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sexta-feira, 3 de fevereiro de 2017

Opinião

De Pinochet a Trump

José Goulão
José Goulão
Quinta, 02 de Fevereiro de 2017
Entre os matadouros humanos do general Augusto Pinochet, no Chile, e o terror anunciado e já iniciado por Donald Trump, expoente capitalista entronizado presidente dos Estados Unidos da América, distam 35 anos.
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«O ingresso de Donald Trump na Casa Branca aparenta ser um regresso do neoliberalismo à experiência original»
«O ingresso de Donald Trump na Casa Branca aparenta ser um regresso do neoliberalismo à experiência original»Créditos / Agência Lusa
Nesse período proclamou-se o fim da História, transformou-se o mercado no deus absoluto de céus e terra; homens e mulheres maravilharam-se, rendendo-se às novas missangas da tecnologia e da globalização; revolucionaram-se mapas nos quais se desfizeram, nasceram, renasceram e inventaram países.
Para que tais milagres, celebrados em mirabolantes farândolas mediáticas, fossem possíveis liquidaram-se milhões de pessoas, transformaram-se mais milhões ainda em refugiados, o terrorismo expandiu-se como ameaça global, o fosso das desigualdades entre os seres humanos cresceu de modo exponencial, o planeta foi dizimado ambientalmente, os comércios livres de armas, de drogas e de dinheiros sujos funcionam como alavancas clandestinas do poder económico e financeiro; um único exército de mil exércitos controla o mundo.
E, contudo, a crise afectando o sistema que determina a ordem mundial chegou, viu, e teima em resistir a todas as mezinhas. Muitos factos que nos rodeiam indiciam que o sistema de anarquia capitalista global está a atingir o esgotamento do prazo de validade – pelo menos nos padrões de funcionamento mais usados – e procede agora a correcções de rota, neste caso um visível regresso às origens.
É aqui que se dá o encontro entre Augusto Pinochet e Donald Trump, irmanados prosaicamente pelo fascismo político, redescoberto como a solução que resta, e a mais garantida, de fazer funcionar o fascismo económico e financeiro inerente à plenitude neoliberal.
O neoliberalismo, que tem sido entendido como estado supremo e bem-aventurado do capitalismo, no qual o mercado reina sem peias sociais e de dignidade humana, é o primado absoluto da economia do lucro máximo e da liberdade de especulação financeira
A primeira experiência da passagem à prática das teorias neoliberais renascidas na chamada Escola de Chicago, sob a tutela do seu mestre Milton Friedman, foi o Chile de Pinochet, estabelecido em Setembro de 1973 por acção do golpe militar fascista que derrubou o presidente Salvador Allende e o seu governo de Unidade Popular, legitimados por eleições livres e democráticas.
Os enviados da Escola de Chicago, os chamados «Chicago boys» na sequência do golpe preparado por Henry Kissinger e pela CIA – como outros na mesma época, na América Latina… E também na Europa – tomaram as rédeas da economia chilena sob a protecção de uma feroz ditadura política.
O sanguinário processo deu origem a milhares de democratas assassinados e desaparecidos, sindicatos e partidos dizimados, liberalização absoluta das leis de trabalho e do mercado laboral, privatizações sem limites e a preços de saldo, substituição da segurança social por seguros de saúde para alguns, enfim não é preciso enumerar a longa lista de malfeitorias pois algumas até as conhecemos por experiência própria, via União Europeia.
Da passagem da experiência chilena à institucionalização regimental do neoliberalismo foi um ápice. No Reino Unido, a primeira-ministra Margaret Thatcher, admiradora confessa de Friedman e Pinochet, procedeu a transformações económicas neoliberais sob o enquadramento do sistema político vigente, adaptado às circunstâncias – por isso ficou conhecida como «dama de ferro», devido à maneira como dizimou a vertente social da economia e reduziu a pó o poder sindical, sem hesitar em recorrer a acções de repressão de tipo fascista.
«No primeiro período da "revolução conservadora", principalmente na Europa, o sistema de pluralismo democrático foi reduzido ao primado dos chamados "blocos centrais" ou "arcos da governação" (...)»
Rumo idêntico seguiu a administração Reagan nos Estados Unidos da América, a partir de 1980, ano em que se iniciou a chamada «revolução conservadora» que trouxe o mundo à situação em que se encontra. Membros da administração de Ronald Reagan e seus discípulos tornaram-se determinantes nas presidências seguintes, tanto sob os rótulos republicano, Bush pai e filho, como democrata – casos da família Clinton e de Obama.
Do mesmo modo, no Reino Unido e através da Europa a política neoliberal instaurada por Thatcher foi seguida, no essencial, pelos trabalhistas como Tony Blair e outros descobridores da «terceira via», de Felipe Gonzalez a Hollande, sem esquecer os sociais-democratas nórdicos e alemães.
Daí que a transformação da Comunidade Europeia em União Europeia, nos anos noventa, se tenha processado, por inteiro, sob os cânones neoliberais, de que são exemplos as destruições dos aparelhos públicos e sociais nos Estados membros, os intermináveis processos de privatizações, de agonia austeritária, de «liberalização» dos sistemas laborais, de ditaduras das dívidas e dos défices.
Eis então que a crise explode em 2009, depois de ter amadurecido durante os primeiros anos do século. É significativo que entre os principais instrumentos de combate ao fenómeno, nos dois lados do Atlântico, tenham estado a degradação ainda mais ostensiva da democracia e a multiplicação de guerras e agressões, ditas “humanitárias” e “democráticas”, nas regiões mais geoestratégicas do globo.
No primeiro período da «revolução conservadora», principalmente na Europa, o sistema de pluralismo democrático foi reduzido ao primado dos chamados «blocos centrais» ou «arcos da governação», cópias mais ou menos aparentadas do sistema bipartidário norte-americano: duas siglas obedientes ao mesmo sistema económico e financeiro e apenas ligeiramente diferenciadas nas práticas política e social.
A partir de 2009, sobretudo na União Europeia, o processo de desvalorização democrática perdeu o pudor e, como hoje podemos testemunhar, o fascismo e a xenofobia afirmam-se sem disfarces perante a cumplicidade, quando não o apoio, de Bruxelas. A Hungria, os Estados do Báltico, a Polónia, a Eslováquia seguem o seu rumo autoritário sem ser incomodados, enquanto todas as antenas da União fiscalizam o exemplo democrático e plural português como algo de anacrónico e desafiador, com os instrumentos punitivos à mão.
Por isso, não têm os agentes da especulação financeira e da exploração económica acastelados nas estruturas da União Europeia qualquer credibilidade para se afirmarem como bastiões de defesa da democracia perante a investidura e as investidas fascistas de Donald Trump.
«Donald Trump não é um "engano" do establishment norte-americano. Nem ele enganou ninguém para chegar onde chegou. Foi como candidato com programa fascista e ultra-nacionalista que foi eleito presidente (...)»
A xenofobia e o desprezo de Merkel perante os refugiados e os povos do sul da Europa, a aliança institucional de Renzi com a extrema-direita berlusconiana em Itália, os despropósitos de Hollande ao governar há mais de um ano na arbitrariedade do estado de excepção, enquanto vai cumprindo a agenda social da família Le Pen pretensamente para travar o passo a Marine Le Pen, são maneiras mais ou menos encapotadas de estar em sintonia com Trump. Porque, além disso e como sabemos perante abundantes exemplos, a construção de muros, cercas e fossas anti-refugiados é uma prática europeia prévia à emergência de Trump; e também nada obstou a que a União Europeia fosse parte activa na concretização do golpe fascista na Ucrânia, apresentado como «revolução democrática», e nas guerras que destruíram países como o Iraque, a Líbia e a Síria.
Aliás, toda a argumentação dos governos europeus tentando harmonizar as declarações de fidelidade à NATO e a suposta contestação a Trump caem pela base sabendo-se que o mesmo Trump é, sem tirar nem pôr, o comandante supremo da NATO.
O ingresso de Donald Trump na Casa Branca aparenta ser um regresso do neoliberalismo à experiência original. Embora, visivelmente, a prática do novo presidente norte-americano esteja a suscitar contradições – que são mais inquietações – em alguns círculos do grande poder capitalista norte-americano e transnacional, os seus métodos parecem ser necessidades objectivas para a sobrevivência do neoliberalismo perante a crise, sob a ameaça de esgotamento dos efeitos temporariamente favoráveis da globalização, do aviltamento da democracia e do recurso à multiplicação de guerras.
A afirmação brutal de um nacionalismo norte-americano fundamentalista, tradicionalista e doentio, em busca da recuperação de galões económicos perdidos na globalização e no neoliberalismo exercido em tons formalmente democráticos, coloca-o em confronto com outros nacionalismos tradicionais ou renovados, recriando cenários tragicamente semelhantes aos que antecederam a Primeira Guerra Mundial.
Acresce que Donald Trump não é um «engano» do establishment norte-americano. Nem ele enganou ninguém para chegar onde chegou. Foi como candidato com programa fascista e ultra-nacionalista que foi eleito presidente, dentro do funcionamento normal do sistema político – mesmo com minoria de votos, como aliás já sucedeu em outros casos nos Estados Unidos, e também em países europeus. Sabemos ainda, como regra geral, que a vontade real das maiorias poucas vezes se casa com a democracia.
Como talvez nenhum outro presidente norte-americano, Trump entra a cumprir o que prometeu, não se esconde em eufemismos nem discursos redondos. Surpreendente é que tantas almas mainstream se declarem agora estupefactas e continuem a acreditar que existem dissonâncias entre Trump, o establishment e o próprio neoliberalismo – quando têm todos, e sempre, a mesma essência: poder absoluto do mercado, ganância de lucros sem limites, exploração máxima, direitos humanos zero, especulação financeira sem barreiras.
O que a chegada de Donald Trump à Casa Branca demonstra, em primeiro lugar, é que o neoliberalismo deu como esgotada a etapa de convívio com a democracia – ainda que precária – e, nas condições actuais, liga a sua própria sobrevivência ao autoritarismo político, no limite o próprio fascismo. Aqui chegou o estado supremo do capitalismo.
Posto isto, enquanto Donald Trump e Augusto Pinochet selam simbolicamente a sua cumplicidade, grande borrasca paira sobre o mundo. Quando um ciclo se fecha, outro deverá estar em formação. O problema mais inquietante são as circunstâncias do ponto de partida.
Trump não é um fenómeno, um erro ou engano; é uma consequência natural de um sistema acossado por uma crise renitente que resiste a terapias cada vez mais extremas.
in AbrilAbril.info
Publicada por Nozes Pires à(s) sexta-feira, fevereiro 03, 2017

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150 Anos Do Manifesto Do Partido Comunista, o Manifesto e o seu Tempo, Lisboa, 2000, Ed. Colibri.
Léger-Marie Deschamps, Un Philosophe entre Lumières et Oubli, 2001, Ed. L'Harmattan.
Renascimento e Utopias, Actas da Academia de Ciências, 1997
Revista «Vértice», vários números.
Revista «espaço público», 1.
José Félix Henriques Nogueira, Revista editada pela Escola Sec. de Henriques Nogueira, 2008.
Jornal «A Batalha», vários números.
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