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terça-feira, 6 de maio de 2025

A relação bio-social

 A grande tarefa continua a ser as descobertas sobre o entrelaçamento ente a natureza e as sociedades, melhorando sempre os métodos racionalistas e científicos. Fortalecendo o casamento profícuo entre a Razão e a Ciência, e não o seu divorcio.

As articulações entre o biológico e o social constituem os segredos a desvendar sobre as origens da vida e os seus desenvolvimentos, as origens do universo e o seu futuro, os enigmas da morte e do eu inefável, da desigualdade física entre os seres humanos e a desigualdade social. Daremos espaço para as artes que são os modos de expressão do viver pessoal e, simultaneamente, social e histórico. O medo da morte pessoal, do envelhecimento e do sofrimento físico ou psicológico, é motivo suficiente para a poesia e a música. a dança, a ópera. Contudo, as desigualdades que não se justificam pelas diferenças físicas ou naturais continuarão a necessitar de análises racionais e científicas. A poesia expressa o medo ou a alegria, mas não explica o cancro.

Os mistérios a desvendar encontram-se, pois, em como do puramente biológico (no máximo as bactérias) emergiu  a sociedade humana, a individualidade do eu, a consciência, a razão e o sentimento.

É no biológico (entenda-se : na matéria viva) que radica o social. Neste sentido, o universo, a vida, as sociedades, constituem elementos materiais (i. é, não puramente espirituais e muito menos transcendentes ou anti naturais). Sem cérebro não se desenvolveria a consciência no organismo humano. Mas sem sociedades humanas (culturas, técnicas, instituições e relações sociais) também não compunha a diversidade da consciência humana, os seus conteúdos que são as imagens e as ideias, as atitudes e as intenções. os desejos e os comportamentos normalizados.

É nos genes e nas suas combinações necessárias ou ocasionais (acidentais?) que traduziremos o código da constituição do género humano e do indivíduo singular. Não é por meio de rituais religiosos por mais culturais e respeitáveis como tal, que sejam.

Como sempre se repetirá somos "pó das estrelas". Somos carbono e oxigénio e água. Somos organismos que vieram do mais mineral para o mais orgânico. 

Só progredimos com a medicina, a genética, a química, a antropologia e a história. Só progredimos para o bem e para o mal com a técnica, que é obra humana, produto da razão, instrumento que prolonga a mão humana. 

Com as artes poéticas, plásticas, musicais, e com as morais, imaginamos, exprimimos, declaramos, comunicamos. Sem as artes não existiríamos como género humano. Somos também religiões, místicas, superstições, somos também irracionais e bárbaros. Somos a contradição entre a natureza e a sociedade, entre o sistema límbico e a neocórtex, entre o inconsciente e o consciente, o sono e a vigília.

Devemos explicá-la, devemos melhorar o positivo e diminuir o negativo, mas as contradições são insanáveis entre o que quer de nós a natureza e o que nós queremos dela. Harmonia absoluta impossível. Assim também a harmonia absoluta entre o indivíduo singular e o género é impossível. O indivíduo é um produto social e histórico. Portanto, transforma-se. O que sabemos de verdadeiro sobre essas mudanças provam a tese.

O que é sanável, pelo menos até ao possível, é a desigualdade social entre os seres humanos . E também é dela que nos comunicam à sua maneira as artes e as religiões. 

Todavia, não é somente um combate de ideias, é um combate material e com ideias.

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