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sexta-feira, 4 de maio de 2018

O 3 de maio e outras 67 datas para entender o Maio de 68

História
O 3 de maio e outras 67 datas para entender o Maio de 68
Foto getty
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Faz esta quinta-feira 50 anos que um comício na universidade francesa de Sorbonne, de solidariedade com os estudantes da de Nanterre, foi reprimido pela polícia, movimento de que resultaria a detenção de cinco centenas de alunos e a criação, a partir do fim do dia, das primeiras barricadas que durante um mês iriam multiplicar-se nas ruas da capital francesa. Começava em força a revolta do Maio de 68
Texto Rui Cardoso
8 janeiro – Ministro da Juventude François Missoffe é interpelado por um grupo de estudantes durante uma visita às obras na Universidade de Nanterre nos arredores de Paris. Perante as críticas, promete mandar construir um pavilhão gimnodesportivo. Um dos elementos presentes responde-lhe que “construir um centro desportivo é um método hitleriano que visa canalizar as energias estudantis para o desporto. O que é preciso garantir é o equilíbrio sexual do estudante”. O ministro diz-lhe que vá tomar banho de água fria. O aluno chamava-se Daniel Cohn-Bendit e tornar-se-á uma das estrelas dos acontecimentos de Maio.
9 de fevereiro – Ministro da Cultura André Malraux afasta Henri Langlois da direção da Cinemateca, o que desencadeia uma onda de protestos no meio cinematográfico.
13 fevereiro – Manifestações estudantis a nível nacional contra o projeto de reforma dos regulamentos internos das cidades universitárias com incidência no acesso aos dormitórios (separados) de rapazes e raparigas.
14 de fevereiro – Manifestação, sobretudo estudantil, frente à Cinemateca reprimida pela polícia. Em causa a demissão do director Henri Langlois por decisão do ministro da Cultura André Malraux.
11 de março – Manifestação de metalúrgicos em Redon que será o prelúdio da agitação laboral vivida durante os meses de Maio e Junho em toda a França.
22 de março – Após uma manifestação contra a Guerra do Vietname, há incidentes na Universidade de Nanterre nos arredores de Paris que é mandada encerrar e onde desponta um novo líder estudantil Daniel Cohn-Bendit. Forma-se o Movimento do 22 de Março que será decisivo no deflagrar do Maio de 68 poucas semanas depois.
27 de março – Prisão para interrogatório policial e posterior libertação de Cohn-Bendit e outros elementos do Movimento 22 de Março.
2 de abril – Suspensas as aulas na universidade de Nanterre por decisão do decano Pierre Grapin.
4 de abril – Suspensas também as aulas na Sorbonne.
11 de abril – Rudi Dutscke líder da liga dos estudantes socialistas de Berlim é gravemente ferido a tiro num atentado.
22 de abril – Manifestações de solidariedade com Rudi Dutscke no Quartier Latin. Henri Langlois regressa à direcção da Cinemateca.
25 de abril – Nota redigida por Arlette de La Loyére do gabinete do ministro da Educação dá conta ao titular da pasta Alain Peyrefitte da agitação reinante em Nanterre. No memorando, conservado nos Arquivos Nacionais diz-se que os revoltados “usam extintores para bater nos moderados”, que as paredes estão “cobertas de pinturas e de exemplares de “L’Humanité” (diário do PCF) e que dois catedráticos foram insultados enquanto um terceiro contemporiza.
1 de maio – Pela primeira vez desde 1954 a manifestação do Dia do Trabalhador é autorizada, sendo convocada pelo PCF, CGT e PSU (socialistas de esquerda). Serviço de ordem dos sindicatos pró-comunistas da CGT é alertado para evitar a junção de estudantes aos operários durante o trajecto entre as praças das República e da Bastilha.
2 de maio – Fecho da universidade de Nanterre e partida do primeiro-ministro Georges Pompidou para uma vista oficial de dez dias ao Afeganistão.
3 maio – Meeting na Sorbonne de solidariedade com os estudantes de Nanterre. Há um esboço de contra-manifestação do grupo de extrema-direita “Ocidente” mo Boulevatd Saint Michel e dentro da Sorbonne os estudantes partem cadeiras e meses para se armarem. Os militantes da ultra-direita dispersam e a polícia, chamada pelo reitor Jean Roche, cerca a universidade e prende cinco centenas de alunos, levados para diversas esquadras para identificação, nuns casos sem violência, noutros à bastonada. Os que estão cá fora erguem as primeiras barricadas em Saint Michel e há confrontos com a polícia.
Foto getty
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4 de maio – O movimento alastra aos liceus e às universidades de outras cidades francesas
5 de maio – Sete estudantes presos durante os incidentes são levados a tribunal e quatro condenados a penas de prisão efectiva por perturbação da ordem pública
6 de maio – Oito elementos do Movimento 22 de Março, incluindo Cohn-Bendit, mandados comparecer perante o Conselho de Disciplina da Universidade de Paris. Apresentam-se perante as câmaras da televisão cantado “A Internacional”. União Nacional dos Estudantes (UNEF) promove manifestação no Quartier Latin pela reabertura das faculdades e pela libertação dos estudantes presos. Novos choques com a polícia.
7 de maio – Novas manifestações estudantis em Paris. Começa a publicar-se o jornal “Action” com desenhos de Wolinski, Reiser e outros. O presidente De Gaulle avisa que não serão toleradas alterações da ordem pública.
9 de maio – Manifestações e protestos em Estrasburgo, Nantes, Rennes ou Toulouse. “Sit-in” no Boulevard de Saint Michel frente à polícia sem incidentes. O poeta Louis Aragon, afecto ao PCF, aparece aos estudantes numa acção de solidariedade e é vaiado.
10 de maio – Reunião entre o reitor Jean Roche e os três líderes da contestação: Daniel Cohn-Bendit (Movimento 22 de Março), Alain Geismar (sindicato dos docentes universitários) e Jacques Sauvageot (UNEF). As negociações que giravam à volta da reabertura das faculdades, da retirada da polícia e da libertação dos estudantes presos falham. Primeiros apelos à greve geral.
Noite de 10 de maio – A madrugada de 10 para 11 ficou para a história como a primeira noite das barricadas em Paris. A primeira surge na rua Gay-Lussac e depressa se multiplicam por todo o Quartier Latin. Confrontos com a polícia em toda a margem esquerda do Sena que duram até às cinco da manhã: mil feridos e dezenas de carros incendiados.
11 de maio – Sindicatos apelam à greve geral dia 13 de maio. Pompidou, regressado do Afeganistão, promete a reabertura das universidades dia 13 e a libertação dos estudantes presos.
13 de maio – Greve geral e manifestações por toda a França. Em Paris centenas de milhares de pessoas pedem a demissão de De Gaulle. A Sorbonne, reaberta, é ocupada pelos estudantes.
14 de maio – Início das ocupações. Operários ocupam a fábrica da Sud Aviation em Nantes e sequestram o diretor. Um dos administradores desta empresa era Maurice Papon antigo prefeito de Paris durante cujo mandato se verificara o massacre do Metro de Charonne durante uma manifestação contra a Guerra da Argélia em 1962. Presidente De Gaulle decide não adiar visita de estado à Roménia, onde permanecerá quatro dias.
15 de maio – Ocupação do famoso Teatro de L’Odéon, entre o Jardim do Luxemburgo e Saint Germain des Prés por contestatários que incluíam gente do mundo do espectáculo como Michel Picoli. Furioso, De Gaulle pede uma intervenção policial musculada, adiada pelo prefeito da polícia de Paris Maurice Grimaud para evitar um banho de sangue. A manchete do diário conservador “Le Figaro” é “O poder está na rua”.
16 de maio – Vaga de greves com ocupação de instalações em Paris e nas grandes cidades, incluindo as instalações da Renault em Cléon e diversas grandes fábricas em Billancourt (sul de Paris).
17 de maio – Os sindicatos anunciam que há 600 mil trabalhadores em greve e a SNCF (caminhos-de-ferro) paralisa. O PCF declara-se pela primeira vez publicamente ao lado dos estudantes.
18 de maio – O número de grevistas sobe para dois milhões. Tentativas de negociação entre a esquerda não comunista e os contestatários, protagonizadas por Pierre Mendés-France e François Mitterrand. De Gaulle antecipa regresso a Paris. Bernard Ducamin, conselheiro presidencial redige um parecer onde desaconselha a invocação do artº 16 da Constituição que daria poderes de excepção ao general, invocando razões tanto jurídicas como políticas.
19 de maio – Jean-Luc Godard, Louis Malle, François Truffaut, Claude Lelouch e Roman Polanski pedem a interrupção do festival de cinema de Cannes, o que conseguem depois de Milos Forman, Alain Resnais e Carlos Saura retirarem os seus filmes.
20 de maio – Calcula-se que haja mais de oito milhões de grevistas em França. Transportes públicos parados e grandes restrições à distribuição de gasolina enquanto a circulação de correspondência é garantida pelos militares. A televisão pública ORTF deixa de transmitir a programação habitual.
21 de maio – Greve chega ao Banco de França e a cotação do franco cai verticalmente. O filósofo Jean-Paul Sartre é recebido com alguma desconfiança na Sorbonne onde declara que o movimento grevista foi impulsionado pelos protestos estudantis.
22 de maio – Na Assembleia Nacional uma moção de censura apresentada pela oposição é rejeitada por 11 votos. Cohn Bendit é proibido de regressar da Alemanha e da Holanda onde fora falar do movimento em curso em França. Há manifestações perto do parlamento e no Quartier Latin.
23 de maio – Primeira reação dos sindicatos da polícia que admitem invocar a objeção de consciência se as operações contra os manifestantes continuarem. Manifestações de protesto contra a expulsão de Cohn-Bendit.
24 de maio – De Gaulle anuncia um referendo, rejeitado pelos partidos da oposição. Novas manifestações de apoio a Cohn-Bendit. Manifestações de camponeses e agricultores por toda a França em consonância com o movimento geral de protesto que agrega dez milhões de grevistas, correspondentes a quase dois terços da força de trabalho nacional.
Noite de 24 de maio – De 24 para 25 viver-se-á em Paris a segunda Noite das Barricadas. Além de grandes confrontos no Quartier Latin, durante a noite as correrias degeneram em ataques a montras, viaturas e ao edifício da Bolsa onde é ateado um incêndio. Um polícia é morto em Lyon por um camião destravado pelos manifestantes e de madrugada é descoberto um estudante morto na barricada da Rue des Écoles no Quartier Latin, atingido pela explosão de uma granada de gás.
25 de maio – Iniciam-se nas instalações do Ministério do Trabalho na Rua de Grenelle, em Paris, reuniões do Governo com os parceiros sociais (patronato e sindicatos) para desbloquear as greves e ocupações de fábricas. A delegação oficial é chefiada pelo jovem secretário de Estado do Emprego Jacques Chirac, 35 anos, décadas mais tarde primeiro-ministro e presidente da República.
26 de maio – Embora seja domingo prosseguem as negociações de concertação social na rua de Grenelle entre patrões e sindicatos com mediação governamental. Entretanto nas manifestações que continuam por toda a França os trabalhadores exigem aumentos salariais de 25%.
27 de maio – Após dois dias de negociações, patrões e sindicatos negoceiam novos e amplos direitos laborais, incluindo salário mínimo, quarta semana de férias pagas, etc. São os Acordos de Grenelle que representam os maiores avanços sociais desde a Frente Popular em 1936 mas que são rejeitados pelas bases. O documento também não é referendado pelo Governo, o que faz com que na prática os acordos só venham a ser aplicados a conta-gotas.
28 de maio – Com o cabelo ruivo tingido de escuro Cohn-Bendit consegue regressar a Paris. Demite-se o ministro da Educação Alain Peyrefitte. François Mitterrand anuncia que se candidatará à presidência da República “em caso de vazio político”.
29 de maio – Convocados pelos sindicatos e partidos de esquerda 800 mil pedem às portas do Palácio do Eliseu um governo popular. De Gaulle está em paradeiro desconhecido, na verdade na Alemanha, reunindo-se com o comando das forças francesas na NATO. Não existe registo desta deslocação nos arquivos oficiais franceses porque tudo foi tratado pelo telefone. Correm boatos em Paris de iminente intervenção do exército para repor a ordem nas ruas. Maurice Grimaud, prefeito da polícia de Paris, escreve uma carta, entregue a todos os agentes, exortando-os ao cumprimento dos seus deveres profissionais mas sem excessos de qualquer natureza: “bater num manifestante caído é agredirmo-nos a nós próprios, dada a imagem que isso transmitiria da nossa função enquanto polícias”.
30 de maio – De Gaulle, de regresso a Paris, anuncia na rádio, num discurso de apenas quatro minutos, a dissolução do parlamento e eleições antecipadas, trazendo à rua uma manifestação de apoio com quase um milhão de pessoas.
31 de maio – De Gaulle anuncia que não se demite e marca as eleições legislativas antecipadas para 23 e 30 de Junho (o sistema francês é a duas voltas). Remodelação governamental com substituição do ministro do Interior Christian Fouchet por Raymond Marcelin.
1 de junho – Numa manifestação convocada pela UNEF os estudantes gritam, “eleição, traição!” A posição maioritária entre os líderes estudantis é de boicote ao ato eleitoral. Num livro publicado por ocasião do 40º aniversário do Maio de 68 (“Mai 68”, ed. Michel Lafon) que inclui testemunhos de diversos artistas e é prefaciado por Cohn-Bendit, o desenhador Cabu admitiu: “se tivéssemos sido nós a pedir eleições, teríamos levado a melhor. A França estava num tal caos que não teria sido possível evitar o exercício da expressão mais pura da democracia: o voto. Havia alternativa e devíamos ter aproveitado a oportunidade”.
2 de junho – Assinatura dos Acordos Oudinot que equivalem para a função pública francesa ao Pacto de Grenelle, assinado dias antes entre patronato e sindicatos com mediação do Governo.
5 de junho – Recuo do movimento grevista, regresso progressivo ao trabalho e reposição em funcionamento dos serviços públicos e abastecimentos essenciais. Voltam a laborar a EDF, as minas, as siderurgias e há retomada do trabalho na função pública.
6 de junho – Em Paris voltam a funcionar os transportes públicos: autocarros, metropolitano e caminhos-de-ferro.
7 de junho – Violenta intervenção da polícia de choque (CRS) na desocupação da fábrica da Renault de Flins nos arredores de Paris. Nos Correios o trabalho começa a ser retomado.
10 de junho – Novos confrontos com a polícia no subúrbio parisiense de Flins. Um estudante liceal afoga-se no Sena ao tentar fugir da polícia.
11 de junho – A UNEF convoca manifestação contra a repressão e há nova noite de barricadas no Quartier Latin. Confrontos à porta da fábrica da Peugeot em Sochaux, perto da fronteira suíça. Dois operários morrem, um deles atingido a tiro. A fábrica da Renault em Flins é reocupada pelos trabalhadores. Incidentes violentos na Gare de l’Est, Paris, à partida de um comboio.
12 de junho – Proibidas todas as manifestações durante a campanha eleitoral. São ilegalizadas diversas organizações políticas maoístas ou trotskistas bem como o Movimento 22 de Março. São retomadas as aulas no ensino secundário.
13 de junho – Questionado sobre a não dissolução do grupo de extrema-direita Ocidente o ministro da Justiça argumenta que “embora os elementos de grupo tenham demonstrado durante os acontecimentos de Maio um comportamento violento, daí não se pode depreender que se trate forçosamente de elementos subversivos”.
14 de junho – Polícia negoceia saída dos últimos ocupantes do Teatro de L’Odéon que são mandados em paz, com exceção dos que tinham cadastro criminal. À porta da fábrica de pilhas Wonder em Saint-Ouen os trabalhadores votam de braço no ar o regresso ao trabalho, cena imortalizada no documentário “Reprise!” de Hervé Le Roux.
16 de junho – Polícia põe termo à ocupação estudantil da Sorbonne.
17 de junho – Terminam as greves em diversas fábricas da Renault, bem como em empresas do sector metalúrgico.
18 de junho – Aconselhado pelo secretário para os Assuntos Africanos, Jacques Frocart, o general De Gaulle indulta o general Salam promotor em 1961 da tentativa de golpe de estado de Argel. Faz o mesmo a dez elementos da OAS, organização clandestina de extrema-direita oposta ao abandono da Argélia e responsável por numerosos atentados, inclusivamente contra De Gaulle. O objetivo era federar toda a direita na perspetiva das eleições que se aproximavam.
23 de junho – Na primeira volta das legislativas antecipadas o bloco conservador liderado pelos gaullistas reforça-se.
24 a 27 de junho – Retoma do trabalho nas fábricas da Citroen e na ORTF, a televisão estatal. Polícia entra no Atelier Popular e põe termo à ocupação da faculdade de Belas-Artes onde era produzida a maior parte do material de propaganda, nomeadamente cartazes, dos contestatários.
29 de junho – Colador de cartazes do PCF morto por elementos dos CDR (comités de Defesa da República, pró-gaullistas) em Arras.
30 de junho – Segunda volta das legislativas. Confirma-se a maioria absoluta do bloco conservador com 43,6% de votos. O PCF tem 20%, a esquerda democrática socialista (FGDS) 16,5% e os socialistas de esquerda (PSU) 3,9%. Em termos de lugares a direita tem 358 dos 465 lugares do hemiciclo.
31 de junho – Saneamentos na ORTF. Sob diversos pretextos 102 jornalistas são transferidos ou despedidos na televisão pública.
5 de julho – Polícia desocupa a Faculdade de Medicina em Paris.
10 de julho – Edgar Faure sucede a Alain Peyrefitte como ministro da Educação. Vaga de prisões de militantes da extrema-esquerda que durará até Novembro. Um dos primeiros detidos é o trotskista Alain Krivine.
13 de julho – Maurice Couve de Mruville substitui George Pompidou no cargo de primeiro-ministro
19 de julho – Incidentes no festival de teatro de Avignon e contestação ao seu director Jean Vilar.
31 de julho – A recém-eleita Assembleia Nacional aprova uma lei de amnistia para crimes cometidos durante a Guerra da Argélia.
31 de outubro – Ministério da Justiça ilegaliza o grupo de extrema-direita Ocidente, após elementos deste terem atacado e incendiado o Sindicato dos Professores do Ensino Superior.
12 de novembro – Aprovação da reforma universitária de Edgar Faure que consagrará a divisão entre universidades e “Grandes Écoles” e instituirá novas universidades como as de Vincennes e Dauphine.

in Jornal EXPRESSO

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