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segunda-feira, 29 de dezembro de 2025

 JUÍZOS

Aproxima-se o fim de um ano civil e começo de um novo. Todavia, não se trata agora de uma passagem cíclica e rotineira, formal e convencional, à qual somos nós, por culturas, que atribuímos um significado especial, para muitos verdadeiramente transcendente se pensarmos no natal como data que se convencionou ser do nascimento de um homem bom e sábio que se chamou Jesus. Há algo mais desta vez. Acaba um ano de mudanças , começará o ano de todos os perigos. Sim, mas também de revolucionárias transformações. Não assistiremos ao Fim do Mundo, quero crer, mas ao termo, gradual que seja, de uma Época ou de uma Era. O grande filósofo Hegel chamar-lhe-ia o fim de uma Época e o começo de uma Nova. Também ele atribuiu a determinadas mudanças uma perceção coletiva de catástrofe, propícia a profetas de desgraças e à morte da Razão. Contudo, seria assim mesmo, de modo conturbado, que a dialética da História se processa. Como um solo que desaba subitamente porque uma toupeira paciente foi escavando-o. Mudanças profundas da Civilização Moderna já haviam começado, revoluções técnicas de consequências utópicas e distópicas. Nem todas as mudanças , conforme Hegel, compõem a morte de uma época ; é necessário algo mais para que ela seja superada por uma nova. As contradições que fazem mover os moinhos, agudizam-se tanto que podem terminar pela eliminação de um dos dois polos. É cedo ainda para a eliminação de um dos dois polos que se contradizem. É necessário uma contradição antagónica. Hegel também lia os sinais dos novos tempos, como um médico avalia os sintomas de uma doença. Sim,, a Razão está profundamente doente ; uma forma de civilização construída por uma nação imperial, acolitada por mais algumas, mostra-se com toda a evidência em declínio. buscando já estratégias para conservar a sua dominação, mas é já impossível : não mais poderá impor a sua vontade aos mais fracos através das armas e do dólar. Outros polos se erguem, alguns apresentam-se mais poderosos económica ou militarmente do que o centro do poder unilateral. O Império cortou o próprio ramo da árvore em que se sentou como num trono.
Não serão regimes nazi-fascistas, essa resposta típica do capitalismo financeiro, que poderão conter os poderes nascentes.
De modo que ao pessimismo se soma, contraditoriamente, um otimismo. A Razão avança e nunca está do lado do pessimismo histórico.

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