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terça-feira, 8 de outubro de 2024

A Esquerda deve ser patriótica

 «(...) Antonio Gramsci desenvolveu o conceito de nazionale-popolare para indicar o que é nacional e popular. Inicialmente, ele o relacionou especificamente a produções culturais: obras literárias ou artísticas que expressam as características distintivas da cultura nacional e são reconhecidas como representativas pelas classes populares. Hoje usamos o termo “nacional-popular” em um sentido mais geral para nos referirmos a todos aqueles traços culturais, estéticos, comportamentais e habituais difundidos entre as pessoas comuns de um determinado país. No entanto, o conceito nos escritos de Gramsci também vai além de sua dimensão cultural e diz respeito à identificação das massas populares com um projeto nacional comum. Para Gramsci, a luta revolucionária não deve cair no “cosmopolitismo e antipatriotismo mais superficiais”. Em vez disso, deve forjar um vínculo sentimental com o “povo-nação”. Gramsci acreditava que todo movimento revolucionário que se esforça para governar deve incorporar e se identificar com o próprio país, e esse princípio também deve ser aplicado à classe trabalhadora em sua luta hegemônica contra a burguesia. Essa reflexão não surgiu no vácuo; já estava esboçado no Manifesto Comunista de 1848, quando Marx e Engels escreveram que o proletariado, para alcançar a vitória, “deve constituir a si próprio como nação” e é, portanto, “ele próprio nacional, embora não no sentido burguês da palavra”. Pode-se ouvir nessas linhas o eco da Revolução Francesa, com o Terceiro Estado se transformando em nação. Mas há diferentes sentidos de ser nacional. (...)» Jacopo Custodi, A esquerda não pode deixar o patriotismo para a direita, in JACOBINA

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