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sexta-feira, 30 de outubro de 2020

QUESTÕES

     Lemos a profusa e valiosa literatura política que nos vai chegando à Europa vinda dos países latino americanos e não nos sentimos tentados a aplicar as mesmas análises e soluções. Na América Latina os marxistas companheiros - diferentes uns dos outros tal como aqui no continente europeu- também evitarão importar esquemas que não são feitos para as suas medidas (não temos aqui maiorias indígenas como acontece na Bolívia). A Filosofia, a filosofia política, na abstracção necessária com que formula as suas categorias, induz por vezes a cometer-se esse erro (sabemos isso desde a chamada "revolução cultural" maoísta). Nas Américas o império norte-americano - ianque- intervém sem intermediações se necessário e os golpes contra-revolucionários, mais ou menos fascistas, são conta corrente (a estratégia actual é vencer nas urnas através de todos os meios ou, para derrubar governos eleitos mobilizar manifestações "espontâneas" e "populares"); na Europa o imperialismo das potências actua através da União Europeia com instituições aparentemente democráticas ou, algumas, até democráticas. Porém, não disfarçam completamente a pulsão autoritária como se verificou na repressão das manifestações populares em França. É claro que em alguns países europeus não é só pulsão ou tentação, é descaradamente neonazismo (Polónia, Hungria, Ucrânia). Porém estes casos não é previsível que sucedam a curto prazo nos mesmos moldes em outros países do centro europeu. 

A questão que se nos coloca é esta: as diferenças, as circunstâncias, são diferentes entre estes dois continentes, tal como são diferentes nos países das Américas e nos países europeus, isso é evidente e é sempre de tomar em conta nas nossas análises de onde decorrem as tácticas. Contudo. há visivelmente algo que começa a ligar todos os países destes dois continentes. E esse algo é a predisposição do grande capital financeiro recorrer a formas mais ou menos abertas de repressão contra o povo. De acrescida coerção autoritária sobre as classes e camadas de assalariados quer protestem, quer não. É isso com que temos de travar combate. De forjar e adequar as nossas tácticas nessa "guerra de posições". Não é a social-democracia que é o inimigo principal, nem nos convém de todo a fórmula "classe contra classe".

AS formas estatais autoritárias continuarão a apresentar-se como justificadas pelo terrorismo do fundamentalismo islâmico (vindo, como está suceder, de refugiados ou imigrantes, torna a situação muito complexa) e a opinião pública aceitá-las-á facilmente, porque a segurança pesou sempre muito mais que a liberdade, ou o medo se preferirmos a expressão.

O fascismo na Europa pode vencer em eleições democráticas, bem mais democráticas que as do Brasil. Basta que não se apresente com programas autoritários contra os "europeus brancos", sim contra refugiados e europeus de cor. O racismo é a ponta de lança e ele está disseminado nos eleitores de Portugal. E isso é nazismo. 

Formemos barreiras. Alianças e acordos. Unidade para acções comuns contra um inimigo comum que está a aproximar-se das muralhas da cidade. Já cá entrou, digo eu. Pode ser o nosso vizinho do andar de baixo, da pequena oficina onde arranjam o nosso carro, do condutor do táxi que gosta de falar connosco sobre futebóis, pode ser o administrador e accionista do Banco onde nos depositam o ordenado ou a pensão, o dono de uma grande cadeia de supermercados, aquela onde nos fornecemos, pode ser aquele orador.comentador.político demagogo que as estações de televisão acarinharam...

  O grande capital não é democrático e o Estado Social é um incómodo.

  A pandemia é um pretexto. Afasta as empresas mais fracas. E dá razões para esmagar os protestos. Em nome da Economia.

E a opinião pública?

É cada vez mais publicada. 

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