Peronismo
Publicado por: Rainer Gonçalves Sousa em História da América
Juan Perón estabeleceu na Argentina a onda populista que tomou conta de diferentes governos latino-americanos.
Juan Perón estabeleceu na Argentina a onda populista que tomou conta de diferentes governos latino-americanos.
Na passagem do século XIX para o XX, a Argentina viveu um período próspero e estável logo após o fim da ditadura de Juan Manuel Rosas. O cenário político era regido por um Estado Liberal onde os grandes proprietários de terra e a burguesia financeira equilibrava-se no controle do poder. O crescimento da economia argentina ocorria a largos passos e aproveitou da crise econômica européia no início do século XX para ampliar seu parque industrial.
O desenvolvimento econômico argentino
trouxe um amplo processo de urbanização
que concomitantemente ampliou os grupos
trabalhadores do país. A ascendência
desse novo cenário sócio-político
estremeceu o controle político das
oligarquias que se cristalizaram no
poder. As tensões e disputas
políticas ficaram assim marcadas
pelo surgimento da União Cívica Nacional, que reunia diversos grupos políticos
defensores do estado democrático.
Durante a década de 1920, a União Cívica conseguiu chegar ao poder com a
Durante a década de 1920, a União Cívica conseguiu chegar ao poder com a
eleição de Hipólito Irigoyen. A força política desse novo grupo foi oprimida pelos
grupos conservadores que, no ano de 1930, realizaram um golpe político com
o apoio dos Estados Unidos. Dessa forma, a década de 1930 foi conhecida
como a década da infâmia, onde fraudes eleitorais e a violência davam
sustentação à chamada Concordância.
No ano de 1943, a Concordância impôs o mandato de Ramon Castilho,
No ano de 1943, a Concordância impôs o mandato de Ramon Castilho,
que ficaria conhecido como o último dos presidentes apoiados pelo
grupo conservador. Em seu governo, o coronel Juan Domingo Perón
liderou a pasta do Ministério do Trabalho. Utilizando uma pauta de ação
política extremamente voltada às classes, Perón incentivou a ampliação
dos direitos trabalhistas e a organização dos movimentos sindicais argentinos.
Seu apelo popular, usualmente dirigido aos “descamisados” da nação argentina,
Seu apelo popular, usualmente dirigido aos “descamisados” da nação argentina,
fez com que Perón ganhasse as eleições de 1946. A sua perspectiva política
combinava elementos de traço populista e mecanismo de centralização do poder.
O governo atuava diretamente na economia, monopolizando o comércio exterior
e nacionalizando outros vários setores da economia. O poder de intervenção
estatal aliado ao notável desenvolvimento econômico trouxe um cenário marcado
por baixos preços e altos salários.
De acordo com o próprio Perón, essa seria a autêntica “justiça social” necessária
De acordo com o próprio Perón, essa seria a autêntica “justiça social” necessária
ao povo argentino. A fama desse seu discurso acabou dando nome ao seu estilo
de governo, conhecido como “justicialista”. Os elementos paternalistas e nacionalistas
de Juan Perón andavam de mãos dadas com um governo repressor que não
aceitava protestos públicos e aniquilou a oposição política através de um sistema
unipartidarista.
A popularidade que lhe garantiu um segundo mandato, em 1951, não conseguiu
A popularidade que lhe garantiu um segundo mandato, em 1951, não conseguiu
resistir à crise econômica deflagrada naquele mesmo ano. O papel intervencionista
do Estado acabou gerando uma enorme dívida pública incapaz de desenvolver a
indústria pesada e de bens não-duráveis. O processo inflacionário veio logo em
seguida. A estagnação da economia obrigou seu governo a tomar medidas impopulares
que regulavam o consumo e congelava os salários.
O clima de instabilidade piorou quando Perón sofreu com as denúncias de corrupção
O clima de instabilidade piorou quando Perón sofreu com as denúncias de corrupção
e rompeu relações com a Igreja. As boas relações entre Perón e a Igreja foram um
fator de suma importância para o desgaste de sua imagem política entre uma
população de maioria católica. Outro ponto que desequilibrou o governo de Perón
foi a morte de sua esposa, Eva Perón, considerada a verdadeira alma do trabalhismo argentino.
No mês de setembro de 1955, os militares argentinos realizaram um golpe político contra
No mês de setembro de 1955, os militares argentinos realizaram um golpe político contra
Juan Perón. Acuado e sem amplo apoio popular, abdicou do poder e exilou-se na
Espanha. A instabilidade política que marcou o cenário argentino a partir de então,
forçou o governo militar a convocar novas eleições no início dos anos 70.
Como resultado do pleito, o candidato peronista Héctor Cámpora tornou-se o
novo presidente argentino.
O novo presidente argentino articulou forças para que Juan Perón retornasse
O novo presidente argentino articulou forças para que Juan Perón retornasse
ao posto presidencial. Dessa forma, Hector renunciou ao posto para que novas
eleições viessem a trazer Perón de volta ao poder, no ano de 1973. Sem
a mesma eloqüência e vigor de outrora, Perón viria a falecer no ano seguinte.
Os problemas econômicos e a instabilidade do cenário político abriram portas
para que, dois anos depois, um novo golpe militar chegasse ao poder.
Por Rainer Sousa
Mestre em História
Mestre em História
in Mundo Educação
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