«(...) Antonio Gramsci desenvolveu o conceito de nazionale-popolare para
indicar o que é nacional e popular. Inicialmente, ele o relacionou
especificamente a produções culturais: obras literárias ou artísticas
que expressam as características distintivas da cultura nacional e são
reconhecidas como representativas pelas classes populares. Hoje usamos o
termo “nacional-popular” em um sentido mais geral para nos referirmos a
todos aqueles traços culturais, estéticos, comportamentais e habituais
difundidos entre as pessoas comuns de um determinado país. No entanto, o
conceito nos escritos de Gramsci também vai além de sua dimensão
cultural e diz respeito à identificação das massas populares com um
projeto nacional comum. Para Gramsci, a luta revolucionária não deve
cair no “cosmopolitismo e antipatriotismo mais superficiais”. Em vez
disso, deve forjar um vínculo sentimental com o “povo-nação”. Gramsci
acreditava que todo movimento revolucionário que se esforça para
governar deve incorporar e se identificar com o próprio país, e esse
princípio também deve ser aplicado à classe trabalhadora em sua luta
hegemônica contra a burguesia. Essa reflexão não surgiu no vácuo; já
estava esboçado no Manifesto Comunista de 1848, quando Marx e
Engels escreveram que o proletariado, para alcançar a vitória, “deve
constituir a si próprio como nação” e é, portanto, “ele próprio
nacional, embora não no sentido burguês da palavra”. Pode-se ouvir
nessas linhas o eco da Revolução Francesa, com o Terceiro Estado se
transformando em nação. Mas há diferentes sentidos de ser nacional. (...)» Jacopo Custodi, A esquerda não pode deixar o patriotismo para a direita, in JACOBINA
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terça-feira, 8 de outubro de 2024
A Esquerda deve ser patriótica
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