Uma das acusações que se fazem desde há cem anos ao "comunismo" é a de que o "leninismo" só admite revoluções violentas. Fora desta via única, ficam os reformismos, os revisionistas "traidores", os sociais-democratas que abandonaram Marx.
É claro que nem Marx, nem Lenine seus discípulo, escreveram jamais que só existe uma via única para o socialismo. E mais: a violência é exercida todos os dias pela burguesia; é exercida com extrema brutalidade na repressão policial contra as lutas dos trabalhadores e simples cidadãos e minorias étnicas; que recorre ao fascismo, ao nazismo e outras formas exterminadoras ou de ditadura política terrorista, sempre que pode e quer; que, por último, derruba pela violência governos democraticamente eleitos e reage com contrarevoluções às tentativas de sobrevivência de revoluções.
Esta atoarda da equivalência "comunismo/violência" fabricada primeiramente pelos "socialistas" alemães (sociais-democratas de Lassalle e de Weimar) e explorada pela propaganda nazi, mantém-se na propaganda norte-americana entre ideólogos a soldo e mesmo entre gente de esquerda. Não é raro encontrarem-se intelectuais de esquerda com esta ideia tosca em Portugal. O que surpreende é que haja marxistas que se dizem mais leninistas que outros (que tolice!) a defenderem o mesmo, ainda que com intenção contrária.
A uns e outros, ou a todos eles, não lhes interessa reconhecer acontecimentos que desmentem a teses: no Chile de Allende, na Nicarágua, em São Salvador, nas Honduras, na Bolívia, no Congo ex-belga, no Irão antes do Xá, etc. etc.?
E em Portugal? A reforma agrária, o controlo operário, a autogestão, a escola democrática, fizeram-se pela violência? A menos que se chame violência à ocupação (às vezes bem tímida) de terras incultas...
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