Lisboa, 24 de Janeiro de 2011
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A 2 de Agosto de 1990 o Iraque invade o Kuwait, alegando roubo de
petróleo num campo petrolífero fronteiriço e razões territoriais históricas.
Desta intenção os EUA tinham conhecimento prévio e dado acordo tácito
através da embaixadora April Glaspie.
A invasão foi imediatamente condenada pelos governos e forças
políticas de todo o mundo. O Conselho de Segurança (C.S.) da ONU
adoptou, no próprio dia, uma Resolução, a 660, condenando o Iraque e
exigindo a reposição da legalidade internacional.
Invocando esta situação os EUA enviam forças armadas para a Arábia
Saudita a 9 de Agosto e insistem para que o C.S. da ONU dê cobertura à
intervenção armada, o que se vem a verificar a 29 de Novembro, dando
até 15 de Janeiro para o Iraque sair do Kuwait.
Entretanto a URSS, China e França insistem numa solução pacífica, o
que é ignorado pelos EUA e Inglaterra que notoriamente já optaram pela
resolução bélica.
3 horas da madrugada do dia 17 de Janeiro de 1991.
Um devastador ataque aéreo iniciou a operação “Tempestade no
Deserto”. Milhares de toneladas de bombas e mísseis, de tecnologia
“estreada” nesta guerra, foram lançadas por centenas de aviões e
dezenas de vasos de guerra norte-americanos e ingleses durante 40 dias.
A 24 de Janeiro começou a operação terrestre com cerca de 500 mil
soldados, dos quais 450 mil eram norte-americanos, muito embora a
“coalizão” fosse formada por 29 países e apoiada pela NATO.
No dia 26 as tropas iraquianas, já em retirada, são massacradas pela
aviação da “coalizão” na que ficou conhecida como a “estrada da
morte”, numa acção sem utilidade militar que só pode ser entendida
como um castigo e um aviso a outros.
Dois dias depois, a 28, o Presidente dos EUA, Bush pai, ordena a
suspensão das hostilidades.
O conflito custou a “coalizão” 65 biliões de dólares e um milhar de
mortes. O Iraque ficou destruído: com as redes sanitária, de distribuição
de água e eléctrica seriamente danificadas, com a industria petrolífera
semi destruída e paralisada, e teve um número calculado de 200 mil
mortes entre soldados e civis. E mais grave ainda sofreu um embargo,
imposto pela ONU, que juntamente com os efeitos do urânio
empobrecido, utilizado nas munições da “coalizão”, veio a arruinar a
saúde das populações, com efeitos que perduram até hoje, e que já
causou um número estimado de 2milhões de mortes.
6 de Março de 1991, G. Bush faz as seguintes afirmações no discurso da
vitória:
“…Agora, podemos ver um novo mundo chegando à vista. Um mundo
em que existe a possibilidade muito real de uma nova ordem mundial.
A vitória sobre o Iraque não foi conduzida como uma "guerra para
terminar todas as guerras." Mesmo a nova ordem mundial não pode
garantir uma era de paz perpétua. Mas uma paz duradoura deve ser a
nossa missão…”
Anteriormente o Secretário de Estado, Dick Cheeney, afirmara:
“…Ganhando o mais rapidamente possível a guerra, a América aparecerá
mais forte aos olhos do mundo inteiro. E terá provado que tem os
recursos para instaurar uma nova ordem mundial».
«Pensamos que os EUA têm exigências duráveis. Devemos manter a
nossa capacidade em controlar os oceanos do mundo, cumprir os
nossos compromissos na Europa e no Pacífico, ser capazes de
desdobrar forças, seja na Ásia do Sudoeste ou no Panamá, para fazer
face aos imprevistos, a fim de defender as vidas e os interesses
americanos».
Fora decretada e instaurada “a nova ordem mundial”.
Os EUA arrogavam-se o direito de serem policias do mundo e que a
defesa dos “interesses americanos” seria o centro da legalidade.
A “nova ordem mundial” foi o nome dado às pretensões hegemónicas do
imperialismo norte-americano. Reflectia a intenção de domínio e
aproveitamento das riquezas naturais mundiais e controlo de zonas
estratégicas que garantissem esse domínio e impedissem o
aparecimento de potências concorrentes.
A lista de atropelos ao Direito Internacional e de crimes cometidos pelas
administrações norte americanos nestes últimos vinte anos é longa.
Destacamos: 1991/2003- zonas de interdição aérea no Iraque, 1992 –
Somália, 1993 – Iraque, 2000 – Colombia, 2001 – Afeganistão, 2002 –
Prisão de Guantanamo, 2003 – Iraque, 2004 – “Voos da CIA”. A esta lista
deve-se juntar o alastramento de bases militares por todo o globo, a
dispersão de esquadras navais por todos os mares, a cumplicidade em
golpes contra governos que não lhes sejam favoráveis, como Venezuela
e Honduras, a cumplicidade com governos criminosos como os de Israel,
as ameaças e provocações a Estados – Irão e Coreia.
20 anos depois, a “nova ordem mundial” trouxe mortes, mais
insegurança e mais perigo para a humanidade. A situação no Médio
Oriente piorou e é, neste momento, um potencial foco para uma guerra
mundial.
O imperialismo usa a força para dominar. Criar condições para a paz,
segurança e progresso da humanidade depende da luta dos povos e dos
movimentos pela paz na defesa do direito internacional e no
cumprimento da Carta das Nações Unidas
A conquista de um mundo de justiça e paz depende de todos nós.
Lisboa, 24 de Janeiro de 2011
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