Que futuro para as FARC?
Em
Cartagena de Indias ,foi ontem,26 de Setembro, assinado o Acordo
Definitivo de Paz ,que poe termo na Colômbia a uma guerra de 52 anos .
Miguel Urbano Rodrigues presta homenagem às FARC-EP, mas distancia-se do otimismo que na cerimonia , a que compareceram 14 chefes de estado e de governo, expressaram o presidente Juan Manuel Santos e o comandante-chefe da organização guerrilheira, Rodrigo Londoño.
Miguel Urbano Rodrigues presta homenagem às FARC-EP, mas distancia-se do otimismo que na cerimonia , a que compareceram 14 chefes de estado e de governo, expressaram o presidente Juan Manuel Santos e o comandante-chefe da organização guerrilheira, Rodrigo Londoño.
O Acordo
Definitivo de Paz foi assinado no Centro de Convenções de Cartagena de
Índias, no dia 26 de Setembro, pelo comandante chefe das Forças Armadas
Revolucionárias da Colômbia – Exercito Popular e o presidente Juan
Manuel Santos.
Compareceram 14 chefes de estado e de governo, entre os quais o general Raul Castro. John Kerry, secretário de Estado dos EUA, representou o seu país. Presentes também as delegações das FARC-EP e do governo colombiano que durante quatro anos negociaram o Acordo de Paz em Havana.
Ban Ki- Moon, secretário-geral da ONU, abriu a serie de discursos. Falaram depois, o comandante chefe das FARC-EP, Rodrigo Londoño (aliás Timochenko) e o Presidente Juan Manuel Santos. Este ofereceu a Londoño uma miniatura da pomba da paz.
Compareceram 14 chefes de estado e de governo, entre os quais o general Raul Castro. John Kerry, secretário de Estado dos EUA, representou o seu país. Presentes também as delegações das FARC-EP e do governo colombiano que durante quatro anos negociaram o Acordo de Paz em Havana.
Ban Ki- Moon, secretário-geral da ONU, abriu a serie de discursos. Falaram depois, o comandante chefe das FARC-EP, Rodrigo Londoño (aliás Timochenko) e o Presidente Juan Manuel Santos. Este ofereceu a Londoño uma miniatura da pomba da paz.
No próximo dia 2 de outubro, o Acordo será submetido a um plebiscito nacional.
O ex
presidente Álvaro Uribe e as forças de extrema-direita que o apoiam
empenharam-se numa campanha feroz contra o Acordo, mas tudo indica que o
povo colombiano o aprovará por ampla maioria.
O presidente
Juan Manuel Santos e o comandante Timochenko expressaram otimismo nas
suas intervenções, refletindo a grande esperança de paz do povo
colombiano. O fim do conflito armado (52 anos de guerra) é uma
realidade, mas a chamada reconciliação nacional é, por ora, uma
impossibilidade.
MUITA INCERTEZA NO HORIZONTE
As FARC-EP vão transformar-se em Movimento Nacional, decididas a desempenhar um papel fundamental na vida do país.
Mas as perspetivas do futuro são nevoentas.
Em algumas das antigas frentes a entrega das armas é tema polemico que não suscita unanimidade.
Abstenho-me de previsões.
Sei que os
comandantes que em Havana participaram das negociações com os
representantes governo enfrentavam uma situação muito difícil.
Por um lado,
os meios de deteção no solo da guerrilha são hoje muito mais eficazes
graças a sofisticadas tecnologias eletrónicas cedidas pelos EUA à força
aérea colombiana. Simultaneamente, segundo observadores internacionais,
as FARC-EP não contavam já com a solidariedade das populações camponesas
nas principais zonas de combate. E essa carência de um apoio maciço dos
camponeses dificultava extremamente a movimentação das guerrilhas. A
morte de dirigentes fundamentais como o comandante chefe Manuel
Marulanda – um herói da América Latina – e a perda de chefes históricos
como os comandantes Raul Reyes, Jorge Briceño e Alfonso Cano,
assassinados pelas Forças Armadas, foram duros golpes para as FARC-EP.
Não são
somente os chefes guerrilheiros que encaram o futuro com muita
apreensão. Os dirigentes que firmaram a paz também conservam a memória
inapagável do que aconteceu à união patriótica após os acordos de La
Urive assinados durante o mandato de Pestrana que criaram a zona
demilitarizada.
O temor de
que essa tragédia se repita é real. Uribe e os grupos paramilitares não
hesitarão em optar pelo terrorismo com o apoio da oligarquia rural.
UMA GUERRILHA HERÓICA
Reafirmei ao longo das últimas décadas a minha solidariedade com as FARC-EP.
Caluniada,
combatida pelo mais poderoso exército da América Latina, armado e
financiado pelos EUA, colocada pela ONU e pela Comunidade Europeia na
lista das organizações terroristas, a guerrilha-partido de Manuel
Marulanda, assumindo-se sempre como marxista-leninista, entrou há muito
na História como protagonista de uma epopeia.
Com exceção
do vietnamita não se encontra precedente comprável ao seu na luta
revolucionária de um povo pela liberdade e independência.
A certeza de
que o futuro se apresenta carregado de nuvens sombrias para os
combatentes desmobilizados das FARC-EP não afeta minimamente o meu
respeito e admiração por essa gente maravilhosa.
Tive a
oportunidade de conviver durante semanas no acampamento do comandante
Raul Reyes, em El Caguan, com homens e mulheres das FARC. Mantive com
Reyes ate à sua mort contato amistoso.
Desenvolvi ,antes e depois, com o comandante Rodrigo Granda laços de uma amizade fraterna.
Numa jornada
inesquecível em La Macarena conheci o comandante-chefe Marulanda que me
concedeu uma entrevista posteriormente publicada pelo Avante!
Registo que encontrei na vida poucos comunistas tão preparados ideologicamente como os comandantes das FARC que conheci.
Cumpro um
dever ao prestar com estas palavras a minha modesta homenagem às Forças
Armadas Revolucionarias da Colômbia – Exército do Povo.
Vila Nova de Gaia, 27 de Setembro de 2016
Miguel Urbano Rodrigues | ODiario.info
Sem comentários:
Enviar um comentário