Chavismo ganha em 17 dos 23 Estados nas eleições regionais venezuelanas
O presidente do país, Nicolás Maduro, comemorou a vitória chavista: "ganhamos 75%
dos governos do país (...) o chavismo está vivo, está triunfante e está nas ruas", disse
O
Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV) venceu em 17 dos 23
estados do país nas eleições para governadores realizadas neste domingo
(15/10), segundo
os resultados oficiais anunciados pelo Conselho Nacional Eleitoral
(CNE).
De
acordo com o CNE, os candidatos da oposição venceram em cinco Estados,
enquanto que os resultados do Estado de Bolívar ainda não foram
divulgados devido
à diferença apertada de votos entre os dois adversários.
O PSUV conseguiu ganhar da oposição o estado de Miranda (centro-norte) governado pelo duas vezes candidato à presidência do país Henrique Capriles, e os estados de Lara (oeste) e Amazonas (sul).
Com 95,8% das urnas apuradas, a presidente do CNE, Tibisay Lucena, disse que os resultados são "irreversíveis", explicando que nestas eleições houve uma participação de 61,14% do censo eleitoral.
O PSUV conseguiu ganhar da oposição o estado de Miranda (centro-norte) governado pelo duas vezes candidato à presidência do país Henrique Capriles, e os estados de Lara (oeste) e Amazonas (sul).
Com 95,8% das urnas apuradas, a presidente do CNE, Tibisay Lucena, disse que os resultados são "irreversíveis", explicando que nestas eleições houve uma participação de 61,14% do censo eleitoral.
Agência Efe
CNE divulgou resultados do pleito neste domingo (15/08)
CNE divulgou resultados do pleito neste domingo (15/08)
O
PSUV vai continuar governando os estados de Apure, Aragua, Barinas,
Carabobo, Cojedes, Delta Amacuro, Falcón, Guárico, Monagas, Portuguesa,
Sucre, Trujillo,
Vargas e Yaracuy. A oposição, por sua vez, ganhou em Anzoátegui,
Mérida, Nueva Esparta, Táchira e Zulia.
Governo
O
presidente do país, Nicolás Maduro, comemorou a vitória chavista.
"Ganhamos 75% dos governos do país (...) o chavismo está vivo, está
triunfante e está nas
ruas”, disse.
"A
oposição teve cinco vitórias, as reconhecemos como fizemos sempre, e há
um governo em disputa", disse, ao se referir a Bolívar. "Hoje ganhou a
verdade da
Venezuela, hoje o chavismo arrasou, hoje temos 17 governos, hoje temos
54% dos votos, hoje temos 61% de participação, e hoje a pátria se
fortaleceu com 75% dos governos", afirmou Maduro.
"Esta
vitória é uma proeza moral e política do povo venezuelano, que
conseguiu resistir aos embates da guerra da oligarquia e que disse 'não
às sanções', 'não
ao intervencionismo'", finalizou o presidente venezuelano.
Oposição
A coalizão de partidos opositores Mesa da Unidade Democrática (MUD) tinha antecipado minutos antes do anúncio oficial da CNE que os números com que seus operadores eleitorais trabalham eram "muito diferentes" dos que o órgão eleitoral ia divulgar, e já disse – mesmo antes de conhecer os resultados – que não iria aceitar o pleito.
Para a oposição, o CNE tinha tido um comportamento suspeito e diferente do registrado em outras eleições.
A coalizão de partidos opositores Mesa da Unidade Democrática (MUD) tinha antecipado minutos antes do anúncio oficial da CNE que os números com que seus operadores eleitorais trabalham eram "muito diferentes" dos que o órgão eleitoral ia divulgar, e já disse – mesmo antes de conhecer os resultados – que não iria aceitar o pleito.
Para a oposição, o CNE tinha tido um comportamento suspeito e diferente do registrado em outras eleições.
O
chefe da campanha da MUD, Gerardo Blyde, afirmou afirmou que a aliança
opositora pedirá uma auditoria de todo o processo eleitoral. Blyde
explicou que a oposição
não reconhecia os resultados "não somente devido a todas as violações
de lei que vieram sendo cometidas durante o processo", como a
substituição de candidatos e a realocação de centros eleitorais.
Chavismo está vivo: uma primeira análise das eleições regionais na Venezuela
Estas
eleições regionais vêm precedidas de um ciclo de violência erguido
pelos fatores antichavistas dentro e fora da Venezuela. Após quatro
meses de violência, e em que
a oposição venezuelana tentou boicotar as eleições para a Assembleia
Nacional Constituinte (ANC), o chavismo consegue levar o conflito para a
rota eleitoral. A narrativa de que existe na Venezuela uma “ditadura”
ficou deslocada com a participação da Mesa de
Unidade Democrática (MUD) nestas eleições.
A
Venezuela sofre, ademais, um ciclo de sanções políticas e econômicas
auspiciadas pela Casa Branca. Assinalam a ausência de garantias
democráticas na Venezuela. Por outro
lado, a Organização de Estados Americanos (OEA), claramente tutelada
pelos Estados Unidos, se baseia na mesma afirmação e, em diversas
oportunidades, patrocinou atos de deslegitimação destas eleições,
omitindo, inclusive, a participação de forças opositoras
nelas.
No
domingo, 15 de outubro, o presidente Nicolás Maduro criticou o silêncio
das corporações midiáticas e porta-vozes políticos e governos que
deslegitimaram a democracia
venezuelana, ao tentar ocultar as eleições e seus resultados. Destacou
os perigos de que se siga insistindo declarar a Venezuela como Estado
foragido ou antidemocrático. E concluiu que “a Venezuela deu uma
demonstração ao mundo de que vivemos em uma democracia
plena”.
Em
que pesem estas variáveis, a institucionalidade erigida do chavismo
consegue organizar este evento eleitoral e submeter os currais da
política aos fatores que, de maneira
consistente, dentro e fora da Venezuela, tentaram socavar a
estabilidade das instituições venezuelanas, empurrando o país ao
preâmbulo de uma guerra civil.
Os resultados
A
participação eleitoral de 61,14% dos inscritos no registro eleitoral
permanente. Para o tipo de eleição, é considerada uma participação alta,
superior a de eventos similares
em países como Colômbia, Chile, Argentina, México, e as que se realizam
em outras latitudes, com as de EUA, França e Alemanha.
O
chavismo conseguiu alçar-se com 54% dos votos do total nacional,
voltando ao caminho vitorioso em eleições para cargos públicos
convencionais.
A
MUD, por sua vez, obteve 45% dos votos. Setenta e cinco por cento dos
Estados foram ganhado pelo chavismo, 17 governos de um total de 23. A
MUD alcançou cinco governos
e só um Estado (Bolívar), até agora, está por definir por não mostrar
uma tendência irreversível.
No
entanto, esta sólida vitória também se narra pelo simbólico: históricos
bastiões políticos e eleitorais da oposição como Lara, Miranda e
Amazonas, utilizados como catapulta
política para se posicionar para as eleições presidenciais, passaram
para as mãos do chavismo com uma margem folgada. Se isso se analisa
desde sua lógica, de apresentar seus governos como “o modelo”
alternativo ao chavismo, então a MUD perdeu três eleições
presidências em sequência no dia de ontem. A liderança de Henri Falcón e
Henrique Capriles fica diminuída e sem base de poder de onde se apoiar
para aspirar a conquistas maiores.
Em
termos de voto nacional, sem os resultados em Bolívar, o chavismo se
alçou com mais de 5,2 milhões de votos – cifra que aumentará logo que
100% das atas eleitorais
sejam transmitidas -, enquanto que a MUD chegou, arredondando, aos 4,5
milhões de votos.
Deste
dado estatístico também se desprendem algumas comparações que não devem
ser deixadas de lado: a MUD perdeu quase 3 milhões de votos se se
compara com sua melhor
votação, em que conseguiu mais de 7 milhões. Por sua parte, o chavismo,
assediado e bloqueado pelos EUA, por seus satélites na região e alguns
países europeus, conseguiu manter e recuperar seu capital político em um
momento de grandes dificuldades.
Venezuelanos votam em pleitos regionais para elegerem os 23 governadores do país
Chavismo ganha em 17 dos 23 Estados nas eleições regionais venezuelanas
Líderes latino-americanos celebram vitória do chavismo em eleições regionais na Venezuela
Agência Efe
PSUV venceu em 17 de 23 Estados na Venezuela
PSUV venceu em 17 de 23 Estados na Venezuela
A
vitória do chavismo se mede não só na quantidade de governos alcançados
e na votação obtida, mas também no decréscimo eleitoral de uma MUD que
esperava capitalizar o
descontentamento econômico patrocinado, vale reforçar, por eles
próprios a partir da Assembleia Nacional e mediante as sanções
financeiras desenvolvidas em conjunto com os EUA.
Fatores políticos que incidiram nos resultados
À
primeira vista, alguns elementos sobressalientes poderiam ser
ressaltados a fim de explicar a vitória do chavismo. A seguir, alguns
dos mais relevantes:
-
Em um marco de adversidade econômica, o chavismo implementou sistemas
de proteção em matéria alimentar de alcance massivo. Os Comitês Locais
de Abastecimento e Produção
(CLAP) foram chaves em proteger setores amplos, contendo os efeitos da
caotização dos sistemas de abastecimentos e preços como parte da guerra
econômica contra a Venezuela. Em agosto, a cobertura deste plano
aumentou em 58%, alcançando mais de 9 milhões de
famílias atendidas.
-
O sistema Carnê da Pátria, uma política do Estado venezuelano para
tornar eficiente e focalizar a gestão das Missões (programas sociais),
foi efetivo para organizar
a população em situação socioeconômica vulnerável. Frente ao marco de
adversidade econômica atual, a opção eleitoral da MUD não se traduz em
soluções concretas, fator que incidiu diretamente na diminuição de seu
apoio eleitoral;
-
A organização eleitoral do chavismo e sua proposta de soluções às
grandes demandas da população foram elementos que se conjugaram
adequadamente. Grande parte do eleitorado
assumiu que é o chavismo o setor com capacidade de assumir as grandes
tarefas e desafios na gestão de governos regionais.
-
As sanções da administração Trump e as ações abertas de ingerência por
parte do governo estadunidense deram pé à coesão de forças chavistas e
aumentaram significativamente
o apoio para defesa e segurança nacional, independência e soberania
como fatores de mobilização e ideias-força do chavismo. Motivado por
isso, a empresa Datanálisis, uma das empresas de pesquisa mais
influentes do país, afirmou que a popularidade do presidente
Nicolás Maduro aumentou 5,8% no final de setembro.
-
As ações violentas da MUD, assim como seus frequentes giros no
estrangeiro, solicitando sanções e a asfixia econômica contra a
Venezuela, foram também elementos-chave
na mesma direção. O chavismo articulou uma campanha favorável para
conquistar a paz política, rechaçando a agenda de intervenção,
polarizando o cenário político entre aqueles que perseguem a destruição
da nação e aqueles que buscam soluções para os problemas
sem a violência como meio.
-
Com exceção dos recursos administrativos ou de gestão para as eleições
regionais, o chavismo conseguiu levar o centro do conflito político para
as urnas: decidir entre
a estabilidade política ou caos, entre ordem ou ingovernabilidade.
-
Novas lideranças regionais ascenderam no chavismo para estas eleições.
Estes coincidiram com lideranças regionais já consolidadas. A oferta
eleitoral do chavismo se
mostrou renovada em boa medida, enquanto que, para a oposição, a mescla
entre dirigentes de baixo perfil, prefeitos com péssimas gestões e
quadros do aparelho partidário não deu os resultados esperados e influiu
diretamente nas grandes brechas que se deram
em alguns Estados.
-
O chavismo como identidade política também é um fator a se resenhar.
Tem bastiões sólidos no interior do país. As forças revolucionárias
ganham com amplas margens em
vários Estados onde a guerra econômica golpeou com mais força,
paradoxalmente. Isso só é explicável por altos níveis de consciência
nesta comunidade política. O chavismo entende, a partir de uma lógica
muito simples, que existe um marco de extorsão econômica
propiciado por fatores empresariais e comerciais aliados à MUD e se
contrapõe a essas ações de submissão. Em consequência, o chavismo vota
para castigar os promotores da guerra.
-
A violência dos meses de abri, maio, junho e julho deste ano, com
saldos fatais em perdas humanas (147 falecidos) e incontáveis danos à
propriedade pública e privada,
junto a práticas de terrorismo de rua e violência paramilitarizada,
fizeram estragos na sociedade venezuelana, dividindo a oposição entre
aqueles que rechaçaram a violência e aqueles que a apoiavam.
-
Produziu-se um paradoxo eleitoral: houve opositores que não votaram na
MUD por interpretá-la como uma organização violenta. Mas, também, houve
importantes setores que,
fervorosamente, acreditaram em um derrocamento do chavismo e viram
frustradas suas aspirações quando a MUD resolveu participar da contenda
eleitoral. Ambos os grupos, especialmente o segundo, foram símbolo de
desencanto contra a direção da MUD, a qual consideram
traidora, errática e incongruente. A abstenção eleitoral jogou contra a
MUD.
-
As imagens ainda frescas da violência e do terrorismo que provocaram
caos na Venezuela durante quatro meses, deixando um saldo de mais de 100
mortos, produziu uma situação
desfavorável em termos de apoio eleitoral à MUD, para além da base
opositora. Não haver cristalizado seus planos de derrocar o governo
fortaleceu o chavismo como referente de ordem e estabilidade. Fator que,
em momentos de estresse, insegurança com o futuro
e turbulência como os de hoje, atraem o apoio da população.
-
Uma parte do eleitorado não se identificou com as medidas de asfixia
econômica generalizada impostas pela administração Trump e que haviam
sido solicitadas consistentemente
pelos dirigentes da MUD. As ações de ingerência econômica que complicam
mais o cotidiano econômico da população não tiveram respaldo
majoritário dos eleitores no momento de ir às urnas.
-
Ao perder seus bastiões em Lara, Miranda e Amazonas, fica refletido que
a MUD não é uma referência de gestão governamental eficaz, que atende
as expectativas da população.
A percepção sobre a MUD – organização repleta de promessas não
cumpridas – foi um referente que melou o apoio de seus seguidores, não
só nestes Estados, mas também em muitos outros. Não são uma referência
de gestão regional.
-
O discurso da MUD, unicamente centralizado em caracterizar o governo de
Maduro como uma “ditadura”, foi insuficiente. Esse discurso não
mobilizou o apoio, pois se centralizou
em mobilizar o rechaço ao chavismo. Em eleições regionais, oferecer
soluções a demandas populacionais é chave e esse elemento esteve ausente
no discurso da MUD, que foi transversalmente demagogo e pouco coerente
com as necessidades imediatas da população.
(*) Publicado originalmente em
Mision Verdad
O chavismo se alça com uma importante vitória nas eleições regionais realizadas no último domingo, dia 15 de outubro
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