1. O covid-19 levou-nos o Luís Sepúlveda. Fiquei muito triste. Há escritores que pertencem à nossa família, embora não pertençam. O Covid-19 não possui inteligência nem valores. É a maldade absoluta pela sobrevivência e replicação exclusivas. A espécie humana possui alguma coisa disto. Talvez do tempo em que não possuía inteligência e valores.
2. A inteligência, isto é, o neocórtex, veio acrescentar maldade à maldade natural. A maldade natural era, é, inocente. O mito de Adão e Eva conta-nos isso. Tanto é responsável pela maldade o neocórtex, como o velho córtex, o sistema límbico. Himmler era a maldade absoluta de uma inteligência refinada; o cabo da Wehrmacht que fuzilou famílias eslavas, semianalfabeto, era o quê?
3. Tomámos consciência de súbito de que somos uma espécie muito mais vulnerável que outras. Temos morrido aos milhões de uma só vez na história do mundo, mas esquecemos. Se estivéssemos sempre lembrados, estaríamos sempre avisados. Mas a história social humana não se rege assim. Nem é a biologia que tudo rege e que tudo explica. A Economia não é um epifenómeno da biologia. Estive a ler a entrevista com o cientista António Damásio, e fiquei a pensar nisto. Isto é, é necessário continuar a investigar e a expor a importância das emoções, como ele tem feito tão bem e tanto. Sem cair na tentação (inconsciente? emocional?) de "biologizar" o Ser Social.
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