O último candidato à presidência da República, personalidade que respeito enquanto fundador e rosto da AMI, apresenta-se como cidadão «livre» e «independente». Por exclusão tal significa que quem for membro de um partido político não é livre. «Independente» porque não se é membro de um partido, percebe-se, embora se questione a correcção de tal classificativo; que um cidadão deixa de ser livre quando ingressa por convicção filosófica num partido político, tal conclusão é insultuosa, discriminatória e, bem vistas as coisas, anti-democrática. As democracias definiram-se desde as origens como aqueles regimes políticos que permitiam a existência de partidos políticos, expressão e agremiação dos cidadãos, direito e liberdade básica. As ditaduras definem-se precisamente com aqueles regimes que não os permitem, perseguem e reprimem. Desde Rousseau que sabemos que um cidadão é tanto mais livre quanto pertencer a uma associação de homens livres. Se existem partidos políticos onde as «bases» são manipuladas pelas «cúpulas» esse é um problema diferente (nem sequer se dá razão a quem, sem provas, afirmar que esses filiados não são livres por via dessa dependência consentida). No mesmo discurso de apresentação o candidato opõe-se aos «políticos». Eis outra ideia que ecoa nos ouvidos como populismo, o que acentua uma visão autoritária. Tudo isto é feio. Mais feio será se o dito candidato, afinal, for realmente um «catavento» que apoiou no passado todos os partidos, cada um per si, desde o PS ao CDS, ou seja, na minha opinião, do centro-direita. E mais feio ainda se ele servir na verdade os desígnios do político e partidário Mário Soares.
Respeito a AMI. Já não respeito o seu presidente. Uma é humanitária e humanista, o outro dispenso-me de classificar.
5 comentários:
Amém!
Partilho o teu ponto de vista. Esta candidatura, que podia ser uma lufada de ar novo, já se envolveu em relhos chavões que lhe retiram eventuais potencialidades positivas...
Zé,
Como sabes, subscrevo cada palavra!
E com muita pena, acredita.
O que faz correr este homem?
Um abraço
Uma pequena investigação na net deu para perceber. Fernando Nobre é Presidente da Assembleia Geral do Instituto Democracia Portuguesa, da qual é Presidente de Honra ... D. Duarte de Bragança!
este Instituto é assumidamente monárquico, como se pode ver, por exemplo, no currículo do Presidente da Direcção, Prof. Mendo castro Henriques. Basta i ao site deste Instituto.
Golpe de mestre! Apresentar como candidato a Presidente da República um militante monárquico.
Com a intenção de provocar, mais tarde, a chamada "dupla revisão constitucional"?
Tudo isto em nome da transparência...
Bom trabalho Moedas! Esta gente é como certas mulheres: escondem para se ver melhor.
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