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A administração Obama, em ligação com Londres, Paris, Tel Aviv
e o quartel-general da NATO em Bruxelas, está a contemplar várias "intervenções
de opções" militares contra a Síria, incluindo a realização de operações navais
e aéreas em apoio às forças rebeldes de "oposição" sobre o terreno.
Os EUA e o seu impassível aliado britânico estão num "pé de guerra humanitário". Forças aliadas, incluindo operativos de inteligências e forças especiais, reforçaram a sua presença no terreno em apoio ao "Exército Livre da Síria" (ELS). Foi informado que o Ministério da Defesa britânico está a "formular planos de contingência para o caso de o Reino Unido decidir instalar tropas nesta região volátil". Posicionamentos de forças navais e aéreas já foram anunciados pelo Ministério da Defesa britânico. Segundo notícias de tablóides de Londres, citando fontes militares "confiáveis", "... a escalada da guerra civil [na Síria] torna cada vez mais provável que o Ocidente seja forçado a intervir". ( Daily Mail , July 24, 2012) Uma campanha de bombardeamento no estilo "pavor e choque" do Iraque não está, por razões práticas, a ser contemplada: "analistas da defesa advertiram que uma força de pelo menos 300 mil soldados seria necessária para executar uma intervenção em plena escala [na Síria]. Mesmo assim, esta enfrentaria resistência feroz. ..." (ibid) Ao invés de executar uma operação relâmpago total, a aliança militar EUA-NATO-Israel optou por intervir sob o diabólico enquadramento do R2P, da "guerra humanitária". Modelado na Líbia, as seguintes grandes etapas estão a ser encaradas:
As etapas de 1 até 4 já foram implementadas.
A etapa 5 foi anunciada. A etapa 6, envolvendo o posicionamento de navios de guerra britânicos e francesas no Mediterrâneo Oriental está destinada a ser lançada, segundo o Ministério da Defesa britânico, "ainda neste Verão". (Ver Michel Chossudovsky, The US-NATO War on Syria: Western Naval Forces Confront Russia Off the Syrian Coastline? Global Research, July 26, 2012. A fase 7, nomeadamente a "mudança de regime" – a qual constitui o fim do jogo da guerra humanitária – foi anunciada por Washington em numerosas ocasiões. Nas palavras do secretário da Defesa Leon Panetta, referindo-se ao presidente Bashar Al Assad: "Já não é mais uma questão de se ele está chegar ao fim, é de quando". O fim do jogo: Desestabilizar o estado laico, instalar o "Islão político" O Royal United Services Institute for Defence and Security (RUSI) , um think-tank instalado em Londres, com laços estreitos tanto com o Ministério da Defesa britânico como com o Pentágono, sugeriu que "alguma espécie de intervenção [militar] ocidental na Síria está a parecer cada vez mais provável... O que o RUSI tem em mente no seu Resumo sobre a crise síria intitulado A Collision Course for Intervention , é o que pode ser descrito como "Uma invasão suave", levando ou a uma "ruptura do país" de acordo com linhas sectárias e/ou a instalação de um "regime dominado ou influenciado por islamistas" modelado no Qatar e na Arábia Saudita. Vários "cenários" envolvendo operações de inteligência "clandestina" são avançados. O objectivo não mencionado destas opções militares e de inteligência é desestabilizar o estado leigo e implementar, através de meios militares, a transição rumo a um "regime pós-Assad dominado ou influenciando pelo Isão" modelado no Qatar e na Arábia Saudita.
Se bem que reconhecendo que os combatentes rebeldes são
rematados terroristas envolvidos na matança de civis, o Resumo RUSI, mencionando
considerações tácticas e de inteligência, sugere que as forças aliadas no
entanto deveriam apoiar os terroristas (isto é, as brigadas terroristas foram
apoiadas pela coligação dirigida pelos EUA desde o início da rebelião em meados
de Março de 2011. Forças Especiais integraram a rebelião):
O reconhecimento acima confirma a resolução dos EUA-NATO de
utilizar o "Islão político" – incluindo o posicionamento grupos terroristas
filiados à Al Qaeda apoiados pela CIA e o MI6 – para realizar suas ambições
hegemónicas na Síria.
Operações encobertas da inteligência ocidental em apoio a entidades terroristas da "oposição" são lançadas para enfraquecer o estado laico, fomentar violência sectária e criar divisões sociais. Recordaremos que na Líbia, os rebeldes "pró democracia" foram conduzidos por brigadas paramilitares filiadas à Al Qaeda sob a supervisão de Forças Especiais da NATO. A muito apregoada "Libertação" de Tripoli foi executada por antigos membros do Libya Islamic Fighting Group (LIFG). Opções e acções militares. Rumo a uma "invasão suave"? Várias opções militares concretas – as quais em grande medida reflectem o pensamento em curso do Pentágono-NATO sobre a matéria – são contempladas no RUSI Syria Crisis Briefing. Todas estas opções são baseadas num cenário de "mudança de regime" exigindo a intervenção de forças aliadas em território sírio. O que é contemplado como uma "invasão suave" modeladas na Líbia sob um mandato humanitário R2P ao invés de uma blitzkrieg total estilo "pavor e choque". O Resumo RUSI, contudo, confirma que apoio continuado e eficaz aos rebeldes do Exército Livre Sírio exigirá finalmente a utilização de "poder aéro na forma de caças a jacto e sistema de mísseis lançados do mar, da terra e do ar" combinado com a entrada de Forças Especiais e a aterragem de "infantaria anfíbia aerotransportada" (Ibid, p 16.) Esta transição rumo ao apoio naval e aéreo concreto ao rebeldes é sem dúvida motivada também pelas derrotas da insurgência (incluindo substanciais perdas rebeldes) que se seguiram à reacção adversa das forças do governo na esteira do ataque terrorista de 18 de Julho contra a sede da Segurança Nacional em Damasco, o qual levou à morte do ministro da Defesa, general Daoud Rajha e de outros altos membros da equipe defesa nacional do país. Várias acções militares entrecruzadas são encaradas, a serem executadas sequencialmente tanto antes como na esteira da proposta "mudança de regime".
O "socorro humanitário" é muitas vezes utilizado como pretexto
para o envio de unidades de combate. Forças especiais e operativos de
inteligência são frequentemente despachados sob uma cobertura de ONG.
Acções militares concretas EUA-NATO Será que o Resumo RUSI reflecte a perspectiva actual do planeamento militar EUA-NATO em relação à Síria? Que acções militares e de inteligência concretas foram tomadas pela aliança militar ocidental na sequência dos vetos chinês e russo no Conselho de Segurança das Nações Unidas? O posicionamento de uma poderosa armada de navios de guerra franceses e britânicos já é encarada numa data não especificada "ainda neste Verão". (Ver Michel Chossudovsky, The US-NATO War on Syria: Western Naval Forces Confront Russia Off the Syrian Coastline? , Global Research, July 26, 2012) O Ministério da Defesa britânico, contudo, sugeriu que os deslocamentos da Royal Navy para o Médio Oriente só podiam ser activado "após" os jogos olímpicos de Londres. Dois dos maiores navios de guerra britânicos, o HMS Bullwark e o HMS Illustrious foram designados, a um tremendo custo para os contribuintes britânciso, para "garantir a segurança" dos Jogos Olímpicos. O HMS Bulwark está atracado em Weymouth Bay durante os jogos. O HMS Illustrious está "actualmente ancorado no Tamisa no centro de Londres". (Ibid) Estas planeadas operações navais são cuidadosamente coordenadas com avançado apoio aliado ao "Exército Livre da Síria", integrado por jihadistas mercenários estrangeiros treinados no Qatar, Iraque, Turquia e Arábia Saudita por conta da aliança militar ocidental. Será que os EUA-NATO lançarão uma operação aérea total? As capacidades de defesa aérea da Síria, segundo informações, baseiam-se no avançado sistema S-300 da Rússia? (Informações não confirmadas apontam para o cancelamento da entrega pela Rússia, a seguir à pressão de Israel, do avançado sistema míssil S300 terra-ar à Síria) (Ver Israel convinces Russia to cancel Syrian S-300 missile deal: official, Xinhua , June 28, 2012) Outras informações também sugerem a instalação de um avançado sistema russo de radar (Ver Report: Russia Sent Syria Advanced S-300 Missiles , Israel National News, November 24, 2011). O papel das Forças Especiais Nos próximos meses, forças aliadas não terão dúvida em centrar-se na desactivação das capacidades militares do país incluindo sua defesa aérea, sistemas de comunicações, através de uma combinação de acções encobertas, guerra cibernética e ataques terroristas do ESL patrocinado pelos EUA-NATO. Os rebeldes do "Exército Sírio Livre" são de infantaria da NATO. Comandantes do ESFL, muitos dos quais são parte de entidades filiadas à Al Qaeda, estão em ligação permanente com Forças Especiais britânicas e francesas dentro da Síria. O relatório RUSI recomenda que os rebeldes deveriam ser apoiados através do "posicionamento dentro do país de conselheiros das Forças Especiais com apoio aéreo a pedido:
Forças Especiais têm estado no terreno na Síria desde o
princípio da insurgência. Relatórios também confirmam o papel de companhia de
segurança privadas, incluindo antigos mercenários Blackwater, no treino dos
rebeldes do ESL. No que é descrito como "Guerra da América debaixo da mesa",
Forças Especiais no terreno estão em ligação permanente com os militares e a
inteligência aliada.
O influxo de combatentes jihadistas mercenários Desde o impasse no Conseho de Segurança da ONU, uma aceleração no recrutamento e treino de combantes jihadistas mercenários está a verificar-se. Segundo uma fonte do exército britânico, British Special Forces (SAS) estão agora a treinar "rebeldes" sírios no Iraque "em tácticas militares, manuseamento de armas e sistemas de comunicações". A informação também confirma que treino militar de comandos está a ser efectuado na Arábia Saudita por conta da aliança militar ocidental:
O papel da Turquia e de Israel
O alto comando militar da Turquia tem estado em ligação com a sede da NATO desde Agosto de 2011 relativamente ao recrutamento activo de milhares de "combatentes da liberdade" islamistas, o que recorda o alistamento de Mujahideen pra travar a jihad (guerra sagrada) da CIA no auge da guerra soviético-afegã.
O recente influxo de combatentes estrangeiros numa escala
significativa sugere que este diabólico programa de recrutamento Mujahiden,
desenvolvido há mais de um ano atrás, tem frutificado.
A Turquia também está a apoiar combatentes da Fraternidade Muçulmana no Norte da Síria. Como parte do seu apoio aos rebeldes do ESL, "a Turquia estabeleceu uma base secreta com aliados da Arábia Saudita e do Qatar para dirigir ajuda militar e de comunicações para rebeldes da Síria a partir de uma cidade próxima à fronteira" Exclusive: Secret Turkish nerve center leads aid to Syria rebels | Reuters, July 27, 2012). O papel de Israel no apoio aos rebeldes, em grande medida caracterizado por operações encobertas de inteligência, tem sido "discreto" mas significativo. Desde o início, o Mossad apoiou grupos terroristas salafistas, os quais tornaram-se activo no Sul da Síria no início do movimento de protesto em Daraa em meados de Março. Informações sugerem que o financiamento para a insurgência Safista está a vir da Arábia Saudita. (Ver Syrian army closes in on Damascus suburbs , The Irish Times, May 10, 2011). Enquanto canaliza apoio encoberto ao ELS, Israel também está a apoiar separatistas curdos no Norte da Síria. O grupo de oposição curda (KNC) tem ligações estreitas com o Governo Regional Curto de Massoud Barzani no Norte do Iraque, o qual é directamente apoiado por Israel. A agenda separatista curda é destinada a ser utilizada por Washington e Tel Aviv para procurar a ruptura da Síria de acordo com linhas étnicas e religiosas – em várias entidades políticas separadas e "independentes". Convém notar que Washington também facilitou o despacho de "militantes da oposição" curda síria para o Kosovo em Maio último para participarem em sessões de treino utilizando a "perícia terrorista" do Kosovo Liberation Army (KLA). (Ver Michel Chossudovsky, Hidden US-Israeli Military Agenda: "Break Syria into Pieces ", Global Research, June 2012). A não tão ocultura agenda militar estado-unidense-israelense é "Romper a Síria em bocado", tendo em vista apoiar o expansionismo de Israel. ( The Jerusalem Post, May 16, 2012 ). Confrontação com a Russia O que se pode esperar nos próximos meses: 1) Um posicionamento naval no Mediterrâneo Oriental, cujo objectivo militar não foi claramente definido pelas forças aliadas. 2) Um maior influxo de combatentes estrangeiros e esquadrões da morte para dentro da Síria e a execução de ataques terroristas cuidadosamente visados em coordenação com os EUA-NATO. 3) Uma escalada no posicionamento de forças especiais aliadas, incluindo mercenários de companhias de segurança privadas contratadas pela inteligência ocidental. O objectivo, sob a operação "Vulcão Damasco e Terramoto Sírio", em última análise consistir em estender os ataques terroristas do ESL à capital da Síria, sob a supervisão de Forças Especiais ocidentais e de operativos de inteligência no terreno. (Ver Thierry Meyssan, The battle of Damascus has begun , Voltaire Net, July 19, 2012). Esta opção de alvejar Damasco fracassou. Os rebeldes também foram empurrados para trás em combates intensos na segunda maior cidade da Síria, Alepo. 4) O enfraquecimento do papel da Rússia na Síria – incluindo suas funções sob o acordo de cooperação militar bilateral com Damasco – também é parte da agenda militar e de inteligência dos EUA-NATO. Isto podia resultar em ataques terroristas contra nacionais russos a viverem na Síria. Um ataque terrorista contra a base naval da Rússia em Tartus foi anunciado menos de duas semanas após o confronto directo no Conselho de Segurança, sem dúvida por ordem dos EUA-NATO tendo em vista ameaçar a Rússia. A seguir à chegada da flotilha naval russa de dez navios estacionados ao largo da costa síria, um porta-voz do ESL confirmou (26 de Julho) a sua intenção de atacar a base naval da Rússia em Tartus:
Se a base naval da Rússia viesse a ser atacada, isto, com toda
probabilidade, seria empreendido sob a supervisão de forças especiais e
operativos de inteligência aliados.
Se bem que a Rússia tenha as capacidades militares necessárias para defender eficazmente sua base naval de Tartus, um ataque à base naval da Rússia constituiria um acto de provocação, o qual podia preparar o cenário para um envolvimento mais visível de forças russas dentro da Síria. Um rumo assim também podia potencialmente levar a uma confrontação directa entre forças russas e forças especiais ocidentais e mercenários a operarem dentro das fileiras rebeldes. Segundo o RUSI Syria Crisis Briefing citado acima: "Antecipar a acção e contra-acção russa teria de ser um factor importante em qualquer plano de intervenção [militar] do Ocidente [na Síria]. Os russos certamente são capazes de movimentos arrojados e inesperados..." (RUSI, op cit, p. 5). O mundo numa encruzilhada perigosa Uma "guerra humanitária" total contra a Síria está em cima da mesa do Pentágono, a qual, se executada, podia levar o mundo a uma guerra regional estendendo-se desde o Mediterrâneo Oriental ao coração da Ásia Central. Um programa de propaganda refinado e super abrangente apoia a guerra em nome da paz mundial e da segurança global. O cenário subjacente de conflito mundial vai muito além da concepção diabólica do 1984 de Orwell. O Ministério da Verdade sustenta a guerra como um empreendimento para fazer a paz invertendo realidades. Por sua vez, as mentiras e fabricações dos media "de referência" são apresentadas com variadas insinuações numa complexa teia de enganos. Numa deturpação cínica, atrocidades documentadas contra civis sírios cometidas pela "oposição" do Ocidente estão agora a serem reconhecidas (ao invés de culpabilizar forças governamentais) como "inevitáveis" na penosa transição rumo à "democracia". As consequências mais vastas da "Grande Mentira" são obscurecidas. A guerra humanitária global torna-se um consenso ao qual ninguém pode desafiar. A guerra à Síria é parte de uma agenda militar integrada à escala mundial. A estrada para Teerão passa por Damasco. O Irão, Rússia, China e Coreia do Norte também estão a ser ameaçados. Com o posicionamento da armada naval franco-britânica ainda este Verão, navios de guerra ocidentais no Mediterrâneo Oriental estariam contíguos àqueles posicionados pela Rússia, a qual está a conduzir os seus próprios jogos de guerra, levando a uma potencial "confrontação estilo Guerra fria" entre forças navais russas e ocidentais. Ver Michel Chossudovsky, The US-NATO War on Syria: Western Naval Forces Confront Russia Off the Syrian Coastline? , Global Research, July 26, 2012). Uma guerra à Síria, a qual inevitavelmente envolveria Israel e Turquia, podia constituir a fagulha rumo à guerra regional dirigida contra o Irão, na qual a Rússia e a China podiam ser (directa ou indirectamente) envolvidas. É crucial difundir estas palavras e romper os canais de desinformação dos media. Um entendimento crítico e não enviesado do que está a acontecer na Síria é de importância crucial na reversão da maré da escalada militar. Difunda este artigo o mais amplamente possível.
Ver também:
"A opção
salvadorenha para a Síria" ,26/Mai/12
Exclusive: Obama authorizes secret US support for Syrian rebels
, Reuters, 1/8/2012
Obama
does Syriana , 03/Ago/2012 (o título é alusão ao filme Syriana )
O original encontra-se em http://www.globalresearch.ca/index.php?context=va&aid=32170Este artigo em português encontra-se em http://resistir.info/ | |||||
Michel Chossudovsky est un collaborateur régulier de Mondialisation.ca. Articles de Michel Chossudovsky publiés par Mondialisation.ca |
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segunda-feira, 6 de agosto de 2012
O lançamento de uma "guerra humanitária" contra a Síria
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