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sexta-feira, 29 de setembro de 2017

Epitáfio para Hugh Hefner _ o pai da “Playboy”

Epitáfio para Hugh Hefner _ o pai da “Playboy”
Hugh Hefner, com a sua revista “Playboy”, teve uma importância fundamental na mudança das mentalidades e dos costumes, principalmente nos países anglo-saxónicos, onde um serôdio e castrador puritanismo religioso – o do protestantismo e também o do catolocismo – ,sufocava todas as manifestações da sexualidade, que ultrapassassem a barreira da sua função reprodutora, principalmente ao nível da mulher, a quem não era permitido exibir publicamente o seu corpo, se transportasse um qualquer sinal de erotismo.
Neste sentido, Hefner foi um revolucionário dos costumes e um digno continuador, talvez sem ter a consciência disso, do hedonismo de Aristipo de Cirene e do epicurismo de Epicuro, da antiga Grécia, e, mais recentemente, dos filósofos ingleses utilitaristas, do sec. XVIII, Jeremy Bentham e Stuart Mill.
Hugh Hefner encarou o lançamento da “Playboy”, apenas numa perspectiva de negócio, explorando a janela de oportunidade do erotismo e da sexualidade, e não por ter a ambição e a pretensão de vir a ser considerado um “reformador”. Mas o resultado prático foi, sem dúvida, este: o desencadeamento de uma profunda revolução social, ao nível das mentalidades, dos comportamentos e dos costumes, em relação à sexualidade e ao erotismo, a que se juntaram, posteriormente e multilateralmente, outras manifestações de modernidade da sociedade.
Por outro lado, soube resistir ao deslizamento para o apelativo e imediatamente lucrativo mundo da pornografia, que, se tivesse ocorrido, teria sido fatal, a longo prazo, para o sucesso e longevidade da revista, que foi um dos maiores êxitos editoriais das publicações periódicas.
Assim, julgo que Hugh Hefner não poderá ser ignorado pela História nem pelos historiadores, pese embora a ausência de uma qualquer contextualização erudita da “Playboy”. Mas a História não é feita pelos historiadores, mas pelos homens e pelas mulheres, que, individualmente ou colectivamente, dão substância à realidade, colocando-a em perpétuo movimento.

Alexandre de Castro
2017 09 28
Este artigo encontra-se em: Alpendre da Lua http://bit.ly/2xNCDSK

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