Por que razão a Coreia Popular
“ameaça” o Japão e o “mundo”?
Giovani Leninster 29.Sep.17 Outros autores
Nem
com a eleição de Donald Trump, que deveria levar a um maior cuidado com
certo tipo de afirmações e insinuações para evitar o ricochete, os
meios de comunicação “ocidentais” deixaram de dar a imagem de Kim Jong
Um, como um louco ou um imbecil a brincar com armas atómicas.No texto que hoje publicamos não se rebate apenas essa postura irresponsável, também se comprova a falsidade da tese de que a Coreia é uma ameaça à paz mundial, nomeadamente aos seus ‘pacifistas’ vizinhos. O Japão e a Coreia do Sul.
A
República Popular Democrática da Coreia (RPDC) é também conhecida como
Coreia Popular ou segundo a ideologia ocidental pró-imperialista como
Coreia do Norte. Neste artigo buscaremos a chave para uma incógnita que
tem abalado corações por todo o globo: a “ameaça vermelha” advinda da
“Coreia do Norte”. Ontem [18 de setembro], em conferência com o
Embaixador Plenipotenciário da Coreia Popular Kim Chol Hak, foi
levantado o questionamento: por que a “Coreia do Norte” ameaça o Japão e
Coreia do Sul se estes são estados pacíficos, sendo o Japão um Estado
sem exércitos desde 1945? Exatamente a este questionamento traremos
nossas respostas.
Comecemos por uma breve incursão no histórico da formação social Coreana no século XX. A Coreia, em princípio do século passado, era marcada como um estado com predomínio de relações feudais de produção, tendo essa estrutura societária estamental (hierárquica) sido adequada a um processo de colonização tardio promovido pela Inglaterra e Japão. A Coreia torna-se então um Estado semi-colonial de modo análogo ao acontecido na China, de modo que a maior parte de sua população fora submetida à exploração interna e externa, tendo suas condições de sobrevivência duramente dificultadas.
Os processos revolucionários no século XX que tiveram início no leste europeu dando origem à URSS, incentivam fortemente o avanço dos processos revolucionários na Ásia, tendo a China triunfado em sua revolução após quase trinta anos de luta armada contra as frações do capital interno, e os exércitos e agentes do capital imperialista (em especial Inglês, Japonês e Americano). A Coreia seguiu um rumo parecido e, no ano de 1950, com o avanço do processo revolucionário coreano, foi declarada guerra à Coreia pelos agentes do imperialismo americano.
A Guerra que durou de 1950 a 1953 ficou internacionalmente conhecida como Guerra “das Coreias”, porém, um olhar historiográfico e geopolítico atento nos revelará que o processo de Guerra não se deu entre diferentes Coreias, mas sim entre a revolução Coreana liderada por Kim il Sung contra os exércitos imperialistas do Japão Fascista e posteriormente Estados Unidos (Manoel, 2017). Portanto, a ideia de uma guerra entre “as Coreias” é totalmente forjada pela ideologia pró-imperial. A Coreia revolucionária teve parte de seu território ocupado (especialmente o sul), e a região norte, onde a revolução estava melhor estruturada, foi sistematicamente bombardeada e teve a maior parte de suas cidades e infraestruturas destruídas. O real cenário, portanto, foi o sul sendo ocupado e o norte prosseguindo firme, apesar da agressão imperialista.
A ocupação militar dos EUA na parte sul da península coreana perdura até hoje, as instalações militares da “Coreia do Sul” são operacionalizadas por tropas americanas, todos sistemas de defesa e ataque são meticulosamente desenvolvidos e controlados por tropas americanas (sob a escusa de serem da OTAN). O sistema político “democrático” instaurado no Sul garantiu uma suposta democracia, onde o poder político e econômico é dominado pelos Estados Unidos, tendo formado uma colônia de alto grau tecnológico e colossais índices de exploração da classe trabalhadora. É um dos países com maiores índices de suicídio em decorrência do excesso de trabalho, bem como o país com maiores índices de exploração sexual na terceira idade (Segundo a BBC – insuspeita de simpatia à RPDC, assim como as demais fontes jornalíticas que utilizaremos). Ambas exploração sexual e exploração do trabalho são fruto de uma verdadeira ditadura do capital, que destrói direitos trabalhistas e aposentadoria.
Apesar da invasão do Sul e da sangrenta guerra para garantir a independência da Coreia no Norte, a revolução coreana prossegue firme sob a doutrina Juche e inicia a construção do socialismo na via coreana, com um grande enfoque no poder popular, na independência de suas forças produtivas, independência energética e política, porém, seguindo firme no espírito internacionalista. Segundo informações do embaixador Kim Chol Hak [atual Embaixador da Coreia Popular no Brasil], a independência energética deu início às pesquisas nucleares na Coreia Popular, tendo essas sido duramente criticadas e dificultadas desde seu início por pressão dos EUA via ONU. Na década de 1990, a Coreia buscava iniciar suas primeiras plantas de energia termonuclear, porém, após pressão da ONU, decide aceitar um acordo de uma construção de uma hidrelétrica de grande porte, por parte dos EUA via ONU com capitais internacionais. Essa construção deveria ocorrer em dois anos e nunca tomou corpo, tendo levado a Coreia Popular a retomar suas plantas termonucleares.
A necessidade energética foi somada à pressão política, econômica e militar que cercam a RPDC desde a década de 50, sendo assim iniciado um programa de enriquecimento de urânio com fins armamentistas, e propósitos de defesa da soberania nacional. Assim surgia a doutrina nuclear da RPDC.
A Doutrina Nuclear da RPDC
Nos monopólios de mídia ocidentais não passa um dia sem que sejam propagandeadas notícias histéricas a respeito da ameaça nuclear “norte coreana”. Se nos recordarmos da pergunta inicial que tomamos como linha direcional, perceberemos a falsa noção de que a RPDC é uma clara ameaça à paz mundial, em especial aos seus “pacíficos” vizinhos Coreia do Sul e Japão. Busquemos agora entender como se deu a doutrina nuclear da RPDC e qual o papel do Japão, Coreia do Sul e demais agentes imperiais neste processo.
Como previamente exposto, a Doutrina Nuclear da RPDC tem início nos anos 90 e se inicia com a construção de bombas atômicas convencionais, projeto que caminha de forma concomitante com os projetos de desenvolvimento de tecnologia aeroespacial, visando tanto a construção de satélites quanto foguetes e lançadores. A necessidade de construção da bomba atômica é colocada desde o início como um elemento garantidor da soberania nacional da RPDC, ameaçada a todo instante por forças externas.
A Guerra na Coreia, e não da Coreia termina em 1953, porém, a ameaça imperialista nunca saiu da fronteira da RPDC e nunca cessaram as hostilidades, tentativas de assassinato das lideranças da RPDC, bem como embargos econômicos criminosos e hostilidades de diversas naturezas. O Imperialismo nunca se deu por vencido, tendo impedido até os dias atuais a reunificação da Coreia, além de buscar há décadas sufocar o regime popular da RPDC. Os estados Japonês e Sul-coreano têm papel fundamental na ofensiva imperialista contra a soberania da RPDC. Japão e Coreia do Sul, não apenas funcionam como bases militares dos EUA, mas também como centros de pesquisas militares, além de centros de poder econômico e político e ideológico que atuam a todo momento para desestabilizar a RPDC. Sendo assim, foi construído um cerco militar, econômico e ideológico, aos quais nos deteremos um pouco mais.
A pressão militar à RPDC se dá, portanto, via instalações de bases, sistemas de “defesa” e tecnologias bélicas de diversos tipos estacionados na região especial no Japão e Coreia do Sul, além da ilha de Guam situada ao sul da península Coreana, que foi ocupada pelos EUA e se tornou uma base militar. As ofensivas militares contam com constantes exercícios militares: com rápidas pesquisas é possível encontrar diversas fontes que mostram os diversos exercícios militares entre EUA-Japão-Coreia-do-Sul. Segundo a Daily Mail do Reino Unido, neste ano foram realizados exercícios militares entre Japão e EUA que duraram 18 dias seguidos, além de diversos outros exercícios. Somada a estas pressões militares está a instalação do sistema de “antimísseis” Terminal High Altitude Area Defense (THAAD). Especialistas militares de diversos países apontam esta como uma das principais ameaças à paz no sudeste asiático, ameaçando não apenas a RPDC mas também a Rússia e China. A instalação do THAAD provocou protestos duramente reprimidos na Coreia do Sul (segundo Sputnik), além de duros protestos dos governos chinês e russo (segundo Reuters). A instalação do THAAD, somada aos frequentes exercícios militares e diversos equipamentos militares estacionados nas fronteiras da RPDC, são constantes ameaças à sua soberania, sendo assim a Doutrina militar a resposta encontrada para resistir a qualquer possível agressão.
O desenvolvimento atômico da Coreia Popular atingiu dois pontos de extrema importância neste ano: o desenvolvimento de seu primeiro míssil balístico intercontinental (ICBM) e de sua primeira bomba de hidrogênio (segundo informações do The Guardian). Com estes novos desenvolvimentos, o potencial de defesa da Coreia obteve tanto tecnologia de lançamento para içar misseis até o continente americano (podendo atingir a porção continental dos EUA) bem como um potencial destrutivo de maior magnitude com a bomba de fusão nuclear (H-Bomb). Este rápido desenvolvimento vem em enorme contradição com as frequentes notícias em nossos monopólios de mídias ocidentais, que bradam sobre o atraso tecnológico da Coreia sob a “ditadura socialista dos Kim”. Mais informações sobre os avanços tecnológicos estão dispostas em artigo divulgado pelo PCB, além de portais de mídias coreanas e observadores internacionais.
O desenvolvimento nuclear da RPDC segue, portanto, uma linha de desenvolvimento de seu potencial de ataque para um alcance que inclua todos seus inimigos (não potenciais, mas sim reais, como EUA, Japão e Coreia do Sul). Porém, está mais que claro há décadas, que o princípio que guia a RPDC é o de soberania, autossuficiência e sobrevivência. Qualquer ataque por parte da RPDC, por maior que fosse seu potencial destrutivo, seria retaliado com uma invasão e destruição (“Fogo e Fúria”, como pontuou Donald Trump em discurso recente) que destruiria integralmente a Coreia, sendo óbvio que não há um princípio suicida generalizado na RPDC. O potencial atômico subsiste como “Deterrence”, ou seja, potencial de detenção de ameaças externas, a partir de força militar capaz de infligir danos incomensuráveis nos inimigos imperiais. Vide as teorias do MAD (Mutual Assured Destruction) do período da Guerra Fria entre EUA e URSS. A Coreia pretende, portanto, unicamente garantir seu direito de existência, utilizando seu direito de possuir armamentos para se defender e guardar suas fronteiras.
Sobre as pressões econômicas, estas têm alcançados patamares ainda mais criminosos que os embargos impostos a Cuba: os EUA, Japão e Coreia do Sul, através da ONU, têm passado diversas sanções econômicas à RPDC, que minam sua capacidade de importar ou exportar até mesmo os bens mais fundamentais. É nítido que, devido ao seu diminuto território e população, a RPDC não tem possibilidades materiais de ser autossuficiente em todos os bens necessários para seu desenvolvimento e sobrevivência. Assim, os embargos (sanções) têm sido aumentados de forma criminosa (segundo o Telegraph, apenas neste mês já passam de duas rodadas novas de sanções).
A pressão ideológica contra a Coreia Popular é não menos importante e emblemática. A ofensiva imperialista, além de combater seus inimigos por vias econômicas e militares, cria através de seus monopólios de mídias seus “monstros”, seus inimigos mortais, não à toa a RPDC é conhecida nos EUA e referida por diversos veículos de informação como Rogue State (Estado Vilão). Os monopólios de mídia constroem diuturnamente a imagem de um país governado por um “adolescente louco”, um ditador sanguinário, colocando o líder da Coreia Popular Kim Jong Um no papel de um assassino louco que obriga a todos a se comportar como robôs e seguir seus comandos ensandecidos. O absurdo chega a tal ponto que as notícias (boa parte divulgadas sem fontes pela Coreia do Sul) frequentemente “matam” funcionários do Governo que teriam desobedecido Kim Jong Um e, na semana seguinte, estes aparecem vivos em pronunciamentos, ao vivo na televisão estatal norte-coreana.
Outros mitos são criados para reforçar a imagem de um país governado por uma criança louca: um documentário bem humorado, em que jornalistas americanos apontam, como uma notícia bizarra, que Kim Jong Um obrigaria toda a população da RPDC a ter um corte de cabelo igual ao seu, tem uma credibilidade enorme nos EUA. A pesquisa mostrou que a maior parte dos jovens estadunidenses acreditam nesta noticia, o que os levou a visitarem a Coreia Popular e filmar um documentário que mostra a diversidade cultural existente no país (The Haircut). Portanto, nunca é demais lembrar a premissa marxista de que as ideias dominantes são em todas as épocas as ideias da classe dominante (Marx e Engels, 2007). O que nos explica como a ideologia dominante convence a massa da população de que a RPDC seria sim sua inimiga mortal. A construção do consenso nas sociedades capitalistas avançadas implica na criação de inimigos externos, que devem não apenas ser subjugados economicamente, militarmente quanto ideologicamente, a fim de que sua sociedade mantenha sua coesão “nacional” frente a ameaças externas sempre onipresentes (como apontado por Marx e Engels, 2007 e Lenin, 2012).
Um Japão e uma Coreia do Sul não tão pacíficos assim, e um EUA não tão distante assim
A pergunta que foi fio condutora neste debate e que motivou este artigo foi proferida por uma professora de Direito Internacional em conferência com o embaixador da RPDC. A pergunta (afirmativa) colocava que era um absurdo a RPDC ameaçar, com o poder das armas, seus vizinhos que há décadas teriam comportamentos pacíficos. Sua principal explanação fora sobre as leis “pacifistas” que impediriam o Japão de ter exércitos desde o final da Segunda Guerra Mundial. Pois bem, vejamos na sequência como se dá o potencial militar japonês.
Segundo um portal bem qualificado que avalia os potenciais bélicos pelo mundo (Global Fire Power), o Japão “pacífico” seria a sétima potência bélica mundial hoje em pleno 2017. Novamente, não falamos de um Japão Fascista de 1935, mas sim do Japão de hoje. Conta com um pessoal militar ativo de 250.000 pessoas. Segundo o mesmo observador, o Brasil ocupa a 17ª posição, com um pessoal ativo de 334.500 pessoas, número superior ao do Japão, porém, observando as diferenças demográficas, vemos que o Japão tem um pessoal militar ativo maior que o Brasil, e um potencial tecnológico incomparável. Ainda segundo este observador, a RPDC ocuparia apenas o 23° lugar. A isso somemos o fato de que o Japão é membro da OTAN e tem sob sua “tutela” porta-aviões norte-americanos da mais avançada tecnologia disponível, além de armamentos atômicos anexados aos mesmos navios. Portanto, o mito de um Japão pacifista é muito frágil.
A legislação japonesa que garantia a presença dos exércitos nacionais apenas no território do Japão foi fortemente modificada em 2015. Houve mudanças anteriores, porém, em 2015 foi liberada à Marinha japonesa atuação para além das fronteiras nacionais (segundo fontes como BBC e Japan Times), o que provocou fortes protestos na China, Rússia e RPDC (como apontado em noticias da Diplomat, Sputnik e diversas outras). Assim aumentaram as tenções no mar do sul da China, sobre ilhas disputadas, colocando tensões entre Japão e China, que fizeram exercícios militares como forma de intimidação mútua (segundo informações do Sputnik).
A definição do Japão como um estado pacifista, assim como a Coreia do Sul, como visto não passa de uma simples retórica imperialista, que pretende com estas afirmações reforçar um papel de ofensiva unilateral da Coreia Popular, colocando-a novamente no papel de vilã e de ameaça à paz mundial. A própria soberania de Japão e da Coreia do Sul, como discutido aqui, é meramente um disfarce, em que, na verdade, existem dois Estados dominados, politica, econômica, militar e ideologicamente pelo centro do Imperialismo mundial: os Estados Unidos da América.
O papel dos EUA é chave em todo este conflito e não é à toa estes assumem uma posição cada vez mais agressiva frente à Coreia Popular, o que exige desta também uma retórica mais ofensiva. Portanto, as “ameaças” da RPDC aos EUA e seus consortes não passam de proclamações de direito de sobrevida e pequena mostra de poder, para dirimir as pretensões imperialistas de invasão e derrubada do governo de Pyongyang.
Rumos da Coreia Popular
Como visto até aqui, arguimos que a Coreia Popular busca apenas garantir o seu direito de sobrevivência, o direito de autodeterminação de sua população e, para tal, necessita de uma forte doutrina militar, frente às agressões que já duram mais de meio século. Segundo informações do Embaixador da Coreia Popular, o objetivo da RPDC hoje é o de atingir um potencial bélico que a coloque em pés de igualdade com EUA e demais potências imperialistas. As próprias relações diplomáticas com a China foram fortemente modificadas após a independência militar alcançada pela RPDC, que possibilitou a esta uma melhor posição para dialogar e negociar com a China, que embora sua aliada, por vezes demonstra interesses conflituantes. Assim, o principio da igualdade está colocado como objetivo para a RPDC.
Por fim é fácil entender que os princípios de Juche, que orientam o socialismo da RPDC, que colocam a classe trabalhadora, a soberania nacional e a autossuficiência como pilares do seu movimento, estão postos a pleno vapor. A democracia socialista da RPDC, orientada pelos princípios de Juche, se mantém viva, a despeito de todas ameaças e interferências externas. A RPDC segue firmemente na perspectiva socialista e internacionalista. Ademais, é notório que um dos pilares ideológicos de Juche é a educação das massas para uma consciência revolucionária. Como em Cuba, o que mantém a perspectiva revolucionária viva é o povo, seu exército civil militar, que tem sim sua liderança, mas sendo esta de fato uma representação dos interesses da população, que a qualquer sinal de hesitação não pensaria duas vezes antes de derrubar qualquer perspectiva contrarrevolucionária.
Fechamos este artigo com uma última reflexão: segundo informações trazidas pelo Embaixador Kim Chol Hak, na guerra na Coreia, em 1950, a população de Pyongyang era de 400.000 habitantes e, neste mesmo conflito, foram lançadas aproximadamente 400.000 bombas norte-americanas em Pyongyang (uma bomba per capita) fato que provavelmente não tem nenhum paralelo histórico. Este por si só nos indica o seguinte: a população da RPDC se lembra de seu passado e por se lembrar ela segue firme na construção de sua identidade nacional, sua luta pela soberania, pelo socialismo e contra as agressões imperialistas.
Referências:
BBC: http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2014/06/140610_vovo_sexo_coreia_mv
http://www.bbc.com/news/world-asia-34101222
Daily Mail:
http://www.dailymail.co.uk/news/article-4788642/US-Japanese-troops-conduct-live-fire-military-drills.html
Diplomat:
http://thediplomat.com/tag/south-china-sea-disputes/
Global Fire Power: https://www.globalfirepower.com/country-military-strength-detail.asp?country_id=brazil
https://www.globalfirepower.com/country-military-strength-detail.asp?country_id=north-kore a
https://www.globalfirepower.com/country-military-strength-detail.asp?country_id=japan
Japan Times:
https://www.japantimes.co.jp/opinion/2016/03/29/editorials/security-legislation-takes-effect/
Este texto que reproduzimos da página do Partido Comunista Brasileiro (PCB) foi inicialmente publicado em:
http://leninster.blogspot.com.br/2017/09/por-que-coreia-popular-ameaca-o-japao-e.html
Comecemos por uma breve incursão no histórico da formação social Coreana no século XX. A Coreia, em princípio do século passado, era marcada como um estado com predomínio de relações feudais de produção, tendo essa estrutura societária estamental (hierárquica) sido adequada a um processo de colonização tardio promovido pela Inglaterra e Japão. A Coreia torna-se então um Estado semi-colonial de modo análogo ao acontecido na China, de modo que a maior parte de sua população fora submetida à exploração interna e externa, tendo suas condições de sobrevivência duramente dificultadas.
Os processos revolucionários no século XX que tiveram início no leste europeu dando origem à URSS, incentivam fortemente o avanço dos processos revolucionários na Ásia, tendo a China triunfado em sua revolução após quase trinta anos de luta armada contra as frações do capital interno, e os exércitos e agentes do capital imperialista (em especial Inglês, Japonês e Americano). A Coreia seguiu um rumo parecido e, no ano de 1950, com o avanço do processo revolucionário coreano, foi declarada guerra à Coreia pelos agentes do imperialismo americano.
A Guerra que durou de 1950 a 1953 ficou internacionalmente conhecida como Guerra “das Coreias”, porém, um olhar historiográfico e geopolítico atento nos revelará que o processo de Guerra não se deu entre diferentes Coreias, mas sim entre a revolução Coreana liderada por Kim il Sung contra os exércitos imperialistas do Japão Fascista e posteriormente Estados Unidos (Manoel, 2017). Portanto, a ideia de uma guerra entre “as Coreias” é totalmente forjada pela ideologia pró-imperial. A Coreia revolucionária teve parte de seu território ocupado (especialmente o sul), e a região norte, onde a revolução estava melhor estruturada, foi sistematicamente bombardeada e teve a maior parte de suas cidades e infraestruturas destruídas. O real cenário, portanto, foi o sul sendo ocupado e o norte prosseguindo firme, apesar da agressão imperialista.
A ocupação militar dos EUA na parte sul da península coreana perdura até hoje, as instalações militares da “Coreia do Sul” são operacionalizadas por tropas americanas, todos sistemas de defesa e ataque são meticulosamente desenvolvidos e controlados por tropas americanas (sob a escusa de serem da OTAN). O sistema político “democrático” instaurado no Sul garantiu uma suposta democracia, onde o poder político e econômico é dominado pelos Estados Unidos, tendo formado uma colônia de alto grau tecnológico e colossais índices de exploração da classe trabalhadora. É um dos países com maiores índices de suicídio em decorrência do excesso de trabalho, bem como o país com maiores índices de exploração sexual na terceira idade (Segundo a BBC – insuspeita de simpatia à RPDC, assim como as demais fontes jornalíticas que utilizaremos). Ambas exploração sexual e exploração do trabalho são fruto de uma verdadeira ditadura do capital, que destrói direitos trabalhistas e aposentadoria.
Apesar da invasão do Sul e da sangrenta guerra para garantir a independência da Coreia no Norte, a revolução coreana prossegue firme sob a doutrina Juche e inicia a construção do socialismo na via coreana, com um grande enfoque no poder popular, na independência de suas forças produtivas, independência energética e política, porém, seguindo firme no espírito internacionalista. Segundo informações do embaixador Kim Chol Hak [atual Embaixador da Coreia Popular no Brasil], a independência energética deu início às pesquisas nucleares na Coreia Popular, tendo essas sido duramente criticadas e dificultadas desde seu início por pressão dos EUA via ONU. Na década de 1990, a Coreia buscava iniciar suas primeiras plantas de energia termonuclear, porém, após pressão da ONU, decide aceitar um acordo de uma construção de uma hidrelétrica de grande porte, por parte dos EUA via ONU com capitais internacionais. Essa construção deveria ocorrer em dois anos e nunca tomou corpo, tendo levado a Coreia Popular a retomar suas plantas termonucleares.
A necessidade energética foi somada à pressão política, econômica e militar que cercam a RPDC desde a década de 50, sendo assim iniciado um programa de enriquecimento de urânio com fins armamentistas, e propósitos de defesa da soberania nacional. Assim surgia a doutrina nuclear da RPDC.
A Doutrina Nuclear da RPDC
Nos monopólios de mídia ocidentais não passa um dia sem que sejam propagandeadas notícias histéricas a respeito da ameaça nuclear “norte coreana”. Se nos recordarmos da pergunta inicial que tomamos como linha direcional, perceberemos a falsa noção de que a RPDC é uma clara ameaça à paz mundial, em especial aos seus “pacíficos” vizinhos Coreia do Sul e Japão. Busquemos agora entender como se deu a doutrina nuclear da RPDC e qual o papel do Japão, Coreia do Sul e demais agentes imperiais neste processo.
Como previamente exposto, a Doutrina Nuclear da RPDC tem início nos anos 90 e se inicia com a construção de bombas atômicas convencionais, projeto que caminha de forma concomitante com os projetos de desenvolvimento de tecnologia aeroespacial, visando tanto a construção de satélites quanto foguetes e lançadores. A necessidade de construção da bomba atômica é colocada desde o início como um elemento garantidor da soberania nacional da RPDC, ameaçada a todo instante por forças externas.
A Guerra na Coreia, e não da Coreia termina em 1953, porém, a ameaça imperialista nunca saiu da fronteira da RPDC e nunca cessaram as hostilidades, tentativas de assassinato das lideranças da RPDC, bem como embargos econômicos criminosos e hostilidades de diversas naturezas. O Imperialismo nunca se deu por vencido, tendo impedido até os dias atuais a reunificação da Coreia, além de buscar há décadas sufocar o regime popular da RPDC. Os estados Japonês e Sul-coreano têm papel fundamental na ofensiva imperialista contra a soberania da RPDC. Japão e Coreia do Sul, não apenas funcionam como bases militares dos EUA, mas também como centros de pesquisas militares, além de centros de poder econômico e político e ideológico que atuam a todo momento para desestabilizar a RPDC. Sendo assim, foi construído um cerco militar, econômico e ideológico, aos quais nos deteremos um pouco mais.
A pressão militar à RPDC se dá, portanto, via instalações de bases, sistemas de “defesa” e tecnologias bélicas de diversos tipos estacionados na região especial no Japão e Coreia do Sul, além da ilha de Guam situada ao sul da península Coreana, que foi ocupada pelos EUA e se tornou uma base militar. As ofensivas militares contam com constantes exercícios militares: com rápidas pesquisas é possível encontrar diversas fontes que mostram os diversos exercícios militares entre EUA-Japão-Coreia-do-Sul. Segundo a Daily Mail do Reino Unido, neste ano foram realizados exercícios militares entre Japão e EUA que duraram 18 dias seguidos, além de diversos outros exercícios. Somada a estas pressões militares está a instalação do sistema de “antimísseis” Terminal High Altitude Area Defense (THAAD). Especialistas militares de diversos países apontam esta como uma das principais ameaças à paz no sudeste asiático, ameaçando não apenas a RPDC mas também a Rússia e China. A instalação do THAAD provocou protestos duramente reprimidos na Coreia do Sul (segundo Sputnik), além de duros protestos dos governos chinês e russo (segundo Reuters). A instalação do THAAD, somada aos frequentes exercícios militares e diversos equipamentos militares estacionados nas fronteiras da RPDC, são constantes ameaças à sua soberania, sendo assim a Doutrina militar a resposta encontrada para resistir a qualquer possível agressão.
O desenvolvimento atômico da Coreia Popular atingiu dois pontos de extrema importância neste ano: o desenvolvimento de seu primeiro míssil balístico intercontinental (ICBM) e de sua primeira bomba de hidrogênio (segundo informações do The Guardian). Com estes novos desenvolvimentos, o potencial de defesa da Coreia obteve tanto tecnologia de lançamento para içar misseis até o continente americano (podendo atingir a porção continental dos EUA) bem como um potencial destrutivo de maior magnitude com a bomba de fusão nuclear (H-Bomb). Este rápido desenvolvimento vem em enorme contradição com as frequentes notícias em nossos monopólios de mídias ocidentais, que bradam sobre o atraso tecnológico da Coreia sob a “ditadura socialista dos Kim”. Mais informações sobre os avanços tecnológicos estão dispostas em artigo divulgado pelo PCB, além de portais de mídias coreanas e observadores internacionais.
O desenvolvimento nuclear da RPDC segue, portanto, uma linha de desenvolvimento de seu potencial de ataque para um alcance que inclua todos seus inimigos (não potenciais, mas sim reais, como EUA, Japão e Coreia do Sul). Porém, está mais que claro há décadas, que o princípio que guia a RPDC é o de soberania, autossuficiência e sobrevivência. Qualquer ataque por parte da RPDC, por maior que fosse seu potencial destrutivo, seria retaliado com uma invasão e destruição (“Fogo e Fúria”, como pontuou Donald Trump em discurso recente) que destruiria integralmente a Coreia, sendo óbvio que não há um princípio suicida generalizado na RPDC. O potencial atômico subsiste como “Deterrence”, ou seja, potencial de detenção de ameaças externas, a partir de força militar capaz de infligir danos incomensuráveis nos inimigos imperiais. Vide as teorias do MAD (Mutual Assured Destruction) do período da Guerra Fria entre EUA e URSS. A Coreia pretende, portanto, unicamente garantir seu direito de existência, utilizando seu direito de possuir armamentos para se defender e guardar suas fronteiras.
Sobre as pressões econômicas, estas têm alcançados patamares ainda mais criminosos que os embargos impostos a Cuba: os EUA, Japão e Coreia do Sul, através da ONU, têm passado diversas sanções econômicas à RPDC, que minam sua capacidade de importar ou exportar até mesmo os bens mais fundamentais. É nítido que, devido ao seu diminuto território e população, a RPDC não tem possibilidades materiais de ser autossuficiente em todos os bens necessários para seu desenvolvimento e sobrevivência. Assim, os embargos (sanções) têm sido aumentados de forma criminosa (segundo o Telegraph, apenas neste mês já passam de duas rodadas novas de sanções).
A pressão ideológica contra a Coreia Popular é não menos importante e emblemática. A ofensiva imperialista, além de combater seus inimigos por vias econômicas e militares, cria através de seus monopólios de mídias seus “monstros”, seus inimigos mortais, não à toa a RPDC é conhecida nos EUA e referida por diversos veículos de informação como Rogue State (Estado Vilão). Os monopólios de mídia constroem diuturnamente a imagem de um país governado por um “adolescente louco”, um ditador sanguinário, colocando o líder da Coreia Popular Kim Jong Um no papel de um assassino louco que obriga a todos a se comportar como robôs e seguir seus comandos ensandecidos. O absurdo chega a tal ponto que as notícias (boa parte divulgadas sem fontes pela Coreia do Sul) frequentemente “matam” funcionários do Governo que teriam desobedecido Kim Jong Um e, na semana seguinte, estes aparecem vivos em pronunciamentos, ao vivo na televisão estatal norte-coreana.
Outros mitos são criados para reforçar a imagem de um país governado por uma criança louca: um documentário bem humorado, em que jornalistas americanos apontam, como uma notícia bizarra, que Kim Jong Um obrigaria toda a população da RPDC a ter um corte de cabelo igual ao seu, tem uma credibilidade enorme nos EUA. A pesquisa mostrou que a maior parte dos jovens estadunidenses acreditam nesta noticia, o que os levou a visitarem a Coreia Popular e filmar um documentário que mostra a diversidade cultural existente no país (The Haircut). Portanto, nunca é demais lembrar a premissa marxista de que as ideias dominantes são em todas as épocas as ideias da classe dominante (Marx e Engels, 2007). O que nos explica como a ideologia dominante convence a massa da população de que a RPDC seria sim sua inimiga mortal. A construção do consenso nas sociedades capitalistas avançadas implica na criação de inimigos externos, que devem não apenas ser subjugados economicamente, militarmente quanto ideologicamente, a fim de que sua sociedade mantenha sua coesão “nacional” frente a ameaças externas sempre onipresentes (como apontado por Marx e Engels, 2007 e Lenin, 2012).
Um Japão e uma Coreia do Sul não tão pacíficos assim, e um EUA não tão distante assim
A pergunta que foi fio condutora neste debate e que motivou este artigo foi proferida por uma professora de Direito Internacional em conferência com o embaixador da RPDC. A pergunta (afirmativa) colocava que era um absurdo a RPDC ameaçar, com o poder das armas, seus vizinhos que há décadas teriam comportamentos pacíficos. Sua principal explanação fora sobre as leis “pacifistas” que impediriam o Japão de ter exércitos desde o final da Segunda Guerra Mundial. Pois bem, vejamos na sequência como se dá o potencial militar japonês.
Segundo um portal bem qualificado que avalia os potenciais bélicos pelo mundo (Global Fire Power), o Japão “pacífico” seria a sétima potência bélica mundial hoje em pleno 2017. Novamente, não falamos de um Japão Fascista de 1935, mas sim do Japão de hoje. Conta com um pessoal militar ativo de 250.000 pessoas. Segundo o mesmo observador, o Brasil ocupa a 17ª posição, com um pessoal ativo de 334.500 pessoas, número superior ao do Japão, porém, observando as diferenças demográficas, vemos que o Japão tem um pessoal militar ativo maior que o Brasil, e um potencial tecnológico incomparável. Ainda segundo este observador, a RPDC ocuparia apenas o 23° lugar. A isso somemos o fato de que o Japão é membro da OTAN e tem sob sua “tutela” porta-aviões norte-americanos da mais avançada tecnologia disponível, além de armamentos atômicos anexados aos mesmos navios. Portanto, o mito de um Japão pacifista é muito frágil.
A legislação japonesa que garantia a presença dos exércitos nacionais apenas no território do Japão foi fortemente modificada em 2015. Houve mudanças anteriores, porém, em 2015 foi liberada à Marinha japonesa atuação para além das fronteiras nacionais (segundo fontes como BBC e Japan Times), o que provocou fortes protestos na China, Rússia e RPDC (como apontado em noticias da Diplomat, Sputnik e diversas outras). Assim aumentaram as tenções no mar do sul da China, sobre ilhas disputadas, colocando tensões entre Japão e China, que fizeram exercícios militares como forma de intimidação mútua (segundo informações do Sputnik).
A definição do Japão como um estado pacifista, assim como a Coreia do Sul, como visto não passa de uma simples retórica imperialista, que pretende com estas afirmações reforçar um papel de ofensiva unilateral da Coreia Popular, colocando-a novamente no papel de vilã e de ameaça à paz mundial. A própria soberania de Japão e da Coreia do Sul, como discutido aqui, é meramente um disfarce, em que, na verdade, existem dois Estados dominados, politica, econômica, militar e ideologicamente pelo centro do Imperialismo mundial: os Estados Unidos da América.
O papel dos EUA é chave em todo este conflito e não é à toa estes assumem uma posição cada vez mais agressiva frente à Coreia Popular, o que exige desta também uma retórica mais ofensiva. Portanto, as “ameaças” da RPDC aos EUA e seus consortes não passam de proclamações de direito de sobrevida e pequena mostra de poder, para dirimir as pretensões imperialistas de invasão e derrubada do governo de Pyongyang.
Rumos da Coreia Popular
Como visto até aqui, arguimos que a Coreia Popular busca apenas garantir o seu direito de sobrevivência, o direito de autodeterminação de sua população e, para tal, necessita de uma forte doutrina militar, frente às agressões que já duram mais de meio século. Segundo informações do Embaixador da Coreia Popular, o objetivo da RPDC hoje é o de atingir um potencial bélico que a coloque em pés de igualdade com EUA e demais potências imperialistas. As próprias relações diplomáticas com a China foram fortemente modificadas após a independência militar alcançada pela RPDC, que possibilitou a esta uma melhor posição para dialogar e negociar com a China, que embora sua aliada, por vezes demonstra interesses conflituantes. Assim, o principio da igualdade está colocado como objetivo para a RPDC.
Por fim é fácil entender que os princípios de Juche, que orientam o socialismo da RPDC, que colocam a classe trabalhadora, a soberania nacional e a autossuficiência como pilares do seu movimento, estão postos a pleno vapor. A democracia socialista da RPDC, orientada pelos princípios de Juche, se mantém viva, a despeito de todas ameaças e interferências externas. A RPDC segue firmemente na perspectiva socialista e internacionalista. Ademais, é notório que um dos pilares ideológicos de Juche é a educação das massas para uma consciência revolucionária. Como em Cuba, o que mantém a perspectiva revolucionária viva é o povo, seu exército civil militar, que tem sim sua liderança, mas sendo esta de fato uma representação dos interesses da população, que a qualquer sinal de hesitação não pensaria duas vezes antes de derrubar qualquer perspectiva contrarrevolucionária.
Fechamos este artigo com uma última reflexão: segundo informações trazidas pelo Embaixador Kim Chol Hak, na guerra na Coreia, em 1950, a população de Pyongyang era de 400.000 habitantes e, neste mesmo conflito, foram lançadas aproximadamente 400.000 bombas norte-americanas em Pyongyang (uma bomba per capita) fato que provavelmente não tem nenhum paralelo histórico. Este por si só nos indica o seguinte: a população da RPDC se lembra de seu passado e por se lembrar ela segue firme na construção de sua identidade nacional, sua luta pela soberania, pelo socialismo e contra as agressões imperialistas.
Referências:
BBC: http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2014/06/140610_vovo_sexo_coreia_mv
http://www.bbc.com/news/world-asia-34101222
Daily Mail:
http://www.dailymail.co.uk/news/article-4788642/US-Japanese-troops-conduct-live-fire-military-drills.html
Diplomat:
http://thediplomat.com/tag/south-china-sea-disputes/
Global Fire Power: https://www.globalfirepower.com/country-military-strength-detail.asp?country_id=brazil
https://www.globalfirepower.com/country-military-strength-detail.asp?country_id=north-kore a
https://www.globalfirepower.com/country-military-strength-detail.asp?country_id=japan
Japan Times:
https://www.japantimes.co.jp/opinion/2016/03/29/editorials/security-legislation-takes-effect/
Este texto que reproduzimos da página do Partido Comunista Brasileiro (PCB) foi inicialmente publicado em:
http://leninster.blogspot.com.br/2017/09/por-que-coreia-popular-ameaca-o-japao-e.html