O post sobre Espinosa justifica-se neste blog. Primeiro, porque dedico particular atenção à filosofia; segundo, porque Espinosa é o filósofo que mais amo, o maior e melhor de todos na minha opinião, que nenhum grande pensador ignorou (desde Hegel a Deleuze, passando por Einstein); terceiro, porque o livro de José saramago, CAIM, vem destapar velhas querelas que deviam ser sempre novas. O último livro de Saramago é para mim dos melhores, se não for o melhor de todos, pela sua concisão, rigor filosófico, estrutura narrativa empolgante. Confirma a sua posição insuperável de o melhor romancista português de todos os tempos e o maior actualmente do mundo. O seu estilo inimitável, único e pioneiro, expressa temas clássicos que há muito tempo não viamos ser tratados. Saramago é escritor e é filósofo, porque o filosofar não é alheio à boa literatura, pode ser mesmo esta uma das suas formas de se exprimir. A grande literatura trouxe-nos sempre profundas reflexões sobre os temas que interessam à filosofia, desde a ética e a política à religião.
Espinosa inaugurou o moderno método de crítica aos textos bíblicos. Somente séculos depois outros métodos, especialmente científicos, como a arqueologia e outros ramos da História, a antropologia cultural, etc., têm vindo a explicar muito do que na Bíblia era considerado inquestionável e verdadeiro. De resto, lembremos que a Igreja ensinou e obrigou a acreditar-se que era o sol que rodava à volta da Terra, baseando-se em histórias bíblicas, tal como obrigava ( e ainda obriga em certos países) a acreditar que Adão e Eva existiram, criados por Deus, apesar de Darwin. Ter fé é uma coisa, negar a evidência é outra coisa bem diferente. Dificilmente encontrariamos uma prova mais irrefutável da estupidez do que a proibição do uso do preservativo.
Contudo, fulgura (e fulmina) no romance de saramago outra questão candente, que Espinosa tratou no século dezassete: a natureza de Deus, isto é, do Deus da Bíblia (o Deus verdadeiro para três religiões). E leva-nos a reflectir, indirectamente, sobre o Alcorão, ou seja, sobre a natureza de Maomé. O Antigo Testamento é um livro repleto de crueldades, sectarismo violento, sanguinário, e rígida obediência. E o Alcorão? E a epopeia sanguinária das Igrejas Reformadas, de Lutero, Calvino, Mórmons, etc.? Ceramente que há bons conselhos na Bíblia e no Alcorão, sobretudo no Novo Testamento, e, por via deles, actos de nobreza moral praticados por crentes, em todas as religiões. São esses bons crentes que devem separar o trigo do joio.
2 comentários:
J.A.,
Uma leitura para reflectir, sem dúvida. E lendo se aprende a separar as águas.
Dúvidas, mantenho-as, mas algum dia terei certezas?
E com textos como este, fico mais rica, porque mais esclarecida.
Um abraço
ps:o teu blog está muito bonito, a a fotografia é belissima, parabéns!
Olá, Zé, boa noite! Por hoje, faço apenas um rápido tour pela sua página, que é muito boa, estou aprendendo alguma coisa para melhorar o meu blog http://badebugigangas.blogspot.com/Voltarei com mais tempo.
Abraços!...
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