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domingo, 19 de junho de 2022

 

Isto da Estratégia (1)

“Los conflictos se resuelven, por consenso o por violencia.” Claus von Clausewitz

O mercado hodierno,  é  um campo de guerra com múltiplas batalhas, entre múltiplos adversários, numa guerra sem outro objetivo que não seja o lucro e sem outra visão que não seja a destruição do outro?

Todos aprendemos esse modelo desde a Revolução Industrial, liderada pelos privatistas piratas do Reino Unido,  e, ainda hoje,  nos é imposta essa visão da economia e das relações sócio económicas!

No entanto a economia já foi mera sobrevivência alimentar pelo apoderarmo-nos do que a natureza disponibiliza, já foi troca, apoderar e trocar com outra comunidade humana, já foi de produção-mercado ( produção/ troca) e só bem recentemente passou a incluir produção/troca/ apropriação de lucro, sendo que hoje o aspeto dominante na economia não é nem a produção nem a troca mas sim o Lucro e a sua apropriação!

No entanto, a contestação a esta lógica apropriativa dos resultados por minorias, nunca pagou de acontecer e cada vez mais se condena no plano económico e não só no moral o desperdício da concentração da riqueza!

Realidade que curiosamente predomina no espaço de raiz cultural cristã para quem Jesus Cristo defendeu que é mais fácil um camelo passar por um buraco da agulha que um rico chegar ao reino dos céus … e onde predominam teses especialmente depredadoras da realidade, natural, económica e social como as de Schumpeter um dos heróis do “ empresário inovador” a real mola da sua teoria económica, na verdade esvaziada de moral e espiritualidade!

Assim para Schumpeter o estudo do capitalismo tinha de ser feito na ótica da produtividade e do crescimento, centradas na  inovação, e na contradição luta humana e pura/simples destruição o que nos reconduz a uma economia na verdade de guerra permanente com a schumpeteriana especificidade de ser uma guerra inter empresários e não inter classes, o que é fácil de perceber dado elitismo classista austro-húngaro onde as classes trabalhadoras não têm outras funções além da de produzir  e consumir!

As roturas económicas e sociais que Schumpeter incentiva via o empresário inovador resultam sim da criação de  novos produtos para o mercado, que eliminam os anteriores e os seus produtores numa lógica depredadora e atendendo a  combinações inovadoras dos fatores de produção dizia ele nunca olhando para o papel dos custos de produção das deslocalizações e das concentrações imperialistas!

Aconteceriam as tais combinações inovadoras nas seguintes condições : a) Introdução de um novo bem; b) Introdução de um novo método de produção, baseado numa descoberta cientificamente inovadora; c) Abertura de um novo mercado; d) Conquista de uma nova fonte de matérias-primas e e) Criação  de um novo modo de organização de qualquer indústria (criação ou fragmentação de uma posição de monopólio, por exemplo).

Enfim, as mudanças realizam-se no conflito inter elites, ( Marx diria inter classes dominantes) sendo que Schumpeter só assume as mudanças em crescimento anulando as em decrescimento apesar de ter vivido a destruição da Alemanha e a lenta desagregação da função imperial britânica assim como ter vivido ainda em tempo do arranque do conflito privatismo sob dominância estadunidense versus estatismo sob dominância sovietista

( Repararão que me recuso a referir nestes contextos a palavra comunismo, e a soviética, mas sim a sovietista - na verdade entendo que a perceção do fim da implantação de uma sociedade comunista na URSS se inicia com a Nova Política Económica, a leninista NEP, perante a desagregação da economia dada a guerra imposta “brancos versus vermelhos” e a contradição propriedade privada rural versus comunas rurais o que gerou forte disfunção produtiva para o mercado, sendo que da NEP e da II guerra mundial com forte invasão nazi, surge o capitalismo estatista gerido por uma casta burocrática de partido que se integra bem nesta nova versão agora populista do czarismo)

Este economista integra na sua teoria schumpeteriana os ciclos de Kondratieff em
ondas de inovação cada vez mais curtas
escrevendo,  “Historicamente, o primeiro ( ciclo) Kondratieff coberto por nossa análise, significa a revolução industrial, incluindo o prolongado processo de absorção. Nós o datamos dos anos oitenta do século XVIII até 1842. O segundo cobre o que chamamos de era da máquina a vapor e do aço. Vai de 1842 a 1897. E o terceiro, o Kondratieff da eletricidade, da química e dos motores, nós o datamos de 1898 em diante. ”

Na verdade, Schumpeter faz alguma batota esquecendo o tempo do capitalismo dominantemente mercantilista ( vivido mais a este sul que continua xenofobamente ignorado) de uma longa duração, século XIV século XVIII, como esquece que esse seu terceiro ciclo perdura até ao aparecimento do nuclear, ( a 27 de junho de 1954, a URSS  inaugura o primeiro reator nuclear do mundo, em Obninsk, uma pequena cidade a 100 km a sul de Moscovo) que com o petróleo nos domina até hoje sendo que desde desde inícios do século XXI se assiste ao lento e contraditório processo de generalização da energia solar, o que leva a assumir a existência já ( a última embrionária) de 5 Revoluções Tecnológicas modernas.

A terrível ideia schumpeteriana da destruição criadora é a base económico-filosófica deste modelo de sociedade hodierno, o capitalista, privatista ou estatista, relevando o ainda forte ascendente do primitivismo violento na Humanidade,  e está na essência da dinâmica do capitalismo, sendo que bem mais acelerado no privatista e daí o suicídio sovietista, ao assumir a incompetência em com ele concorrer mas que gerou uma outra visão na RPChina ( um país dois sistemas) que está a resultar melhor que o privatista até hoje.

A destruição criadora acontece no conflito entre novas e velhas tecnologias que segundo Schumpeter surgem como ondas, aleatoriamente,  acompanhadas do aumento da produtividade do capital e do trabalho, da concentração da riqueza pois os empresários inovadores conseguem colocam no mercado os seus  produtos com vantagens competitivas em relação a suas concorrentes tecnologicamente desfasadas impondo a destruição de postos de trabalho, de organizações e de segmentos de mercado e, como vimos com o suicídio da URSS de imperialismos e submodelos de sistema específicos!

Diz-nos ainda Schumpeter que as inovações tecnológicas ou as modificações nos produtos antigos integram o modelo e pela seu consumo generalizado, acontece que a  taxa de crescimento da economia diminui, gerando um novo  processo de recessão levando à redução dos investimentos e à baixa da oferta de emprego mostrando neste sistema uma permanente mudança entre prosperidade e recessão relevando a  volatilidade da produção o que Schumpeter  entende como um obstáculo periódico transitório e necessário no curso normal de expansão da rendimento nacional, da rendimento per capita e do consumo.

A verdade é que desde o findar  do império sovietista da URSS que as visões Schumpeterianas se impuseram, como se impuseram processos acelerados de deslocalizações, que levaram a esta desregulada globalização que impôs o nascimento não de visões políticas solidárias mas da aparente cristalização da divisão entre o mundo rico,  o mundo em desenvolvimento e do mundo da Fome que no entanto hoje é contestado pela defesa do multilateralismo sino-russo em confronto com o unilateralismo EUA / UE, no fundo a base ideológica das hodiernas guerras como a da Ucrânia, a do Iêmen e sim a vivida em ainda fraco perfil em Moçambique!

Neste ambiente não há futuro? Não pouco dizem, não, nada vale a pena, o nada muda entre privatismo e estatismo capitalista, a mais valia gerada impõe hoje uma sociedade quase medieval com uma ultra minoria a manipular as elites e com elas a espoliar a Natureza e as Pessoas sem que se veja surgirem organizações que globalmente lutem pela pelo menos regulamentação e redistribuição da riqueza e dos poderes políticas económicos sociais e culturais!

Mas não é verdade e cito a título de exemplo dois movimentos, um de cariz popular-espiritual os Bahá’í, e outro de cariz académico-institucional, o da defesa do Índice de Felicidade Interna Bruta (FIB), sendo verdade que os movimentos marxistas esses por incapacidade em se reanalizarem criticamente e redescobrirem se mostram impotentes na crítica da crítica acrítica como diria Marx !

Os Bahá’í defendem

“A tarefa de criar uma estrategia de desenvolvimento global que acelere a entrada da raça humana na maioridade constitui-se no desafio de se reformular, fundamentalmente, todas as instituições da sociedade. Os protagonistas a quem esse desafio se apresenta são todos os habitantes do planeta: a humanidade em geral, os membros das instituições governantes em todos os níveis, aqueles que trabalham em órgãos de coordenação internacional, os cientistas e pensadores sociais, todas as pessoas dotadas de talentos artísticos ou com acesso aos meios de comunicação, e os líderes das organizações não-governamentais. A resposta requerida deve basear-se no reconhecimento incondicional da unidade da humanidade, no compromisso de se estabelecer a justiça como o princípio organizador da sociedade, e na determinação de se explorar, ao máximo, as possibilidades que um diálogo sistemático, entre os talentos científico e religioso da raça, pode oferecer à edificação da capacidade humana. Este empreendimento requer uma reconsideração radical sobre a maioria dos conceitos e premissas que hoje governam a vida social e econômica. Deve, também, estar conjugado à convicção de que, por longo que seja o processo e quaisquer que venham a ser os retrocessos encontrados, a governança dos assuntos humanos pode ser conduzida ao longo de linhas que sirvam às reais necessidades da humanidade.
Somente se a infância coletiva da humanidade tiver realmente chegado ao fim e estiver raiando a era de sua maioridade, é que esta perspectiva poderá representar mais do que uma simples miragem utópica. Imaginar que um esforço da magnitude, aqui visionada possa ser organizado por povos e nações desesperançados. e mutuamente antagônicos é contrário a toda a sabedoria herdada pelo homem. Somente se o curso da evolução social tiver alcançado um daqueles pontos decisivos de mutação, como Bahá'u'lláh afirma ser o caso, por meio dos quais todos os fenômenos da existência são impelidos subitamente em direção a novos estágios de seu desenvolvimento, é que tal possibilidade poderá ser concebida. O que inspirou as visões expostas nesse documento é urna profunda convicção de que justamente esta grandiosa transformação na consciência humana está em marcha. A todos aqueles que nela reconhecem impulsos familiares, provenientes de seus próprios corações, as palavras de Bahá'u'lláh trazem a certeza de que Deus, nesse Dia sem igual, dotou a humanidade com recursos espirituais plenamente à altura deste desafio:
"Ó vós que habitais os céus e a terra! Apareceu o que nunca antes aparecera. Este é o Dia no qual os mais excelentes favores de Deus manaram sobre os homens, o Dia no qual Sua graça suprema se infundiu em todas as coisas criadas."
O tumulto que hoje convulsiona os assuntos humanos é sem precedentes, e muitas de suas conseqüências enormemente destrutivas. Perigos nunca antes imaginados em toda a história reunem-se à volta de uma humanidade aturdida. O maior erro que as lideranças mundiais poderiam cometer nessa conjuntura, no entanto, seria permitir que essa crise lance dúvidas sobre o resultado final do processo que hoje está em andamento. Um mundo está chegando ao seu término e um novo luta para nascer. Os hábitos, atitudes e instituições acumulados ao longo dos séculos estão sendo submetidos a testes que são tão necessários ao desenvolvimento humano quanto inescapáveis. “, ( Declaração preparada pelo Escritório de Informação Pública da Comunidade Internacional Baha'i, Haifa, inicialmente distribuída; na Cúpula de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas, Copenhague, Dinamarca.
COPENHAGEN, DENMARK—3 March 1995)

Já o movimento académico-institucional do Índice de Felicidade Interna Bruta (FIB) surge por via de uma experiência pontual num “país à margem” o Butão, por via da implementação de um modelo budista  criado por um rei local, Jigme Singye Wangchuk, que lança o Índice de Felicidade Interna Bruta (FIB) que estudado por académicos e pela ONU surge como  a realidade mais concreta de um indicador que mede o desenvolvimento a partir da felicidade demonstrada pelas pessoas e da garantia de seus direitos sociais.

A ONU no seio dos académicos que a cercam acarinhou  o exemplo do Butão lançando  o Índice de Valores Humanos (IVH) que retrata a satisfação do cidadão nas áreas de saúde, educação e trabalho e pretende  apreender  a percepção dos indivíduos sobre situações vivenciadas no dia-a-dia.

O Índice de Felicidade Interna Bruta (FIB) mede é a satisfação pessoal do cidadão, levando em consideração pilares como educação, saúde e cultura e curiosamente foi defendido no Brasil por Cristovam no Senado e de Manuela D’Avila, candidata à vice presidência da República com Haddad e apadrinhada por Lula, sabendo-a do PCdB, no Congresso, que procuraram  incluir a “busca da felicidade” na redação do artigo 6º da Constituição, referente aos direitos sociais dos brasileiros.

O cálculo do FIB inclui o padrão de vida económico, a educação de qualidade, a saúde, a expectativa de vida e longevidade comunitária, a protecção ambiental, o acesso à cultura, os bons critérios de governação, gestão equilibrado e bem-estar psicológico.

O que é Felicidade Interna Bruta (FIB).

A Felicidade Interna Bruta (FIB) surge-nos  em nove categorias:
1. Bem-estar psicológico: infere  o otimismo que cada cidadão em relação à sua vida numa  análise da auto estima, nível de stress e espiritualidade.
2. Saúde: mede os níveis  de saúde implantadas pelo governo, exercícios físicos, nutrição e autoavaliação da saúde.
3. Uso do tempo: Inclui a gestão do tempo que o cidadão perde no trânsito, a divisão das horas entre o trabalho, atividades de lazer e educacionais.
4. Vitalidade comunitária: refere-se ao relacionamento e às  interações entre as comunidades e ainda a segurança dentro da comunidade, a sensação de pertença  e ações de civismo e voluntariado.
5. Educação: atende à  participação na educação informal e formal, aos valores educacionais, à educação no que se refere ao meio ambiente e competências.
6. Cultura: parte  de tradições culturais locais, festejos tradicionais, ações culturais, desenvolvimento de capacidades artísticas e discriminação de raça, cor, ou gênero.
7. Meio ambiente: relaciona os cidadãos e o ambiente natural como solo, ar e água. Estuda a acessibilidade para áreas verdes, sistemas para coletar o lixo e biodiversidades da comunidade.
8. Governança: Estuda a m relação entre a população e a mídia, poder judiciário, sistemas de eleições e segurança.
9. Padrão de vida: parte  do rendimento familiar e individual, segurança nas finanças, dívidas e qualidade habitacional.

A base deste conceito é que  o objetivo maior da economia é produzir bem estar, e não  o aumentar cada vez mais da produção de bens e serviços.

Os economistas Herman Daly, John Cobb e Philip Lawn (criadores do Genuine Progress Indicator) nas  suas críticas ao PIB, entendem  que o crescimento da produção de mercadorias e prestação de serviço pelas nações, são geradores não só de benefícios, mas também de custos pelo que muitas vezes o aumento da produção de um determinado bem causa danos à saúde dos indivíduos, causa perda de sua identidade/cultura, entre outros custos que muitas vezes são superiores às receitas surgidas  com a produção “inovadora” adicional obtida.

Vale lembrar um relatório do Banco Mundial no “Wealth of Nations”, que reconheceu que 60% de riqueza está comprometido com o capital humano e 20% com o capital ecológico e que o capital financeiro e construído - fábricas e bens monetários - representavam apenas os 20% restantes, ora durante  50 anos o Banco Mundial  centrou  a  atenção no crescimento económico desses 20% da riqueza dos países.

Hoje o Banco Mundial  vai mudando o seu foco para os 60% de capital humano, disponibilizando mais investimentos em saúde e educação mas apesar do novo foco estar estabelecido em pessoas, o Banco Mundial não fez até agora, nenhuma campanha para acrescentar nem mesmo a prestação de contas dos bens públicos em indicadores como o PIB.

Nem o banco, nem o Fundo Monetário Internacional (FMI) exigem a prestação de conta desses bens, nem no que se refere aos investimentos em infra-estrutura e muito menos em educação e saúde, que são, aliás, vitais para manter o capital humano incluído no que se convenciona chamar de riqueza das nações.

https://pt.countryeconomy.com/demografia/indice-mundial-felicidade

O relatório Felicidade Mundial de 2021, patrocinado pela Organização das Nações Unidas (ONU) e feito pelo Gallup World Poll, contando com 142 países e onde foram  analisados e seus residentes e  questionados sobre seis fatores: Produto Interno Bruto (PIB), expectativa de vida, suporte social, liberdade de expressão, generosidade e percepção da corrupção gerou esta distribuição dos,

20 países mais felizes do mundo
1. Finlândia
2. Islândia
3. Dinamarca
4. Suíça
5. Países Baixos
6. Suécia
7. Alemanha
8.  Noruega
9. Nova Zelândia
10. Áustria
11. Israel
12.  Australia
13. Irlanda
14. Estados Unidos
15. Canadá
16. República Checa
17. Bélgica
18. Reino Unido
19. Taiwan
20. França

Portugal está em 2022 em 56.o lugar enfim no quase primeiro terço da lista sendo no entanto de duvidar deste posicionamento mas por falta de informação aceitemos o mesmo !

Joffre Justino
Enviado do meu iPhone

Joffre Justino | Estrategizando jjustino@estrategizando.pt

sábado, 18/06, 21:32 (há 12 horas)


para mim, jjustino

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