Abril de Novo Magazine
Vaticano/Francisco: o grande líder global da atualidade
Francisco
constrói pontes: com gestos e palavras é um líder com acções
prepositivas; aponta, com coragem, os actores que patrocinam as guerras,
o comércio de armas e que lucram com a cultura da morte e do descarte;
confronta os líderes xenofóbicos e racistas que querem erguer muros e
promover políticas de criminalização
Viva Francisco! |
Você não precisa ser católico e/ou
religioso para concordar com o título deste artigo. Mas, certamente, só
ratificará essa afirmativa se acompanhar o cenário das disputas reais e
simbólicas no plano internacional e se o fizer extrapolando a cobertura
da mídia empresarial (totalmente comprometida com o capitalismo
rentista, concentrador de riqueza e usurpador das democracias
contemporâneas). Afinal, esse despotismo financeiro que governa as
economias capitalistas contemporâneas é classificado por Francisco como
“uma economia que mata”.
Não obstante a guerra patrocinada
contra Francisco em vários fronts, por poderosas corporações
internacionais (bancos; agronegócio; indústrias das armas, farmacêutica e
do petróleo; think tanks norteamericanos propulsores do
ultraliberalismo na América Latina — liderados por megaempresários
católicos e protestantes; políticos de extrema-direita e grupos
religiosos obscurantistas…), o Papa continua a mobilizar um imenso
contingente de líderes e grupos sociais de todas as Nações que se somam
no enfrentamento, de variadas formas, da chamada “onda
ultraconservadora”.
Remando corajosamente contra a maré,
Francisco tem se empenhado em acções estratégicas que já redundam em
poderosos focos de enfrentamento ao ultraliberalismo. Abaixo, listamos
algumas das iniciativas de Francisco que tem repercutido globalmente e
extrapolado o “mundo” católico.
1. Protagonismo dos Movimentos
Populares: para contrapor a corrosão da política tradicional e os
limites da democracia deliberativa (que sucumbiram à “economia que
mata”), o Papa promoveu três encontros internacionais, elegendo como
interlocutores privilegiados as lideranças dos movimentos populares.
Francisco percebeu que os chefes dos
poderes públicos, de modo geral, estão altamente deslegitimados pelo
fato de terem se capitulado à lógica do dinheiro e do mercado,
afastando-se cada vez mais dos clamores dos pobres, servindo a um
“sistema económico que põe os benefícios acima do homem […], que
considera o ser humano como um bem de consumo, que se pode usar e depois
jogar fora. Servem a um sistema centrado no ‘deus dinheiro’ a saquear a
natureza para manter o ritmo frenético de consumo que lhe é próprio.
Um sistema global destrutivo “que impôs a lógica do lucro a todo o
custo, sem pensar na exclusão social nem na destruição da natureza”.
Assim, Francisco preferiu se aliar aos líderes dos movimentos populares
que “expressam a necessidade urgente de revitalizar as nossas
democracias tantas vezes desviadas por inúmeros factores.”
Nos três encontros com os movimentos
populares, Francisco tocou no ponto central desse sistema
político-económico que produz exclusão e múltiplas formas de violências.
As últimas crises económicas mundiais serviram para aumentar a
concentração de riqueza e renda em todo o planeta. Actualmente, vinte e
oito grandes grupos financeiros manejam quase dois trilhões de dólares
por ano. O balanço desses megaconglomerados financeiros que têm, entre
outros, o Goldman Sachs, o JP Morgan Chase, o Bank of América, o
Citigroup, o Santander, entre outros, mostra um património (não
produtivo) de cinquenta trilhões de dólares, sendo que o PIB mundial
está na casa dos 75 trilhões. Esses conglomerados detêm cerca de 68% do
fluxo mundial do capital.
O sistema económico actual se sobrepõe à
política e aos interesses dos povos e das nações e funciona graças à
corrupção generalizada: nada menos que 25% do Produto Interno Bruto
mundial são remetidos a paraísos fiscais por grandes empresas e
instituições financeiras. Estima-se que a cada ano dezoito trilhões de
dólares seguem o caminho da sonegação de impostos. No Brasil a
estimativa de evasão fiscal entre 2003 e 2012 foi de 220 bilhões de
dólares.
A corrupção passou a ser a mola
propulsora do capitalismo rentista, especulador e concentrador de renda e
riqueza que viceja nos últimos tempos. A concentração de poder em
pouquíssimos conglomerados e a fusão ou compra de grandes bancos
desencadeados pela crise de 2008 determina o modo de funcionamento de um
sistema que precisa corromper governos (agentes públicos) para
subsistir.
O elemento profético e simbólico da
opção de Francisco pelos movimentos populares é a explicitação da mais
dura e contundente crítica ao capitalismo em sua fase actual, marcada
pelo rentismo especulativo que promove a mais avassaladora política de
acumulação de riqueza e renda da história, a privilegiar pouquíssimos.
Em contraposição a esse sistema global
idólatra “que exclui, degrada e mata”, o Papa Francisco propõe uma nova
governança global protagonizada pelos movimentos populares: “atrevo-me a
dizer que o futuro da humanidade está, em grande medida, nas vossas
mãos, na vossa capacidade de vos organizar e promover alternativas na
busca diária dos ‘3 T’ (terra, tecto e trabalho) e, também, na vossa
participação como protagonistas nos grandes processos de mudanças
nacionais, regionais e mundiais. Não se acanhem”.
2. A economia de Francisco: noutra
grande articulação internacional, o Papa promoverá em Assis, na Itália,
de 26 a 28 de Março do próximo ano, um encontro mundial para repensar a
economia global.
Serão convidados jovens economistas de
até 35 anos, empresários e militantes de movimentos comprometidos com
mudanças sociais. Segundo Francisco, há que se buscar “uma economia
diferente, que faz viver e não matar; inclusiva; que humaniza e não
desumaniza; que cuida da Criação e não a depreda. Um evento que nos
ajude a estar juntos e nos conhecer, e que nos leve a fazer um ‘pacto’
para mudar a actual economia e dar uma alma à economia do amanhã.”
Para o encontro em Assis, já
confirmaram presença: Muhammad Yunus, conhecido como “o banqueiro dos
pobres” e Amartya Sen, professor de filosofia e economia em Harvard
(EUA) e Cambridge (Reino Unido), ambos agraciados com prémio Nobel.
Outros renomados especialistas em desenvolvimento sustentável e economia
solidária, como Bruno Frey, suíço; Carlo Petrini, italiano fundador do
Slow Food; Kate Raworth, inglesa; Jeffrey Sachs, estadunidense
interessado nas causas da pobreza; a indiana Vandana Shiva, diretora do
Fórum Internacional sobre Globalização e Stefano Zamagni, italiano
estarão presentes no evento.
O objectivo do encontro é promover
intercâmbios entre teoria e prática, de modo a elaborar uma proposta
alternativa à economia hegemónica que, como afirmado anteriormente, gera
exclusão social e enriquecimento nababesco de uns poucos. O Papa confia
que esse encontro apontará as linhas gerais de uma nova economia:
justa, sustentável e inclusiva.
Em vários países, inclusive aqui no
Brasil, grupos de trabalho estão promovendo eventos, fóruns, seminários
para discutir uma nova economia, propor novos currículos para
Universidades que abordem modelos inclusivos (de economia), mapear e
promover experiências de economia solidária, criativa, inclusiva, justa.
Essa iniciativa de Francisco aponta,
objectivamente, para a proposição de uma nova engenharia de governança
global que contraponha o modelo actual, no qual apenas 1% mais rico é
dono de metade da riqueza do mundo e as 100 pessoas mais ricas possuem,
juntas, mais do que quatro bilhões dos mais pobres.
3. Um pacto educativo global: noutra
frente sociopolítica, Francisco articula um pacto educativo entre as
nações. Para tanto, promoverá um encontro no Vaticano, em 14 de maio de
2020.
Estão convidados profissionais que
trabalham com a educação de várias partes do mundo. Como explica o Papa,
numa mensagem divulgada para lançar esse evento, trata-se de um
“encontro para reavivar o compromisso em prol e com as gerações jovens,
renovando a paixão por uma educação mais aberta e inclusiva, capaz de
escuta paciente, diálogo construtivo e mútua compreensão. Nunca, como
agora, houve necessidade de unir esforços numa ampla aliança educativa
para formar pessoas maduras, capazes de superar fragmentações e
contrastes e reconstruir o tecido das relações em ordem a uma humanidade
mais fraterna”.
O Pacto Global pela Educação faz parte
dos esforços de Francisco para promover uma ampla discussão sobre os
efeitos da tecnologia, do consumismo e da cultura do
imediatismo/individualismo na sociedade contemporânea: “O mundo
contemporâneo está em transformação contínua, vendo-se agitado por
variadas crises. Vivemos uma mudança epocal: uma metamorfose não só
cultural, mas também antropológica, que gera novas linguagens e
descarta, sem discernimento, os paradigmas recebidos da história. A
educação é colocada à prova pela rápida aceleração que prende a
existência no turbilhão da velocidade tecnológica e digital, mudando
continuamente os pontos de referência. Neste contexto, perde
consistência a própria identidade e desintegra-se a estrutura
psicológica perante uma mudança incessante”, escreveu o Papa na
mensagem.
Francisco propõe três desafios a serem
enfrentados pela educação: primeiro, ter a coragem de colocar no centro a
pessoa; segundo, a coragem de investir as melhores energias com
criatividade e responsabilidade e, finalmente, a coragem de formar
pessoas disponíveis para se colocarem ao serviço da comunidade,
promovendo uma “cultura do encontro”.
4. Um novo humanismo: as iniciativas
acima fazem parte de um conjunto de acções que Francisco tem liderado,
globalmente, para enfrentar a xenofobia, a exclusão social, os
nacionalismos, populismos e totalitarismos que ressurgem em várias
partes do mundo na actualidade.
O Papa sempre enfatiza o tema do
trabalho humano como um daqueles direitos sagrados que deve ser
preservado em cada pessoa. Frente às concepções práticas de teses
neoliberais, que sufocam e oprimem as pessoas em suas experiências
profissionais, Francisco clama por um “novo humanismo, que coloque fim
ao analfabetismo da compaixão e ao progressivo eclipse da cultura e da
noção de bem”.
Num prefácio de uma recente publicação,
Francisco reconhece que os movimentos sociais têm a capacidade de uma
articulação transnacional e transcultural: aquele “modelo poliédrico” ao
qual fez referência em sua exortação apostólica Evangelii Gaudium (nº
2), e que se constitui a partir de um paradigma social baseado na
cultura do encontro. Para o Papa, esta pluralidade de movimentos, cujas
experiências de luta pela justiça ficam plasmadas no livro, “representam
uma grande alternativa social, um grito profundo, um marco, uma
esperança de que tudo pode mudar”.
Reafirmando sua convicção de que a
humanidade enfrenta actualmente uma transformação de época caracterizada
pelo medo, pela xenofobia e pelo racismo, Francisco afirma que os
“movimentos populares podem representar uma fonte de energia moral para
revitalizar nossas democracias”, numa perspectiva humanista.
De fato, em meio a uma sociedade global
ferida por uma economia cada vez mais distante da ética, os movimentos
sociais podem exercer a função de um antídoto contra os populismos e a
política do espectáculo, já que privilegiam a participação da cidadania,
com uma consciência mais positiva sobre o outro. Essa é a consequência
da promoção de uma “força do nós”, que se opõe à “cultura do eu”.
Numa carta intitulada “A comunidade
humana” (Humana communitas) publicada em 15 de Janeiro deste ano,
Francisco pede para “restaurar a importância desta paixão de Deus pela
criatura humana e o seu mundo”. No nosso tempo, escreve o Papa “a Igreja
é chamada a relançar com força o humanismo da vida que irrompe desta
paixão de Deus pela criatura humana. O compromisso de entender, promover
e defender a vida de todo ser humano é impulsionado por este amor
incondicional de Deus”.
5. Sínodo da Amazónia: não obstante a
guerra mediática, regada com muito dinheiro dos opositores de Francisco —
encabeçada por Steve Bannon [7] e grupos religiosos ultraconservadores
–, e a batalha política patrocinada pelo governo do Brasil e por grupos
de ultradireita dentro e fora do catolicismo contra o encontro que
acontece nesses dias em Roma, as notícias diárias do Sínodo dão conta da
configuração de um grande pacto internacional em defesa da Amazónia:
dos povos locais (os indígenas e sua cultura) e da biodiversidade.
É simbólico o fato de o Sínodo ter
extrapolado o campo eclesial e se tornado, internacionalmente, um foco
de discussão sobre o modelo predatório do modelo económico actual que
destrói não somente a natureza, mas as culturas e os povos originários,
beneficiando somente aquela ínfima parcela da população opulenta,
sustentada pelo modelo da “economia que mata”.
Os resultados do Sínodo certamente
transbordarão às ações da Igreja Católica na região panamazónica e já
sinalizam outro pacto global em defesa da “Casa Comum”, como vem
pregando Francisco desde sua assumpção ao trono papal.
6. Reformas na Igreja: como se não
bastassem essas iniciativas que posicionam Francisco como o grande líder
mundial contemporâneo, o Papa “que veio do fim do mundo” promove uma
árdua empreitada de reforma da Igreja Católica.
Enfrentando com sobriedade e destemor
todo o tipo de vicissitudes patrocinadas por sectores recalcitrantes do
catolicismo (clero e laicado), Francisco denuncia o clericalismo, a
opulência de sectores herméticos da igreja, as perversões sexuais de
parte do clero e os escândalos financeiros que, volta e meia, envolvem
parte da Cúria Romana.
Obviamente, o Papa percebe que é
preciso uma guinada no modelo de “igreja triunfante” para uma igreja em
saída “para as periferias geográficas existenciais”: “prefiro uma Igreja
acidentada, ferida e enlameada por ter saído pelas estradas, a uma
Igreja enferma pelo fechamento e a comodidade de se agarrar às próprias
seguranças” (EG 49).
“Francisco pensa a Igreja “sal da
terra”, “luz do mundo” e “fermento na massa”, muito distinta da Igreja
societas perfecta, em conluio com os poderosos, contaminada pelo vírus
antievangélico do egoísmo, do autoritarismo e do liturgismo, com o
narcisismo que o acompanha, levando-a a se voltar para si mesma, num
fechamento que a torna indigna do nome cristão.
7. Relação com outras religiões: ao
longo de seu pontificado, em vários eventos no Vaticano e em todas as
suas viagens internacionais, Francisco tem se disposto a dialogar
fraternalmente com todos os líderes religiosos.
“Desde sua eleição, Francisco já
visitou (em 2014) a Turquia (maioria muçulmana), a Albânia (também de
maioria muçulmana); a Coreia do Sul (maior religião é a budista, com ¼
da população); a Jordânia (maioria muçulmana); Israel (de maioria
judaica) e a Palestina (de maioria muçulmana). Nessa viagem à Terra
Santa, Francisco se encontrou com dois grã-rabinos judaicos e com o
grã-mufti muçulmano na esplanada das mesquitas em Jerusalém. Em 2015
visitou a Bósnia e Herzegovina (maior parte muçulmana); o Sri Lanka (de
maioria budista). No Sri Lanka se encontrou inclusive com representantes
das quatro grandes tradições religiosas do país: Budismo, Hinduísmo,
Islão e Cristianismo. No ano de 2016, além de ter participado do
encontro em Assis, na jornada mundial pela paz, onde se encontrou com
representantes de diversos grupos cristãos, mas também representantes do
Judaísmo, Islão e Tendai, o Papa Francisco foi ao Azerbaijão, de
maioria muçulmana, onde manteve um encontro com estes fiéis na mesquita
da capital Baku. No ano de 2017, Francisco foi a Myanmar (maioria
budista), Bangladesh (maioria muçulmana) e Egipto (também de maioria
muçulmana). Nessa viagem ao Egito, o Papa Francisco realizou um
pronunciamento que pode ser considerado o seu programa para o diálogo
inter-religioso. E, finalmente, no ano de 2019, Francisco já viajou aos
Emirados Árabes Unidos, de maioria muçulmana e ao Marrocos, país de
quase totalidade muçulmana. No Marrocos foi emblemática a apresentação
musical feita com a presença do Papa Francisco e representantes de
diversas tradições religiosas, onde foi apresentada uma peça com uma
cantora judia, uma cristã e um cantor muçulmano. Esta lista de viagens é
apenas uma pequena amostra tanto da centralidade que o tema do diálogo
inter-religioso tem em seu pontificado, como também a forma como tem
feito Francisco: ir ao encontro, visitar e dialogar no espaço de
tradições religiosas diversas da sua. Nestes encontros, o foco dos
pronunciamentos e das preocupações do Papa não tem sido a diferença
religiosa, mas a busca do engajamento e acção em conjunto em prol da
humanidade e dos problemas que a assolam. Assim, disse o Papa no
encontro com os muçulmanos no Egipto”.
Num dos encontros mais importantes do
seu pontificado, em viagem apostólica aos Emirados Árabes Unidos, de 3 a
5 de Fevereiro deste ano, o Papa assinou o “Documento sobre a
fraternidade humana em prol da paz mundial e da convivência comum”,
juntamente com o Grão Imã da Mesquita de Al-Azhar, no Egito, Sheik Ahmad
al-Tayyeb. O acordo foi uma forma de celebrar o gesto de São Francisco
de Assis de visitar a região, de maioria islâmica (muçulmana), 800 anos
atrás. E a visita de Francisco foi a primeira de um Papa à Península
Arábica, berço do islamismo.
O documento diz que Al-Azhar e o
Vaticano, muçulmanos e católicos, vão, juntos, lutar contra o extremismo
religioso e que nenhuma religião deveria, nunca, incitar violência,
ódio ou guerra. A assinatura foi feita diante líderes religiosos de todo
o mundo.
Esses breves apontamentos confirmam a
liderança incontestada de Francisco no cenário internacional. O Papa,
apesar de octogenário, é a maior liderança prepositiva (com palavras e
gestos concretos) da actualidade. Enfrenta uma onda massificadora e
obscurantista que, utilizando de pseudodiscursos religiosos clamam por
uma “recristianização” do Ocidente a impor uma homogeneização violenta,
excludente, geradora de morte.
Francisco constrói pontes: com gestos e
palavras é um líder com acções prepositivas; aponta, com coragem, os
actores que patrocinam as guerras, o comércio de armas e que lucram com a
cultura da morte e do descarte; confronta os líderes xenofóbicos e
racistas que querem erguer muros e promover políticas de criminalização
dos migrantes, dos refugiados, dos pobres, dos movimentos sociais;
aponta os males de uma governança global que, desprezando a democracia
de fato, sucumbiu ao capitalismo concentrador de riqueza e renda e
gerador da miséria, exclusão e múltiplas formas de violências.
Viva Francisco!
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