O genocídio indígena nos Estados Unidos da América
Uma sociedade profundamente racista e sanguinária -
O genocídio indígena nos Estados Unidos da América “Para se compreender
no presente a anormalidade animalesca e brutal norte-americana, é
preciso em primeiro lugar, analisar o que foi e como foi construída a
sociedade americana desde os seus primórdios. Os
degredados anglo-saxónicos que povoaram este basto território, entre o
Atlântico e o Pacifico, nada tem a ver quando comparados com outros
processos de colonização havido noutros pontos do Continente Americano e
no Mundo. O processo de colonização nos Estados
Unidos, além de ter produzido a maior chacina da história; o
desaparecimento do povo natural do território, os índios, foi e é uma
sociedade profundamente violenta contra todos os outros povos de etnia
não europeia e mesmo dentro das etnias europeias, descriminaram
e descriminam os latinos,... São uma sociedade anglo-saxónica radical e
absolutamente inumana. É uma sociedade construída pela violência
sanguinária e cruel! Dai, o ter chegado ao ponto de utilizar crianças
africanas como isco para a caça aos jacarés, porquanto
para estes racistas cruéis, os africanos eram animais... e é este povo
que ter ter o domínio do Mundo, tendo a Europa da União Europeia, como
colaboradora criminosa e submissa, ajoelhada aos Estados Unidos, o
Estado verdadeiro do terror no Mundo, desde há
muito”.
O
Genocídio dos povos indígenas dos Estados Unidos durante o século XIX,
que resultou no massacre de milhões
e na destruição irreversível de várias culturas, disfarçado sob a
máscara de uma guerra justa, ou guerra indígena, teve características
próprias, que diferem o que aconteceu nos Estados Unidos do que
aconteceu no restante Continente; América
Central e do Sul, de uma forma dramática
A
limpeza étnica do oeste americano tornou-se política oficial do governo
americano, que passou a declarar guerra às tribos indígenas sob
qualquer pretexto, mesmo quando a origem dos conflitos se devia a
agentes externos e não aos nativos. Assim os apaches
foram destruídos pela ação do exército americano após a entrada de
mineiros e bandidos no que era legalmente território dos apache. A
eliminação dos índios também foi defendida e justificada por
dificultarem o trabalho dos empreiteiros e empresários de ferrovias
que construíam e cortavam as suas terras com a nova malha viária, ou
como uma forma de se desobstruir o solo das planícies, destruindo as
suas culturas de subsistência, substituídas por lavouras comerciais em
contacto com os mercados consumidores através do
novo sistema ferroviário.
Os indígenas foram paulatinamente empurrados pelo governo
norte-americano para territórios cada vez mais áridos, inférteis,
isolados e diminutos. O antigo "Território Indígena", que cobria a
superfície de 4 estados da União, acabou sendo abolido e trocado por
pequenas e esparsas reservas indígenas.
Estimam-se em mais de 25 milhões de índios chacinados na América do Norte e destruídos mais de 2 mil idiomas
diferentes.
No fim das chamadas "guerras indígenas", restavam 2 milhões, menos de 10% do total dos índios da América do
Norte.
Para o etnólogo americano Ward Churchill, da Universidade do Colorado,
esse mais de um século de extermínio e, particularmente, o ritmo com que
isso ocorreu no século XIX, caracterizaram-se "como um enorme
genocídio, o mais prolongado que a humanidade já teve
e regista".
O
genocídio nos EUA foi um processo claramente controlado e impulsionado
pelo governo dos EUA, com o apoio
declarado dos sectores que deslumbravam com a possibilidade de lucros
com este extermínio generalizado dos índios e a sua substituição por
áreas integradas no sistema de comércio, que renderia dividendos a
banqueiros, fazendeiros, industriais das ferrovias
e implementos agrícolas e outros capitalistas.
Os
genocídios indígenas abaixo do Rio Grande em sua ampla maioria foram
frutos das ações particulares locais e descoordenadas: fazendeiros que
ampliavam
os seus domínios de terras e os servos (América Espanhola) ou escravos
(Brasil) e que para tanto precisavam destruir a população nativa, mas
nada comparável com o que se passou na América do Norte.
Quando
o Estado tomou as rédeas do processo de extermínio, sempre pretendeu
caçar um único grupo ou tribo, perfeitamente definido quanto à etnia e
ao território,
como o decreto contra os botocudos elaborado por D. João IV, ou as
guerras contra os Kaigang em Guarapuava, ou a questão dos índios
araucanos no Chile e os mapuches na Argentina.
Muitas vezes a pretensão tanto de particulares como de governos era não o
extermínio completo das tribos, mas a sua interiorização e afastamento
das novas áreas arrancadas pela chamada civilização ocidental, como foi o
caso das investidas mexicanas contra os
apache logo após a independência em 1821 - situação bem diferente da
dizimação imposta pelo exército dos EUA poucos anos depois,
principalmente dos índios navajo, que quase desapareceram por completo.
Nos
EUA o extermínio foi preferencialmente obra de particulares até o
século XIX. Durante dois séculos, os colonos que arranhavam a costa
leste precisavam
para se defender das incursões indígenas – em que algumas tribos que se
auto-identificavam como guerreiros violentos, pretendiam apagar os
primeiros núcleos colonizadores – o que de facto fizeram no século XVI. A
expansão da fronteira para
regiões densamente habitadas por índios, como Albany, na segunda metade
do século XVIII, empurraram a participação dos colonos das Treze
Colônias na Guerra dos Sete Anos, uma vez que os indígenas se cindiram
entre aqueles que estavam com os franceses e aqueles
que estavam com os ingleses e os colonos.
As
ações do governo estadunidense dirigiam-se para um limpeza étnica geral
e irrestrita quanto aos grupos indígenas. Já não faziam mais distinção
entre
os grupos amistosos ou mesmo aliados e os mais hostis e agressivos.
O
extermínio foi feito através da disseminação de doenças ou de
longuíssimas marchas forçadas, ou marchas da morte, que atravessavam um
ou vários estados
inteiros da União, nas quais todos os índios – crianças de colo,
mulheres, idosos, enfermos - eram obrigados a fazer, e muitos morriam
aos milhares pelo caminho. Essas marchas se destinavam às reservas
delimitadas pelo governo americano, que eram os piores
pedaços de terra de todo o país, que simplesmente não encontrariam
interessados do Homestead Act de 1862, que eram também diminutas, onde
muitos índios iriam simplesmente morrer de inanição ou com o impacto de
morar em um clima e local totalmente estranhos
ao que conheciam, sem que tivessem qualquer forma para se adaptarem às
novas condições hostis.
O extermínio ocorreu também por matança pura e simples, através de
ataques ocasionais ou grandes operações de limpeza étnica empreendidas
pelo exército, ou ainda nesse critério, através de ações de subsídios e
gratificações para os particulares que se unissem
ao esforço de extermínio, como pagamentos por cada índio morto.
A
ideologia por detrás desse processo tinha um esteio bem evidente no
darwinismo social e na eugenia, que, no século XX, dariam origem ao
nazismo e ao holocausto.
Os
genocídios promovidos pelos ingleses contra os colonos holandeses
bôeres em 1903 ou os dos alemães contra tribos da atual Namíbia em 1907
(genocídio
dos hererós e namaquas) tiveram como primeiro laboratório a política
oficial do governo norte-americano para a questão indígena. A posição de
que eles deveriam dar lugar para que povos mais civilizados tirassem
proveito dos recursos naturais ficava evidente
nos discursos dos presidentes dos EUA.
Apesar
de ser muito conhecida, a carta escrita em 1854, ao presidente dos
Estados Unidos, pelo chefe Seattle, da tribo Suquamish, do Estado de
Washington,
depois que do Governo norte americano ter proposto a compra do
território ocupado por aqueles índios, é uma exceção à regra.
Em geral não havia oferta monetária ou qualquer outra, exceto a troca
compulsória de terras vastas e férteis por pequenas reservas estéreis,
pedregosas e áridas. Algo parecido foi feito com o povo filipino durante
a Guerra Filipino-Americana e o Genocídio Filipino
que se seguiu.
“Tentamos correr, mas eles nos alvejavam como se fôssemos búfalos”.
Sei que há alguns brancos bons, mas os soldados deviam ser maus, para
disparar contra crianças e mulheres. Soldados índios não fariam isso
contra crianças brancas. ”
A limpeza étnica nos EUA foi contundente uma vez que não havia a
escapatória de assimilação e mestiçagem, seguida de uma política de
branqueamento, que foi largamente empregada na América Latina pelos
espanhóis e sobretudo portugueses.
A população branca não deveria se misturar com os índios, o que poderia
enervá-la e torná-la decadente, como considerava-se decadentes povos
brancos que se miscigenaram com os negros ou índios.
Por
isso, a sua desaparição física tinha que ser clara.
O
governo dos Estados Unidos começou a exterminar populações indígenas
inteiras, em eficientes operações de limpeza étnica, a começar com a
temível varíola,
contaminada em roupas e lençóis, que eram distribuídos entre estas
comunidades, juntamente com os inúmeros conflitos criados pelo governo
norte americano, onde o winchester dos soldados ianques falava mais
alto.
Os indígenas sobreviventes eram confinados em reservas cada vez menores e
impróprias ao seu modo de vida, e aqueles que impunham qualquer
resistência eram sumariamente executados.
Os
Cheyenne, por conta das marchas da morte as quais foram obrigados a
realizar pelo governo norte-americano, como a Trilha das Lágrimas,
enfrentaram outros
extermínios.
Em novembro de 1864 houve o Massacre do Riacho de Areia, onde foram
mortos mais de cem Cheyenne que estavam sob os cuidados do grande chefe
Chaleira Preta. Este brutal ato de genocídio e as mutilações que se
seguiram contra os indígenas, fizeram com que os
Cheyenne não tivessem alternativa, a não ser entrar em constantes
guerras com soldados e colonos ianques, o que causou quase a extinção
desta tribo.
Em
1874, o ouro foi descoberto nas Terras Sagradas dos Sioux e Cheyenne,
em Black Hills, e em poucos dias milhares de garimpeiros invadiram as
terras indígenas.
As batalhas entre garimpeiros e indígenas foram sangrentas e, para
garantir a extração do ouro, o governo norte-americano resolveu expulsar
os Sioux de suas terras e levá-los para as reservas.
Touro Sentado recusou-se a ir e o exército ianque foi mobilizado para remover o grande chefe Sioux e seu povo da região.
Tatanka
Iyotake viria a se tornar o famoso chefe Touro Sentado, imortalizado
pelo cinema e seriados de TV, nasceu em 1831, nas proximidades do Grand
River, em Dakota, na tribo Hunkpapa, da linha Sioux. Era curandeiro.
Ameaçado
pelo exército dos Estados Unidos, e cansado das invasões dos homens
brancos às suas Terras Sagradas em Black Hills, Touro Sentado e Cavalo
Louco,
ou Tashunkewitko, convocou os guerreiros Sioux, Cheyenne, Arapaho,
Hunkpapas, sans arc, pés pretos, Miniconjou, Brule, Oglala, kettles e
arikara para seu acampamento no vale de Little Bighorn, para lutarem
juntos e defenderem as suas terras e famílias, contra
a expedição de Custer, para quem o índio bom era índio morto.
Cavalo
Louco, nascido em 1842, em 1866, havia participado do massacre do
Capitão William J. Fetterman e sua tropa de 80 homens perto de Fort
Kearny (hoje
no Nebraska e na altura no território do Wyoming), e que foi
considerada a pior derrota que o exército norte-americano sofreu nas
mãos dos índios naqueles tempos.
A
morte de Custer, nove dias antes da celebração do primeiro centenário
do nascimento dos Estados Unidos da América, mobilizou a opinião pública
norte-americana,
os jornais e os membros do Congresso para alavancarem o extermínio
indígena.
Um exército que compreendia dez soldados para cada combatente indígena,
foi enviado para o território que compreende o que hoje são os estados
da Dakota do Sul e do Norte, Montana e Wyoming, exterminando os
indígenas destas terras.
Em
1890, Touro Sentado retornou de seu refúgio no Canadá para vincular uma
profecia de que um dia todos os combatentes indígenas mortos
retornariam e expulsariam
os homens brancos da terra roubada.
No
mesmo ano aconteceu o massacre de Wounded Knee, realizado pela Sétima
Cavalaria, que barbaramente assassinou 250 indígenas, na sua maior parte
mulheres
e crianças.
Em
1830, o presidente Andrew Jackson determinou a remoção de várias
tribos, Cherokee, Chickasaw, Choctaw, Creek e Seminole, entre os anos de
1831 e 1838,
das mais ricas terras do sudeste americano, para míseras reservas a
milhares de quilômetros de onde moravam, tendo que cumprir o trajeto –
sob pressão dos militares americanos – a pé.
Só entre os Choctaws, entre 2.500 e 6.000 morreram durante a remoção.
Em
média, 1/3 da população morreu apenas para conseguir fazer a travessia
épica. Por isso esse acontecimento passou para a história como a Trilha
das Lágrimas.
O
estado da Geórgia desejava obter o direito de dispor das terras
indígenas demarcadas por tratados dos tempos coloniais para poder
entrega-las à especulação
de terras. No desejo de fazê-lo o mais rápido possível, enviou
corretores e agiotas para as terras indígenas para fazerem demarcações e
loteamentos antes mesmo que os índios fossem obrigados a abandonar o
local.
De 1871 a 1934, um modelo de atribuição de terras aos índios foi implementado pelo governo federal norte-americano.
Viveu-se
uma política de assimilação forçada (allotment period and forced
assimilation); crianças indígenas eram punidas nas escolas por usarem
trajes típicos
da sua cultura, por praticarem cerimonias tribais, pelo uso da língua
nativa; o mote dava-nos conta de que tradições tribais eram inimigas do
progresso.
Para que a política oficial do governo americano, do tempo de Washington
e Adams , quando os índios eram necessários como patrulheiros e
soldados, fosse substituída, era necessário que os índios fossem parar
no limbo do formalismo jurisprudencial de meados
do século XIX.
À
luz de reflexão mais profunda, o momento transita com as complexidades
jurídicas de acomodação de ideais democráticos e elementos decorrentes e
sub-produtos
do capitalismo; tratados eram assinados, mas jamais foram honrados;
negava-se cidadania, negava-se também estado político autônomo, sob
retórica protecionista, trilha sonora de inegável homicídio.
A opinião do juiz Marshall, do Suprema Corte dos Estados Unidos, que
analisou o caso, centrou uma dubiedade que matizava a sua linha de
pensar. Desenvolve raciocínio simpático aos índios que na conclusão
despreza, ao não aceitá-los como nação livre e independente,
reduzindo-os a grupos domésticos e dependentes.