As teorias onde a filosofia encontra uma parte substancial de justificação pela ciência, e vice-versa, gozam de autonomia relativamente às experiências de realização prática das proposições. Chamemos autonomia a uma manifesta contradição.
Poderíamos dar o exemplo das doutrinas religiosas, porque com toda a evidência é nelas que essa contradição se verifica. Os crentes não deixam de ser crentes (pela fé e pelos dogmas) lá porque a Igreja católica fundou a medonha Inquisição em Espanha e Portugal, para dar um único exemplo da história repleta de lutas internas pelo poder, assassinatos, corrupção, guerras de conquista...Falaríamos do papel político, e apenas político, da fundação da Igreja anglicana. Ou das sangrentas, senão mesmo genocidas, actuações das igrejas budistas na Ásia. Ou dos islamismos antagonistas, desde os mais brandos aos nazis do Isis. Mas não é por isso que todas essas igrejas e formas de crença desapareceram ou não ultrapassaram com sucesso as suas crises. Muitas vezes é um Papa (com esta designação ou outra) que as vem recuperar. O que é muito curioso: basta um indivíduo providencial...e a crença conserva-se, senão até recrudesce. Basta também uma crise social aguda e violenta.
Poderíamos dar exemplos, não das crenças religiosas ou fideístas, mas das doutrinas políticas? Isto é, dos sistemas filosóficos que se converteram em doutrinas e conquistaram as massas?
São eles directamente responsáveis pelos programas políticos que deles foram extraídos?
Os liberalismos, os socialismos?
Não os filósofos, mas os políticos?
Não a Filosofia, mas a Política?
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