A vida de M. C. Escher
Maurits Cornelis Escher nasceu a 17 de Junho de 1898 em Leenwarden (cidade no norte da Holanda). Filho de Sarah Gleichman e de George Arnold Escher, engenheiro civil, é encorajado desde cedo a aprender algumas artes ligadas à carpintaria. Mauk (como era tratado pela família) desenvolve rapidamente o gosto por trabalhos com madeira, aprendendo técnicas que mais tarde lhe serão muito úteis, nomeadamente a xilogravura.
Aos 13 anos dá entrada numa das escolas secundárias de Arrnheim para onde se havia mudado em 1903 com os pais. Era um aluno relativamente fraco, o que explica que não tenha conseguido obter o diploma final quando sai em 1918.
Neste espaço de tempo, e na companhia de um amigo, vai fazendo lineo-gravuras. O seu primeiro trabalho - Pássaro numa gaiola - data de 1916, e não foi apreciado pelos seus professores.
Em 1919, já com 21 anos, Escher vai para Haarlem estudar Arquitectura na Escola de Artes Decorativas. Descontente com o curso e contando com o incentivo do professor e director da escola, Samuel Jesserun de Mesquita (judeu de origem portuguesa), muda para o curso de Artes Decorativas. No entanto, apesar de dominar muito bem as técnicas de xilogravuras, o sucesso neste curso também não foi grande.
Perante tal situação, Escher acaba por abandonar a escola (1922), mantendo embora o apoio de Mesquita, com o qual manteve contacto até 1944, altura em que este é vítima do racismo nazi.
Ainda em 1922, Escher, na companhia de dois amigos holandeses, viaja pelo centro de Itália, país que o encanta desde logo! Pode ler-se mesmo, tal entusiasmo, nas suas cartas e diários, por exemplo, quando vê ao longe as 17 torres de San Diego Parecia um sonho, não podia ser real... (cit. in Locher, 1993, p.21). O encanto por Itália está na origem dos seus desenhos que tiveram início neste período.
Espanha foi outro dos países visitados por Escher em Setembro do mesmo ano. Desta visita é de destacar o contacto com a arte decorativa islâmica ...a coisa estranha para mim foi a grande riqueza de decoração e a grande dignidade e simples beleza do todo... (cit. in Locher, 1993, p.23).
Apesar de ter gostado de Espanha, Escher não esqueceu Itália e passados dois meses aí regressou. Primeiro, instalou-se em Siena mas, em Março de 1923, foi para Ravello, no sul de Itália, onde conheceu Jetta Umiker com quem viria a casar.
Datam desta época, fins de 1922 e inícios de 1923, as primeiras xilogravuras de paisagens italianas. Em Junho do mesmo ano regressou a Siena onde, em Agosto, expôs, pela primeira vez individualmente, os seus trabalhos. Em Fevereiro do ano seguinte expõe na Holanda onde viria a fazer inúmeras exposições dos seus trabalhos.
Esta década foi muito marcante na vida de Escher tanto a nível artístico, dado que os seus trabalhos começam a ser conhecidos, como a nível pessoal. Em 1926, mudou-se de Ravello para Roma, onde viriam a nascer os seus dois filhos mais velhos, George (1926) e Arthur (1930).
O reconhecimento ia aumentando. A sua obra foi apreciada não só a nível europeu, nomeadamente na Holanda, mas também na América onde foi premiado com o terceiro lugar numa exposição em Chicago (1934), com a litografia Nonza. Antes disso, em 1932 e 1933 foram publicados dois livros com ilustrações de Escher, XXIV Emblemata e De vreeselijke avonturen van Scholastica, respectivamente.
Em 1935, face à situação política na Itália, mudou-se com a família para Chateaux-dOex
na Suíça, onde viria a viver pouco tempo. A paisagem parecia-lhe monótona e pouco inspiradora. Dizia mesmo ...detestável, branca miséria de neve... (cit. in Locher, 1993, p.47). Assim, passados dois anos, e depois de ter feito uma viagem acompanhado da esposa revesitando alguns países como Espanha, França e Itália, mudou-se com a família para Ukkel na Bélgica, onde passados três anos foi pai pela terceira vez.
O ano de 1939 foi um ano dramático. Em Junho, Escher perdeu o pai que contava, então, 96 anos. Ainda não recomposto de tal perda, foi fustigado por mais uma tragédia familiar. Desta feita, em fins de Maio de 1940, perdeu a Mãe!
É então que, em 1941, decidiu regressar ao país natal, mudando-se para Baarn.
Só em 1951 parece ter atingido o ponto mais alto. Os artigos sobre Escher e o seu trabalho multiplicaram-se, nomeadamente em revistas como The Studio, Time e Life. Em 1954, em simultâneo com uma Conferência Internacional de Matemática, realizou-se em Amesterdão uma grande exposição dos trabalhos de Ercher no Stedelijk Museum. Expõe igualmente em Washington. Passados quatro anos, publicou o célebre texto Regelmating Vlakverdeling sobre a divisão regular do plano e, no ano seguinte, surge Grafick en Tekeningen M. C. Escher sobre a sua obra gráfica. Em 1960 expõe em Cambridge e é orador convidado numa conferência internacional de cristalografia. A sua obra torna-se, reconhecidamente, uma ponte entre a ciência e a arte.
Escher trabalhou sempre com regularidade, excepto quando alguns problemas de saúde o obrigaram afastar-se da vida artística. Referimo-nos ao período de 1962 a 1970 durante o qual foi submetido a algumas intervenções cirúrgicas. Mas, mesmo durante esse espaço de tempo, não esteve inactivo.
Um dos seus mais famosos trabalhos Serpentes data de 1969. Também ao nível de exposições não esteve parado. Os seus trabalhos foram apresentados publicamente numa grande exposição retrospectiva em The Hague (1968) e outra em Washington.
Depois de uma série de operações instala-se na Rosa Spier House em Laren, no norte da Holanda. Apesar do seu estado de saúde inspirar já algum cuidado, ainda chegou a assistir à publicação do livro -The World of M. C. Escher.
Faleceu a 27 de Março de 1972 no hospital de Hilversum quando ainda não tinha completado 74 anos.
www.educ.fc.ul.pt/icm/icm2000/icm33/Escher.htm
Escher
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