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domingo, 26 de julho de 2015

António Guerreiro http://imagens9.publico.pt/imagens.aspx/861519?tp=UH&db=IMAGENS&w=171&h=171&act=cropResize
24/07/2015 - 01:55 - Público
A lição grega
Recapitulemos as principais lições que até os mais distraídos tiveram obrigação de aprender com a crise grega: 1º) A relação credor–devedor está hoje no centro da vida económica, social e política. Ela veio substituir a relação capital–trabalho que pertence a uma fase anterior do capitalismo e introduziu uma nova técnica de poder e uma nova “governamentalidade”. Essa relação produz um novo sujeito universal que é o “homem endividado” tal como ele foi definido e analisado pelo sociólogo Maurizio Lazzarato. A principal actividade do homem endividado (tal como o seu análogo colectivo: o país endividado) é pagar. Nas antigas sociedades disciplinares, ele seria preso se não pagasse, mas as actuais sociedades não o querem encerrado porque isso seria remetê-lo para o exterior e é preciso que ele não saia do interior da esfera dos credores para continuar a pagar. 2º) A dívida é inesgotável, impagável e infinita. Foi com o capitalismo financeiro que a “divída finita e móvel” de antigamente se tornou “dívida infinita”, como a dívida do homem perante Deus. Esta dívida que não pode ser resgatada funciona segundo o modelo do pecado original: no reino dos homens, o devedor nunca acabará de pagar a sua dívida. Recordemos que, para a teologia cristã, existe uma única instituição legal que não conhece interrupção nem fim: o inferno. Mas há aqui umdouble bind: segundo a lógica do capital, um povo é tanto mais rico quanto mais se endivida. Se a dívida não fosse infinita e o devedor pudesse, num determinado momento, saldar as suas dívidas, deixava de haver capital, o capitalismo extinguia-se porque desaparecia a relação de forças entre devedores e credores e a dominação política e a assimetria que essa relação supõe. Lazzarato, mostrando que o capitalismo consiste em encadear dívidas umas nas outras, até elas se tornarem infinitas, estabelece uma analogia entre o funcionamento do crédito e a condição em que se vê Joseph K, a personagem de O Processo, de Kafka. 3º) Apesar de a dívida ser impagável e infinita, é necessário manter publicamente a aparência (uma crença que deve circular publicamente) de que ela é finita e pagável. A dívida da Grécia é tão infinita como a de muitos outros países. Mas o problema é que, por várias circunstâncias, ela entrou no campo de uma racionalidade que lhe retirou a máscara que protege muitas outras. Sem essa máscara, ela exibiu-se como monstruosa, isto é, algo que se mostra e, assim sendo, cresce sem controlo. O capitalismo financeiro não vive sem o motor da dívida, mas precisa que se mantenha a promessa de que ela será honrada. Honrá-la não é pagá-la, é manter a possibilidade da fuga em frente. A catástrofe dá-se quando essa fuga é interrompida. 4º) A moeda especificamente capitalista é a moeda de crédito, a moeda-dívida, e não a moeda-troca. O capitalismo financeiro não tem nada a ver com o doce comércio da moeda-troca. Aí estamos numa relação simétrica. A racionalidade do capital é a de uma relação assimétrica. Trata-se de uma “racionalidade irracional” cuja condição normal é o “estado terminal”. 5º) O discurso dos economistas pertence hoje, de direito, à mesma ordem do discurso dos padres e dos psicanalistas: esta é a conclusão a retirar do que foi dito no ponto anterior. 6º) O capitalismo sempre foi capitalismo de Estado. Deleuze e Guattari já o tinham dito em 1972, no Anti-Édipo, mas agora percebemos perfeitamente que o capitalismo nunca foi liberal. A crise grega mostrou-nos claramente até que ponto se deu a integração e a subordinação do Estado à lógica financeira: o Estado age por conta dos credores e das suas instituições supranacionais.

terça-feira, 21 de julho de 2015


Acordo imposto à Grécia em Bruxelas
O infoGrécia traduziu a entrevista de Jürgen Habermas ao Guardian sobre o acordo imposto à Grécia em Bruxelas. O filósofo alemão diz que ele constitui “um ato de punição de um governo de esquerda” e que as medidas exigidas são uma “mistura tóxica de reformas” que irão “matar qualquer ímpeto de crescimento” na Grécia.
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O infoGrécia traduziu a entrevista de Jürgen Habermas ao Guardian sobre o acordo imposto à Grécia em Bruxelas. O filósofo alemão diz que ele constitui “um ato de...  infogrecia.net

O infoGrécia traduziu a entrevista de Jürgen Habermas ao Guardian sobre o acordo imposto à Grécia em Bruxelas. O filósofo alemão diz que ele constitui “um ato de punição de um governo de esquerda” e que as medidas exigidas são uma “mistura tóxica de reformas” que irão “matar qualquer ímpeto de crescimento” na Grécia.
Qual o seu veredito sobre o acordo alcançado segunda-feira?
O acordo sobre a dívida grega alcançado segunda-feira é prejudicial, tanto no seu resultado como na forma como foi alcançado. Em primeiro lugar, o resultado das conversações é insensato. Mesmo que se considerem os termos estranguladores do acordo como o curso normal, ninguém espera que estas reformas possam ser postas em prática por um governo que, ele próprio, admite que não acredita nos termos desse acordo.
Em segundo lugar, o resultado não faz sentido em termos económicos, devido à mistura tóxica de reformas estruturais do Estado e da economia necessárias com novas imposições neoliberais que vão desencorajar completamente uma população grega exaurida e matar qualquer ímpeto de crescimento.
Em terceiro lugar, o resultado significa a assunção de um Conselho Europeu politicamente falido: relegar um Estado-membro para o estatuto de protetorado contradiz abertamente os princípios democráticos da União Europeia. Finalmente, o resultado é vergonhoso porque força o governo grego a concordar com um fundo de privatização economicamente questionável e predominantemente simbólico, que só pode ser entendido como um ato de punição de um governo de esquerda. É difícil ver como se poderia ter causado mais danos.
E, no entanto, o governo alemão fez exatamente isto quando o ministro das finanças Schäuble ameaçou a Grécia com a expulsão do euro, assumindo-se, desavergonhadamente, como o chefe disciplinador da Europa. O governo alemão fez, desta forma, pela primeira vez, a reivindicação manifesta da hegemonia alemã na Europa – esta é, de qualquer forma, a maneira como as coisas são percebidas no resto da Europa, e esta perceção define a realidade que conta. Temo que o governo alemão, incluindo os seus aliados social-democratas [do SPD], tenha deitado fora numa noite todo o capital político que uma Alemanha melhor tinha acumulado em meio século – e por «melhor» quero dizer uma Alemanha caracterizada por uma maior sensibilidade política e uma mentalidade pós-nacional.
Quando o primeiro-ministro Alexis Tsipras convocou o referendo no mês passado, muitos políticos europeus acusaram-no de traição. A chanceler alemã Angela Merkel, por sua vez, foi acusada de chantagear a Grécia. De que lado crê haver mais culpa pela deterioração da situação?
Não tenho a certeza sobre as verdadeiras intenções de Alexis Tsipras, mas temos de reconhecer um facto simples: de modo a permitir que a Grécia se mantivesse de pé, a dívida que o FMI considera «altamente insustentável» precisa de ser reestruturada. Apesar disso, tanto Bruxelas como Berlim recusaram continuadamente ao primeiro-ministro grego a oportunidade de negociar a reestruturação da dívida grega desde o início. Para superar este muro de resistência entre os credores, o primeiro-ministro Tsipras tentou fortalecer a sua posição por meio de um referendo – e obteve mais apoio interno do que esperava. Essa legitimação renovada forçou o outro lado a procurar um compromisso ou a explorar a situação de emergência da Grécia e a agir, ainda mais do que antes, como disciplinador. Conhecemos o resultado.
A atual crise da Europa é um problema financeiro, um problema político ou um problema moral?
A crise atual pode ser explicada tanto por meio de causas económicas como por um fracasso político. A crise da dívida soberana que emergiu da crise bancária tem as suas raízes nas más condições da união monetária heterogeneamente composta. Sem uma política económica e financeira comum, as economias nacionais dos pseudo-soberanos Estados-membro continuarão a afastar-se em termos de produtividade. Nenhuma comunidade política aguenta esta tensão a longo prazo. Ao mesmo tempo, concentrado-se em evitar um conflito aberto, as instituições da União Europeia estão a impedir as iniciativas políticas necessárias para transformar a união monetária numa união política. Só os líderes dos governos europeus reunidos no Conselho da Europa estão em posição de agir, mas são precisamente eles que são incapazes de agir no interesse de uma comunidade europeia conjunta, porque pensam principalmente no seu eleitorado nacional. Estamos encurralados numa armadilha política.
Wolfgang Streeck alertou, no passado, que o ideal habermasiano de Europa é a raiz da crise atual e não o seu remédio: a Europa, avisou ele, não salvará a democracia, antes a abolirá. Uma parte da esquerda europeia sente que os desenvolvimentos atuais confirmam as críticas de Streeck ao projeto europeu. Qual a sua resposta para estas preocupações?
Tirando a sua previsão do fim do capitalismo, concordo, em larga medida, com a análise de Wolfgang Streeck. Ao longo da crise, o executivo europeu acumulou mais e mais autoridade. As decisões-chave são tomadas pelo Conselho, a Comissão e o Banco Central Europeu – por outras palavras, pelas instituições que têm não só pouca legitimidade para as tomarem como também falta de sustentação democrática. Streeck e eu partilhamos também a ideia de que este esvaziamento tecnocrata da democracia é o resultado de um padrão neoliberal de políticas de desregulamentação do mercado. O equilíbrio entre as políticas e os mercados deixou de estar em sintonia, às custas do Estado-providência. Onde nós divergimos é em termos das consequências a retirar desta situação. Eu não vejo como o retorno aos Estados-nação, que têm de ser encarados como grandes corporações num mercado global, pode contrariar a tendência de des-democratização e crescimento da desigualdade social – uma coisa que, a propósito, também vemos na Grã-Bretanha. Estas tendências só podem ser contrariadas se, no fim de contas, houver uma mudança de direção política, provocada pelas maiorias democráticas mais fortemente integradas no núcleo da Europa. A união monetária tem de ter capacidade de agir a um nível supranacional. Tendo em conta o processo político caótico desencadeado pela crise na Grécia, não podemos mais ignorar os limites do presente método de compromisso intergovernamental.

Jürgen Habermas é professor emérito de filosofia na universidade Johann Wolfgang Goethe de Frankfurt.

domingo, 19 de julho de 2015

A crise Grega demonstra que a alternativa ao sistema capitalista passa pela Revolução    Miguel Urbano Rodrigues - Publicado em Segunda, 13 Julho 2015 12:34
A evolução da crise grega manifesta traços do poder do imperialismo que talvez em nenhuma situação anterior se evidenciassem de forma tão flagrante.O Syriza, força social-democrata, nada põe em causa do capitalismo. Mas a enorme distância entre as suas promessas eleitorais e as imposições da troika obrigaram-no a tentar obter alguma margem de negociação. Acontece que, nos dias de hoje é suficiente que um político no poder ouse contestar mesmo timidamente a ditadura do capital para ser encarado como inimigo do sistema. O imperialismo não negoceia, exige capitulação total. A alternativa dos povos só existe com a perspectiva do socialismo.A evolução da crise grega encerra lições muito importantes para as forças progressistas que em dezenas de países lutam em contextos muito diferentes contra o imperialismo.A principal delas confirmou a impossibilidade daquilo que sectores da social-democracia chamam «a reforma humanizada do capitalismo».A vitória do Syriza nas eleições gregas semeou ilusões. Os discursos de Tsipras durante a campanha, recheados de promessas, contribuíram para que os partidos social-democratas, na Europa e na América Latina, definissem o Syriza como um partido de «esquerda radical», vocacionado para introduzir grandes transformações na sociedade helénica. O governo Syriza-Anel recebeu inclusive o apoio de alguns partidos comunistas europeus.Mas logo após iniciar negociações com as instituições europeias (nova designação para a troika) ficou transparente que Tsipras concordava com a maioria das exigências de Bruxelas.Durante uma visita de duas semanas à Grécia apercebi-me de que o seu governo se propunha a dar continuidade à política de submissão ao imperialismo desenvolvida pela coligação da Nova Democracia com o Pasok, introduzindo-lhe apenas mudanças cosméticaAs suas continuas cedências às propostas dos parceiros de Bruxelas não impediram que estes adiassem sucessivamente o acordo que permitiria ao governo de Atenas receber 7200 mil milhões de euros (a ultima tranche do segundo plano de «ajuda»), evitando o default iminente.Dias antes do final do prazo para pagamento ao FMI de 1500 mil milhões de euros, Tsipras, numa pirueta, anunciou a convocação de um referendo. O povo tinha que responder se concordava ou rejeitava as ultima propostas apresentadas pelo Eurogrupo. E num discurso dramático no Parlamento pediu aos eleitores que votassem NÃO!O eleitorado atendeu ao seu apelo. O NAO obteve 61% dos votos emitidos. O governo interpretou-o como uma aprovação do Memorando do Syriza.O referendo, repudiado pelo Partido Comunista, foi uma manobra teatral de Tsipras. É significativo que no dia seguinte ao referendo o Syriza, o Pasok e o Potami publicaram um comunicado conjunto, num consenso expressivo da política de classe do governoAo retomar as negociações em Bruxelas, o primeiro-ministro grego traiu a confiança dos eleitores, pediu um novo resgate de 53 000 milhões de euros e apresentou ao Eurogrupo propostas piores do que as ultimas que havia recusado.Recusaram a austeridade, mas dias depois propuseram uma austeridade reforçada.Ao contrário do que muitos esperavam, a assinatura do Acordo esbarrou com a oposição tenaz da Alemanha, da Holanda, da Finlândia e outros países. Não é já o conteúdo das propostas de Atenas que está em causa. O governo de Tsipras capitulou totalmente, confirmando as previsões do KKE (ver odiario.info de 30.06.15).O impasse pantanoso das negociações de Bruxelas resulta das contradições que separam os membros do Eurogrupo, nomeadamente a Alemanha e a França. O governo de Merkel pretende excluir a Grécia do Euro.
CHILE,VENEZUELA, GRÉCIA
A consciência de que o capitalismo não encontra soluções para a crise estrutural que o atinge contribuiu para um aumento da agressividade imperialista (Gascão, odiario.3.7.15)
Essa opção é transparente na estratégia dos EUA, dispostos a recorrer à violência contra os povos cujos governos não se submetem incondicionalmente ao seu projeto de dominação planetária.
O bloqueio a Cuba, as guerras de agressão contra o Iraque, o Afeganistão e a Líbia, a ajuda militar e politica às organizações terroristas sírias, o apoio às agressões do estado fascista de Israel e as ameaças ao Irão expressam com muita clareza essa política.
Nunca a solidariedade das grandes potências imperialistas em defesa da Ordem do Capital foi tão transparente.
A evolução da crise grega confere atualidade às lições do Chile. A resposta à opção socialista da Unidade Popular de Allende quando no poder participavam um partido socialista então marxista e o partido comunista foi um sanguinário golpe militar.
Transcorridos mais de 40 anos, desaparecida a URSS, o mundo, hegemonizado pelo capitalismo, é muito diferente.
Hoje é suficiente que um político no poder ouse contestar mesmo timidamente a ditadura do capital para ser encarado como inimigo do sistema.
Nas Honduras, Manuel Zelaya, o presidente constitucional, foi afastado por um golpe militar organizado na embaixada EUA. No Paraguai foi deposto um presidente que defendia tímidas reformas que desagradaram a Washington.
No Equador, Obama desejaria substituir Rafael Correa, um reformista neokeynesiano, por um oligarca neoliberal, submisso à Casa Branca. Os EUA aliás têm apoiado as tentativas golpistas contra o presidente Correa.
Na Venezuela, Bush e Obama montaram e financiaram, sem êxito, sucessivas conspirações para derrubar Hugo Chávez não obstante as estruturas do capitalismo permanecerem no país quase intactas. Falecido Chávez, uma campanha mediática massacrante satanizou o inofensivo «Socialismo do SeculoXXI» e o presidente Obama afirmou identificar no governo de Maduro uma intolerável «ameaça à segurança dos EUA».
E na Bolívia, os tímidos matizes socializantes do Governo de Evo Morales incomodaram tanto Washington que o embaixador norte-americano organizou uma conspiração falhada cujo desfecho foi a sua expulsão de La Paz.
A ALTERNATIVA É A REVOLUÇÃO.
Na confusão ideológica atual, estimulada por um sistema mediático manipulador, a submissão total da Grécia aos sacerdotes do capital veio confirmar insisto – a impossibilidade da transformação profunda de sociedades capitalistas no âmbito do sistema, isto é, pela via institucional.
Mas, porventura se dissiparam as ilusões semeadas pelo Syriza e os demagogos populistas Tsipras e Varoufakis?
Não. Na Europa, forças políticas progressistas e alguns partidos comunistas, nomeadamente os do Partido da Esquerda Europeia, não obstante fixarem o socialismo como objetivo final, atuam no sistema como se algum dia fosse possível chegarem ao governo pela via eleitoral.
Obviamente no atual contexto europeu a conquista do poder através de uma revolução é uma impossibilidade a curto prazo. Existem em alguns países da União Europeia condições objetivas para ruturas revolucionárias. Mas faltam condições subjetivas.
Nem por isso são realistas os programas, por vezes muito ambiciosos, concebidos para uma transição no quadro de uma revolução democrática e nacional.
Em condições muito mais favoráveis do que as hoje vigentes, a revolução democrática e nacional portuguesa, inspirada nos valores de Abril, foi brutalmente interrompida por um golpe militar promovido pela burguesia com o apoio do imperialismo.
Alias, hoje, desaparecida União Soviética, as grandes potências da União Europeia recorreriam à violência se necessário, contra qualquer país membro que ousasse por em causa a ordem capitalista, no âmbito de uma revolução democrática e nacional.
Que fazer então?
As revoluções não são pré-datadas.
Ocorreram quase sempre em situações inesperadas, contra a própria lógica da História. Isso aconteceu com a Francesa de l789,com as Russas de l917, com a Chinesa, com a Cubana.
O Partido Comunista Grego oferece-nos o exemplo de uma organização revolucionaria que embora consciente de que não vai em tempo previsível tomar o poder no seu país, aliado a outras forças progressistas, luta com firmeza e coragem pela destruição do sistema capitalista no seu país. Pode discordar- se pontualmente de facetas da sua estratégia e do seu discurso, mas a sua coerência e tenacidade no combate inspiram em todo o mundo respeito e admiração aos comunistas.
As revoluções – repito - não têm data no calendário.
É minha convicção inabalável de que o capitalismo não tem soluções para a sua crise estrutural. Entrou numa lenta agonia que pode durar muitos anos.
O polo hegemónico do sistema, os EUA, mantem com os seus aliados, uma enorme capacidade de desencadear guerras imperialistas. São manifestações de desespero. São guerras monstruosas que esbarram com uma resistência crescente dos povos vítimas desse terrorismo de estado.
A simultaneidade e a convergência dessas lutas e da luta de massas em muitos países podem ser decisivas para a desagregação do sistema, minado por contradições internas, podem provocar a sua derrota final. Nesse combate vejo como insubstituível a participação dos partidos comunistas revolucionários.
A alternativa será a construção do socialismo apos uma fase de transição dolorosa, prolongada, diferente em cada país.
Uma certeza: a via institucional para o socialismo é uma impossibilidade histórica.
Gerês, 12 de Julho de 2015                               Fonte: O Diário

sexta-feira, 17 de julho de 2015



De: Nikolas Theodorakis [mailto:theodorakisnikolas@gmail.com]
Enviada: quarta-feira, 15 de Julho de 2015 22:32
Para: undisclosed-recipients:
Assunto: Enormous Demonstration of PAME Against the New Memorandum of SYRIZA

Today's Demonstration of PAME in Athens was enormous
Massive demonstrations held also in other cities
You will have press release of PAME tomorrow

*the demonstration of PAME was attacked by provocateurs and riot police but did not break, of course the media will speak only of clashes and will not say about the tens of thousands of demonstrators

I hope the photos will help
We will have more tomorrow


--
Nikolas Theodorakis

quinta-feira, 16 de julho de 2015



Onde foi parar todo o dinheiro emprestado à Grécia?

http://www.okeanews.fr/wp-content/uploads/2015/01/wheredidmoneygo-french.jpg

Afinal, o que toda a gente questiona é: onde foram parar os mais de 225 mil milhões de euros recebidos pela Grécia desde maio 2010 até hoje, mais do PIB anual grego?

A ideia alimentada pelos média é que serviu para pagar os funcionários do Estado e manter esquemas de corrupção no seio do governo. Nada disto é verdade.

A Grécia, durante esse período conseguiu reduzir as despesas do Estado, ao ponto de ter um excedente primário positivo em 2013.

Mas vejamos então onde foi gasta essa soma fabulosa:
- Os gasto com a gestão do Estado grego representara, apenas, 11% desse valor (deficit primário + outras necessidades de tesouraria do governo)
- Pagamento das dívidas ao BCE: 32%
- Pagamento das taxas de juros ao BCE: 16%
- Reembolso ao FMI: 3%
- Pagamento do PSI (participações de iniciativa do sector privado): 14%. Esta parcela refere-se ao facto de após uma relativa estabilidade da Grécia, os principais bancos da zona euro terem transferido o problema para o sector privado. 
- Recapitalização do sector bancário: 19%
- Compra de dívida: 4%
Resumindo, o Estado grego só beneficiou de todo este dinheiro para relançar a sua economia em cerca de 11%, todo o resto foi para dívida, juros de dívida e recapitalização bancária.

Em contrapartida foi obrigada a cortes na saúde e educação, e outros sectores, e a vender grande parte das suas empresas públicas a preço de saldo.
Grécia: contribuição da GS num afundamento planeado.

O caso grego é paradigmático da actuação da GS ao ajudar este país a esconder a sua dívida para depois tirar benefícios do seu "investimento".
Entre 2001 e 2004, a Grécia vendia a sua dívida soberana no mercado emitindo obrigações em euros ou outra moeda aconselhada pela GS. Em 2009 perante uma dívida cada vez maior, aconselhada por Gary Cohn, o número dois da GS, a Grécia vai ser "ajudada" a sair da crise.

No fim de 2009, numa operação concertada, a agência de notação Fitch baixa o rating da Grécia. Pouco depois, no dia 27 de Janeiro de 2010, a Goldman Sachs faz correr o a informação falsa de que a China tinha recusado comprar 25 mil milhões de euros de emissão de dívida à Grécia. Apesar do desmentido grego oficial, foi o suficiente para aumentar a taxa de juro do dinheiro pedido. Goldman Sachs tinha um interesse particular nesta operação: ganhar mais-valias.

Pouco depois, a Grécia, pressionada pela União Europeia teve de substituir o seu responsável pela dívida pública Spyros Papanicolau por Petros Christodoulou. O que se esquecem de dizer é que, antes deste posto, Petros Christodoulou trabalhava para ... a Goldman Sachs.




Este excelente livro de Marc Roche (apenas em francês), revela um pouco deste banco ultrasecreto, um dos mais poderosos do mundo, infiltrado em todos os negócios fianceiros, de grande promiscuidade com a classe politica e interlocultor priviligiado das grandes organizações internacioanis e do FMI.






segunda-feira, 13 de julho de 2015


The Problem of Greece Is Not Only a Tragedy. It Is a Lie

Global Research, July 13, 2015
greece
An historic betrayal has consumed Greece. Having set aside the mandate of the Greek electorate, the Syriza government has willfully ignored last week’s landslide “No” vote and secretly agreed a raft of repressive, impoverishing measures in return for a “bailout” that means sinister foreign control and a warning to the world.
Prime Minister Alexis Tsipras has pushed through parliament a proposal to cut at least 13 billion euros from the public purse – 4 billion euros more than the “austerity” figure rejected overwhelmingly by the majority of the Greek population in a referendum on 5 July.
These reportedly include a 50 per cent increase in the cost of healthcare for pensioners, almost 40 per cent of whom live in poverty; deep cuts in public sector wages; the complete privatization of public facilities such as airports and ports; a rise in value added tax to 23 per cent, now applied to the Greek islands where people struggle to eke out a living. There is more to come.
“Anti-austerity party sweeps to stunning victory”, declared aGuardian headline on January 25. “Radical leftists” the paper called Tsipras and his impressively-educated comrades. They wore open neck shirts, and the finance minister rode a motorbike and was described as a “rock star of economics”. It was a façade. They were not radical in any sense of that cliched label, neither were they “anti austerity”.
For six months Tsipras and the recently discarded finance minister, Yanis Varoufakis, shuttled between Athens and Brussels, Berlin and the other centres of European money power. Instead of social justice for Greece, they achieved a new indebtedness, a deeper impoverishment that would merely replace a systemic rottenness based on the theft of tax revenue by the Greek super-wealthy – in accordance with European “neo-liberal” values — and cheap, highly profitable loans from those now seeking Greece’s scalp.
Greece’s debt, reports an audit by the Greek parliament, “is illegal, illegitimate and odious”. Proportionally, it is less than 30 per cent that of the debit of Germany, its major creditor. It is less than the debt of European banks whose “bailout” in 2007-8 was barely controversial and unpunished.
For a small country such as Greece, the euro is a colonial currency: a tether to a capitalist ideology so extreme that even the Pope pronounces it “intolerable” and “the dung of the devil”. The euro is to Greece what the US dollar is to remote territories in the Pacific, whose poverty and servility is guaranteed by their dependency.
In their travels to the court of the mighty in Brussels and Berlin, Tsipras and Varoufakis presented themselves neither as radicals nor “leftists” nor even honest social democrats, but as two slightly upstart supplicants in their pleas and demands. Without underestimating the hostility they faced, it is fair to say they displayed no political courage. More than once, the Greek people found out about their “secret austerity plans” in leaks to the media: such as a 30 June letter published in theFinancial Times, in which Tsipras promised the heads of the EU, the European Central Bank and the IMF to accept their basic, most vicious demands – which he has now accepted.
When the Greek electorate voted “no” on 5 July to this very kind of rotten deal, Tsipras said, “Come Monday and the Greek government will be at the negotiating table after the referendum with better terms for the Greek people”. Greeks had not voted for “better terms”. They had voted for justice and for sovereignty, as they had done on January 25.
The day after the January election a truly democratic and, yes, radical government would have stopped every euro leaving the country, repudiated the “illegal and odious” debt – as Argentina did successfully — and expedited a plan to leave the crippling Eurozone. But there was no plan. There was only a willingness to be “at the table” seeking “better terms”.
The true nature of Syriza has been seldom examined and explained. To the foreign media it is no more than “leftist” or “far left” or “hardline” – the usual misleading spray. Some of Syriza’s international supporters have reached, at times, levels of cheer leading reminiscent of the rise of Barack Obama. Few have asked: Who are these “radicals”? What do they believe in?
In 2013, Yanis Varoufakis wrote:
“Should we welcome this crisis of European capitalism as an opportunity to replace it with a better system? Or should we be so worried about it as to embark upon a campaign for stabilising capitalism? To me, the answer is clear. Europe’s crisis is far less likely to give birth to a better alternative to capitalism ...
“I bow to the criticism that I have campaigned on an agenda founded on the assumption that the left was, and remains, squarely defeated .... Yes, I would love to put forward [a] radical agenda. But, no, I am not prepared to commit the [error of the British Labour Party following Thatcher’s victory].
“What good did we achieve in Britain in the early 1980s by promoting an agenda of socialist change that British society scorned while falling headlong into Thatcher’s neoliberal trip? Precisely none. What good will it do today to call for a dismantling of the Eurozone, of the European Union itself ...?”
Varoufakis omits all mention of the Social Democratic Party that split the Labour vote and led to Blairism. In suggesting people in Britain “scorned socialist change” – when they were given no real opportunity to bring about that change – he echoes Blair.
The leaders of Syriza are revolutionaries of a kind – but their revolution is the perverse, familiar appropriation of social democratic and parliamentary movements by liberals groomed to comply with neo-liberal drivel and a social engineering whose authentic face is that of Wolfgang Schauble, Germany’s finance minister, an imperial thug. Like the Labour Party in Britain and its equivalents among those former social democratic parties still describing themselves as “liberal” or even “left”, Syriza is the product of an affluent, highly privileged, educated middle class, “schooled in postmodernism”, as Alex Lantier wrote.
For them, class is the unmentionable, let alone an enduring struggle, regardless of the reality of the lives of most human beings. Syriza’s luminaries are well-groomed; they lead not the resistance that ordinary people crave, as the Greek electorate has so bravely demonstrated, but “better terms” of a venal status quo that corrals and punishes the poor. When merged with “identity politics” and its insidious distractions, the consequence is not resistance, but subservience. “Mainstream” political life in Britain exemplifies this.
This is not inevitable, a done deal, if we wake up from the long, postmodern coma and reject the myths and deceptions of those who claim to represent us, and fight.
Disclaimer: The contents of this article are of sole responsibility of the author(s). The Centre for Research on Globalization will not be responsible for any inaccurate or incorrect statement in this article.
Copyright © John Pilger, Global Research, 2015

domingo, 12 de julho de 2015


O conceito de imperialismo
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Prabhat Patnaik [*] Há uma visão, mesmo em círculos de esquerda nos países capitalistas avançados, de que o imperialismo como categoria conceptual perdeu sua relevância na era da globalização. Por um lado, as grandes burguesias em países do terceiro mundo como a Índia, estão tão profundamente integradas no projecto da “globalização” que suas contradições com o capital metropolitano estão muito mais atenuadas hoje do que anteriormente. No período imediatamente após a descolonização, por exemplo, burguesias do terceiro mundo isolaram o mercado nacional através de barreiras proteccionistas contra mercadorias metropolitanas e protegeram suas economias dos fluxos financeiros internacionais. Mas hoje elas prosseguem com satisfação políticas neoliberais. Por outro lado, os trabalhadores nos países capitalistas avançados são agora empurrados para a mesma triste situação dos trabalhadores nos países do terceiro mundo, onde aumentos na produtividade do trabalho não são correspondidos por quaisquer aumentos em salários reais, o que não era o caso anteriormente. Joseph Stiglitz por exemplo estima que hoje a taxa de salário real do trabalhador americano médio (homem) não é mais alta do que era em 1968 e possivelmente é um pouco mais baixa.
Em consequência, a divisão do mundo em dois segmentos geográficos diferentes, um dos quais domina o outro, frustrando mesmo as ambições da burguesia deste último, e cuja população trabalhadora também experimenta melhoria de padrões de vida em contraste com a do outro, não mais se sustém. Uma vez que, de acordo com esta visão, uma tal divisão é característica do fenómeno do imperialismo, o seu desaparecimento torna o próprio conceito obsoleto.
Há naturalmente muita diversidade teórica entre aqueles que questionam o pleno significado do conceito de imperialismo. Enquanto alguns confinariam o termo imperialismo apenas à fase da pré descolonização, quando esta divisão do mundo em dois segmentos diferentes e desiguais, com um a dominar o outro, era palpável, outros aceitariam sua relevância mesmo na fase da pós descolonização, isto é, mesmo na fase do dirigismo do terceiro mundo. Na verdade, o controle político chegara a um fim com a descolonização, mas eles reconheceriam nas tentativas da principal potência capitalista da época, os Estados Unidos, de “reverter” o dirigismo do terceiro mundo (adoptando o termo utilizado por John Foster Dulles num contexto diferente mas semelhante) e recusar tentativas do terceiro mundo de ganhar controle sobre seus mercados e recursos naturais, um claro projecto imperialista.
Toda a série de tentativas de derrubar governos progressistas do terceiro mundo que chegaram ao poder no período da descolonização, desde Cheddi Jagan da Guiana a Mossadegh do Irão, de Arbens na Guatemala e Sukarno da Indonésia e a Allende do Chile, sem mencionar as horrendas guerras impostas a países como a Coreia e o Vietname que estavam a iniciar-se num trajectória socialista de desenvolvimento, testemunharia para eles a realidade do imperialismo.
Mas agora, argumentariam, o mundo tornou-se totalmente diferente. Não há dúvida de que ainda há guerras horrendas, as quais foram impostas no período mais recente a um certo número de países pela principal potência capitalista, os Estados Unidos, dentre as quais as guerras no Afeganistão e no Iraque são exemplos óbvios; mas estas diferem das guerras anteriores uma vez que foram travadas contra forças fundamentalistas ou contra regimes ditatoriais, em grande media por razões políticas que supostamente não estão directamente relacionadas com cálculos económicos; e tais guerra muitas vezes obtiveram algum apoio local do povo pertencente aos próprios teatros da guerra.
E como regimes económicos em grande parte do terceiro mundo que estão a seguir políticas neoliberais estão a assim fazer não como “fantoches do imperialismo”, e sim habitualmente sob a égide de governos eleitos pelo voto popular, e conseguiram mesmo em muitos casos taxas de crescimento substanciais, ultrapassando mesmo as dos próprios países capitalistas principais, ligar tais regimes e suas políticas a “imperialismo” é claramente injustificável. A época actual, por outras palavras, em contraste não só com a do período colonial mas mesmo com a do período dirigista pós colonial, não pode ser considerada como estando a cair dentro da era do imperialismo.
PERCEPÇÃO ERRADA
O problema básico com toda esta argumentação, contudo, é que a sua percepção de imperialismo está errada. O termo “imperialismo” não está ligado nem ao comportamento da burguesia do terceiro mundo nem à condição da classe trabalhadora nas metrópoles. De facto, na década de 1920 havia uma visão avançada por muitos teóricos importantes da Internacional Comunista de que o imperialismo começava a “acomodar” a burguesia do terceiro mundo. Esta visão foi chamada a tese da “descolonização”, a qual naturalmente não significava o fim do colonialismo ou do imperialismo, mas apenas uma mudança na posição da burguesia terceiro-mundista em relação ao imperialismo. O ponto a destacar aqui não é se a tese da “descolonização” era ou não válida; o ponto é simplesmente que uma mudança na posição da burguesia não implica, e nunca se pensou que implicasse, num fim do imperialismo.
Além disso, a ideia de que o imperialismo está associado a fortunas divergentes das classes trabalhadoras nas metrópoles e na periferia não constitui uma característica definidora do imperialismo. Esta percepção é mantida pelos teóricos da “troca desigual”, mas não por Lenine que via apenas um fino estrato de “aristocracia do trabalho” a beneficiar-se do imperialismo mas não a classe trabalhadora da metrópole como um todo. Portanto, num sentido essencial, o conceito de imperialismo nunca foi associado nem com quaisquer divergências nas fortunas da classe trabalhadora nem com qualquer “exclusão” das burguesias do terceiro mundo. O argumento de que a estagnação dos salários reais no primeiro mundo ou a integração da burguesia do terceiro mundo no corpo do capital financeiro internacional nega o conceito de imperialismo, é portanto destituído de base.
Dito de modo diferente, imperialismo implica a opressão, a opressão necessária, dos povos do terceiro mundo, das massas trabalhadoras, através da operação do capitalismo metropolitano. Como as burguesias do terceiro mundo se saem no processo, e como as fortunas dos trabalhadores do primeiro mundo se alteram sob o imperialismo, não são pertinentes para a definição de imperialismo.
Esta opressão dos trabalhadores do terceiro mundo pelo capital metropolitano não é alguma conspiração clandestina; é uma parte do próprio modus operandi do capitalismo. É errado portanto identificar imperialismo só com casos em que são engendrados golpes militares, ou em que é executadas intervenção militar por países capitalistas avançados ou pelo seu líder, os EUA. O imperialismo, muito embora possa, em certas ocasiões, dar origem a tais intervenções, ou à “diplomacia da canhoneira”, não é idêntico à “diplomacia da canhoneira”. Assim, o facto de nenhuns coup d’etats à ordem de algumas corporações multinacionais como a Union Minière (que era activa no Congo) ou a United Fruit Company (que era activa na Guatemal) ou a ITT (que era activa no Chile) possam ser citados em tempos mais recentes a acompanhar as acções destrutivas de tais corporações nos anos 50 e 60, não é um argumento contra o conceito de imperialismo. Imperialismo não é alguma ânsia por encenar golpes; é o próprio modo de existência do capitalismo.
CONTEXTO CONTEMPORÂNEO
No contexto contemporâneo ele abrange todo o conjunto de disposições que asseguram a operação desembaraçada e incontestada do capital financeiro internacional. Tal operação, é óbvio, inclui entre outras coisas a apropriação dos recursos de todo o mundo pelo capital financeiro internacional, mas também significa muito mais do que isto. Mesmo se o capital internacional controlasse todos os minerais e os outros recursos naturais do mundo, se houvesse um aumento substancial do poder de compra do povo trabalhador, especialmente no terceiro mundo, então suas procuras sobre estes recursos aumentariam, resultando numa ascensão nos preços de tais recursos. Uma tal ascensão de preços, entretanto, poria em risco o sistema financeiro do mundo capitalista.
Portanto não basta que recursos estejam nas mãos do capital internacional; além disso deve verificar-se que os povos trabalhadores dos países do terceiro mundo sejam impedidos de fazerem quaisquer reivindicações sobre eles. Isto é assegurado pelo neoliberalismo através da precipitação de desemprego e de cortes de salários reais entre os trabalhadores do terceiro mundo, o que força cortes no rendimento real dos camponeses e micro produtores do terceiro mundo. Dessa forma impõe-se o conservadorismo orçamental e a “austeridade” a nações-Estado de modo a que elas não estejam em posição de fazer “transferência de pagamentos” a favor da população trabalhadora, mas ao contrário devem provocar um aumento nos preços de um conjunto de serviços essenciais incluindo saúde e educação.
Intrínseco portanto ao neoliberalismo, o qual é uma característica chave do imperialismo contemporâneo, está um empobrecimento do povo trabalhador do terceiro mundo. É irónico ouvir em debates públicos na Índia a afirmação de que a busca do neoliberalismo, ao provocar uma aceleração na taxa de crescimento da economia, ajudará no alívio da pobreza: o neoliberalismo é suas políticas associadas são um instrumento nas mãos do capital financeiro internacional para manter baixos os rendimentos e o poder de compra do povo trabalhador. A “austeridade”, como observou Noam Chomsky, é uma guerra de classe sem peias. Esperar que o neoliberalismo melhore as condições do povo trabalhador quando o seu objectivo é fazer exactamente o oposto é extraordinariamente ingénuo.
A ira do imperialismo contra os regimes dirigistas pós descolonização é explicável não apenas pelo facto de que eles estavam a tentar assegurar controle “nacional” sobre seus minérios e outros recursos, mas também porque, dadas as suas origens na luta anti-colonial e os compromissos assumidos para com o povo durante aquela luta, eles estavam, não importa em quão pequena medida, procurando efectuar alguma melhoria nas condições de vida do povo. E a arma básica do imperialismo contra tais regimes, além da intervenção militar sem rodeios, foi o desencadeamento de fundamentalismos religiosos, conflitos étnicos e outros meios igualmente reprováveis para dividir o povo. Mesmo enquanto encenava um golpe militar contra Mossadegh no Irão, ele utilizou a ajuda do Ayatollah Kashani; mais recentemente no Iraque utilizou o fundamentalismo xiíta para estimular o apoio ao derrube de Saddam Hussein. No Afeganistão ele utilizou uma coligação fundamentalista islâmica contra o governo PDPA e a União Soviética.
E quando algumas destas forças fundamentalistas, como o monstro de Frankenstein, começa a criar problemas para o próprio imperialismo, sua resposta invariavelmente é procurar novas forças fundamentalistas. O IS, acerca do qual muito se fala nestes dias, foi ele próprio encorajado pela secretária de Estado estado-unidense Condoleezza Rice como meio de se contrapor ao fundamentalismo xiíta, o qual fora igualmente encorajado pela mesma administração americana.
O imperialismo, em suma, fareja todas as linhas de fractura de uma sociedade do terceiro mundo e deliberadamente divide o povo de acordo com aquelas linhas. Esta é uma táctica a qual o imperialismo britânico recorreu amplamente durante o seu auge, incluindo na Malásia (como aconteceu) derrotar o levantamento revolucionário do pós-guerra através da promoção e exploração de contradições étnicas entre os malaios e os chineses. E o imperialismo americano está a utilizar a mesma táctica agora. Em consequência, o imperialismo contemporâneo causa ao terceiro mundo não só uma pauperização (immiserisation) da população trabalhadora como também um processo de desintegração social.  29/Março/2015
[*] Economista, indiano, ver Wikipedia
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Ranking é da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE).
POR Notícias Ao Minuto
Em Portugal trabalha-se, em média, 1.857 horas por ano. Este número traduz-se num 12º lugar entre 39 países analisados pela OCDE. Pior do que Portugal (em termos europeus) só a Grécia, Polónia, Estónia, Hungria e Islândia, cita o Diário Económico
Comparativamente com a Alemanha, país onde menos horas se trabalha, os portugueses exercem as suas funções profissionais durante mais 486 horas do que os alemães.
A tabela é então liderada pelo México, onde se trabalha uma média de 2.228 horas por ano. Em último lugar (39º) está a Alemanha, com os germânicos a trabalharem 1.371 horas anuais.
O mesmo ranking permite concluir, de acordo com o Diário Económico, que na França, Dinamarca, Noruega, Holanda e Alemanha trabalha-se menos horas, comparativamente aos outros países analisados, mas ao mesmo tempo é nestes países que o nível de produtividade é maior e o PIB por habitante é superior ao das restantes nações.

Dividocracia
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"Debtocracy" [em português, Dívidocracia] é um documentário sobre a crise da dívida grega, concebido pelos jornalistas gregos Katerina Kitidi e Aris Hatziste...

Debtocracy" [em português, Dívidocracia] é um documentário sobre a crise da dívida grega, concebido pelos jornalistas gregos Katerina Kitidi e Aris Hatzistefanou. Rodado com dinheiro próprio e com donativos de alguns amigos, "Debtocracy" procura as causas/responsáveis pela crescente dívida pública na Grécia e propõe soluções distintas das que têm sido impostas ao povo grego pelo Governo, pela UE e pelo FMI.

sábado, 11 de julho de 2015

Liberdade de imprensa e poder económico
A rádio, os jornais, a televisão não vos contam a verdade. Sobre qualquer informação faça a seguinte pergunta: "Quem beneficia com isto?". Procure pontos de vista diferentes, pense por si. Agora sim, Jornaisretome a notícia

Cofina
Televisão: Correio da Manhã TV (‘cmTV’).
Jornais e revistas: Correio da Manhã, Record, Jornal de Negócios, Destak, Destak Brasil, Metro, Sábado, Máxima, TV Guia, Semana Informática, Flash!, Vogue, GQ.
– Paulo Fernandes.

Global Media Group
Jornais e revistas: Diário de Notícias, Jornal de Notícias, O Jogo, Diário de Notícias da Madeira, Açoriano Oriental, Jornal do Fundão, Volta ao Mundo, Evasões.
Rádio: TSF.
– Joaquim Oliveira, sendo que desde o ano passado o angolano António Mosquito detém a mesma percentagem de capital (27,5%).

Impala
Revistas: Maria, Nova Gente, VIP, TV 7 Dias, Ana, Nova Cozinha, Soluções, Segredos Cozinha, etc.
Uma das características deste grupo é a frequência com que encerra e cria publicações.
– Jacques Rodrigues.

Impresa
Televisão: SIC, SIC Notícias, SIC Radical, SIC Mulher, SIC K, SIC Internacional, SIC Caras.
Jornais e revistas: Expresso, Visão, Visão Júnior, Visão História, Jornal de Letras, Exame, Exame Informática, Courrier Internacional, Blitz, Activa, Caras, Caras Decoração, Telenovelas, TV Mais.
– Francisco Pinto Balsemão.

Media Capital
Televisão: TVI, TVI 24, TVI Internacional, TVI Ficção.
Rádio: Rádio Comercial, M80, Cidade FM, Vodafone FM, Smooth, Cotonete.
 Rosa Cullel, representando o accionista maioritário, a Vertix, propriedade da multinacional espanhola Prisa (El País, As, Cadena Ser, etc.), com forte presença na América do Sul.
A rádio, os jornais, a televisão não vos contam a verdade. Sobre qualquer informação faça a seguinte pergunta: "Quem beneficia com isto?". Procure pontos de vista diferentes, pense por si. Agora sim, retome a notícia

Viagem à Polónia

Viagem à Polónia
Auschwitz: nele pereceram 4 milhôes de judeus. Depois dos nazis os genocídios continuaram por outras formas.

Viagem à Polónia

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Auschwitz, Campo de extermínio. Memória do Mal Absoluto.