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sábado, 13 de maio de 2017

Ainda dos milagres

Alguns tópicos:

1. A remissão pelo sangue- prática ancestral, provavelmente no paleolítico. Relação directa com a guerra. Relação com o parentesco (consanguinidade). Sacrifícios reais de animais- sacrifícios de seres humanos, para apaziguar os deuses, as forças naturais (os animais totémicos); para unir o grupo. Comer da carne do herói vencido, beber o sangue. Dar a vida pelos outros, isto é, pela crença altruísta: supremo sacrifício, suprema dádiva. Segredo da força do cristianismo, mas não do judaísmo, do islamismo, do budismo. Porquê nuns e não nos outros?
2. A virgindade- relação directa com o patriarcado. Necessidade de conhecer os filhos para efeitos das heranças e partilhas. Repressão da sexualidade feminina. Proibição da promiscuidade e do adultério (punível este pela morte). Associar a virgindade à pureza e à bondade (virtudes femininas), acrescentar o atributo de mãe, e o efeito fica reforçado, atrai o público feminino, o instinto maternal. O culto é antiquíssimo. O progresso dos costumes não o debilitou. Adoração da Mulher-Deusa: manifestação "rebelde" das mulheres contra o patriarcado, ou simples face da mesma moeda? A Mulher-Deusa raramente é deusa da guerra; quase sempre deusa da paz (para contrabalançar a natureza guerreira. severa, do Deus-Pai?).
3. Constatar a diferença completa entre a narrativa do Antigo (ou Velho) Testamento e a do Novo. No primeiro o judaísmo apoia o seu nacionalismo ou cimento de unidade e da diferença (superioridade). No segundo o cristianismo apoia os seus fundamentos religiosos-éticos, o que lhe permitiu ser mais abstracto e, por isso, mais universal (sem que o seja de facto). Começou por ser força unificadora, identitária e protestária dos pobres, escravos, excluídos da riqueza e do poder do império romano mas nele incluídos (os "bárbaros" possuíam as suas próprias religiões). Veio a suceder depois ao império ( a conservá-lo a Oriente). 
4. Não são essas origens que explicam a sua força atractiva nos pobres; é também o seu fausto, os adornos da representação do Poder. Sobrevivência clara das monarquias divinas que remonta aos inícios das civilizações (dos faraós até aos Maias).

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