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sexta-feira, 11 de outubro de 2019

Esta é uma crítica dessa "Razão Consensual" que tudo domina

O catastrofismo ,o apocalipse , o diluvio…

A comunicação social e as variações do tempo ao longo dos tempos

Demétrio Alves

UNL/FCSH, CICS-NOVA
Outubro 2019
I. Introdução
Por variações do tempo entendem-se, aqui, as alterações das condições
meteorológicas nas diversas regiões ao longo do tempo. Costuma falar-se em mudanças
de estado do tempo.
Os diversos tipos de precipitação (chuva, neve, granizo, etc.,), a temperatura do ar
e a pressão atmosférica a várias altitudes, a velocidade do vento, o grau de humidade e a
nebulosidade, podem ser avaliados qualitativa e quantitativamente constituindo-se como
parâmetros meteorológicos fundamentais. Estes são, por sua vez, função complexa da
rotação da Terra, da inclinação do seu eixo em relação à órbita, do ponto ocupado na sua
translação em torno do Sol e da intensidade e tipo das radiações solares que chegam ao
planeta que habitamos. A temperatura a diversas profundidades, bem como o tipo de
velocidade das correntes experimentadas nas grandes massas de água existentes nos
mares e oceanos, estão correlacionadas com as condições atmosféricas porque, entre
outros aspetos, contribuem para a evapotranspiração e, assim, para o grau de humidade
do ar atmosférico.
Sabe-se que a evolução das condições meteorológicas constitui um bom exemplo
de sistema caótico existente na natureza, o que determina que as previsões, têm, apesar
da evolução técnico-científica que se traduz em métodos empíricos e numéricos
sofisticados, um horizonte temporal limitado
A propósito das mudanças de estado do tempo sentidas em várias regiões do
planeta, não apenas daquelas associadas às estações do ano, vem-se falando cada vez mais
em clima nos últimos anos, e, particularmente, em alterações climáticas. Ou seja, aponta-
se para a existência de uma mudança persistente nos padrões característicos dos vários
tipos de clima mais comuns
Tempo (meteorológico) e clima são conceitos diferentes muitas vezes
confundidos pelo senso comum. Talvez porque os meios de comunicação social utilizam
o termo “clima” quando se referem ao “tempo” e usam “climático” em lugar de
“meteorológico”. Mas, curiosamente, nunca se enganam ao contrário3!
O tempo varia muito e de forma contínua, aliás, de forma caprichosa, não obstante
reger-se por leis da natureza. Já o clima está, ou é suposto estar, sujeito a variações que
ocorrem muito mais lentamente4. A ciência que dele se ocupa, a climatologia,
fundamenta-se no estudo estatístico dos elementos caracterizadores do clima, ou sistema
climático, procedendo a descrições sistemáticas e a explicações acerca da repartição dos
vários tipos de clima
O sistema climático consiste numa estreita camada exterior da Terra com pouco
mais de 60 km, que engloba a crosta terrestre e o designado geofluido formado pelos
oceanos e atmosfera. A modelação físico-matemática de tal sistema exige
interdisciplinaridade e é extremamente complexa
Embora se saiba que sempre houve alterações climáticas ao longo da vida da
Terra, as mudanças de que se fala e escreve de forma abundante nos últimos anos, dever-
se-iam em grande parte, segundo a hipótese teórica dominante, às interações das
atividades humanas com o meio ambiente. No caso concreto das repercussões na biosfera
traduzidas em fenómenos meteorológicos severos que dificultam a habitabilidade do
planeta, aponta-se como causa principal a crescente emissão do dióxido de carbono (CO2)
a partir de diversos processos de combustão, tanto na indústria e na produção de
eletricidade, como nos edifícios habitacionais ou de serviços, e, ainda, pelos transportes
que utilizam derivados de combustíveis fósseis. Não obstante existirem outros gases,
como o metano, p.ex., e, também, o vapor de água, que contribuem para o efeito de estufa
de uma forma muito intensa, isso é pouco valorizado na divulgação daquilo que se vem
designando como uma catástrofe que merece uma declaração de emergência
generalizada.
Não é objetivo do presente artigo discutir esta hipótese, e, muito menos, confirmá-
la ou infirmá-la. Dizer, apenas, que se trata de uma teoria, que ganhou grande força
institucional, social e política, mas que, no entanto, não está comprovada de forma
definitiva por metodologia científica homologável em referenciais canónicos.
Contudo, os órgãos de comunicação social tomaram o tema como item nuclear
das suas agendas, e vêm-lhe dedicando muito espaço e tempo, designadamente através
do relato dos acontecimentos meteorológicos com maior impacto, procurando
estabelecer, de forma crescente e acrítica, um nexo de causalidade entre cada episódio e
as alterações climáticas de raiz antropogénica.
Nos últimos meses o caudal de notícias, artigos, reportagens e debates difundidos
em todo o tipo de vetores de comunicação social, tem aumentado exponencialmente,
raiando por vezes uma estridência que, ela própria, se configura como inadequada ao
tratamento sério de assunto tão complexo. Em certos casos parece haver um histerismo
eivado de traços populistas.
E é neste contexto que se insere a pesquisa realizada de que se dá conta no presente
artigo.
Pretendeu-se com ela responder às questões seguintes: a) Que eco fazia a
comunicação social, neste caso a imprensa, dos eventos meteorológicos mais relevantes,
isto é, aqueles que maiores inconvenientes traziam às sociedades humanas, em meados
do século XX? b) Havia menos inclemências meteorológicas noticiadas do que hoje em
dia? c) A natureza e a intensidade dos fenómenos registados pelos jornais eram menos
significativas do que no presente?
O método usado implicou fazer uma análise às edições dos jornais Diário de
Notícias e Século referentes ao ano de 1950.
Por se considerar suficiente para os objetivos definidos, descrevem-se
sucintamente os principais eventos noticiados nos meses de janeiro e fevereiro pelo Diário
de Notícias e nos meses de maio, junho e julho pelo Século.
II. Notícias relacionadas com eventos meteorológicos significativos
publicadas pelo Diário de Notícias e Século Diário de Notícias (1950, janeiro e fevereiro)
Em termos noticiosos, embora não se trate de evento meteorológico, será
interessante registar que, no dia 1 de janeiro, se dava conta de um abalo sísmico com
significativa intensidade, sentido em Lisboa, Mafra, etc., tendo o Observatório Infante
D. Luís situado o epicentro a 100 km ao norte de Lisboa.
A 8 de janeiro, o matutino publicava na sua primeira página, com destaque, um
interessante título: A Terra está a aquecer?
O trabalho jornalístico, de autoria de Manuel Rodrigues, era depois desenvolvido
a páginas quatro, isto numa época em que tanto se falava já na “guerra fria” entre o
mundo ocidental e a Rússia (URSS). Aquilo a que no jornal se dizia ser uma “audaciosa
hipótese científica”, não surgiu, portanto, por falta de outros assuntos.
O texto explicava que “desde o princípio deste século a temperatura está a
aumentar no ártico e os glaciares recuam”, isto segundo uma teoria do Prof. George
Gamow. Mais exatamente, há que esclarecê-lo, tratava-se de Georgy Antonovich Gamov,
nascido em Odessa (1904) e naturalizado americano em 1940, físico que recebeu da
UNESCO um Prémio Kalinga em 1956. Esteve, entre outras investigações, ligado à teoria
do Big-Bang.
No seu livro “Biography of the Earth”, o autor previa que o aquecimento
ocorresse até ao ano 20 000 e, depois, haveria um arrefeceria até ao ano 50 000. A notícia
referia, também, que o Prof. Hans Ahlman vinha coligindo dados sobre o Ártico,
concluindo que a temperatura teria aumentado desde 1900 até 1950, cerca de 5oc. Este
investigador afirmava ter verificado uma subida do nível do mar em torno das ilhas
Spitzberg, relacionada com o recuo dos glaciares. Na Suécia o glaciar de Kebnekolse
reduziu-se em 30 milhões de m3 desde 1902, afirmava Ahlman.
E quais eram as hipóteses colocadas para explicar o aquecimento? Inclinação do
eixo da Terra? Dizer que uma expedição à Antártida dirigida pelo almirante Byrd, tinha
detetado a existência de “oásis” com lagos livres numa latitude onde tudo deveria ser
gelo.
Para tirar tudo a limpo, dizia-se na peça jornalística, tinha partido uma expedição
internacional (ingleses, noruegueses e dinamarqueses) para o Antártico, a bordo do iate
Norsel que levava a bordo dois aparelhos da RAF.
Notar que esta hipótese, colocada por cientistas, surgia num contexto
socioeconómico pós-guerra, em que a Revolução Industrial havia começado várias
décadas antes, e quando se registava um significativo incremento das atividades
produtivas com a concomitante produção de gases com efeito de estufa. No entanto,
estava-se então no início de um período, que durou até cerca de 1975, durante o qual,
sabe-se hoje pelos registos homologados, não houve aumentos nas temperaturas médias
no planeta.
A notícia atrás referida era contemporânea de uma visita do presidente do
conselho aos trabalhos da barragem de Castelo de Bode, e, também, de uma outra sobre
o reconhecimento do governo britânico da China Popular, embora, dizia Grã-Bretanha,
“não implicava a aprovação do comunismo na China (Times)”.
A 15 de janeiro noticiava-se que um intenso “temporal” no Atlântico e no Pacífico
continuava a causar graves perturbações no EUA, tendo-se afundado doze barcos de
pesca.
Em Portugal o tempo apresentava-se gélido (Lisboa) e nevava abundantemente
em Portalegre (22, 23 e 24 de janeiro)
No Lago Winnebago (Oshkosh), Estado de Wisconsin, localizado a norte de
Milwaukee (USA) uma placa de gelo soltou-se, a 26 de janeiro, tendo isolado cerca de
6000 automóveis quando os seus condutores estavam a pescar, o que causou grande
aflição durante várias horas enquanto a grande placa andou à deriva.
Entre 2 e 13 de fevereiro, anunciaram-se: um “violento temporal” em Inhambane,
o vento ciclónico que paralisou o movimento de navios no Tejo, graves destruições na
costa de Espinho, uma tempestade de neve em Israel, a morte de 18 pessoas devido a
intensos nevões em França e um ciclone na Zambézia, tempestades no mar com chuvas
torrenciais que impedem a navegação, bem como intensa queda de neve que isolou vários
aglomerados em toda a Inglaterra. O naufrágio do navio finlandês “Karhula” provocou
10 mortos a oeste de Helder.
Estes eventos meteorológicos aconteciam quando se anunciava que a “bomba de
hidrogénio” iria ser fabricada por decisão de Truman, e que um espião alemão, em fuga
de uma mina de urânio soviética perto da Checoslováquia, dizia que “a água será
transformada em combustível para automóveis”. Este cientista alemão, Wilh Mellentin
de seu nome, referia-se a uma transformação da água em “oxi-hidrogénio líquido”.
No dia 16 anunciava-se a assinatura de um Tratado de aliança entre a URSS e a
China, anunciava-se que continuavam a verificar-se grandes nevões em vários pontos do
país, e alguns dias depois (a 26) dava-se nota de que vento a 117 km/h foi registado no
Porto (Serra do Pilar) e que grande trovoada teria imposto o encerramento de várias
barras.
Século (1950, maio, junho e julho)
Antes da referência aos episódios mais marcantes relacionados com o tempo,
deixar registo de que, a 2 de maio, se noticiava que “é possível que as tarifas elétricas no
Porto aumentem para que se possa fornecer aos consumidores corrente em boas
condições” e que tinha começado “no Tribunal Plenário da Boa-Hora, sob a presidência
do desembargador Dr. Abreu Mesquita, o julgamento de Álvaro Barreirinhas Cunhal, de
36 anos, licenciado em direito, acusado de atividades subversivas”.
A 5 de maio os pescadores de Sesimbra pediram a “proteção ao Senhor Jesus das
Chagas para que a abundância regresse”, até porque também se noticiava que “a sardinha
que fugiu da costa continental está a afluir aos Açores”, isto num tempo em que a maior
parte da população portuguesa vivia da agricultura e da pesca
Também por essa altura se referia que “está quase submersa a cidade de Morris
no sul de Winipeg devido a inundações/cheias do Rio Vermelho”, o que determinou que
300 000 habitantes tivessem sido afetados e que 8 500 tinham ficado sem abrigo.
Vários mortos e desaparecidos, para além de avultados prejuízos materiais devido
a uma tempestade que assolou o Estado de New York, ocorrência grave registada a 9 de
maio, quando “granizo do tamanho de ovos de perdiz caiu em Mértola e Moura causando
avultados prejuízos” e ventos fortes causaram naufrágio embarcação pesca no Porto.
Para evitar uma nova guerra franco-alemã o governo de Paris ministro Schuman
propôs, noticiava-se a 10 de maio, “a fusão da produção da hulha e aço da Alemanha e
da França como um primeiro passo para a Federação Europeia”. Isto quando,
discretamente, partiu uma “missão de estudo dos EUA para o Vietnam”.
A 12 de maio registrava-se que “chuvas torrenciais na Turquia, provocaram dois
mortos e cinco feridos no distrito de Chakmak”, bem como “dezoito mortos causados por
inundações no Estado de Nebrasca”.
Uma chuva intensa e trovoadas perturbaram as cerimónias do 13 de maio em
Fátima e a 6a esquadra dos EUA chegou a Lisboa, enquanto no porto de Leixões se
descarregavam 6200 de trigo chegados no âmbito do Plano Marshall.
Concluía-se, ainda, que as “culturas tiveram em Abril condições desfavoráveis em
relação ao mês anterior devido às condições meteorológicas”, e sobre as causas do
desaparecimento da sardinha das costas portuguesas, anunciava-se, a 18 de maio, que
“serão estudadas por uma missão que vai aos EUA ocupar-se de questões de biologia
marítima”.
A 21, “um violento furacão que durou alguns minutos assolou Vilar Formoso,
tendo o granizo destruído culturas em Almeida e Junça, e um violento temporal desabou
sobre a região do Porto.
As trutas do rio Coura estão a desaparecer, notava-se a 24, acrescentando que “em
Padronelo (Paredes) a pesca à rede e a introdução de outras espécies” estava a dizimar as
saborosas salmonidæ. Também o ano estava a revelar-se “terrível para a agricultura”: em
Belmonte chove há 15 dias tendo caído granizo com grande dimensão que feriu pessoas.
Em Almeida houve milhares de contos de prejuízo.
Uma grande tempestade ocorreu na Turíngia (Berlim), provocando oito mortos e
duas crianças desaparecidas, bem como 88 casas destruídas, tendo perecido 95% das
cabeças de gado (dia 25). Além de que violentas tempestades assolaram várias regiões de
França causando mortos e grandes prejuízos em Besançon, Lille, etc.,
Em junho, dia 7, dava-se relevo a três incêndios que “devastam florestas da Terra
Nova, um dos quais ameaça a cidade de Lewisport” e, a 12, chamava-se a atenção dos
leitores para as inundações em Lisboa, assim como as violentas tempestades assolavam
Calcutá e Bengala Ocidental.
Alguns dias depois, a 18 de junho, destacava-se a notícia de que “três continentes
estão a ser assolados por violentas tempestades; milhões de francos de prejuízo e várias
vítimas em França; foram arrasados os arredores de uma cidade no norte da Itália; a
trágica ameaça de inundações que ocorreram em 1948 está a repetir-se na Colúmbia
britânica” e a 20 de junho, dava-se á estampa a impressionante notícia de que se tinham
verificado 130 mortes de habitantes na região de Darjeeling, Bengala ocidental, em
função de desprendimentos de terras devidos às chuvas torrenciais.
Não obstante publicação, a 26 de junho, de que “Tropas da Coreia do Norte
invadiram a Coreia do sul”, facto que, tendo sido o início visível da Guerra da Coreia,
alimentou os noticiários dos dois matutinos analisados com vasto caudal noticioso até ao
início de 1951, continuou a aparecerem muitas referências a episódios meteorológico
mais ou menos intensos.
III. Síntese Conclusiva
O Homem teve sempre uma íntima ligação aos diversos fenómenos
meteorológicos, não apenas porque a sua segurança, atividade e conforto são função
direta deles, mas, também, porque o troante fogo celeste ou os grandes caudais de água e
vento remetem os humanos, temerosos do que desconhecem, para patamares pontuados
por diversos teísmos.
Não é de admirar que as sociedades humanas tenham vindo a prestar crescente
atenção aos noticiários relacionados com a meteorologia, nomeadamente no referencial
das previsões, até porque algumas atividades económicas carecem desse prévio e vital
conhecimento.
Contudo, o presente artigo tem outro objetivo: analisar, embora sinteticamente, a
qualidade e a quantidade informativa difundida nos meios de comunicação social de
massas, que, na atualidade, está quase sempre focada no estabelecimento de correlações
com as alterações climáticas antropogénicas.
Admite-se, como muito provável, que perante notícias relacionadas com mais um
ciclone (furacão, tempestade tropical, ou congéneres) ou com uma inundação violenta, os
espectadores dos canais televisivos estabeleçam imediata e subconscientemente uma
ligação às mudanças de clima de raiz antropogénica, até porque isso é quase sempre
sublinhado. É, também, verosímil considerar que as pessoas em geral concluam que “há
cada vez mais e piores eventos meteorológicos”, esquecendo, até porque deles não têm
memória, os que ocorriam há setenta anos.
Contudo, poder-se-á constatar, pelo registo feito, que, em 1950, o número e a
intensidade de fenómenos meteorológicos em Portugal e no mundo, foram muito
significativos: várias dezenas de acontecimentos problemáticos e extremos. Não se
poderá, é certo, dizer se foram em maior ou menor número do que os que ocorreram em
2018, p.ex., nem se pode fazer uma comparação direta e segura das respetivas
intensidades. Mas, quanto a muitos deles, apesar de não terem merecido mais do que
algumas linhas no interior dos jornais, percebe-se terem significado graves impactes para
as populações e territórios.
Não haverá dúvida de que determinadas cheias ou ciclones ocorridos em 1950
afetariam, no presente, um muito maior número de pessoas e infraestruturas, quanto mais
não fosse devido ao aumento das densidades populacionais em determinadas zonas
costeiras (e não só). E, também, salienta-se, porque os aumentos exponenciais das áreas
impermeabilizadas devido à explosiva urbanização facilitam muito os caudais que
acorrem às zonas baixas. O problema está no solo e não no ar.
Sublinhar que o ano de 1950 se situou em pleno num período de cerca de trinta e
cinco anos (1940 a 1975) durante o qual se registou uma descida da temperatura media
global, depois de ter havido um crescimento desde o início do século XX. Os modelos
climáticos não têm resposta credível para este facto, até porque não seria crível que
tivesse havido uma descida nas emissões de CO2 antropogénico nesse período.
Um fator decisivo para a perceção da realidade por parte dos atuais consumidores
de notícias, quando comparada com a situação de há umas décadas atrás, está no facto de
que, agora, qualquer episódio atmosférico mais intenso é imediatamente designado como
extremo e, por isso, demonstrativo da existência de alterações climáticas, merecendo um
palavroso e prolongado (horas e, por vezes, dias) tratamento mediático, com espetaculares
imagens em direto, colhidas com reduzidos custos de produção, e acompanhamento de
comentadores encartados como cientistas.
Parece poder-se concluir que, sem por em causa a existência de alterações no
sistema climático, seria necessária uma maior prudência na disseminação de “verdades
científicas” tidas como paradigmas indiscutíveis, apresentadas, bastas vezes, de uma
forma simplista, pouco racional e, até, fundamentalista.
E, sobretudo, as políticas públicas, aquelas financiadas por recursos reunidos a
partir dos contribuintes e dos cidadãos que pagam taxas e tarifas por serviços de interesse
comum, deveriam merecer grande ponderação, evitando voluntarismos que podem vir a
revelar-se graves no futuro.
Via: FOICEBOOK http://bit.ly/2AVAzZm

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