Povo brasileiro continua a resistir ao golpe
A
votação no Congresso de ontem era esperada, se bem que estivesse há
dias quase à tangente, depois de vários pequenos partidos terem
transacionado para o “não” o seu voto. Para Onofre Gonçalves, presidente
da Central de Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB-São Paulo) o
resultado e a forma como ocorreu a votação deste domingo no plenário da
Câmara dos Deputados apenas confirmou que a atual legislatura pode ser
considerada uma das piores da história e sem compromisso com a
democracia brasileira. Para o dirigente da CTB nada está perdido mesmo
depois de tudo o que aconteceu ontem. Para ele, o importante é que essa
reaproximação da presidenta Dilma da sua base social precisa ser
ampliada. Para o dirigente do MST – Movimento dos Trabalhadores
RuraisSem Terra do Estado deste estado, João Paulo, é preciso ampliar a
participação nas manifestações de rua daqueles que votaram na
presidenta, “é preciso aumentar a capacidade de mobilização e construir
uma posição de maioria na sociedade”. De acordo com o editor do site
Opera Mundi, Breno Altman, a mobilização social é a única forma de se
contrapor, em curto prazo, ao monopólio dos media. “É preciso
intensificar a disputa das ruas, a disputa no boca a boca da militância,
manter mobilizadas as forças democráticas do pais”. Segundo Altman,
“estamos pagando” hoje pelo “gravíssimo erro” de não ter enfrentado nos
13 anos de governos de Lula e Dilma a concentração dos monopólios de
comunicação. “O campo comunicacional que não está no monopólio das
famílias é muito pequeno. Tem certo impacto na internet, é lido pelos
formadores de opinião mas não tem caráter de massa ao contrário dos
meios que a oligarquia controla”. Para Breno, a médio e longo prazo, em
caso de se esmagar o golpe, é preciso enfrentar o que designou como
“cancro” da democracia brasileira, que é o monopólio da comunicação.
Entretanto a Frente Brasil Popular e a Frente Brasil Sem Medo
dirigiram-se ao povo brasileiro: “Não aceitamos o golpe contra a
democracia e nossos direitos! Vamos derrotar o golpe nas ruas! Este 17
de abril, data que lembramos o massacre de Eldorado dos Carajás, entrará
mais uma vez para a história da nação brasileira como o dia da
vergonha. Isso porque uma maioria circunstancial de uma Câmara de
Deputados manchada pela corrupção ousou autorizar o impeachment
fraudulento de uma presidenta da República contra a qual não pesa
qualquer crime de responsabilidade. As forças econômicas, políticas
conservadoras e reacionárias que alimentaram essa farsa têm o objetivo
de liquidar direitos trabalhistas e sociais do povo brasileiro. São as
entidades empresariais, políticos como Eduardo Cunha, réu no STF por
crime de corrupção, partidos derrotados nas urnas como o PSDB, forças
exteriores ao Brasil interessadas em pilhar nossas riquezas e privatizar
empresas estatais como a Petrobras e entregar o pré-sal às
multinacionais. E fazem isso com a ajuda de uma mídia golpista, que tem
como o centro de propaganda ideológica golpista a Rede Globo, e com a
cobertura de uma operação jurídico-policial voltada para atacar
determinados partidos e lideranças e não outros. Por isso, a Frente
Brasil Popular e a Frente Povo Sem Medo conclamam os trabalhadores e
trabalhadoras do campo e da cidade, e as forças democráticas e
progressistas, juristas, advogados, artistas, religiosos a não saírem
das ruas e continuar o combate contra o golpe através de todas as formas
de mobilização dentro e fora do país. Faremos pressão agora sobre o
Senado, instância que julgará o impeachment da presidenta Dilma sob a
condução do ministro Lewandowski do STF. A luta continua contra o golpe
em defesa da democracia e nossos direitos arrancados na luta, em nome de
um falso combate à corrupção e de um impeachment sem crime de
responsabilidade. A Frente Brasil Popular e a Frente Povo Sem Medo desde
já afirmam que não reconhecerão legitimidade de um pretenso governo
Temer, fruto de um golpe institucional, como pretende a maioria da
Câmara ao aprovar a admissibilidade do impeachment golpista. Não
reconhecerão e lutarão contra tal governo ilegítimo, combaterão cada uma
das medidas que ele vier a adotar contra nossos empregos e salários,
programas sociais, direitos trabalhistas duramente conquistados e em
defesa da democracia, da soberania nacional. Não nos deixaremos
intimidar pelo voto majoritário de uma Câmara recheada de corruptos
comprovados, cujo chefe, Eduardo Cunha, é réu no STF e ainda assim
comandou a farsa do impeachment de Dilma. Continuaremos na luta para
reverter o golpe, agora em curso no Senado Federal, e avançar à plena
democracia em nosso país, o que passa por uma profunda reforma do
sistema político atual, verdadeira forma de combater efetivamente a
corrupção. Na história na República, em vários confrontos as forças do
povo e da democracia sofreram revezes, mas logo em seguida, alcançaram a
vitória. O mesmo se dará agora: venceremos o golpismo nas ruas!
Portanto, a nossa luta continuará com paralisações, atos, ocupações já
nas próximas semanas e a realização de uma grande Assembleia Nacional da
Classe Trabalhadora, no próximo 1º de Maio. A luta continua! Não ao
retrocesso! Viva a democracia! “ Nota – A Frente é constituída pelo PT –
Partido dos Trabalhadores, pelo PC do B – Partido Comunista do Brasil,
movimento sindical, Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra e
dezenas de associações cívicas muito diversificadas
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