O moralismo é uma coisa, a moralidade é outra. Moralismo é pregar a moral aos outros de cima como se a nossa fosse superior, a única que é verdadeira, perfeita. A moralidade ensina-se mas não se impõe. A diferença e a diversidade de valores é uma riqueza que importa preservar e respeitar. Há uma moral convencional e uma moral legal. A primeira é difusa, tradicional, habitual, e exerce-se pela censura social; a segunda estabelece-se atraves de leis e exerce-se juridicamente. A moral muda, mudam-se os costumes, admite-se o que antes não se admitia. Contudo existe uma reserva, um reportório de valores invariáveis, embora possuam uma origem histórica e possam adaptar-se a novas circunstâncias; é o caso dos factores relacionados com a classe social: a honra, por exemplo, já foi uma virtude aristocrática e passou a ser burguesa. Apesar destes factores determinantes um rol de virtudes permanece irrecusável: sabemos o que é um indivíduo honrado, censuramos quem o não seja, sabemos classificar a desonestidade, a mentira, o cinismo. Podemos não saber definir com rigor o que são, mas sabemos distinguir um indivíduo sem honra, desonesto, traiçoeiro, desleal, mentiroso, egoísta manipulador, cruel, farsante, corrupto. Nem sempre é fácil e rápido, contudo os comportamentos manifestos e repetidos dão-nos pistas e provocam a desconfiança e o alerta.
Vem isto a propósito do que se passa no nosso país. Parece que muitos cidadãos conseguem ver talentos e motivos de admiração naqueles que mentem, defraudam, corrompem ou se deixam subornar e corromper. Parece que não dá frutos eleitorais combater-se um partido ou um governante denunciando-se os seus actos imorais. A ser assim algo de mau se passa com a moral colectiva.
2 comentários:
Mas... quanto aos moralistas fujo deles.
Zé,
Aqui, estou com o Cid...
Abraço
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