Ao mesmo tempo que Marx é reabilitado nas boas academias como genial e actual teórico da Economia, lemos, vinda de sectores social-democratas, a afirmação de que o marxismo, nomeadamente o marxismo-leninismo e o marxismo-leninismo na sua expressão partidária (o marxismo-leninismo não poderia, de resto, ter outra expressão que não fosse, por definição. um partido político comunista ), estaria irremediavelmente moribundo, em declínio mortal (como alguns escrevem). Não vale a pena referir (ainda que se auto intitule Partido Social-Democrata, PSD) a reiterada hostilidade assassina da Direita, velha de duzentos anos. É verdade que a social-democracia, de modo geral mas não universal e constante, hostilizou o leninismo e foi abandonando o marxismo. Porém, há nas fileiras da social-democracia (do Partido Socialista português ou do PSOE) genuínos social-democratas que, firmando-se nas medidas socializantes de um Estado Social (real ou imaginário), não hostilizam, bem pelo contrário, gostam ou gostariam de contar com possíveis e até desejáveis aliados à sua esquerda. É com esses que vale a pena firmar acordos, ou, pelo menos, proceder a aproximações no terreno das acções. Os outros, os que hostilizam e desejam a morte definitiva de uma alternativa ao capitalismo, de uma filosofia e de uma determinada doutrina política, posicionam-se à Direita. Uma Direita, contudo, não conservadora, mas reaccionária. Isto é, antidemocrática, anti pluralismo.
Os PCs que morreram, suicidaram-se. É diferente.
Passaram-se cem anos desde as primeiras grandes crises dos partidos socialistas ou social-democratas (nos quais se incluíam os comunistas que vieram a separar-se em organizações distintas). O século viria a ser uma nova época na humanidade, composta de revoluções sociais que mudaram o mundo. Em determinadas circunstâncias e em determinados lugares do planeta a social-democracia aliou-se aos comunistas ou vice-versa, originando Estados democráticos que realizaram amplas reformas, mais ou menos profundas, duradoiras umas vezes, esmagadas por contra revoluções, outras vezes.
Os acontecimentos também são regidos pelo acaso (aleatoriedade, escreveu Althusser). Mas sempre neles está a mão humana, senão na sua origem, pelo menos na sua conclusão.
Os tempos estão muito difíceis. A Esquerda, por definição do termo, não deseja que as crises se solucionem à custa das classes trabalhadoras e médias. Foi por isso que se constituíram Estados Sociais na Europa no pós-guerra.
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