A crise fez disparar a taxa de desemprego dos jovens portugueses para 22,7%, acima do dobro da taxa global. Os mais novos foram, assim, atingidos com particular força pela recessão, em Portugal e no resto do mundo, diz a OIT, que avisa para consequências sociais.
Boa parte das conclusões da Organização Internacional de Trabalho, num estudo sobre o desemprego jovem, é comum à generalidade dos países, incluindo Portugal: durante a crise, os jovens até aos 25 anos de idade foram os mais afectados pela falta de trabalho, ficaram sujeitos a piores condições laborais e, mesmo que tenham mantido o emprego, viram aumentar a probabilidade de ficarem pobres. A organização internacional prevê, ainda, que a recuperação do emprego, por parte dos jovens, demore mais tempo do que entre os adultos.
Em Portugal, o número de jovens desempregados disparou, de 84 mil para 100 mil, desde o início de 2008 até ao primeiro trimestre deste ano (só na terça-feira o INE divulgará dados para o segundo semestre). Em consequência, a taxa de desemprego entre as pessoas com menos de 25 anos de idade passou de 16,4% para 22,7% - mais do dobro da taxa global de desemprego (10,6%).
No mundo inteiro, já 7,8 milhões de jovens ficam sem trabalho desde o início da crise, o maior aumento anual desde 1991, quando começaram os registos, diz a OIT. A altura em que se impacto se fez sentir é que variou, consoante o local do mundo. Os países mais desenvolvidos, como os europeus, começaram a sentir os efeitos da crise em 2007 e 2008, enquanto que, no resto do mundo, só um ano depois é que o desemprego entre os mais jovens começou a crescer.
As mulheres são mais afectadas pela falta de trabalho do que os homens, mas enquanto que nos países desenvolvidos essa diferença se esbateu, nos mais pobres ela tornou-se ainda maior. Em paralelo, a falta de empregos disponíveis desencorajou jovens de sequer procurar trabalho, deixando assim de figurar nas listas do desemprego, conclui a Organização Internacional de Trabalho.
O fenómeno leva a OIT a falar de uma "geração perdida", sobretudo nos países em vias de desenvolvimento. "Entrar no mercado de trabalho durante uma recessão pode deixar cicatrizes permanentes na geração de jovens afectados", que podem simplesmente desligar-se do mundo de trabalho.
(JN, 12.08.2010, A. Ferreira)
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