A REVOLUÇÃO SOVIÉTICA Das Origens até a Dissolução da URSS: uma Síntese
« (:::) O ápice da crise da URSS e demais países do Leste europeu deu-se ao final da década de 1980. Desde meados da década anterior até pelo menos metade dos anos 1980, a economia capitalista viveu um período de contracção, depois do longo boom
do pós-guerra. Apesar do isolamento e do embargo imposto ao país para produtos de alta tecnologia, na década de 80 a URSS era muito mais dependente do que nas décadas precedentes do mercado mundial, especialmente em alimentos, ração animal e máquinas avançadas. A alta do preço do petróleo a partir de 1973, levando à inflação, gerou um período de grandes oscilações na economia mundial, com depreciação nos preços das matérias primas, flutuações que impactaram severamente as vendas soviéticas para o exterior. Na década de 1980, 90% das exportações soviéticas para o mundo capitalista compunham-se de petróleo, gás, matérias primas e metais preciosos, sendo que petróleo e gás representavam sozinhos aproximadamente dois terços destas. Em função do atraso tecnológico e da baixa qualidade e competitividade de seus produtos manufaturados, portanto não utilizáveis no comércio internacional, a URSS respondeu à queda nos preços aumentando enormemente o volume de suas exportações, característica das economias “subdesenvolvidas”, submetidas à depreciação nas relações de troca no mercado mundial. Em 1986, deu-se novamente um novo desmoronamento nos preços do petróleo no mercado internacional e uma nova contração no comércio mundial. O valor global das exportações soviéticas baixou 8% em 1986 e mais 4% no primeiro semestre de 1987. De acordo com informes oficiais soviéticos, o comércio com os países capitalistas caiu mais, em termos percentuais, do que a queda ocorrida no comércio mundial como um todo. Somente entre 1985 e 1986, as exportações para os países capitalistas retrocederam 19,5% (em dólares), enquanto as importações caíram 23%.
A redução no valor líquido das exportações limitou drasticamente a capacidade de importação, acentuando a escassez de bens de consumo e produtos agrícolas. Por outro lado já não estavam garantidos os recursos necessários à continuidade da importação de máquinas modernas para a renovação do parque produtivo. O aumento das exportações também desviou os recursos energéticos e matérias primas necessários aos novos investimentos na economia interna. Esses dois últimos fatores comprometeram ainda mais a continuidade de um modelo extensivo de crescimento. Além disso, o aumento das exportações de energia não afetava só o parque produtivo, como implicava em restrição ao consumo para a população, aumentando a escassez em um país de invernos rigorosos, onde esses bens são essenciais para aquecimento residencial. Escassez de alimentos, bens de consumo e energia e estagnação do crescimento econômico: eis os ingredientes econômicos explosivos, que estiveram na base da crise que desintegrou a URSS. Dois outros fatores, de caráter exógeno, ligados à contração na economia capitalista, aceleraram ainda mais a crise dos países do leste.(...)»
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