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sexta-feira, 10 de junho de 2011

Economia- J. A. Schumpeter

O Profeta da Inovação



JOSEPH ALOIS SCHUMPETER (austro-húngaro, em termos actuais checo, radicado nos Estados Unidos, 1883-1950) uma vez disse, com o seu estilo chocante, de grand seigneur educado em Viena, que os académicos e seus alunos conservadores detestavam: “as depressões são um bom duche frio para o capitalismo”. Ele até concordaria que, em tempos de depressão, os problemas sociais devem ser tratados com alguma medicina keynesiana (do nome do seu eterno rival do outro lado do Atlântico), mas retorquia que o capitalismo é intrinsecamente dinâmico e orientado ao crescimento de longo prazo através da inovação e de um protagonista-herói, o empreendedor.

O agente da retoma, depois das crises, não é a despesa governamental, mas a acção dos empreendedores, diria ele hoje em dia, se voltasse a vestir a pele de ministro das Finanças como o foi episodicamente em 1919/1920 em Viena de Áustria. A ideia do empreendedor era antiga em Schumpeter e, segundo muitos, a sua principal contribuição para o entendimento do capitalismo. Escreveu-a pela primeira vez em 1911 na ‘Teoria do Desenvolvimento Económico’ (que só foi traduzido para inglês em 1934) e andou a remoer no assunto até 1942 quando publicou a sua obra mais conhecida ‘Capitalismo, Socialismo e Democracia’. Esse personagem revolucionário não vem de nenhuma classe social específica, mas tem uma pulsão (aliás, em alemão, Schumpeter usava a expressão espírito empreendedor) para inovar em todos os aspectos, da tecnologia à organização, provocando um “enxame de imitadores” que colectivamente desencadeiam um “temporal” de “mutação” das estruturas económicas, destruindo “criativamente” as velhas e fazendo emergir as novas. Estas imagens schumpeterianas são as que mais ficaram marcadas na memória, havendo mesmo quem ache que isso é mais sociologia histórica do que economia, pois é difícil de formalizar no ‘economês’ matemático, apesar de até a ‘destruição criativa’ ter sido atacada pelas equações de Philippe Aghion e Peter Howitt. Os críticos, no entanto, recordam que, no final, o profeta da inovação começou a descrer do seu personagem de eleição e, que, por isso, admitia, a contra gosto, que o capitalismo provavelmente não sobreviveria.

Desde 1939, sete anos depois de ter chegado a Harvard, na região de Boston, Schumpeter tentou recuperar, também, a teoria dos ciclos económicos, falando de que a convergência de vários tipos de ciclos provocaria a severidade das depressões, agravada por factores externos como a geopolítica e as políticas públicas. Mas o livro ‘Ciclos de Negócio’ não convenceu boa parte da academia, o que permitiu aos conservadores divulgarem a ideia de que a periodicidade, a regularidade e o carácter repetitivo dos ciclos era coisa de “antigamente”, ainda por cima de uma altura em que as estatísticas eram medíocres.

in janelanaweb.com, Editado por Jorge Nascimento Rodrigues
nota: Lembrar aqui Schumpeter é oportuno pois que muitos são os conselheiros ecómicos que utilizam e são utilizados pelos media para hoje difundirem remédios para a crise que constituem meras receitas de um breviário em que desfiguraram o "pai" da economia burguesa, já que sileciam o outro "pai fundador" (e adversário de Schumpeter) que foi Keynes.

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