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quinta-feira, 11 de julho de 2024

 

 elucubrações políticas

  Exigir que a Constituição da República Portuguesa seja cumprida, mantém-se um ato político relevante para educar as massas populares, unir democratas, combater os preconceitos que tendem a assustar eleitores. Para se obter algum sucesso com este ato é necessário, porém, que se cumpra tão bem quanto possível esse objetivo, essa palavra-de-ordem, esse programa que enuncia, afinal de contas, uma Democracia Avançada, vestibular de outras fases do Socialismo. Se os direitos económico-sociais e culturais fossem realizados e respeitados; se os grandes grupos económicos tendencialmente monopolistas no agro-negócio, nas pescas, na produção de energia, na Banca, na Saúde, nas redes de distribuição e de comércio, fossem no seu poder absoluto combatidos em favor de uma economia obedecendo a um Plano de industrialização conforme as necessidades prioritárias e os recursos; se o nível dos salários e rendimentos das massas trabalhadoras correspondessem evolutivamente às necessidades de uma vida familiar confortável e os direitos do Trabalho (da força-de-de-trabalho) fossem aplicados; se as escolas públicas ensinassem mais e melhor do que fazem, sem reproduzirem as desigualdades de classes e a desinformação inoculada pela Comunicação Social sobre os cérebros infantis e juvenis; se com esta CS competissem meios capazes de transmitirem com eficácia uma instrução democrática, uma informação alternativa e verdadeira ; se os trabalhadores da cultura (atualmente mais e mais proletarizados como aqueles que labutam nos latifúndios ou nas empresas capitalistas) fossem estimados, favorecendo o seu trabalho e, portanto, a educação cultural das massas sociais iletradas; se determinadas áreas da vida fossem subtraídas à mercantilização e ao lucro privado...então, alcançaríamos um país desenvolvido, democrático, pacífico. Com um capitalismo controlado pelos órgãos políticos e pelo povo soberano. Os passos necessários para o socialismo num só país, simultaneamente nacional e internacionalista, estariam dados.

 Bastaria esta mesma Constituição para já.

   No futuro próximo oferecem-se duas possibilidades, dois caminhos : uma crise catastrófica europeia com repercussões mundiais fatalmente, que, aproveitadas nas suas brechas e efeitos, detonassem uma situação revolucionária , democrática e socialista, numa Europa desagregada, com "os de baixo" erguidos contra "os de cima" , ou a mesma crise a produzir um Império nazi-fascista, com a neutralidade, senão mesmo com o apoio, dos EUA. Portanto, o futuro próximo está tão carregado de perigos como de bombas atómicas. Dir-se-á que há sempre uma terceira possibilidade, conforme leem alguns nas páginas da história do capitalismo : líderes inteligentes capazes de mostrar aos seus patrões as vantagens de diálogos bi e multilaterais com os adversários (os inimigos dos seus negócios hegemónicos), das negociações para tréguas, as vantagens do comércio e da pacificação domesticada das massas. O grande, vasto e poderoso Capital também é capaz de se superar, pois a sua "lei tendencial" fundamental, a sua essência, é salvar a acumulação de capital, os negócios e a taxa média de lucro tão elevada quanto possível (se não a conseguirem tão alta como gostariam, devido às suas crises, destroem capital para criarem capital).

  Por conseguinte, não é indispensável ser-se revolucionário socialista-comunista para se apoiar um Plano de desenvolvimento democrático sobre uma economia de organização mista, para este país, ou para qualquer qualquer outro : Basta ser democrata apoiar um Poder de Esquerda, no voto e nas ruas.



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