PCdoB, 94 anos: Ontem, hoje, na luta pela democracia, contra o golpe
Neste 25 de março de 2016, o Partido
Comunista do Brasil (PCdoB) comemora 94 anos de sua fundação conclamando
todas as correntes democráticas e progressistas a combaterem o golpe em
curso no Brasil. Em um ambiente político adverso, a legenda
comunista reafirma a defesa das causas democráticas, patrióticas e
populares. Assim afirma a presidenta nacional do Partido, deputada
Luciana Santos, em mensagem aos comunistas.
Leia a íntegra da mensagem abaixo:
PCdoB, 94 anos: Ontem, hoje, na luta pela democracia, contra o golpe!
A defesa das liberdades democráticas e dos direitos do povo é uma das principais marcas do Partido Comunista do Brasil. Ao completar 94 anos de existência, neste dia 25 de março de 2016, o PCdoB encontra-se, mais uma vez, na linha de frente da resistência e do combate a um golpe que ameaça alvejar a democracia brasileira.
PCdoB, 94 anos: Ontem, hoje, na luta pela democracia, contra o golpe!
A defesa das liberdades democráticas e dos direitos do povo é uma das principais marcas do Partido Comunista do Brasil. Ao completar 94 anos de existência, neste dia 25 de março de 2016, o PCdoB encontra-se, mais uma vez, na linha de frente da resistência e do combate a um golpe que ameaça alvejar a democracia brasileira.
O Brasil vive hoje dias que valem por
anos, décadas. O país se encontra polarizado, crivado por uma acirrada
luta política. As forças reacionárias da sociedade e do Estado e a
grande mídia tentam aprovar na Câmara dos Deputados um impeachment
fraudulento, sem nenhum fundamento jurídico, contra a presidenta Dilma
Rousseff, legitimamente eleita.
Um golpe contra o povo e a democracia
está em marcha. É preciso enfrentá-lo, e de batalha em batalha
derrotá-lo. Apesar da adversidade, o PCdoB tem a convicção de que a
união e a luta de amplos setores democráticos, a mobilização do povo,
que crescem e se elevam, poderão sim vencer o golpismo e preservar a
democracia conquistada à custa de muitas lutas e vidas.
A
história de nossa República é toda ela marcada por esse confronto que
hoje se trava no país: Democracia versus ditadura, Estado Democrático de
Direito versus Estado de Exceção, respeito à soberania do povo versus
imposição da vontade e dos interesses das elites.
O PCdoB, ontem e hoje, sempre esteve até
as últimas consequências comprometido com a democracia, base para a
soberania nacional e para a garantia dos direitos do povo e dos
trabalhadores.
PCdoB sempre do lado da democracia
Nos primeiros anos de existência do Partido, durante a República Oligárquica, os comunistas advogaram a anistia e o voto secreto, extensivo às mulheres e aos analfabetos. Lembramos que naquele momento a grande maioria do nosso povo estava excluída do direito democrático de eleger os seus governantes.
Nos primeiros anos de existência do Partido, durante a República Oligárquica, os comunistas advogaram a anistia e o voto secreto, extensivo às mulheres e aos analfabetos. Lembramos que naquele momento a grande maioria do nosso povo estava excluída do direito democrático de eleger os seus governantes.
Nos anos 1930 foram pioneiros em alertar a
nação sobre os perigos representados pelo crescimento do fascismo. Por
isso, participaram com destaque da constituição da Aliança Nacional
Libertadora (ANL), frente antifascista que foi perseguida e banida pelo
governo do presidente Getúlio Vargas.
Em novembro de 1937, um golpe de Estado
instaurou a ditadura do Estado Novo. Os partidos políticos foram
proibidos, o parlamento fechado e a imprensa censurada. Mesmo na
clandestinidade, os comunistas continuaram lutando contra a
fascistização do país. Foram força destacada no processo de mobilização
popular que levou o Brasil a romper relações diplomáticas e declarar
guerra às potências do Eixo nazi-fascista em 1942. Centenas de jovens
comunistas se alistaram na Força Expedicionária (FEB) para combater nos
campos da Itália.
A
derrota da Alemanha hitlerista e de seus aliados – para a qual o Brasil
deu sua contribuição – ajudou a acelerar o fim do Estado Novo. Os
comunistas, as forças democráticas e patrióticas conquistaram a anistia e
a convocação da Assembleia Constituinte que, acreditavam, conduziria o
país no caminho da democracia.
O papel positivo desempenhado pelos
comunistas nos sombrios anos do Estado Novo foi reconhecido por amplas
parcelas do povo, especialmente os trabalhadores. O PC do Brasil obteve
10% dos votos para presidente da República na eleição de 1945, elegendo
um senador e 14 deputados federais. Essa façanha foi obtida com apenas
poucos dias de campanha.
Na Constituinte, foi a bancada que mais
se empenhou em ampliar a democracia e defendeu com vigor a liberdade
sindical e de greve. Novamente defendeu o voto dos analfabetos, que
representava a maioria da população. Apresentou a emenda que garantia a
liberdade religiosa, que beneficiou especialmente os cultos
afro-brasileiros.
O início da Guerra Fria desencadeada pelo
imperialismo acarretou mudanças na situação política. Aumentou a
ofensiva conservadora contra o movimento democrático e popular.
Começaram as provocações das forças reacionárias para isolar e golpear
os comunistas. As manifestações públicas e greves eram reprimidas com
violência insana. Sedes do partido eram invadidas e militantes presos.
Neste
clima de caça às bruxas, em maio de 1947, o Tribunal Superior
Eleitoral, por 3 votos contra 2, decidiu pela cassação do registro do
PCB. Imediatamente suas sedes foram fechadas pela polícia. Alguns meses
depois, em janeiro de 1948, o projeto de cassação dos mandatos foi
aprovado na Câmara dos Deputados. A jovem democracia brasileira recebia
os seus primeiros golpes.
Novamente na clandestinidade – tendo seus
principais dirigentes ameaçados por mandados de prisão –, os comunistas
mantiveram alto as bandeiras da democracia, da soberania nacional e dos
direitos do povo, ameaçadas pelo governo autoritário e entreguista do
general Dutra.
As correntes direitistas continuaram
atuantes, constituindo-se um dos principais fatores de instabilidade
política no Brasil. Inúmeras vezes, através de golpes de mão, elas
buscaram interromper o processo democrático. Lembremos apenas da sórdida
campanha que levou ao suicídio o presidente Getúlio Vargas (1954); as
tentativas de impedir a posse e de derrubar o presidente Juscelino
Kubitscheck (1956-1957); ou de impedir a posse de João Goulart e a
imposição do parlamentarismo (1961). Por fim, o golpe militar de 31 de
março de 1964 que implantou uma nefasta ditadura de 21 anos.
O regime militar perseguiu, exilou,
prendeu, torturou e assassinou seus opositores. O arbítrio enfrentou
obstinada resistência na qual o PC do Brasil jogou importante papel.
O
Partido participou de todas as frentes de luta contra a ditadura
militar: do parlamento, da mobilização do povo à luta armada na região
do Araguaia. Esteve presente ao lado dos estudantes, dos operários e da
intelectualidade progressista nas grandes campanhas pela
liberdade. Levantou bem alto as bandeiras da anistia, da Constituinte e
pelo fim das leis de exceção. Foi um ativo participante da Campanha
pelas Diretas Já!, e contribuiu com todas as suas forças para a vitória
de Tancredo Neves no Colégio Eleitoral, o que permitiu colocar um fim à
ditadura e reconquistar a democracia que temos. Processo, em grande
parte, concluído com a promulgação da Constituição cidadã de 1988.
Nos anos de obscurantismo ditatorial o
PCdoB foi a organização política que mais heróis e mártires deu à causa
da liberdade. Ainda hoje os corpos de mais de 60 militantes assassinados
continuam desaparecidos.
Derrotar o golpe, preservar a democracia
Contudo, desde a reeleição da presidenta Dilma Rousseff, em outubro de 2014, o país vive grave crise política que agora chega ao seu estado crítico. A direita neoliberal não aceitou o resultado das urnas e desencadeou uma escalada reacionária e golpista para derrubar um governo legitimamente eleito.
Contudo, desde a reeleição da presidenta Dilma Rousseff, em outubro de 2014, o país vive grave crise política que agora chega ao seu estado crítico. A direita neoliberal não aceitou o resultado das urnas e desencadeou uma escalada reacionária e golpista para derrubar um governo legitimamente eleito.
O movimento golpista age em conluio com a
grande mídia e setores do aparato jurídico-policial – a serviço da
oposição conservadora e de interesses do imperialismo. Não se intimidam
em colocar o país diante do perigo de grave conturbação social.
Disseminam o ódio, a intolerância entre o povo e incentivam a violência
sectária contra a esquerda. Sedes do PT e do PCdoB são alvos de atos
criminosos de vandalismo. Movimentos sociais e entidades históricas como
a União Nacional dos Estudantes (UNE), também, são agredidos.
A força motriz do atual golpismo é a
“Operação Lava Jato”, comandada pelo juiz Sérgio Moro. São processos
típicos de Estado de exceção, como os vazamentos seletivos de
informações, desvirtuamento dos procedimentos da prisão provisória e da
delação premiada. Chegou-se ao absurdo da ilegal condução coercitiva do
ex-presidente Lula para prestar depoimento e das escutas ilegais
evolvendo a atual presidenta Dilma e seu antecessor, tudo encoberto pelo
falso manto do combate à corrupção.
Ainda que seja plenamente favorável a
todas as iniciativas de combate aos desvios de dinheiro público, os
comunistas do Brasil reafirmam que não se faz justiça afrontando o
Estado Democrático de Direito, conquistado a duras penas pelo povo
brasileiro. Tampouco solapando a soberania nacional e destruindo
empresas essenciais ao projeto de desenvolvimento.
Que não haja dúvidas: além de mutilar a
democracia, o golpe tem por objetivo acabar com as conquistas que o povo
e a Nação obtiveram nos últimos 13 anos. A agenda política e econômica
dos golpistas é um neoliberalismo selvagem de agressão aos direitos dos
trabalhadores e à soberania do país.
Por isso, o PCdoB comemora mais um
aniversário conclamando sua militância e todas as correntes democráticas
e progressistas, mesmo aquelas que têm divergência com o governo, a
combaterem decididamente o golpe em curso e a defenderem a democracia
ameaçada.
Não vai ter golpe! Viva a democracia.
Recife, 24 de março de 2016
Deputada Federal Luciana Santos
Presidenta do Partido Comunista do Brasil – PCdoB
Recife, 24 de março de 2016
Deputada Federal Luciana Santos
Presidenta do Partido Comunista do Brasil – PCdoB
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