E o ócio não pode ser perigoso para a saúde mental?
Toda a narrativa de que se as pessoas não tiverem emprego vão ficar paralisadas no sofá não é verdade. Quando não têm nada para fazer as pessoas tornam-se criativas. O que vimos nos confinamentos foi que as pessoas que se viram com muito menos para fazer encontraram coisas que lhes davam satisfação. Foram buscar a velha guitarra ao sótão e recomeçaram a tocar ou aprenderam a fazer pão, por exemplo. Se tirarmos das pessoas o fardo de precisarem de ter um emprego, por necessidade, elas tenderão a fazer alguma coisa. Têm aspirações, coisas que gostavam muito de poder fazer, mas não conseguem ou estão demasiado exaustas porque gastam quase todo o seu tempo e energia em trabalhos frequentemente mal pagos e que não lhes trazem satisfação. E, no entanto, vivemos numa sociedade que tem recursos suficientes, pelo menos no mundo ocidental - e a nível global, se tivéssemos uma verdadeira política de redistribuição -, para que todos tenham as suas necessidades básicas atendidas e possam despender o seu tempo como gostariam.
(de uma entrevista a James Suzman, autor do livro recente «Trabalho, uma história de como utilizamos o nosso tempo». Vide jornal Expresso)
As alterações climáticas causadas pela obsessão pelo crescimento infinito, as desigualdades sociais que poderão provocar convulsões sociais, são dois dos grandes problemas que ameaçam o futuro próximo.
Opiniões neo-keynesianas que importa conhecer.
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