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sábado, 13 de maio de 2017

O MILAGRE

Não fui a Fátima mas vi o papa. Por dois minutos se tanto. Para meditar sobre o fenómeno das multidões. Sobre as religiões julgo ter já lido o bastante, nunca demais. Sempre me surpreendem. Respeito quem crê em milagres e outras superstições. Vêm do fundo dos tempos e são resistentes a todas as provas. Nada demove alguém que foi possuído pela fé, essa mistura de medo, esperança e obediência. Não tenho respeito algum por aqueles que a incutem por artes e manhas, e com isso dominam e se governam. Vejo nas religiões características profundamente locais, geográficas, históricas, culturais. Por mais adaptáveis e flexíveis que o sejam não se implantam da mesma maneira em todas as áreas geográficas do planeta. Vejo em cada uma heranças de tempos já completamente ultrapassados: dos império romano e dos barões, numa, do nacionalismo de povo eleito noutra...E resistem. Resistem apesar das guerras fratricidas, das heresias e cisões que pareciam devastadoras, apesar da Modernidade e do Iluminismo, do prestígio do pensamento racional e científico, das tecnologias que impelem os progressos e os negócios deste mundo. Resistem a todos os ventos da história. Porque elas são também parte desses ventos, para o bem e para o mal. 
O medo do sofrimento e da morte é mais forte que a lógica matemática. 
Os instrumentos de dominação são segregados pelos modos de produzir o viver concreto. Pelo lugar que se ocupa e pelo papel social que se desempenha. Da dominação ou da obediência.
As tecnologias não emancipam. Pelo contrário. Por isso vi o papa nas televisões. E compreendo porque a fé daquelas multidões contagiam.

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