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segunda-feira, 7 de setembro de 2020

OPINIÃO

 As ciências sociais trabalham sobre acontecimentos (ou fenómenos) factuais objetivos e para os quais existem diversas interpretações. Acresce a realidade de que os próprios factos são objeto de alguma interpretação, ou seja, a matéria-prima está desde logo construída subjetivamente de algum modo e com algum grau. São necessários dispositivos já há muito tempo testados para garantir conclusões que confirmam ou não as hipóteses de trabalho. Nada disto tem sido "estrada real", muitos são os erros, muita é a ideologia envolvida que enviesa os resultados. Tanto assim que a historiografia é pasto para tratados de História (nacional ou mundial) completamente díspares. 

A realização de um grande acontecimento nacional de cunho político e cultural - A Festa do Avante!- foi pretexto para uma violenta, prolongada e metódica ofensiva política e ideológica contra um partido democrático. Com a grandeza em todos os aspetos desta Festa não se realiza outra na Europa. Digo: com estas caraterísticas culturais diversificadas também não. 

Dir-se-á: foi o "terror" da pandemia...Este argumento só em parte é válido, na medida em que todos os anos determinados órgãos noticiosos constroem factos políticos sobre o contra o PCP, nas vésperas e durante a Festa. Claro que este ano a pandemia serviu a mensagem. Ao que parece, serviu bem. Por mais valorosa que foi a resistência do PCP, as mossas foram evidentes. As estações de televisão constroem os factos, os juízos e as emoções. O "4º Poder" das democracias burguesas é realmente eficaz; sem ele a burguesia já teria sofrido golpes profundos em muitos lugares do Ocidente e o mundo não seria o mesmo.

Ora, é ao estado do mundo que eu queria chegar. Para destacar a enorme responsabilidade dos jornalistas e dos órgãos para os quais trabalham (sejam "pivots" dos "jornais noticiosos", sejam correspondentes no estrangeiro, repórteres de rua ou das guerras e catástrofes) no recrudescimento de uma mentalidade fascista que tende a alastrar e já se mostra violenta. Jogando o jogo da via eleitoral, utilizando todas as liberdades politicas e formais, vai preparando o assalto. 

Enfraquecendo o PCP, o caminho pode vir a ser em linha recta. 

  Todos os jornalistas agem para este fim consciente e voluntariamente? Claro que não. Porém, isso não importa absolutamente. A História é quase só feita inconscientemente.

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