Epitáfio para Hugh Hefner _ o pai da “Playboy”
Epitáfio para Hugh Hefner _ o pai da “Playboy”
Hugh
Hefner, com a sua revista “Playboy”, teve uma importância fundamental
na mudança das mentalidades e dos costumes, principalmente nos países
anglo-saxónicos, onde um serôdio e castrador puritanismo religioso – o
do protestantismo e também o do catolocismo – ,sufocava todas as
manifestações da sexualidade, que ultrapassassem a barreira da sua
função reprodutora, principalmente ao nível da mulher, a quem não era
permitido exibir publicamente o seu corpo, se transportasse um qualquer
sinal de erotismo.
Neste
sentido, Hefner foi um revolucionário dos costumes e um digno
continuador, talvez sem ter a consciência disso, do hedonismo de
Aristipo de Cirene e do epicurismo de Epicuro, da antiga Grécia, e, mais
recentemente, dos filósofos ingleses utilitaristas, do sec. XVIII,
Jeremy Bentham e Stuart Mill.
Hugh
Hefner encarou o lançamento da “Playboy”, apenas numa perspectiva de
negócio, explorando a janela de oportunidade do erotismo e da
sexualidade, e não por ter a ambição e a pretensão de vir a ser
considerado um “reformador”. Mas o resultado prático foi, sem dúvida,
este: o desencadeamento de uma profunda revolução social, ao nível das
mentalidades, dos comportamentos e dos costumes, em relação à
sexualidade e ao erotismo, a que se juntaram, posteriormente e
multilateralmente, outras manifestações de modernidade da sociedade.
Por
outro lado, soube resistir ao deslizamento para o apelativo e
imediatamente lucrativo mundo da pornografia, que, se tivesse ocorrido,
teria sido fatal, a longo prazo, para o sucesso e longevidade da
revista, que foi um dos maiores êxitos editoriais das publicações
periódicas.
Assim,
julgo que Hugh Hefner não poderá ser ignorado pela História nem pelos
historiadores, pese embora a ausência de uma qualquer contextualização
erudita da “Playboy”. Mas a História não é feita pelos historiadores,
mas pelos homens e pelas mulheres, que, individualmente ou
colectivamente, dão substância à realidade, colocando-a em perpétuo
movimento.
Alexandre de Castro
2017 09 28
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