Translate

terça-feira, 1 de outubro de 2024

avisos à navegação

 CULTURA e PRÁXIS


     Nunca se analisa apenas a cultura de uma época ou período histórico determinado. Quando se faz , faz-se mal. Não se compreende nada, nem do objeto cultural, nem da época, nem do autor singular ou coletivo.

  A cultura não está nunca desvinculada da práxis, da vida material. Nem da organização económica estrutural ou conjuntural, nem da política. Quer o autor, ou autores, queiram, ou não. Podemos criticar o capitalismo nas áreas das suas formas culturais, independentemente de referirmos a política. Esta está lá, por baixo ou nos interstícios.

Todo o bom líder revolucionário foi culto. Todo o militante inculto e que despreza a cultura  é um mero executante normalmente obediente acéfalo e sempre sectário e dogmático.

PARÁGRAFOS

 PARÁGRAFOS

I. Cada fase do desenvolvimento do modo de produção capitalista tem , ou deve ter, o seu próprio marxismo.. o corpo de ideias mais relevante da Idade Contemporânea.
II. Cada fase do capitalismo tem a sua própria ideologia cultural. Daí a necessidade de análises críticas a essas formas culturais, tendo como referência o marxismo cujo método dilético distingue o impulso subversivo dos conteúdos que alienam o ser humano da sua mesma humanidade. Conserva da crítica o que deve conservar e supera o que deve promover.
III. Na atual fase conjuntural do capitalismo predominam as distopias, que são o contrário das utopias. Como cada fase do capitalismo tem as suas próprias formas de cultura, o "capitalismo tardio", isto é, em declínio relativo, exprime a sua desorientação e descrença no futuro.
IV. O cinema, as séries, os jogos e as realidades virtuais, expressam o que "sentem" os criadores e as massas : o medo, a frustração, o fatalismo, o negativismo, o individualismo egoísta de "salve-se quem puder". A desumanidade substitui a humanidade.
V. A cultura na atual fase do capitalismo organicamente em crise sem solução que não seja apenas conjuntural, serve-se das utopias redentoras da Humanidade, seculares ou mesmo milenares, para manipular e injetar nas massas o desejo de consumo de mercadorias. Tudo se converte em mercadorias. Os espetáculos de massas, os artistas super mediáticos de alcance planetário, são manipulados e manipulam. Ao lado da grande qualidade artística capaz de subverter ou transformar sentimentos e ideias, proliferam com grande êxito as "estrelas" apenas superficiais.

VI. Não temos acesso empírico (ou "direto") às coisas. Primeiramente por causa das mediações sensoriais da espécie humana ; segundo, por causa das mediações culturais (representações mentais) que fomos introjetando desde a infância. É neste sentido que a "teoria do reflexo" deve ser compreendida (nem sequer o "naturalismo" na pintura ou o "realismo" na fotografia copia ou reflete mecanicamente). Se não compreendermos esse pano de fundo representacional, valores morais, critérios de análise e julgamento o mais das vezes pré-conceptuais ou mesmo anti conceptuais, não compreendemos nada dos comportamentos políticos dos indivíduos singulares e dos grupos sociais (classes e estamentos). Ou "compreendemos" dentro dos nossos próprios preconceitos e dogmatismos.

VII. Não se deve inferir que estas afirmações exprimem as teses do Idealismo (filosófico). o Idealismo afirma que o Objeto é uma criação do Sujeito, ou nega a possibilidade de um conhecimento objetivo do Objeto independente da nossa mente.

VIII, Consequentemente, há sempre de nós para os outros um "ponto de vista". Normalmente é preconceituoso (pré-juízo, dizem os castelhanos). Não significa que não se realizem "pensamentos", atividade mental para tentar explicar a si mesmo e aos outros o que se experimenta na vida material e social. Significa que se ajusta o que vê ao que se sabe.

VIX. Contar histórias é próprio da espécie humana como atividade cultural, linguística, social, desde os primórdios. A literatura é a sua continuação. Nas histórias contadas ou ficcionadas nos tempos antigos subsistiam os mitos, os quais eram respeitados e transmitidos com mais ou menos alterações. Era isso a cultura. Nos tempos modernos e contemporâneos a literatura conta uma história relacionada - condicionada - pelo presente, pela vida do narrador. Em ambos os casos, ou épocas, mitos ou romances literários, exprime-se, consciente ou inconscientemente, voluntaria ou involuntariamente, os modos como se vive em determinada sociedade presente. 

 

Viagem à Polónia

Viagem à Polónia
Auschwitz: nele pereceram 4 milhôes de judeus. Depois dos nazis os genocídios continuaram por outras formas.

Viagem à Polónia

Viagem à Polónia
Auschwitz, Campo de extermínio. Memória do Mal Absoluto.