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segunda-feira, 3 de novembro de 2025

Repetições?

 Hoje possuímos ou não a capacidade de resistir àqueles mesmos males que já afligiram o mundo? Sim, porque os acontecimentos não se repetem no particular, isto é, não há concretamente dois acontecimentos completamente idênticos na vida pessoal e na História da Humanidade. Podem ser muito parecidos, podem os protagonistas desejarem repeti-los integralmente, mas a semelhança nunca é identidade. Somente Identidade no plano da lógica dialética, a qual exprime não a repetição absoluta dos momentos do processo, mas a evolução, a transformação. Portanto, e exemplificando, os campos de concentração dos nazis repetiam ou continuavam os campos de concentração utilizados pela França colonialista ou pelos EUA, porém eram diferentes. O imperador mongol Gengiscão empreendeu invasões de uma extrema brutalidade, Hitler também, contudo não foram exatamente idênticas, exceto nos adjetivos com que as nomeamos. Neste sentido a História não pode repetir-se e dizemos em termos dialéticos : é sempre diferente, ainda que eles se unam num quadro de inter-relações, interações. É esta unidade que é o contexto no qual se movimentam as contradições, a lei da ação-reação, a dialética da causa que provoca um efeito que provoca outra causa.
Exemplifiquemos : conhecer a guerra na Ucrânia exige conhecer o contexto histórico (local, regional, internacional), nomeadamente o passado histórico dos adversários e os planos dos vizinhos, e de um Império global se ele existir. Para conhecer a tragédia de Gaza temos de conhecer o contexto histórico, e não ficarmos congelados na ideia paupérrima de adjetivos que nada explicam e, afinal, tudo permitem : o Mal, os Loucos, tudo se repete e nada acontece de novo debaixo do sol.
O mundo parece pior na confrontação militar global porque embora pareça que se repete a Guerra Fria (na qual já assistimos a instantes de extremo perigo), as armas não nucleares evoluíram. Ao lado desta corrida tecnológica de ficção-científica junta-se a degradação do ambiente definitiva e as alterações climáticas que já ninguém pode negar. Além disto, verificam-se transformações comportamentais nos últimos dez anos negativas, diferentes, que ainda não se compreendem de todo, mas cuja causa é social porque nada culpa a Natureza e a genética. O poder da Finança parasitária e das multinacionais que tudo exploram e saqueiam é brutal e nunca tal se viu na História.
Ninguém está preparado para estas mudanças, ainda que possamos tentar explicá-las à luz dos novos contextos económico-político-culturais, num quadro amplo, numa Identidade ou Totalidade, que chamamos corretamente CAPITALISMO em crise sistémica. Daí a expressão : SOCIALISMO OU BARBÁRIE.
Sim, o mundo está pior, por mais que os causadores e as causas estejam a ser combatidas e confiemos que se fortaleçam nos combates. O capitalismo pode superar as suas crises como sempre o conseguiu com a destruição; no entanto, julgamos pelos factos, que nos empurra para um abismo em que ele próprio mergulhará. Não é fatalismo, nem profecias de Juízo Final. É ver as coisas na sua unidade contraditória, identidade na qual um polo pode eliminar o outro. Esse polo vencedor pode não vir a ser o Socialismo. Pode ser a Barbárie.
O capitalismo esta fase imperialista é pela sua natureza conquistadora, militarista e agressivo. E o Partido Republicano de Trump não pode ser doutro modo.
Certamente que devemos juntar à equação a imensa penetração planetária e influência das tecnologias da comunicação. Hoje a comunicação produz as perceções sobre o mundo que vamos tendo. E isso não coisa pouca. Talvez o mundo não esteja mais sombrio e perigoso do que já foi no século dezanove com os terríveis impérios coloniais. Sei lá.

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