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segunda-feira, 26 de abril de 2021

OPINIÃO

   A entrevista ao general Franco Charais que aqui publicamos, foi feita no dia 25 de Abril deste ano. Com uma enorme lucidez para um homem com noventa anos de idade, o militar do MFA (que veio a pertencer-lhe bem mais tarde), nomeado comandante militar da Região Centro, que sempre se mostrou sensato e progressista, vem esclarecer-nos a todos, ou quase todos, que viveram esses tempos, uns muito jovens, outros menos, dos meandros da formidável revolução que a aliança Povo- MFA desencadeou. O PS de Mário Soares, que o Grupo dos Nove apoiou e que o Conselho da Revolução preferiu, não sai bem da fotografia e o próprio Charais se confessa com grande e admirável honestidade. Sobre a atoarda de que Álvaro Cunhal queria implantar uma ditadura, diz que foi uma invenção da direita  e que o PS de Mário Soares soube aproveitar habilmente com sucesso.

   O belo desfile popular deste Dia 25 de Abril de 2021, em Lisboa, mostrou claramente que o povo democrata está alerta contra a ameaça crescente do fascismo. Cartazes nas mãos dos manifestantes exibiam expressões - "Não Passarão!"- que já não se viam há dezenas de anos. O perigo é real, grande e pode arruinar este regime porque a esquerda está enfraquecida, sendo que a responsabilidade futura caberá mais à forma actual de governar do PS (sozinho) do que à própria esquerda.

  O discurso do presidente Marcelo Rebelo de Sousa foi oportuno: sensato, honesto, unitário e democrático. Todos os deputados o aplaudiram, excepto o partido neofascista CHEGA.

Mas não exageremos nos encómios. No discurso não há um mínimo de alerta e de repúdio pelo fascismo (dos saudosistas colonialistas e dos novos fascistas ditos populistas), tanto do passado como pelas suas formas novas. Ora, penso eu, a unidade, qualquer unidade de forças, tem de ser contra alguma coisa. Na política tem que existir um inimigo.

O que vivemos hoje em Portugal não se explica exclusivamente pelos conflitos ideológicos (de resto as doutrinas surgem camufladas, disfarçadas). Estes conflitos que são reais, constituem a forma da luta de classes que se desenvolve todos os dias. Do que se trata, pois, é de lutas de classes em desenvolvimento. A ver vamos de que lado se coloca a pequena burguesia e outras "classes médias". Na minha opinião os sinais não são tranquilizadores. Pelas sondagens fiáveis é atribuída ao PS uma percentagem de votos muito confortável para ele (grande parte do povo trabalhador e democrático vota nele). Todavia, como reacção à "geringonça" e para puxar o governo sempre para a direita nas políticas económicas e sociais, a Direita reorganiza-se. Os resultados desta reorganização devem preocupar-nos.

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