Vícios privados culpas públicas
00h04m
O à-vontade com que o ainda ministro das Finanças continua, na situação de emergência financeira em que o país se encontra, a dispor do dinheiro dos contribuintes e dos sacrifícios dos portugueses mais vulneráveis não tem, pelos vistos, limites. Agora diz que o Estado está "disponível" para entrar no capital dos bancos.
Isto depois de o mesmo Estado ter enterrado milhões no BPP e BPN e se ter endividado a juros usurários em benefício dos bancos, que intermediaram a dívida pública com dinheiro obtido no BCE a 1% e emprestado ao Estado a 7,8 e 9%. E que, quando a coisa deu para o torto, exigiram ao Governo a entrada do FMI, cuja "ajuda" inclui uma fatia específica para a Banca (se calhar para o negócio das privatizações a pataco que aí vem).
Disse-o o director-geral do FMI: "O problema de Portugal não é tanto a dívida pública como o financiamento dos bancos e a dívida privada".
De facto, a dívida pública portuguesa (previsão para 2011) corresponde a 97,3% do PIB e é inferior à de países como a Irlanda (107%), Grécia (150,2%), Bélgica (100,5%) ou Itália (120,2%). Mesmo as da França e Alemanha andam, respectivamente, pelos 86,8% e 75,9%.
Já a dívida privada, de que pouco se fala e cujas principais fatias são da Banca e do imobiliário, é de 220% do PIB! É essa dívida que a Comissão Administrativa de FMI, BCE e CE vem agora cobrar a pobres, pensionistas e desempregados. A bem da Nação, como sempre.
M. António Pina
in Jornal de Notícias, hoje.
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