O primeiro ato moral é a vontade de sobreviver (primeiro sobreviver, depois viver bem), afirmou Thomas Hobbes (1588–1679). Para Baruch Esoinosa (1632–1677) a expressão latina conatus significava no seu sistema filosófico que "cada coisa, à medida que existe em si, esforça-se para perseverar em seu ser " (Ética, parte 3, prop. 6). Na medida em que sempre vivemos em sociedades e delas somos efeito e produtores, os atos de pura sobreviv~encia enquadram-se numa determinada moral e são sancionados positiva ou negativamente. A moral já se encontra no mais elementar, quase animal (mas nunca animal).
A moral acompanha a consciência (sentir-me "proprietário" do "meu" corpo"), tal como a sociabilidade persegue o filhote desde o instante em que veio ao "seu" mundo.
Ter vontade significa querer. Vontade de viver. Primeira forma da vontade. Quase pura biologia, porém não apenas. A vontade de viver (matar a fome, a sede, reproduzir-se ou gozar) nunca é puramente biológica (ou igual a determinada espécie viva: igual ao lobo).
A moralidade exprime as múltiplas maneiras de querermos viver bem. A sociedade concreta, a época histórica, o estrato social, e factores singulares, estabelecem os conteúdos e os limites do desejo, do querer, da vontade.
Contudo, vontade não é a posse do poder (poder fazer, alcançar). Tenho querer, porém não possuo o poder. Umas vezes nem sei o que quero, outras vezes não possuo os meios para alcançar aquilo que sei exactamente e claramente o que quero.
Nesses tempos está o nosso destino.
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