Pelo Socialismo
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Publicado em 2014/06/13, em: http://www.cppc.pt/dossiers/temas/militarismo-e-guerra/696-ucrania-nao-aguerra-
e-ao-fascismo-pela-paz-e-a-democracia
Colocado em linha em: 2014/06/20
Ucrânia - Não à guerra e ao fascismo!
Pela paz e a democracia!
Comité Português para a Paz e a Cooperação (CPPC)
O Conselho Português para a Paz e a Cooperação manifesta a sua extrema
preocupação com a escalada militar e o autêntico massacre que as forças armadas
ucranianas e grupos paramilitares nazifascistas ao serviço das autoridades golpistas
de Kiev estão a levar a cabo no Leste da Ucrânia, nomeadamente em Donetsk e
Lugansk.
Centenas de ucranianos foram já mortos e muitos procuraram já refúgio,
designadamente na Federação Russa, como consequência das incursões militares e
dos bombardeamentos, sem que a chamada «comunidade internacional» os
denuncie, condene e faça algo para os impedir. Pelo contrário, a junta golpista de
Kiev conta – também nos seus hediondos crimes – com o beneplácito e o apoio
explícito dos EUA, da NATO e da União Europeia.
Estes cruéis bombardeamentos são o corolário trágico de um golpe de Estado que
colocou no poder em Kiev os grandes oligarcas em aliança com tenebrosas forças que
se reivindicam do fascismo e do nazismo – que funcionaram e funcionam como
«tropa de choque» de poderosos interesses internos e externos.
Desde o primeiro momento, as forças golpistas não tardaram em pôr em causa, na
Ucrânia, as mais elementares liberdades democráticas e direitos das populações de
língua russa, largamente maioritárias no Sul e Leste da Ucrânia, assim como a acção
das organizações políticas e populares que lhe resistem, nomeadamente através da
intimidação, da agressão e da ameaça de ilegalização da sua actividade.
* * *
As recentes «eleições presidenciais», que deram a vitória a Petro Porochenko, foram
de facto tudo menos democráticas. Não só os eleitores de uma parte importante do
país as rejeitaram, como não estiveram reunidas as condições mínimas para um
escrutínio legítimo. Vários foram, aliás, os candidatos opositores do golpe que
acabaram por retirar as suas candidaturas depois de terem sido objectivamente
impedidos de fazer campanha livremente, sendo que alguns foram mesmo alvo de
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espancamentos e atentados por parte dos grupos nazifascistas que sustentam a junta
de Kiev.
O apoio à junta golpista por parte dos principais oligarcas do país – entre os quais o
recém-«eleito» Petro Porochenko, um dos homens mais ricos da Ucrânia –, deita por
terra um dos argumentos centrais dos autores do golpe, isto é, que este correspondia
aos legítimos anseios do povo ucraniano de pôr fim à corrupção e poder dos oligarcas.
O objectivo desta brutal ofensiva contra as populações do Donbas visa esmagar toda e
qualquer resistência ao golpe, procurando estender o domínio dos golpistas de Kiev a
toda a Ucrânia.
A proclamação das Repúblicas Populares de Lugansk e Donetsk (independentemente
do juízo que cada um faça destes acontecimentos) foi, essencialmente, uma expressão
de resistência popular perante a explícita declaração de guerra da junta fascista de
Kiev contra as populações ucranianas de língua russa, maioritárias no Leste da
Ucrânia. Recorde-se que uma das primeiras medidas assumidas após o golpe foi
precisamente a proibição da língua russa – falada, há que lembrar, por uma grande
parte dos ucranianos.
A natureza fascista do novo poder de Kiev – apoiado, nunca é demais repetir, pelas
principais potências ocidentais – fica clara na sua própria composição, integrando
forças assumidamente fascistas e neonazis, como o partido Svoboda (Liberdade) –
até há pouco tempo denominado «Partido Nacional Socialista» –, e o Sector de
Direita – organização paramilitar responsável por espancamentos, torturas e
assassinatos, que se encontra actualmente a ser integrada na nova Guarda Nacional
ucraniana. O massacre de Odessa, em que perto de uma centena de pessoas foram
assassinadas – queimadas, espancadas ou executadas – na Casa dos Sindicatos
daquela cidade, onde se encontravam refugiados activistas anti-golpistas, é um dos
mais brutais crimes perpetrados na Ucrânia, com uma clara marca nazifascista.
Saliente-se ainda que são as forças que levaram a cabo o golpe, instigadas e apoiadas
pelos EUA, a NATO e a UE, que, igualmente, são as primeiras responsáveis pela
afirmação de auto-determinação da população da Crimeia e sua reintegração na
Federação Russa.
* * *
O CPPC alerta para a ingerência dos EUA, da NATO e da UE que, manipulando reais
e justos sentimentos de revolta do povo ucraniano para com o governo deposto de
Ianukovitch – que se insere no processo de súbito empobrecimento do povo e longa
pilhagem do país desde o desaparecimento da União Soviética, no início dos anos 90
do século passado – para colocar no poder forças leais e empenhadas em servir a
perigosa agenda provocadora e aventureira dos Estados Unidos da América e da
NATO de crescente tensão e confrontação com a Federação Russa.
Para se entender o problema ucraniano há que o inserir no cerco à Federação Russa
há muito levado a cabo pelos EUA e patente: no alargamento da NATO para o Leste
da Europa, no verdadeiro «anel de fogo» que representam as inúmeras bases
militares instaladas na Europa e na Ásia Central; na destabilização da Geórgia ou na
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promoção e apoio às múltiplas «revoluções coloridas» protagonizadas em muitos dos
países vizinhos; e no projecto do (mal) chamado «escudo anti-míssil» que se
apresenta como pretenso dispositivo defensivo dos EUA, mas que de facto visa
ameaçar a paridade nuclear dissuasora, agravando o risco de desenlace de holocausto
nuclear.
O CPPC alerta ainda para a verdadeira «guerra mediática» em torno da situação na
Ucrânia, repetida e amplificada pelos poderosos meios de comunicação à disposição
das grandes potências ocidentais, que promoveram o golpe de Fevereiro e apoiam o
novo poder oligárquico e fascista e os sucessivos massacres por ele praticados.
Campanha mediática com a qual se pretende apresentar o governo golpista de Kiev
como «democrático» e «legítimo» (quando na verdade este é integrado por forças
neonazis e fascistas e chegou ao poder através de um golpe de Estado preparado e
financiado a partir do exterior, nomeadamente pelos EUA e a UE) e as populações do
Leste da Ucrânia como «terroristas» e «separatistas pró-russas» e não, como seria
correcto, antifascistas.
O CPPC apela de todos os que defendem a paz, a democracia, o progresso e a justiça
social, para que, neste momento difícil, se solidarizem com o povo ucraniano para
travar o passo ao fascismo e àqueles que manobram com as suas justas aspirações
para cumprir agendas económicas e geo-estratégicas com consequências perigosas e
imprevisíveis para a paz e a estabilidade na Europa.
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