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quarta-feira, 21 de novembro de 2012



Pedro Gaião
Marx tinha razão quando previu a concentração capitalista galopante. É hoje um dos traços marcantes da globalização. Agora parece que acerta na previsão de que o capitalismo conduz à pauperização crescente dos trabalhadores. Estes são hoje remunerados por salários que tendem a assegurar a sua mera subsistência.
Dificilmente têm forma de contrariar esta situação face às políticas de austeridade e de confisco fiscal que lhe são impostas por governos legitimamente eleitos. Por sua vez, as altas taxas de desemprego pressionam mais os salários a descer. É esta a realidade que hoje se vive em países como Portugal, Grécia e Espanha. E outros virão certamente...
Se Marx  parece vivo, a via revisionista (social-democrata) que rompeu com o marxismo no fim do século XIX, com Kautsky e Bernstein ( o guru de Sócrates lembram-se?) vê-se hoje como nunca em causa. Bernstein contestou, precisamente, a teoria marxista do empobrecimento crescente do proletariado, já que os seus salários aumentavam gradualmente e o seu poder de compra melhorava no quadro do sistema capitalista.
Pode contra-argumentar-se  que defender hoje o renascimento do marxismo é manifestamente exagerado. Nos anos 1930, o capitalismo viveu uma das suas piores crises e reergueu-se anos depois. É verdade. Mas fê-lo precisamente com a receita do  aumento dos salários e o aprofundamento de um sistema de Estado de Bem-Estar Social.              
Se o modelo do enriquecimento contínuo dos trabalhadores, a primazia à qualidade de vida,  e o modelo do  Estado-Providência vigoraram até hoje, são eles, no entanto, que estão agora ameaçados porque os Estados deixaram de ter dinheiro (e riqueza capitalista acumulada) para os sustentarem.
A receita de hoje não parece poder ser a mesma dos anos 1930 e seguintes. A história deverá ser outra. A questão é saber qual. O capitalismo consegue sair do beco em que está criando  algo novo que o revitalize? Ou, como Marx previu, volta à rota de há 200 anos, a do seu estertor e aquilo que o revolucionário alemão anunciou que se seguiria depois, a revolução e a tomada do poder do Estado pelos trabalhadores empobrecidos   
Absorvidos com a chanceler Merkel e a contagem decrescente para as eleições legislativas alemãs de Setembro de 2013 (a partir das quais Merkel ficará menos condicionada pela opinião pública alemã para resolver o problema europeu), esquecemo-nos muitas vezes deste seu conterrâneo.  


Ler mais: http://expresso.sapo.pt/esta-na-hora-de-pensar-noutro-alemao-marx=f768201#ixzz2Cr8Rsqac

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