Žižek: Capital fictício e o retorno da dominação pessoal
"A noção clássica de Marx do fetichismo da mercadoria precisa hoje ser radicalmente repensada. Longe de ser invisível, a relacionalidade social, em sua própria fluidez, é diretamente o objeto de comércio e troca. E isso significa que relações pessoais de dominação também são diretamente comercializadas."
Por Slavoj Žižek.
Embora Marx tenha oferecido uma
insuperável análise da produção capitalista, seu erro foi que ele contou
com o prospecto da crise final do capitalismo e, portanto, não pôde
compreender como o capitalismo saiu de cada crise fortalecido. Descrito
em termos precisos por Wolfgang Streeck, o marxismo estava certo sobre a
“crise final” do capitalismo na qual nós estamos claramente entrando
hoje, mas essa crise é apenas isso, um processo prolongado de decadência
e desintegração, sem nenhuma fácil Aufhebung [suprassunção] à
vista, nenhum agente para dar a essa decadência uma reviravolta positiva
e transformá-la em uma passagem a algum nível maior de organização
social:
“É um preconceito marxista – ou melhor, modernista – que o capitalismo enquanto época histórica irá acabar apenas quando uma nova, melhorada sociedade estiver à vista, e um sujeito revolucionário estiver pronto para implementá-la para o avanço da humanidade. Isto pressupõe um grau de controle politico sobre o nosso destino com o qual nós sequer podemos sonhar após a destruição da agenda coletiva e, de fato, a esperança para ela, na revolução globalista-neoliberal.”1
Streeck enumera diferentes sinais dessa
decadência: queda na taxa de lucro, ascensão da corrupção e da
violência, financeirização (lucro de transações financeiras parasitando
sobre valor de produção). O paradoxo das políticas financeiras dos EUA e
da UE é que entradas gigantescas de dinheiro estão deixando de gerar
produção já que elas estão desaparecendo nas operações do capital
fictício. Eis a razão do por que alguém deveria rejeitar a interpretação
liberal hayekiana padrão dos débitos explosivos por força dos custos do
welfare state: dados mostram claramente que o grosso disso vai para alimentar o capital financeiro e seus lucros.
Há uma outra consequência inesperada dessa decadência. Rebecca Carson2
recentemente abordou como a financeirização do capital (onde a maior
parte do lucro é gerada em D-D’ (dinheiro – mais-dinheiro), sem o desvio
através da valorização, Verwertung [(exploração)], da força de
trabalho que produz mais-valor) paradoxalmente conduz ao returno de
relações pessoais de dominação diretas. Isso ocorre de maneira
inesperada, já que, como Marx enfatizou, D-D’ é capital em sua forma
mais impessoal e abstrata. Agora, é crucial compreender aqui o nexo
entre três elementos: capital fictício, dominação pessoal e a reprodução
social da força de trabalho. Especulações financeiras acontecem antes
do fato da valorização. Elas geralmente consistem em operações de
crédito e investimentos especulativos onde o dinheiro ainda é gasto em
produção. Crédito significa dívida e, portanto, os sujeitos ou
portadores desta operação (não apenas indivíduos, mas bancos e
instituições que gerenciam dinheiro) não estão envolvidos no processo
como sujeitos à forma valor apenas. Eles são também credores e
devedores, e assim sujeitos a uma outra forma de relação de poder que
não é baseada na dominação abstrata da mercantilização:
“Consequentemente, a específica relação de poder envolvida em operações de crédito tem uma dimensão pessoal de dependência (crédito-débito) que é diferenciada da dominação abstrata. Essa relação de poder, contudo, acaba por se tornar o próprio processo de troca que é descrito abstratamente por Marx como completamente impessoal e formal, já que as relações sociais de operações de crédito são construídas sobre as relações sociais da forma valor. Daí que o fenômeno das formas pessoais de dependência que vêm à tona por meio da suspensão da valorização através capital fictício não significa que as formas abstratas de dominação não estão presentes.”3
Pode parecer que a dinâmica do poder
implicada pelo capital fictício não é uma dicotomia direta entre
agentes: enquanto a dominação pessoal, por definição, ocorre no nível da
interação direta, devedores são não apenas indivíduos, mas sobretudo
bancos e fundos de cobertura que especulam sobre a produção futura. E,
efetivamente, as operações de capital fictício não são feitas cada vez
mais sem qualquer intervenção direta, isto é, simplesmente através de
computadores agindo em seus programas? Entretanto, estas operações devem
de alguma forma ser retraduzidas em relações pessoais, e aí a abstração aparece como dominação pessoal.
Aqueles que não são sujeitados à
mercantilização direta, mas desempenham um papel crucial na reprodução
da força de trabalho, também são afetados pela crescente dependência na
valorização futura que seria suspostamente acessível a partir da
circulação do capital fictício. Tal capital é suportado pela expectativa
de que a valorização vai ocorrer no futuro, e então a reprodução da
força de trabalho é colocada sob pressão, a fim de que aqueles que não
estão trabalhando no presente fiquem prontos para trabalhar no futuro. É
por isso que o tema da educação (em sua versão produtiva-tecnocrata:
preparar-se para o competitivo mercado de trabalho) é tão importante
hoje em dia, e é também entrelaçado com o débito: um estudante torna-se
endividado para pagar por sua educação, e espera-se que este débito seja
pago através da mercantilização de si mesmo quando o estudante
endividado conseguir um emprego. A educação também surge como um dos
tópicos principais sobre como lidar com os refugiados – propriamente,
como transformá-los em mão de obra útil.
Já que, em nossa sociedade, a livre
escolha é alçada a valor supremo, controle social e dominação não podem
mais aparecer infringindo a liberdade do sujeito. Eles têm de aparecer,
em vez disso, como a (e serem sustentados pela) verdadeira experiência
própria de indivíduos livres. Há uma multiplicidade de formas dessa
não-liberdade apresentando-se na aparência do seu oposto. Quando nós
somos privados de um sistema de saúde universal, nos dizem que nos foi
dada uma nova liberdade de escolha, propriamente a de escolher o nosso
provedor de cuidados médicos: quando nós não podemos mais contar com
emprego estável e somos compelidos a procurar por uma nova posição
precária a cada dois anos, nos dizem que nos foi dada a oportunidade de
nos reinventar e descobrir novos, inesperados e criativos potenciais que
espreitam a nossa personalidade; quanto nós temos que pagar pela
educação de nossas crianças, nos dizem que nós nos tornamos
“empreendedores do eu” agindo como um capitalista que tem de escolher
livremente como ele irá investir os recursos que ele possui (ou
emprestou) – em educação, saúde, viagens… Constantemente bombardeados
por “escolhas livres” impostas, forçados a tomar decisões que na maioria
das vezes não estamos adequadamente qualificados e sobre as quais
sequer possuímos informação suficiente, nós experimentamos cada vez
mais a nossa liberdade como o que ela efetivamente é: um fardo que nos
priva da verdadeira escolha da mudança. A sociedade burguesa geralmente
oblitera castas e outras hierarquias, equalizando todos os indivíduos
como compradores divididos apenas por diferença de classe. Mas o
capitalismo tardio atual, com sua ideologia “espontânea”, esforça-se em
obliterar a divisão de classe em si classificando todos nós como
“auto-empreendedores”, as diferenças entre nós sendo apenas meramente
quantitativas (um grande capitalista empresta centenas de milhões para o
seu investimento; um pobre trabalhador empresta alguns milhares por sua
educação suplementar).
O tão celebrado “Collaborative Commons”
também desempenha um papel aqui. Marx sempre enfatizou que a troca entre
trabalhador e capitalista é “justa” no sentido de que os trabalhadores
(via de regra) são pagos com o valor total de sua força-trabalho como
mercadoria – não há “exploração” direta aqui, isto é, não é que os
trabalhadores “não recebem o valor total da mercadoria que eles estão
vendendo para os capitalistas.” Assim, enquanto, no mercado econômico,
eu permaneço de facto dependente, essa dependência é apesar de
tudo “civilizada”, encenada na forma de uma troca de mercado “livre”
entre eu e outras pessoas, ao contrário da forma de servidão direta ou
até de coerção física. É fácil ridicularizar Ayn Rand, mas há um pouco
de verdade no famoso “hino ao dinheiro” de seu A Revolta de Atlas:
“Até e a não ser que você descubra que o dinheiro é a raiz de todo o
bem, você clama por sua destruição. Quando o dinheiro deixa de ser o
meio através do qual os homens lidam uns com os outros, então homens se
tornam os instrumentos de outros homens. Sangue, chicotes e armas, ou
dólares. Faça sua escolha – não há nenhuma outra”.4
Por acaso Marx não disse algo similar em sua bem conhecida fórmula
sobre como, no universo das mercadorias, “relações entre pessoas assumem
o a aparência de relações entre coisas”? Na economia de mercado,
relações entre pessoas podem aparecer como relações de liberdade e
igualdade mutuamente reconhecidas: a dominação não é mais diretamente
encenada e visível como tal. O socialismo real provou no século XXI que a
superação da alienação de mercado abole a liberdade “alienada” e, com
isso, a liberdade tout court, nos trazendo de volta à relações
de dominação direta “não-alienadas”. Até que ponto os “collaborative
commons” estão expostos a esse mesmo perigo? Poderão eles sobreviver sem
uma agência reguladora que controle a própria moderação da colaboração,
exercendo assim dominação direta?
O resultado esperado é que outras
divisões e hierarquias emerjam: especialistas e não-especialistas,
cidadãos completos e os excluídos, religiosos, sexuais e outras
minorias. Desde todos os grupos ainda não incluídos no processo de
valorização, até refugiados e cidadãos de “países não reconhecidos”, são
assim progressivamente subsumidos a formas de dominação pessoal, desde a
organização de campos de refugiados até o controle judicial daqueles
considerados transgressores em potencial – uma dominação que tende a
adotar uma face humana, como os serviços sociais destinados a facilitar a
sutil “integração” dos refugiados às nossas sociedades.
Por que o ressurgimento dessa autoridade
direta (não-democrática)? Acima e além das diferenças culturais, há uma
necessidade interior para este ressurgimento na própria lógica do
capitalismo atual. Ou seja, o problema central que nós estamos
enfrentando hoje é: como a predominância (ou até mesmo papel hegemônico)
do “trabalho intelectual” do capitalismo tardio afeta o esquema básico
de Marx da separação do trabalho de suas condições objetivas, bem como o
da revolução como a reapropriação das condições objetivas? Em esferas
como a rede de comunicação www, produção, troca e consumação
estão inextrincavelmente entrelaçadas, potencialmente até mesmo
identificadas: meu produto é imediatamente comunicado e consumado por
outro. A noção clássica de Marx de fetichismo
da mercadoria, nas quais “relações entre pessoas” assumem a forma de
“relações entre coisas”, deve ser então radicalmente repensada. No
“trabalho imaterial”, “relações entre pessoas” são “nem tanto escondidas
sob a camada superficial da objetividade, mas são elas mesmas o próprio
material da nossa exploração diária”5, então não podemos mais falar sobre “reificação” no sentido lukacsiano clássico.
Longe de ser invisível, a relacionalidade
social, em sua própria fluidez, é diretamente o objeto de comércio e
troca. No “capitalismo cultural”, ninguém mais vende (e compra) objetos
que “trazem” experiência cultural ou emocional; as pessoas vendem (e
compram) diretamente essas experiências. E já que a relação social é
diretamente comercializada, isso significa que relações pessoais de
dominação também são diretamente comercializadas – eu pago outros para
agir como meus servos… Não se admira que, para ofuscar essa violação da
liberdade e restaurar um falso balanço muitos gerentes importantes pagam
prostitutas para jogar os jogos masoquistas de auto-humilhação com
eles.
Todas essas complicações nos compelem a
pensar a tão chamada “teoria do valor-trabalho”, que deveria ser de
forma alguma lida como a reivindicação de que se deveria descartar a
troca, ou o seu papel na constituição do valor, como uma mera aparência
que obscurece o fato principal de que o trabalho é a origem do valor. Se
nós considerarmos o dinheiro como uma forma secundária de expressão do
valor, que existe “em-si” em uma mercadoria anterior à sua expressão –
isto é, se o dinheiro for para nós um mero recurso secundário, um meio
prático que facilita a troca – então a porta está aberta para a ilusão, à
qual os seguidores de esquerda de Ricardo sucumbiram, de que seria
possível substituir o dinheiro por simples notas designando a quantidade
de trabalho dispendido por seu portador e dar a ele ou a ela o direito à
parte correspondente do produto social, como se, através diretamente
desse “dinheiro-trabalho”, se pudesse evitar todo “fetichismo” e
garantir que cada trabalho seja pago com seu “valor completo”. O ponto
da análise de Marx é que esse projeto ignora as determinações formais do
dinheiro que fazem do fetichismo um efeito necessário. Em outras
palavras, quando Marx define o valor de troca como um modo de aparência
do valor, deveria se mobilizar aqui todo o peso hegeliano da oposição
entre essência e aparência: a essência só existe na medida em que
aparece, ela não preexiste à sua aparência. Da mesma forma, o valor de
uma mercadoria não é sua propriedade substancial intrínseca, que existe
independentemente do seu aparecimento na troca.
É também por isso que deveríamos
abandonar as tentativas de expandir o valor a fim de que todos os tipos
de trabalho sejam reconhecidos como fonte de valor. É suficiente
relembrar aqui a grande demanda feminista de 1970 para legalizar o
trabalho doméstico (desde cozinhar e manter o lar até cuidar das
crianças) como produtor de valor, ou as demandas de algum
eco-capitalista contemporâneo para integrar as “dádivas gratuitas da
natureza” na produção de valor por meio da tentativa de determinar os
custos da água, do ar, das florestas e de todos os outros comuns. Todas
essas propostas são “nada mais que uma sofisticada lavagem verde e
mercantilização de um espaço a partir do qual um ataque feroz contra a
hegemonia do modo de produção capitalista e sua (e nossa) relação
alienada com a natureza podem ser montados”: em suas tentativas de ser
“justo” e de eliminar ou ao menos restringir a exploração, tais
tentativas apenas reforçam uma mercantilização ainda mais abrangente.
Embora eles tentem ser “justos” a contento (o que conta como apreço),
eles falham em problematizar a própria forma da mercantilização. Eles
renunciam à conclusão de que o valor deveria ser tratado em tensão
dialética com o não-valor, isto é, para afirmar e expandir esferas não
capturadas na produção do valor (de mercado), como o trabalho doméstico
ou o trabalho científico e cultural livre, em seu papel crucial. A
produção do valor só pode triunfar se ela incorporar sua negação
imanente, o trabalho criativo que não gera valor (de mercado) é por
definição, parasitado por ela. Então, ao invés de mercantilizar exceções
e incluí-las no processo de valorização, se deveria mantê-los de fora e
destruir o quadro que torna o seu status inferior em relação à
valorização. O problema com o capital fictício não é que ele está fora
da valorização, mas que permanece parasita na ficção de uma valorização
por vir.
Um desafio distante para a economia de
mercado vem da explosiva virtualização do dinheiro, que nos compele a
reformular completamente a narrativa marxista padrão da “reificação” e
do “fetichismo da mercadora”, na medida em que este assunto ainda
depende da noção de fetiche como um objeto sólido cuja presença estável
ofusca sua mediação social. Paradoxalmente, o fetichismo alcança seu
ápice precisamente quando o próprio fetiche é “desmaterializado”,
transformado em uma fluída entidade virtual “imaterial”. O fetichismo do
dinheiro culmina na passagem à sua forma eletrônica, quando os últimos
traços de sua materialidade desaparecem. Dinheiro eletrônico é a
terceira forma depois do dinheiro “real”, que incorpora seu valor (ouro,
prata), e o papel-dinheiro que, através de um “simples signo” sem
nenhum valor intrínseco, ainda se apega à sua existência material. E é
apenas nesse estágio, quando o dinheiro se torna um ponto de referência
puramente virtual, que ele finalmente assume a forma de uma presença
espectral indestrutível: eu te empresto $1000; o débito é inscrito em
algum lugar num espaço digital virtual… É apenas com essa completa
“desmaterialização”, onde a famosa e antiga tese de Marx do Manifesto Comunista,
de acordo com o qual, no capitalismo, “tudo que é sólido desmancha no
ar”, adquire um significado muito mais literal do que o que Marx tinha
em mente, onde não apenas a nossa realidade material social é dominada
pelo movimento espectral/especulativo do Capital, mas esta realidade em
si é progressivamente “espectralizada” – é só neste ponto que aquilo que
Derrida chamou de aspecto espectral do capitalismo é totalmente
atualizado. Aqui, temos o “Eu Protegente”, em vez do antigo Sujeito
auto-idêntico; a fluidez elusiva de suas experiências em vez da
estabilidade dos objetos possuídos; em suma, a relação usual entre
objetos materiais firmes e ideias fluídas é invertida e objetos são
progressivamente dissolvidos em experiências fluídas, enquanto as únicas
coisas estáveis são as obrigações simbólicas virtuais.
No entanto, como nós já vimos, tal
espectralização do fetiche contém as sementes do seu oposto, a saber,
sua auto-negação: o inesperado retorno das relações diretas de dominação
pessoal. Enquanto o capitalismo legitimou a si mesmo como o sistema
econômico que implica e promove as liberdades pessoais (como uma
condição do mercado de troca), sua própria dinâmica provoca o
renascimento da escravidão. Embora a escravidão tenha se tornado
praticamente extinta ao final da Idade Média, ela explodiu novamente nas
colônias europeias do início da modernidade até a Guerra Civil
Americana. Hoje, com a nova época do capitalismo global, uma nova era de
escravidão também está amanhecendo. Ainda que o status legal imediato
de pessoas escravizadas não seja mais aceito, a escravidão adquiriu uma
multiplicidade de formas novas: milhões de trabalhadores imigrantes da
península Arábica que são privados de direitos e liberdades civis
elementares: o controle total sobre milhões de trabalhadores em ateliês
asiáticos frequentemente organizados diretamente como campos de
concentração; o uso massivo de trabalho forçado na exploração de
recursos naturais em vários estados africanos centrais (Congo e assim
por diante).
Mas, na verdade, nós não temos de olhar
tão longe para esses países. Em 1 de dezembro de 2013, uma fábrica de
roupas de propriedade chinesa, em uma zona industrial na cidade italiana
de Prato, 10 quilômetros do centro de Florença, ateou fogo a sete
trabalhadores que estavam presos dentro, vivendo e trabalhando em
condições de quase escravidão. Então nós não podemos nos permitir o luxo
de olhar para a vida miserável de novos escravos distantes nos
subúrbios de Shanghai (ou Dubai e Qatar) e hipocritamente criticar os
países que os abrigam. A escravidão pode estar bem aqui, dentro de nossa
casa, enquanto nós apenas não a vemos – ou, melhor, fingimos que não a
vemos. Esse novo apartheid, essa explosão sistemática de um número
diferente de formas de escravidão de facto, não é um acidente deplorável, mas uma necessidade estrutural do capitalismo atual.
Notas1 Wolfgang Streeck, How Will Capitalism End?, Londo: Verso Books, 2016, p. 57.
2 Veja Rebecca Carson, “Fictitious Capital, Personal Power and Social Reproduction” (manuscrito, 2017).
3 Citado de Carson, op. cit.
4 Ayn Rand. Atlas Shrugged, London: Peguin Books, 2007, p. 871.
5 Nina Power, “Dissing”, Radical Philosophy 151, p. 55.
* Publicado originalmente no Philosophical Salon. A tradução é de Diogo M. C. de Oliveira, para o Lavra Palavra.
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