Diana Tinoco
Nuno Ramos de Almeida 12/04/2017 18:10
Sabia que o Santuário
de Fátima esteve para ser atacado, durante uma procissão, com 100
quilos de explosivos? Para culpar os comunistas
Vivemos em democracia, mas também vivemos
numa mentira. A nossa memória histórica foi amputada de muito do que se
passou. O jornalista Miguel Carvalho escreve um livro, “Quando Portugal
Ardeu”, em que se resgata parte da história de Portugal. Nestas quase
600 páginas ficamos a saber que nos venderam um conto de fadas em que os
maus vermelhos e totalitários foram derrotados por um grupo de
pacíficos democratas impolutos e respeitadores da liberdade. Por baixo
do tapete ficaram escondidos anos de terror e mais de 560 ataques da
“rede bombista”, que aterrorizaram os militantes pró-revolução e mataram
muita gente.
Depois de escrever este livro, acha que vai ter problemas?
(Risos) Confesso que tenho pensado bastante nisso, pelo seguinte: uma
das pessoas com quem eu tentei falar para este livro foi Ramiro
Moreira. Recusou. Eu não fiz o contacto direto com ele, usei uma cunha
de uma pessoa muito próxima dele, e ele, quando ouviu falar do meu nome,
disse: “Eu não falo com esse filho da puta.” Ele tinha-me processado há
uns anos por causa do Apito Dourado, por eu ter referido num texto as
suas ligações ao Valentim Loureiro. E processou-me, não por eu ter feito
referência a esse negócio, mas por lhe ter chamado bombista.
Obviamente, acedi a muita documentação sobre ele, cartas pessoais e
elementos dos processos, mas queria falar com ele.
Acedeu à gravação da sua confissão?
Sim, já a conhecia, o “Diário de Lisboa” publicou-a na altura e agora
ouvi-a. Tem havido uns zunzuns de pessoas que já leram o livro, dos
vários lados da barricada, que me têm telefonado a dizer: “Eh pá, se
calhar, na sessão de apresentação é melhor ter cuidado”, mas confesso
que não tenho levado muito a sério.
Esses operacionais da altura já devem estar velhinhos e com
alguma dificuldade de locomoção, mas há um conjunto de interesses
ligados à “rede bombista” que são revelados e postos a nu no seu livro.
Há uma série de coisas que nunca tinham sido reveladas. Para este
nível de pormenor que o livro revela contribui o facto de muita gente
ter falado, passado mais de 40 anos, e a muita documentação consultada.
As recusas de gente para falar para o livro mostraram-me que o assunto
ainda está quente. Tive três tipos de recusas: a primeira foi do género
de contactar o advogado x ou a figura y, pessoa que esteve bastante
envolvida a nível processual no julgamento da “rede bombista” e que
agora diz que não lhe convém nada, porque é advogado de empresas
conhecidas, ser lembrado como advogado das forças de esquerda. Segundo
tipo de recusa, mais expectável, é do género: “Eh pá, não me meta nisso
porque os meus filhos estudam na universidade z, não sabem o que o pai
fez e não quero ser associado a isso.” E a terceira recusa, que vai ao
encontro da sua pergunta: “Não me meta nisso porque isto foi no século
passado, mas não foi assim há tanto tempo, em termos temporais foi
ontem, e ainda há muita gente que sabe fazer as bombas, portanto
deixe-me em paz.”
Uma coisa que se percebe no seu livro é que, para além de
Joaquim Ferreira Torres [empresário ligado à rede que foi morto a tiro
quando seguia ao volante do seu Porsche vermelho, em 21 de agosto de
1979], se percebe que ao longo dos anos houve bastante gente que
desapareceu de forma misteriosa.
Nomeadamente, alguns operacionais da FLAMA [movimento independentista
de extrema-direita da Madeira] que apareceram, como eles gostam de
dizer, “suicidados”, e o Ferreira Torres, de que fala. Este é um caso
que ficou sem conclusão, apesar de, na fase final da investigação, com
os cacos deixados por investigações policiais anteriores direcionadas
para que nada se soubesse, se terem conseguido algumas pistas. Na parte
do livro sobre o ex-coronel Ferreira da Silva [que dirigiu as
investigações à “rede bombista”], ele relata uma conversa que teve com
um elemento do esquadrão Chipenda [grupo ligado à FNLA - Frente Nacional
de Libertação de Angola, que estava em guerra com o MPLA e, em
Portugal, associou-se a atos de violência da extrema-direita e da “rede
bombista”] que lhe diz, numa boate, que foram eles que mataram o
Ferreira Torres por uma questão de dinheiros.
Ele também interpreta como uma ameaça a abordagem, salvo erro
no Tamila, de quem diz: “Sabemos quem tu és e sabemos como te
encontrar.”
As duas coisas. Ele sabe que é isso, mas também dá crédito à
informação. Fica convicto de que lhe estão a contar a verdade, fruto das
várias histórias que sabia e investigou. Ele meteu a mão na massa e
sabia bem o que tinha um fundo de verdade. Aquilo também foi uma forma
de o avisar e de lhe dizer: “Aquilo foi tão perfeito, já sabe o que lhe
pode acontecer.” Eu consultei o processo Ferreira Torres e muita
papelada ligada à matéria, e nunca vi nesses documentos uma afirmação
tão direta sobre o motivo eventual do crime. Insinua-se em muitos
lugares sobre os negócios e o dinheiro que teria ido para a “rede
bombista” à sombra do MDLP [Movimento Democrático de Libertação de
Portugal, juntamente com o ELP - Exército de Libertação de Portugal, a
principal organização política da rede, dirigida pelo, na altura,
general no exílio António de Spínola]. Mas nunca se fala claramente,
nessa conversa, sobre as fortunas que ajudou a passar para Espanha e os
valores e negociatas à sombra da organização terrorista. Com tudo isso,
não é difícil de imaginar que esse elemento do esquadrão Chipenda
estivesse a falar verdade quando confessou que Joaquim Ferreira Torres
tinha sido morto por causa de “negócios mal resolvidos”.
Uma das coisas que não são totalmente novidade, porque já era
revelada no livro “A Descoberta de Uma Conspiração”, do jornalista
Günter Wallraff, é a promiscuidade entre os “democratas” do atual regime
e os bombistas: eles eram uma espécie de plano B dos “democratas”.
É precisamente este lado sombrio da história que é importante. Embora
eu tenha consciência de que não é este livro que o consegue revelar. Eu
tenho um ponto de vista e não abdico dele: quero provar, sem nenhum
tipo de ajuste de contas, que a narrativa oficial diz que estivemos à
beira de uma ditadura de esquerda quando estivemos muito mais próximos
de um golpe de extrema-direita. A direita não foi tão ordeira e
civilizada como hoje nos querem fazer querer.
Há muito mais gente assassinada pela “rede bombista” do que pelas FP25.
Estamos cansados de ouvir que o 25 de Novembro foi o princípio da
“normalidade democrática” quando os atentados mais mortais da “rede
bombista” foram depois dessa data e já corria o ano de 1976. Ninguém dá
resposta para isso. A única coisa que nos pode valer é a confissão do
Ramiro Moreira, em agosto de 1976, em que ele diz para um gravador:
“Interessava que continuasse a haver bombinhas.” Porque havia uma série
de frustrados com a independência de Angola e porque os comunistas
continuavam a existir. Duas das coisas que essa gente assumiu como os
objetivos do seu combate, impedir a independência de Angola e liquidar
os comunistas, não tinham acontecido.
Não era também uma espécie de chantagem das almas negras para os novos donos do poder e seus anteriores cúmplices?
Onde quer chegar?
Há setores do CDS, PSD e até PS que aparecem, no seu livro, a
colaborar e a apoiar a “rede bombista”. Coloca no seu livro um chefe da
segurança do PS, preso por causa das chamadas armas de Edmundo Pedro
[armas dadas pela direita militar e o Grupo dos Nove ao PS] a dizer na
cadeia ao Ramiro Moreira: “Cala-te senão ainda apareces morto.”
Eu não sou ingénuo, mas confesso que o grau de envolvimento de
setores do PS com a “rede bombista” é muito maior que eu imaginava.
Setores ou implica a própria direção?
Há zonas do país em que as diretrizes do PS não são seguidas. Se, em
Braga, o dirigente da distrital do PS é um dos grandes organizadores da
manifestação da Igreja [que acaba com o assalto e incêndio da sede do
PCP], há outras pessoas, como um dirigente do PS de Viana do Castelo,
que se recusam a cumpri-las. Esse dirigente demite-se porque não quer
obedecer a uma ordem do Largo do Rato sobre um envio de armas.
No seu livro até há um bombista a dizer que colocou um
petardo na sede do PS do Largo do Rato, no dia do debate televisivo com o
Cunhal, a mando do próprio Partido Socialista, para se vitimar. E quem
acaba por indultar o Ramiro Moreira não foi o Eanes.
Pois não. Foi o Soares. O próprio julgamento da “rede bombista”, a
própria forma como o julgamento terminou deve muito às manobras do
governo PS da altura. Não me custa nada fazer minhas as palavras do
advogado Levy Baptista de que o julgamento da “rede bombista” foi uma
farsa. Aquilo ter ido para o fórum militar foi uma forma de condicionar
uma data de coisas; o papel de Almeida Santos nesse assunto está por
esclarecer; o próprio papel de Mário Soares não é claro. Relembro que,
depois dos acontecimentos em Rio Maior [manifestação, a 13 de julho de
1975, que culminou em assaltos às sedes do PCP e FSP], Soares faz um
comício em Rio Maior em que diz, “Era bom que este exemplo fosse seguido
em várias zonas do país”, e a Igreja aproveita logo as declarações em
várias dioceses. Uma coisa espantosa, mesmo conhecendo bem a
documentação desse período, são as coleções do “Diário do Minho” [jornal
propriedade da Igreja], que quase chegam a ser uma espécie de “Ação
Socialista” daquele período: abundam fotos e elogios ao Mário Soares.
Outra coisa impressionante no seu livro é a dimensão de
guerra suja, com operações de provocação que podiam ter custado centenas
de vidas, como da vez em que pediram a Ramiro Moreira para colocar 100
quilos de explosivos no Santuário de Fátima para depois acusarem os
comunistas do massacre.
Não tenho dúvidas de que é verdade. Acho que quando o Ramiro Moreira é
genuíno é quando foi ouvido, poucas horas depois de ser detido, não é
quando em 1991 é indultado e reescreve a história, e diz que têm de lhe
erguer uma estátua porque ele lutou pela democracia. Ele é verdadeiro
quando está assustado e está convencido de que, “abrindo o livro”, pode
ser salvo.
É muito curioso o facto de ter sido o próprio Sá Carneiro, de
quem Ramiro Moreira tinha sido guarda-costas, a expulsá-lo do PSD,
dizendo: “Eu não posso ter um bombista no partido.”
Francisco Sá Carneiro não era um líder político como os de hoje, que são completamente viciados no aparelho.
Soares também não era viciado no aparelho e tinha um historial impressionante...
Havia uma diferença entre os dois na forma como ligavam com a
estrumeira dos respetivos aparelhos. Sá Carneiro, quando começa a saber
do envolvimento de certas figuras do PSD, nomeadamente Ramiro Moreira,
que não era só segurança, era militante número 7 do partido, tinha feito
parte da comissão política distrital do Porto, tinha sido levado ao
colo por Mota Freitas, essa figura altamente protegida pelos
militares... Quando Sá Carneiro chama Ramiro Moreira a casa e lhe diz,
“Meu amigo, ou entregas o cartão ou és expulso”, isso é uma tentativa,
admito que já desesperada, de que o partido não resvale par aí. Podemos
discutir se o conseguiu ou não, até porque o PPD aparece envolvido em
muita coisa. Já os militantes do CDS aparecem bastante envolvidos, são
eles que fazem grande parte das ligações, em algumas regiões, da Igreja
com a “rede bombista”. Basílio Horta chega a reunir com os responsáveis
da Igreja, que lhe dizem o que estão a fazer. Claro que ele, depois, diz
que não alimentaram isso, mas ele sabia o que estava a ser preparado.
Espantoso, para mim, é o grau de envolvimento dos setores do PS nisso. O
que me leva a tirar a conclusão de que - não sou o primeiro a tirá-la -
o Partido Socialista se aliou a tudo para combater o PCP.
Os contactos de Günter Wallraff, a fingir de traficante de
armas, com Spínola para armar um golpe de Estado de extrema-direita são
posteriores ao 25 de Novembro?
São anteriores. Quando Wallraff vem a Portugal, ainda os Corrécios
[bando liderado por Eduardo Oliveira que cometia grande parte das
agressões e atentados contra militantes de esquerda na zona de Braga]
estavam em liberdade.
Aliás, o primeiro contacto que Günter Wallraff diz ter com
alguém da “rede bombista” é uma conversa que tem, por acaso, com um
homem com um cão que é o próprio líder dos Corrécios.
Alguns pormenores do livro do jornalista alemão podem ter sido
romanceados mas, no geral, ele é rigoroso. Na altura, o semanário “O
Jornal” foi conferir os dados do livro e concluiu que eram verdadeiros.
Há vários elementos do ELP e do MDLP que vêm confirmar que o livro
acertava em cheio. Quando me perguntam como era possível os bombistas,
como os Corrécios, irem gabar-se dos seus atos para os cafés, eu
respondo: muito facilmente, grande parte do país era anticomunista e era
fácil fazê-lo sem nenhuma consequência.
Um dado desconhecido pela maior parte das pessoas é a cumplicidade de membros do Conselho da Revolução com a “rede bombista”.
Tanto o Canto e Castro como o Vítor Alves sabiam o que estava a
acontecer e quem eram as pessoas que estavam por detrás dessas ações. O
Vítor Alves “aterrou” várias vezes em casa do Joaquim Ferreira Torres.
Aliás, há um frase do Joaquim Ferreira Torres, quando o vê na televisão,
que diz: “Este filho da puta veio tantas vezes jantar a minha casa e
comer o meu fumeiro e, afinal, não fez nada do que se comprometeu.” Para
além de tudo isso, está também por esclarecer o papel de Ramalho Eanes
em tudo isto.
Mas ele parece ter infletido uma eventual cumplicidade. O
grau de ódio que Ramiro Moreira manifesta contra Eanes é um pouco
indicador disso. Até no seu livro, o coronel Ferreira da Silva fala
elogiosamente do grau de distanciamento que Eanes teve com as
investigações quando era Presidente.
Mas o grau de compromisso dele com tudo o que ardia é muito maior do
que se pensa. Lê-se em vários documentos e em depoimentos de várias
pessoas que há muita gente que suspeita do seu envolvimento. O próprio
Álvaro Guimarães, diretor da Polícia Judiciária do Porto, afirma que um
dos objetivos do Eanes foi colocar um espião na PJ para controlar os
movimentos da Judiciária e saber o que a investigação sabia.
... Lencastre Bernardo.
Sim.
Não falou com Ramalho Eanes?
Não, e confesso que não tentei. O objetivo do livro era sobretudo
ouvir uma data de gente que, apesar de não ser conhecida, tem mais
coisas a dar. Quando eu digo que não acho que haja um esclarecimento
total do seu envolvimento naquele período, não penso que fosse
conversando com ele que isso se conseguiria apurar. Acho que seria mais
importante ouvir pessoas que estiveram com as mãos na massa,
investigaram e produziram muita documentação.
Mas o seu livro acaba por ficar na mesma situação em que
ficaram as investigações judiciais: os executantes da arraia miúda foram
apanhados e logo libertados, os mandantes foram falados mas
permaneceram intocados, e quem politicamente estava por detrás nunca foi
incomodado.
Essa situação resulta de uma estratégia intencional por parte do
poder. Para conseguir que as coisas não se saibam. Quando eu, para fazer
este livro, me deparo com a proibição de aceder a alguns arquivos, isso
tem o objetivo de conseguir que muita coisa fique escondida. Assiste-se
a uma privatização da memória pública. Tudo isso é feito dentro da lei,
mas se eu quero consultar o processo de Eduardo Corrécio, que foi
condenado a dois anos e meio de prisão por posse de armas - e tudo o que
foi dito naquele julgamento é importante para perceber o grau de
cumplicidade daquele gangue com aqueles movimentos e os responsáveis
políticos -, esse processo é-me negado com o argumento de que ou é
autorizado por ele ou, caso ele tenha morrido, a família tem de
autorizar. De modo que espero sentado.
Isso é legal, o processo não tem de ser público?
Eu acho que sim, mas está protegido. Como está protegido o depoimento
prestado por Ramiro Moreira a uma das comissões ao acidente/atentado de
Camarate. O depoente só aceitou fazer o depoimento quando lhe
garantiram que nunca seria tornado público. Se pedir à Assembleia da
República, a resposta que lhe vão dar é que o Ramiro tem de autorizar.
Aliás, há muitas atas dessa comissão que são impossíveis de conseguir.
Isto é tudo formalmente legal. Mas, para mim, isso é uma privatização da
memória pública. Legitima que se possa pensar que isto não é por acaso:
se calhar, sabendo-se tudo sobre a “rede bombista”, algumas biografias
vão ficar desfocadas.
Já teve algumas reações?
Há muitas. Gente que leu e ficou impressionada com o grau de
envolvimento de parte dos políticos nestes acontecimentos, mas ameaças e
outras coisas não me têm feito chegar.
Bastante mais calmo do que seria há alguns anos. Conseguiu falar com os Corrécios?
Mais uma vez, houve a possibilidade de falar com o Eduardo Corrécio,
mas eu obtive muita documentação sobre o processo e sobre as
investigações, e não insisti porque, mais uma vez, não tinha qualquer
garantia da fiabilidade dos depoimentos que conseguisse obter. Confio
mais naquilo que foi dito na época do que na reescrita que fizeram
depois. O Ramiro Moreira é um bom exemplo disso: eu li todas as
entrevistas que ele deu, li muita documentação, cartas pessoais, coisas
que nunca vieram a público, elementos do processo, e isso é bastante
mais fiável do que a reescrita que ele faz da história e da sua
participação nesses acontecimentos que fez nas suas últimas entrevistas.
E o Ramiro Moreira terá lido o livro?
A única coisa é que o Ramiro Moreira ligou a um camarada de profissão
que escreveu sobre o livro, dizendo, indignado, como é que essas coisas
serão lembradas. Terá dito que não fez só coisas boas, mas porquê só
lembrar coisas desse período. Não passou disso. O próprio depoimento do
José Silva Santos no livro é um pouco exemplo deste estado de espírito:
um homem que, no âmbito daquele processo, desmente tudo aquilo de que o
acusam e, 40 anos depois, confirma tudo: “Sim, o carro foi armadilhado
aqui, eu até fiz a ponte com a Igreja.”
Agora, há outros, como o cônsul dos EUA no Porto, que, pelo
seu depoimento, ficamos a saber que ele só organizava chás e sessões de
relações públicas, e que nunca viu um espião da CIA...
O homem que está no centro do furacão e que garante que a sua vida
não passava de jogar golfe. Mas é importante o seu depoimento estar aí. É
o relato de alguém que tenta reescrever o sucedido, como quando ele diz
que isto tudo não passou de uns tipos a baterem com o guarda-chuva na
cabeça uns dos outros.
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