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sexta-feira, 5 de junho de 2020


Vamos comparar esta abordagem com as reflexões de um verdadeiro mestre da diáspora chinesa: o professor Wang Gungwu, nascido em Surabaya, na Indonésia, que completará 90 anos em Outubro próximo e é autor de um delicioso e pungente livro de memórias, Home is Not Here (A Minha Casa Não é Aqui).
Para quem está do lado de fora não há melhor explicação para o estado de espírito predominante em toda a China:
"Pelo menos duas gerações de chineses aprenderam a apreciar que o Ocidente moderno tem ideias e instituições valiosas para oferecer, mas a agitação de grande parte do século XX também as fez sentir que as versões da democracia da Europa Ocidental podem não ser tão importantes para o desenvolvimento nacional da China. A maioria dos chineses parece aprovar políticas que colocam ordem e estabilidade acima da liberdade e da participação política. Eles acreditam que é disso que o país precisa nesta etapa e não gostam de ser regularmente criticados como politicamente não liberalizados e retrógrados".
Wang Gungwu destaca que os chineses pensam de forma bem diferente da trajetória "universalista" do Ocidente, e assim chega ao cerne da questão:
"Se a República Popular da China (RPC) conseguisse criar uma rota alternativa para a prosperidade e para a independência, os Estados Unidos (e outros lugares do Ocidente) veriam isso como uma ameaça fundamental ao seu domínio (e da Europa Ocidental) no mundo. Aqueles que se sentissem ameaçados fariam então tudo o que estivesse ao seu alcance para conter a China. Eu acho que é isso que a maioria dos chineses acreditam que os dirigentes norte-americanos estão preparados para fazer".
Nenhuma análise do Deep State (Estado Profundo) dos Estados Unidos pode ficar de pé quando ignora a riqueza da história chinesa:
"A natureza da política chinesa, seja sob imperadores, senhores da guerra, nacionalistas ou comunistas, estava tão enraizada na história chinesa que nenhum indivíduo ou grupo de intelectuais poderia oferecer uma nova visão que pudesse apelar para a maioria do povo chinês. No final, essa maioria parece ter aceitado a legitimidade da vitória da RPC no campo de batalha, associada à capacidade de trazer ordem e objectivos renovados a uma China rejuvenescida". 
in O Lado Oculto

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