Os Estados Unidos não são Portugal, diz Obama
Felizmente Portugal também não é os Estados Unidos.
Obama referia-se especialmente à situação da dívida americana que o atormenta. Mesmo na política económica, apesar dos EUA fabricarem dólares ao preço do papel impresso, os seus gastos com as guerras em que permanentemente estão envolvidos, levou a que estejam perante dívidas a todo o mundo que ultrapassam o seu PIB. Os EUA vivem à custa de muitos países, que exploram, e a quem não pagam as dívidas, como é o caso da China. Os EUA usam a força militar para impor a sua política, roubar as matérias primas de muitos países do mundo e reprimir os que tentam libertar-se das suas "ajudas".
Portugal tem uma longa história. Fez muitas barbaridades. Mas não tantas como as feitas pelos EUA na sua curta história.
As listas de crimes contra a humanidade e afrontas aos direitos humanos, são muito extensas e repugnantes.
EUA é o exemplo mais evidente da natureza do sistema capitalista.
A notícia de que a agência de classificação de risco Standard and Poor's reduziu de estável para negativa a perspectiva de rating dos Estados Unidos provocou surpresa e reações de todo tipo. O jornal "Le Monde" observou a preocupação do FMI e de muitos especialistas sobre a incapacidade do Governo solucionar a redução dos deficits e da dívida americana.
Joseph Stiglitz, num artigo intitulado "Of the 1%, by the 1%, for the 1%" da revista "Vanity Fair" (acessível online), demonstra os efeitos nefastos das desigualdades sociais nos Estados Unidos nas últimas décadas.
Há 25 anos, a faixa dos 1% mais ricos da população detinha 12% da renda americana e controlava 33% da riqueza do país. Agora, este 1% do topo da pirâmide social tem perto de 25% da renda e 40% da riqueza nacional.
O aumento da desigualdade social reduz a democracia americana, abala a eficiência da economia e reduz a acção para modernizar a sociedade.
Democracia?
Stiglitz aponta também o tráfico de influências e o poder do grande capital na manipulação das políticas governamentais afirmando: "Quando entram no Congresso, virtualmente todos os senadores e a maior parte dos deputados são membros da categoria composta pelos 1% mais ricos, em seguida, são reeleitos com o dinheiro destes 1%, e sabem que, se servirem os membros destes 1%, serão recompensados por estes quando terminarem seu mandato".
Para o prémio Nobel de Economia de 2001 a desigualdade social é um elemento chave no emperramento da democracia e no aviltamento da identidade nacional americana.
As desigualdades de rendimentos chegaram a extremos nunca antes contabilizados. Com dinheiro fácil, os bancos de Wall Street estão agora a padecer do “moderno” milagre da alavancagem – capacidade de gerar lucros recorrendo a crédito alheio e a produtos financeiros – derivativos – fortemente especulativos e de alto risco. Ou seja fazer dinheiro sem ter que imprimir papel, nem criar riqueza.
Governo de ricos alimentado pelos pobres
Um dos principais indicadores da desigualdade é o «coeficiente Gini». Este índice, é o maior já registado, traduzindo-se numa “extrema desigualdade”.
Entre 1979 e 2005 o rendimento antes de impostos dos agregados familiares mais pobres aumentou 1,3% por ano e o da classe média 1%. O rendimento dos super-ricos – 1% da população (3 milhões de pessoas) cresceu 200% antes da liquidação de impostos e, pasme-se, 228% depois desses impostos (dados de 2005 que hoje são muito mais elevados). O grupo dos mais pobres da população recebeu 15 300 dólares, a classe média 50 200, enquanto os milionários arrecadaram, em média, mais de 1 milhão. Em 1979, os rendimentos dos super-ricos era 8 vezes superior à da classe média e 23 vezes maior do que a dos 20% dos americanos mais pobres. Em 2005, aquelas proporções aumentaram respectivamente para 21 e 70 vezes. Entre 2002 e 2006, o topo da pirâmide arrecadou quase 75% dos lucros gerados com o aumento da riqueza produzida.
Bill Gross, líder do maior fundo de acções do mundo (Pimco) disse: “Quando o fruto do trabalho da sociedade é mal distribuído, quando os ricos ficam mais ricos e as classes média e baixa lutam para sobreviver, o sistema desmorona-se. Os diversos barcos não acompanham a maré. O centro é incapaz de se sustentar”. As taxas de criminalidade, de todos os tipos, crescem exponencialmente.
Criminalidade e lei da selva
O FBI informou, em Setembro de 2007, que durante 2006 ocorreram 1,41 milhões de delitos violentos, número que representa um aumento de 1,9% com respeito ao ano anterior. As estatísticas dadas a conhecer pelo FBI mostram que, em 2006, o número de assassinatos e homicídios involuntários aumentou 1,8%, enquanto o número de roubos cresceu 7,2%.
Nesse mesmo ano, os residentes norte-americanos de 12 anos de idade ou mais sofreram 25 milhões de delitos violentos e roubos, o que significa 24,6 delitos violentos por cada 1.000 pessoas dessa faixa etária e 159,5 delitos contra a propriedade por cada 1.000 lares.
Nos Estados Unidos, é cometido um crime violento em cada 22 segundos, um assassinato em cada 30 minutos, um estupro em cada 5 minutos, um roubo em cada minuto e um assalto com agressão física a cada 36 segundos (FBI Release its 2006 Crime Statistics, FBI, http://www.fbi.gov/ pressre1/pressre107/cius092407.htm).
Enquanto os salários dos executivos americanos quadruplicaram desde os anos 1970, a renda de 90% dos trabalhadores do país estagnou nesse período. Em muitos casos, as empresas que aumentaram os executivos reduziram os salários dos empregados comuns.
O grupo dos 0,1% mais ricos, formado por pessoas que ganham cerca de US$ 1,7 milhão, acumulou mais de 10% da riqueza pessoal dos EUA. Há quarenta anos, os ganhos desse grupo representava 2,5% da riqueza do país. Enquanto isso, uma pesquisa do FED, o banco central americano, mostra que a renda dos mais pobres caiu 18% nos últimos anos. Estes dados são de 2008, hoje é muito pior.
Em resumo:
1) O topo de 0,01% da população ganha 976 vezes mais do que 90% dos americanos. (The Nation Online)
2) Metade dos americanos detem somente o 2,5% da riqueza nacional. Os 1% mais ricos, 33,8% (Institute for Policy Studies)
3) Os 1% mais ricos detêm 50,9% das acções americanas. Os 50% mais pobres, 2,5%.
4) Em 1986, os 1% mais ricos levavam 38% dos ganhos de capital, enquanto que os 80% mais pobres recebiam 25%. Hoje, os 1% mais ricos levam 58%, e os 80% mais pobres, 13%.
5) Enquanto na última década os salários dos CEOs cresceram 298,2%, os salários dos trabalhadores aumentaram apenas 4,3%, e o salário mínimo diminuiu 9,3%.
6) O salário hora (médio) mantém-se praticamente no mesmo valor real desde 1964 (cerca de 18 dólares/ hora)
7) A taxa de poupança pessoal caiu de 10,9% em 1982 a 2,7% em 2008 (BoEA)
8) As possibilidades de ascensão social, que na década de 40 eram de 12%, hoje são de menos de 4%
9) Em 1962, o 1% mais rico detinha 125 vezes mais riqueza que a família média americana. Hoje é 190 vezes. (NYT)
10) A carga tributária do 1% mais rico era de mais de 60% em 1968, hoje é de menos de 40%
11) Os EUA redistribuem a riqueza até 3 vezes pior que países desenvolvidos como Finlandia, Alemanha, Reino Unido, Dinamarca, Noruega, Holanda, Austrália e Canadá.
12) Os 1% mais ricos viram sua riqueza dobrar desde 1979. Os 90% mais pobres diminuíram a sua riqueza.
Concluindo:
Os EUA, país exemplar do capitalismo, são uma fraude total. Não só porque vivem do que roubam, como fabricam o dinheiro que querem, sem ter nada que o garanta, como mesmo assim, 90% da população vive mal. De nada vale serem o país mais rico quando essa riqueza está nas mão de apenas 1% de super ricos.
Domingo, 17 de Julho de 2011
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