Arthur Schopenhauer
O Mundo Como Vontade e Representação
INTRODUÇÃO DE ROBERT ZIMMER
“A experiência do mundo de Schopenhauer, impregnada de pessimismo, subjaz à sua reflexão filosófica, que culminou num golpe de génio: O Mundo como Vontade e Representação, publicado em 1819, obra de um homem de trinta anos, ampliado, mais tarde, em 1844, para dois volumes, continua fundeado no porto da filosofia ocidental como um navio-tanque exótico. Deus, o velho capitão do idealismo e do racionalismo, não se encontra aqui em lado nenhum, e a razão, até esse momento incontestado timoneiro dos mares filosóficos, foi aqui degradada a grumete encarregado de esfregar o convés. Na ponte de comando, está um indivíduo desbragado de má reputação, um flibusteiro incansável e apostado, ao mesmo tempo, numa destruição implacável, chamado ‘vontade’. As suas acções não obedecem a nenhum plano e as suas rotas não estão desenhadas em nenhuma carta náutica.” [Da Introdução de Robert Zimmer]
Inspirado nos escritos de Aristóteles, Arthur Schopenhauer explica a
diferença entre lógica e retórica, mostrando como é possível, através do
poder da palavra, de truques e de armadilhas dialéticas, vencer
qualquer argumentação, mesmo sem estar do lado da verdade – assim se
vencem debates, se desmentem factos e se manipulam opiniões.
Neste ensaio tão sarcástico quanto perspicaz, o filósofo alemão reuniu
38 estratégias que o vão ajudar não só a convencer alguém de uma tese,
como também a defender-se de truques menos honestos que podem ser usados
contra si (o que acontece mais vezes do que imagina…).
«Com Hegel, a dialéctica atinge o seu perfil
filosófico mais elevado. Schopenhauer […] replica com uma operação de
força igual e contrária, e redu-la ao mínimo, considerando-a a arte de
ter razão, a teoria de arrogância humana natural. Operação que,
de um ponto de vista filosófico, é provavelmente menos profunda, mas que
acaba por se revelar mais bem-adaptada às mudanças dos tempos, porque
Schopenhauer não liga a dialéctica a uma filosofia, mas à própria
condição do homem enquanto animal dotado de palavra, quer dizer […],
enquanto ser a quem os deuses deram a palavra para que possa ocultar o
seu pensamento.»
Franco Volpi
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