e valores e não por interesses pessoais. Quase 40 anos depois do 25 de Abril, em tempos, como estes, de recém-chegados e de oportunistas, isso é certamente motivo de escândalo. De quantas das notoriedades que abundam hoje na nossa vida política e económica poderemos dizer "um homem decente" sem abastardar a própria noção de decência?
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Com a devida vénia ao autor
BERTOLT BRECHT (1896-1956)
Um trabalhador, ao ler, pergunta
Quem construíu a heptápila Tebas?
Nos livros há só nomes de reis.
Foram os reis quem transportou as pedras?
E a tantas vezes destruída Babilónia -
Quem tantas vezes a reconstruíu? E em que casas
de Lima, a cintilante de ouro, os construtores moraram?
Para onde foram, na tarde em que acabaram a Muralha da China,
os alvanéis? A grande Roma
Está cheia de arcos triunfais. Quem os ergueu? E sobre quem
Triunfaram os Césares? Tinha a celebrada Bizâncio
Só palácios para os habitantes? Até na Atlândida fantástica
Gritava, na noite em que o mar a engolia,
Quem se afogava, pelos seus escravos.
O jovem Alexandre conquistou as Índias.
Sozinho?
César bateu as Gálias.
Não tinha com ele sequer um cozinheiro?
Filipe de Espanha chorou, quando a Armada
Foi ao fundo. Mais ninguém chorou?
Frederico II ganhou a Guerra dos Sete Anos. Quem a ganhou para ele?
Em cada página uma vitória.
Quem cozinhou o banquete triunfal?
Cada dez anos um grande Homem.
Quem pagou a conta?
Tantas histórias.
Outras tantas perguntas.
sexta-feira, 6 de agosto de 2010
SEXO
«Foi a coisa mais divertida que fiz sem rir.»
W. Allen (escritor e cineasta norte-americano, nascido em 1935)
O sexo é um acidente: o que dele recebemos é momentâneo e casual; visamos a algo mais secreto e misterioso do qual o sexo é apenas um sinal, um símbolo.»
C. Pavese (escritor italiano, 1908-1950)
«Sexo é indecente? Somente se é bem feito.»
W. Allen, Tudo o que você queria saber sobre sexo e não teve coragem de perguntar.
W. Allen (escritor e cineasta norte-americano, nascido em 1935)
O sexo é um acidente: o que dele recebemos é momentâneo e casual; visamos a algo mais secreto e misterioso do qual o sexo é apenas um sinal, um símbolo.»
C. Pavese (escritor italiano, 1908-1950)
«Sexo é indecente? Somente se é bem feito.»
W. Allen, Tudo o que você queria saber sobre sexo e não teve coragem de perguntar.
quinta-feira, 5 de agosto de 2010
O país é uma festa
Crise? Com este verão, este calor? O pessoal quer é festa, encher os estádios para chorar com o Tony, churrascos, praia, centros comerciais...Será que andam por aí os seiscentos e tal mil desempregados? O milhão e tal de pobres? Os pensionistas que mal têm para os medicamentos? Sobram uns milhões com empregos precários...Ou é a famosa «classe média» que se diverte?
Pão e circo. O grandes gatunos podem dormir descansados por enquanto. Onde pára esse proletariado a quem a História destinou uma missão messiânica?
Pão e circo. O grandes gatunos podem dormir descansados por enquanto. Onde pára esse proletariado a quem a História destinou uma missão messiânica?
quarta-feira, 4 de agosto de 2010
ANA VIDIGAL
«Sem nunca ser ostensiva ou propagandística mas sempre lúdica, por vezes marota, a obra de Vidigal é atravessada pela crítica social e de costumes à sociedade portuguesa: uma espécie de retrato iconográfico dos últimos trinta anos de uma jovem democracia ainda atravessada por muitos anacronismos, moralismos e assimetrias. Não o faz através de dispositivos como o documentário, a entrevista, o depoimento ou os documentos históricos, mas antes por um vocabulário artístico constituído a partir das imagens com que crescemos, dos livros infantis à banda desenhada – os primeiros veículos de concepções do mundo e da sociedade que nos enformam e formam.
Estamos perante alguém que «arruma» a história por cores e imagens, e não por datas e factos, que entrelaça a chamada alta e baixa cultura, o suave com o duro, o imediato com o complexo, o plano pessoal com o social e político, a Menina Limpa com a Menina Suja. «Uma das minhas memórias de infância são os livros da Anita, eu adorava a Anita, era absolutamente fascinada, não propriamente pelo que a Anita fazia, mas pelos desenhos. E depois, lembro-me que uma das minhas grandes discussões com a minha mãe, que era extremamente arrumada, era como organizar a minha estante onde tinha a colecção toda da Anita. A minha mãe punha 1, 2, 3, 4, 5… e eu punha encarnados, amarelos, azuis, por cores.»
(Ana Vidigal, 2009)
Ana Vidigal
Menina Limpa, Menina Suja
23 Julho a 26 Setembro 2010
CAM – Nave e Piso 1
Curadoria: Isabel Carlos
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in site da F. C. Gulbenkian
segunda-feira, 2 de agosto de 2010
O plano inclinado...para a direita
Ouvi com muito interesse o último debate do programa «Plano inclinado» da SICN. O convidado era,desta vez, Carvalho da Silva, secretário-geral da CGTP. Foi dos melhores debates, senão o melhor. E porquê? Porque nunca, ou mui poucas vezes, o contraditório foi tão visível. Normalmente quem lá vai como convidado fica ou intimidado com as constantes diatribes catastrofistas do Dr. Medina Carreira, ou fica sem argumentos, porque, no fundo, concorda com ele. Concorda, sobretudo, com as soluções que o próprio propõe ou insinua (insinua mais do que propõe). O outro comentador residente, Dr. João Duque (creio ser este o nome), professor universitário de economia, sendo mais moderado nas intervenções, goza daquele halo (como se diz em Psicologia Social) que converte aquilo que ele diz em «verdades» mais convincentes. Mas, afinal, é apenas um efeito das "impressões" e das "expectativas": o que ele diz e pensa é, provavelmente, mais ultra-liberal do que do próprio fogoso Medina Carreira. Para ambos ser-se «pragmático» (leia-se «realista», não utópico), de que se gabam de resto, é aceitar-se o mundo tal qual ele é (leia-se: o sistema capitalista regido pelo ultra-liberalismo). A globalização (a economia mundial) e a pertença à UE, impõem condições que não possibilitam outra saída senão "adaptar-se"; porém, seguindo-se a lógica do raciocínio deles nem a "adaptação" é possível, o que resta é realmente a submissão. Deduz-se, então, que estarão de acordo com as políticas deste governo; mas não (pelo menos da parte de Medina Carreirra). Em que ficamos? É que pretendem mais destas políticas: mais ultra-liberalismo, menos intervenção do estado. Por exemplo: ambos não se cansam de repetir que o Estado gasta quase tudo em despesas sociais (Saúde, Ensino, etc.). Logo, conlui-se necessariamente que o Estado, para não «bater contra a parede» (MC), deve reduzi-las ao mínimo (ou eliminá-las). Então, quem abocanharia esses serviços? Necessariamente o sector privado. Defende o actual PSD outra coisa? Não. Deste modo, por detrás das diatribes catastrofistas (sempre escoradas na doutrina monetarista neo-liberal) perfila-se com mais ou menos astúcia o pensamento dos dois partidos alternantes, do PSD em primeiro lugar (Sócrates pensa o mesmo mas fá-lo mais gradualmente por motivos eleitorais). O congelamento dos salários foi defendido por ambos (e até o seu abaixamento) e a culpa da pouca competitividade (para as exportações) dever-se-ia à produtividade baixa dos trabalhadores portugueses (portanto, também os salários demasiado altos). Todas estas teses são por demais repetidos pela propaganda capitalista (são as teses, velhas de séculos, do grande e médio patronato lusitano).
Carvalho da Silva insistiu na necessidade urgente de uma outra distribuição da riqueza. Os interlocutores acham que isso é «romantismo» e «moralismo», seja como for consideram que isso leva muito tempo a conseguir-se, o que significa: «Deixe lá isso, e tratemos do que interessa». Já ouvimos dizer ao Dr. Medina Carreira que uma profunda reforma da educação pode ser muito necessária mas leva «décadas», portanto, «Falemos do que interessa». E falar do que interessa para eles não é o dinheiro que o Estado injectou na banca para a «salvar», em vez de de transformá-lo em investimento produtivo e social. Falar do que interessa para eles é «poupar», nos salários e nas prestações sociais, é claro; não é taxar os lucros especulativos, aumentar o imposto aos bancos ou impô-lo aos off-shores.
Para MC os sindicatos portugueses são «demasiado reivindicativos» (referia-se à CGTP, com certeza, pois que a UGT faz o que pode para apoiar os governos). O que seria, nessa óptica, um sindicalismo não reivindicativo?? Provavelmente um sindicalismo corporativo. Apre! Tivemo-lo quase sessenta anos...
Carvalho da Silva insistiu na necessidade urgente de uma outra distribuição da riqueza. Os interlocutores acham que isso é «romantismo» e «moralismo», seja como for consideram que isso leva muito tempo a conseguir-se, o que significa: «Deixe lá isso, e tratemos do que interessa». Já ouvimos dizer ao Dr. Medina Carreira que uma profunda reforma da educação pode ser muito necessária mas leva «décadas», portanto, «Falemos do que interessa». E falar do que interessa para eles não é o dinheiro que o Estado injectou na banca para a «salvar», em vez de de transformá-lo em investimento produtivo e social. Falar do que interessa para eles é «poupar», nos salários e nas prestações sociais, é claro; não é taxar os lucros especulativos, aumentar o imposto aos bancos ou impô-lo aos off-shores.
Para MC os sindicatos portugueses são «demasiado reivindicativos» (referia-se à CGTP, com certeza, pois que a UGT faz o que pode para apoiar os governos). O que seria, nessa óptica, um sindicalismo não reivindicativo?? Provavelmente um sindicalismo corporativo. Apre! Tivemo-lo quase sessenta anos...
domingo, 1 de agosto de 2010
POSTAIS
O governo de Israel atacou e represou um navio em águas internacionais que transportava ajuda humanitária às populações martirizadas de Gaza. Violou leis internacionais e assassinou passageiros e tripulantes. O regime nazi exterminou os judeus e violou tantas vezes quanto quis todas as leis internacionais.
O governo da Colômbia ameaça a Venezuela com bases militares norte-americanas ou conjuntas na fronteira. Os media internacinais classificam sempre o movimento guerrilheiro colombiano que actua no interior do seu país como «narcotraficantes». Uribe, da Colômbia, é conhecido como antigo colaborador de narcotraficantes. A Venezuela é um inimigo público dos EUA porque nacionalizou o petróleo.
O governo da Colômbia ameaça a Venezuela com bases militares norte-americanas ou conjuntas na fronteira. Os media internacinais classificam sempre o movimento guerrilheiro colombiano que actua no interior do seu país como «narcotraficantes». Uribe, da Colômbia, é conhecido como antigo colaborador de narcotraficantes. A Venezuela é um inimigo público dos EUA porque nacionalizou o petróleo.
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